Missão Garoto Perfeito *Interativa escrita por katnissberry


Capítulo 17
Bernardo


Notas iniciais do capítulo

Inspiração: Nat Wolff



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*Annie

O jogo já estava ganho. Os treinos acabados, e eu, a Serena, a Laura e a Megan entramos no time. Enquanto o resto, resolveu virar líder de torcida.

Era quinta-feira de manha, quando recebi uma ligação dos meus tios me dizendo que a empresa da família estava em maus lençóis, e que estavam lutando para conseguir pagar pela escola. Eu até poderia pedir dinheiro para os meus pais, mas... Eu não quero falar sobre isso. De qualquer forma, eu falei para a diretora, e ela me contou que as bolsas escolares se esgotaram, mas que eu poderia juntar o dinheiro dos meus tios com o salário que eu recebesse trabalhando na lojinha do campos, como a menina do caixa.

Já eram cinco horas da tarde, e eu estava em pé, atrás da maquina registradora, olhando para a tela do computador na minha frente, na loja vazia. Eu era a única trabalhando lá no momento, e então, comecei a checar as novidades naquele mundinho virtual. Saiu o trailer de Esperança parte 1. Cliquei, e assisti. Logo depois, ouvi a porta de vidro abrir lentamente na minha frente. Um menino entrou, meio sorridente e cumprimentou.

–Olá. Vocês tem um caderno de 200 folhas com capa lisa.

–Temos sim. –falei dando a volta no balcão, atrás do produto.

Aquele rosto era familiar. Aquele cabelo escuro, a pinta no queixo, seus olhos escuros. Era tudo familiar. –Serve esse? –perguntei mostrando um de capa laranja.

–Sim. –ele disse pegando o caderno. –Valeu. Quanto deu?

–Vinte e dois e cinquenta.

–Ta bom. –ele respondeu, pegando a carteira do bolso de sua calça jeans. –Então... –ele falou lendo o meu crachá. –Espera! Annie? Annie Grace?!

–Sim, sou eu.

–Quanto tempo! Lembra de mim? Bernardo! Da casa de praia!

–Eu sabia que te conhecia de algum lugar! Você ta diferente, cortou o cabelo...

–E você ta mais ruiva.

–É o que dizem.

Ele riu. Bernardo era um menino que eu encontrava todo final de semana. Íamos para a praia juntos, brincávamos juntos, passamos a infância toda.... Juntos. Eu lembro uma noite, quando disse que venderíamos a casa. Quando ele me levou para a praia para me despedir, e decorou minha cadeira lilás, que morava naquela areia com flores do seu jardim. Quando cantou para mim, e segurou minhas mãos. E quando ele chorou no dia seguinte, quando saí daquela cidade dentro do carro vermelho. O Bê sempre gostou de mim. No início eu não percebi, mas aí, uns amigos nossos em comum me alertaram. Sempre que eu ia na sua casa, ou na praia juntos, eu sonhava com o momento que ele se declararia, mas isso nunca aconteceu. Depois, percebi pelo seu jeito, que ele tentava falar alguma coisa mas tinha vergonha, e eu também tinha. Eu gostei muito dele, mas depois tentei parar, mas de repente, aquele sentimento ia e voltava a tona. Tínhamos 12 anos quando nos despedimos, e nos vimos pela última vez.

–Não sabia que estudava aqui. –ele disse.

–Eu também não. –eu falei.

Ele continuava a mesma coisa. Mesmo sorriso, mesma voz...

–Pois é... –ele falou olhando para o teto, e depois para mim de novo. –Você continua linda.

Fiquei vermelha. Ele entregou os vinte e dois e cinquenta, e então a porta se abriu.

–Bê! Finalmente te achei. –falou uma menina entrando.

Era a Luize.

–Oi Annie! Conhece o Bê, certo?

–Sim, é um amigo de infância.

–Que legal! Eu também o conheci a muito tempo, não é? Numa festa, na nossa casa de praia.

–Casa de praia? –perguntei surpresa.

–Ela comprou a casa depois que você foi embora. –ele falou muito envergonhado.

–E foi como o destino. Começamos a namorar, aí depois ele se mudou para o internato, e então, eu vim para cá, sem saber que ele estava na IGF.

–Nossa, parece mesmo obra do destino. –falei, sem nenhum entusiasmo.

Ela sorriu, e eu entreguei o caderno para ele, dentro da sacola da loja. Ela o beijou na boca.

–Tchau!- eles falaram saindo de lá.

Não é possível... Já não nos vemos a tanto tempo... E nunca namoramos. Teve uma época que nem conversávamos direito, de tanta vergonha. Como eu poderia guardar um ciúmes bobo que nem aquele? Eu o esqueci! Eu não posso voltar a gostar dele de uma hora para outra, muito menos agora, que ele tava com uma namorada. Não posso aprisioná-lo desse jeito. Eu sou muito malvada por estar afim dele? E essa Luize? Em?! Pensei que fosse afim do Léo! Ainda sonho com o dia que ele vai vir, com aquele rosto de criança, me pedir em namoro, no meio da praia, com uma rosa vermelha toda murchinha.


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