*Catarina

Naquele momento eu me sentia... Me sentia... Uma idiota. Ter trocado o Léo pelo Fred foi burrice. O clima entre eu e o loiro dos olhos azuis estava muito esquisito. Aquele silêncio constrangedor durante os últimos dois dias estava muito deprimente. Eu sentia falta do jeito meigo do Léo, de seus beijinhos sem calafrios. E aquele beijo? Que coisa estranha... No palco, senti que o Fred era o menino mais perfeito do mundo. Mas não foi o que eu senti depois. Foi como se eu não estivesse apaixonada por ele, e sim a Wendy, e mesmo assim não pelo Fred, e sim pelo Peter Pan. Depois da peça, não tínhamos mais coragem nem de conversar! Quanto mais de beijar... Terminamos o que ‘tínhamos’ ontem a noite, depois de chegar do pátio e descobrir do caso entre a Serena e Lucas. De qualquer forma, o Fred é um cara legal, mas é melhor amigo do que namorado. E o Léo, já estava de olho naquela menina nova chamada Luize.

–Ta pronta Cat? –perguntou Annie.

Felizmente, eu e a Annie fizemos as pazes. E o Léo também. Mas somos só amigos. Eu sou mais uma solteira a busca de amor... Isso parece clichê.

Infelizmente era uma quarta-feira, o que significava aula de educação física. O professor Robert era um chato! Ele nos mandava das cinquenta voltas no campo toda aula, o que causava alguns vômitos. E bem... Pode me incluir na lista das que vomitavam, já que eu não sou muito... Atlética. O único lado bom da aula de educação física é poder usar os tops lindos que eu tenho.

Terminei de ajeitar a blusa de gatinho por cima do top e fiz sim com a cabeça. Annie me puxou pelo braço para fora do quarto. E Serena e Clarice nos encontraram do lado de fora.

–Isso é injusto! –disse Jennifer se aproximando, ao lado de Luize.

–Como assim? –perguntei.

–Muitos meninos não fazem educação física. –disse Luize.

–Sério? – perguntou Clarice.

–Sim. E eu não quero continuar dando voltas toda segunda.

–Vamos falar com o treinador Robert. –sugeriu Serena.

Fomos até o campo de corrida, onde o treinador já gritava. Um grupo de meninas choramingava ao lado dele.

–Mas professor...

–Sem mas! E o que vocês aí tão falando? As donzelas tão com preguiça, é? Podem voltar a correr!

Ele estava sentado em uma cadeira de praia, bebendo suco de morango e nos encarando.

–Por que os meninos não correm? –perguntei.

–Porque os meninos... Fazem parte de um time oficial da IGF.

–Que time? –perguntei mais uma vez.

–O time de futebol. –disse Jennifer chateada.

–Então vamos formar um time. –falou Annie.

–O time só pode ser de futebol, já que é o único oficial da IGF, e infelizmente está completo.

–Mas só tem meninos nele, e eu quero entrar. –falou Serena.

–Eu também. –disse uma menina ruiva se aproximando.

–Não vai dá, está lotado. –ele disse.

–Mas estamos no século XXI, e isso além de machismo é preconceito, e eu posso te dedurar para a diretora. –falou Jennifer.

–Ok, mas vocês vão ter que fazer o teste, e quem não passar, corre. –ele falou. –Os meninos estão treinando no campo ali do lado.

Fui ao lado das meninas, mas já sabia que não me daria bem. Afinal, eu não levo muito jeito para... Esportes. Chegamos lá, e todos os meninos nos olharam estranho.

–O que estão fazendo aqui? –perguntou um garoto de cabelo castanho cacheado, pele morena e olhos castanhos, bem fortinho por sinal. –Isso é um campo, não é lugar para garotas. Meninas foram feitas para a arquibancada.

–Como é que é? –perguntou Annie.

–Desculpa, ruivinha, mas aqui não é lugar para meninas. –disse o Antonio Lancaster.

Aquele menino é um sonho! Já beijei tantos cartazes com a foto dele...

–E não sabia que aqui era o seu lugar. Pensei que estivesse na manicure ou cabeleireiro se preparando para uma sessão de fotos. Fique sabendo que não é porque você me ajudou a escapar de um machucado que eu vou ficar quieta queridinho. –ela retrucou.

Ele riu e saiu de perto.

–O que vieram fazer aqui, garotas? –perguntou Léo.

–É gente, é melhor saírem. –falou Fred.

–Mas queremos entrar. –falou Serena.

–Vocês são meninas! Não podem fazer isso. –disse o menino moreno.

–E quem é você?

–Eu sou o Rafael, e vocês são?

–Catarina, Clarisse, Serena, Luize, Annie, Jennifer e... –falei.

–Laura. –ela completou.

–Ok, então se vocês querem entrar... Tem que ganhar uma partida de futebol contra a gente. –ele falou dando um sorrisinho.

Ficamos quietas.

–O que foi, gatas? Com medo de perder? –perguntou Rick.

–Não, nós jogamos.

–Na próxima quarta-feira, na aula de educação física. Traga seu time.

–Tudo bem. –falou Serena.

–Espero que o resto das meninas concorde, porque o time é de 11 pessoas.

–Tudo bem. –completou Annie.

–Então até mais. –ele disse.

Nós saímos do campo. E sentamos em torno de uma mesa no pátio.

–Nós estamos ferradas! –falei. –Somos sete meninas só.

–Eu conheço algumas garotas que podem nos ajudar. –disse Laura. –Venham.

Ela nos levou até o campo de corrida e explicou para algumas meninas o plano.

–Topam? –ela perguntou.

–Ta... Pode ser. –disse uma menina com mechas azuis e verdes.

–Eu concordo! –disseram Stephanie e Bella.

–Falta uma. –disse Annie.

–Não! A Natália não! –falou Jennifer.

–Mas falta uma menina do seu quarto. –falei.

–É... Tem a Megan. –disse Bella.

–Duvido que ela tope. –disse Carter. –Aquela lá nem fala com a gente.

–Quem é Megan? –perguntou Annie.

–Megan Capitinga. Namorada do Antonio. –disse Bella.

–Quem é essa Megan? –perguntei.

–Megan Capitinga? Ela estuda aqui?

Megan Capitinga. A menina mais fabulosa do mundo. Minha ídola de 15 anos. Como eu não sabia que ela estudava na mesma escola que eu? E no meu corredor?

–Ela é modela desde os treze anos, já estrelou a saga Por do Sol, incluindo Anoitecer, Lua Cheia e Entardecer. Além disso, fez a Culpa é das Núvens, o Diário de uma Traição, Dobby Potter, O Doutor dos Anéis, Jogos Velozes e a saga Inteligente. –respodi.

–Caramba...

–Ela é simplesmente perfeita. –suspirei.

–A sua perfeição é uma antipática. –disse Carter.

–Precisamos falar com ela. –implorei.

–Ela ta ali. –disse Bella.

Respirei fundo e olhei para trás. Lá estava ela. Seu cabelo loiro preso em um rabo de cavalo. Usava uma calça de moletom e uma blusa branca com um coração. Seu tênis era branco da All Star, e sorria contente para um menino.

–Não tem ninguém melhor, não? –perguntou Jennifer.

–Não. Vamos chamá-la. –eu falei.

–Então vai lá. –ela disse, me dando um empurrãozinho.

Fui até lá. Ela começou a me olhar meio estranho, como se estivesse com nojo.

–Oi! Tudo bem? –perguntei.

–Quem é você? –ela perguntou.

–Eu sou a Catarina, sua maior fã! E queria saber se você quer participar do nosso time de futebol.

–E o que passou pela sua cabeça quando pensou na possibilidade de eu aceitar essa proposta?

–Eu só achei que... Se você aceitar, não vai mais ter que correr.

–Vai lá para perto das suas amiga, e diz que... Vou pensar. Agora sai, antes que achem que somos... Amigas.

–Claro. –eu disse indo para perto delas.

Nossa... Eu realmente estava desapontada, afinal minha ídola era uma antipática.

–O que ela disse? –perguntou Serena nervosa.

–Provavelmente não. Eu disse que não deveríamos contar com ela. –falou Carter.

–Ela disse que sim. –falei.

Droga! Mentir é horrível.