*Annie (De novo, haha)

O beijo estava realmente muito bom. Mas eu também não sou a melhor pessoa para falar sobre isso, já que como eu disse, foi o meu primeiro. Assim que nos soltamos, encarei o garoto por um tempo. Ele era muito bonitinho. Olhos azuis, loirinho, e estava meio assustado, coma s bochechas avermelhadas. Não sabia quem estava com mais vergonha, se era eu ou ele.

Fui lavar o rosto, e quando olhei pro lado, vi Jennifer me encarando.

–Sabe... Sempre achei que ruivas combinassem com loiros. Por isso era fã da série Scooby Doo. Sempre torci para o Fred ficar com a Dafne.

–Mas eu não vou ficar. Foi só um beijo.

–Falando nisso, parabéns. Conseguiu beijar o primeiro que apareceu. E deu sorte! Filho de astro de rock, clube de teatro, coral... O Frederico é um bom partido.

–Frederico?

–Pois, é! Não reconheceu não? Aquele que a Serena tava a fim?

–Fica quieta. Não ta satisfeita, não?

–Foi só um beijo, Annie... Fala sério! Porque você acha que já beijei uns três aqui? Se fosse mais que isso eu nunca teria chegado nem perto daqueles garotos.

–Mas não foi só um beijo, Jennifer. Foi o beijo.

–Você nunca beijou?

–Agora já, né?

–Foi você quem topou.

–Quer saber? Fui eu mesmo, e agora que eu já cumpri, me deixa em paz.

Dei as costas e fui até o salão, falar com a Cat.

–E então? Gostou do beijo? –ela perguntou me levando para o canto, perto dos salgados.

–Cat, foi meu primeiro beijo!

–A não! Jura? –ela falou, sem ser irônica, e sim surpresa.

–Sim, mas tenho que admitir... Foi bom.

–O Fred é um bom garoto.

–Só diz isso porque ele é amigo do Léo. E o Rick? Como está?

–Aquele cara é um idiota, só inventei a história de ele ter se desculpado para não perder para aquelazinha.

–Então acho melhor você rever os seus métodos. –eu disse apontando para a Clarice que conversava com o Leo, a sós.

–Aquela menina vai ver! –ela disse indo pra perto deles.

Mais uma vez só. Continuei encarando os petiscos, até sentir uma mão no meu ombro.

–Acho que não nos conhecemos. –falou um menino.

Assim que virei, o reconheci. Era o menino do beijo.

–Desculpa, eu sou a Annie. E sobre aquele beijo...

–Não precisa se explicar. Eu gostei. Eu sou o Fred.

–Prazer.

–Eu tava pensando... Que tal a gente sair um dia desses...

–Olha, eu sei que você deve estar pensando uma daquelas meninas que te acha irresistível e tomou coragem para te beijar no meio do nada, mas...

–Eu não acho isso. Provavelmente foi alguma brincadeira das suas amigas, de beijar o primeiro que aparecer por aquela porta. Eu vi Grease 2, por mais que prefira o primeiro.

–Eu também prefiro.

–Bom, o convite está de pé. Amanha a noite?

–Preciso falar com a minha amiga.

–Aquela ali? –ele perguntou apontando para o Léo, que agora voltava toda a atenção para Cat.

–Acho que ela não vai se importar.

–Eu passo no seu quarto.

–Ok. –eu disse saindo com cuidado.

Olhei para o canto da salão. Clarice olhava para Léo, um pouco chateada, e Serena da mesma forma para mim. Pois é... Clima estranho.

...

*Jennifer

Assim que nossa querida inspetora Rebecca começou a bater na porta, me levantei e me arrumei, e quando estava indo para refeitório, vi a visão do inferno. Natália Almeida. Infelizmente, tive a oportunidade de vivenciar um ano escolar inteiro ao seu lado, e digamos... Não deu certo. Ela adorava competir com as notas, apesar de ser a queridinha da professora, eu tenho memória fotográfica o que faz de mim... Mais inteligente. Sempre tirava mais que ela, e então ela se vingava. Mas como não sou santa, eu também me vingava. E essa batalha durou doze meses, até a chegada das férias e da minha possível despedida dessa loira sonsa, mas pelo visto, foi apenas uma ilusão, infelizmente.

Um resumo das coisas que eu odeio é gente falsa, e bom, esse é o resumo de tudo que a loirinha dos olhos azuis é.

Apertei bem forte o botão do para ver se o elevador ia mais rápido, mesmo sabendo que não.

–Jennifer Tudor? Quem diria vê-la aqui?

–Pois é, também não estou feliz.

–O mau humor piorou ou é impressão?

–Você nem imagina.

–Nossa! Por que está aqui a IGF?

–Procurando o garoto perfeito...

–Alguém que te suporte já é demais, imagina um garoto perfeito?

–Fica quieta, Natália.

–Já eu, estou aqui porque os meus pais viajaram e vão continuar viajando por mais dois anos.

–Que bom! Para os seus pais! Dois anos sem você, deve ser uma vitória e tanto!

Ela bufou, e assim que a porta abriu, um menino apareceu. Ele tinha cabelo castanho cacheado e era o garoto mais lindo que eu já na vida. Ele pegou ela pela cintura e a encheu de beijos.

–A é, Jenn! Conheça o meu namorado, Rick.

–Oi. –ele disse, sem nem me olhar direito. –Senti saudades, gata. –ele falou encarando a Natália.

–Eu também, amor.

Os dois se afastaram, e então, só vi a Cat se aproximar.

–Quem era aquela?

–Natália, a garota mais irritante que eu já conheci. E ele?

–Ricardo, o garoto mais irritante que eu já conheci.