Como eu queria estar em casa agora.

A carruagem parou, ela foi aberta por um homem loiro, de olhos claros, ele era bem alto, estava vestido elegantemente com um tipo de terno caro – eu não entendo dessas coisas de nobres – na cor preta, também usava luvas brancas. Ele abriu a porta e o Príncipe insuportável desceu da carruagem, depois parou na frente dela, olhou para mim e estendeu-me a mão.

Hesitei, passei meu olhar de seus olhos para sua mão, aquela ação foi meio suspeita, ele estava tentando ser gentil comigo ?

– Eu tenho o dia todo, boneca – ele disse com um tom carregado de ironia.

Cerrei os olhos, não ele não estava tentando ser gentil, desci da carruagem sem precisar de sua ajuda, parei um pouco mais a sua frente e olhei para o lado. Ouvi uma pequena risada vindo da parte do Príncipe, isso me fez ficar só com mais raiva do mesmo.

O Príncipe começou a andar, passou por mim, fiquei um pouco parado olhando-o, mas logo o segui, percebi que o mordomo loiro também nos seguia. As grandes portas de madeira abriram para o digníssimo entrar, arregalei os olhos quando vi o tamanho daquele castelo por dentro.

Dentro do castelo havia duas escadas enormes que levavam para o andar de cima, as duas começavam das extremidades e se encontravam formando uma só, onde se encontravam havia uma parede, lá estava um quadro do Príncipe e sua mãe, a mulher estava sentada elegantemente vestida com um enorme vestido em uma cadeira, e o Príncipe ao seu lado, de pé, vestido luxuosamente assim como a mãe.

Olhando para os dois lados haviam duas mais alternativas para se ir, uma grande porta á direita e uma grande porta á esquerda, elas pareciam bem convidativas. O castelo por dentro estava um caos, os servos iam e vinham arrumando as coisas e limpando, fiquei olhando-os assustado.

Enquanto apreciava o castelo o Príncipe falava com seu mordomo, eles estavam conversando até o Príncipe revirar os olhos e chamar uma das empregadas.

– Wendy, leve a boneca aqui para os meus aposentos, eu tenho que resolver algo agora – falou em um tom cansado.

A empregada deu um passo a frente quando ouviu seu nome ser chamado, ela tinha cabelos lisos e longos, negros, a pele pálida e os olhos violetas. Fez uma careta estranha quando ouviu a frase “ meus aposentos. “

– Eu ouvi direito ? Seus aposentos vossa majestade ? – perguntou estupefaça.

– Claro, para onde mais o levaria ? – o Príncipe tinha se virado e agora andava para a esquerda, saindo do saguão.

Voltei meu olhar para a mulher que se chamava Wendy, ela continuava olhando para a direção onde o Príncipe tinha ido, suspirou e finalmente olhou para mim.

– Venha comigo, vou te levar até os aposentos de vossa majestade – ela começou a andar, logo parou e olhou para mim – boneca – ela soltou um risinho e colocou a mão na boca.

Senti minhas bochechas esquentarem, que coisa boa o apelido idiota esta pegando, segui a mulher quieto. Fomos para o andar de cima, era tudo muito luxuoso para mim, o chão era coberto por tapetes e mais tapetes, a maioria da cor vermelha, tinham vários quadros pelas paredes, vasos em cima de mesinhas e outras coisas.

A empregada parou na frente de uma das maiores portas de todo o corredor, as abriu revelando o quarto do Príncipe, era enorme. Tinha uma cama de dossel, janelas enormes com cortinas barrando a passagem da luz, armários de madeira – aposto que estejam repletos de roupas caríssimas – aquele quarto era a minha casa inteira e mais um pouco.

– Impressionado ? – perguntou a morena sorrindo – eu também fiquei assim quando cheguei aqui, você ainda não viu os outros quartos – ela soltou uma risadinha – bem acho que vou me retirar, espere o Príncipe aqui boneca, depois eu volto – ela sorriu e foi até a porta.

– M-meu nome é Kyle Broflovski não boneca ! – gaguejei envergonhado.

– Claro, claro, mas aqui o Príncipe te chama de boneca – ela se virou de leve – todos vão chama-lo assim – Wendy fechou as portas e saiu cantarolando – até mais boneca.

Cerrei os punhos, maldito Príncipe que me fez vir aqui, ele vai ver na primeira chance que eu tiver vou fugir... mas será que ele vai me perseguir ?

Soltei um gemido sofrido e fui perto da janela, abri um pouco mais a cortina e tive a visão do jardim real. Uau, ele era lindo, todo muito bem cuidado, as plantas eram verdinhas e as flores tinham cores chamativas. Enquanto estava viajando a porta do quarto se abre.

Dei um pulo com o susto que levei e me virei rapidamente, lá estava o mesmo mordomo que tinha aberto a porta da carruagem, ele estava me olhando com um sorriso no rosto.

– Eu sou Gregory, é um prazer – ele falava totalmente de um jeito formal.

– Sou Kyle... Broflovski – completei sorrindo – e o prazer é meu.

– Claro – ele me mediu – bem tenho ordens para deixa-lo limpo e apresentável, se não se importa boneca tenho de dar um banho em você, e tirar estas... roupas.

Meu sorriso desapareceu quando ele disse aquela palavra.

– Eu acabei de te dizer meu nome, não me chame de boneca – eu estava irritado.

O mordomo somente riu e foi me empurrando para um outro cômodo – ainda dentro do quarto do Príncipe. Ele abriu a porta, não era tão grande igual o quarto do digníssimo, tinha uma banheira enorme, um espelho que cobria metade da parede, uma pia que também ocupava metade do banheiro e uma privada. Aquilo era muito luxo para mim.

O mordomo começou a encher a banheira com água quente, podia ver que vapor saia dela, ele me despiu totalmente contra meu gosto e me enfiou na banheira, imergiu-me até a cabeça e me levantou novamente. Ele pegou um sabonete e começou a me lavar, enquanto eu dizia que estava tudo bem e que poderia fazer isso sozinho, ele apenas me ignorava.

Depois de passar a pior vergonha de toda a minha curta vida, ele me vestiu com roupas de nobre, eu bem estava parecendo um nobre naquele momento. Quando me olhei no espelho arregalei os olhos, eu estava limpo, com os cabelos penteados e arrumados, com a pele branca sem nenhuma mancha preta, fazendo minhas esmeraldas se destacarem, eu cheirava muito bem.

– Agora sim você esta melhor, boneca – Gregory sorriu para mim e voltamos para o quarto do Príncipe – bem vossa majestade mandou você ficar aqui – ele pegou um relógio do bolso e o olhou – não falta muito para o Príncipe regressar nos seus aposentos.

Ele se virou, abriu a porta, fechou-a e eu pude escutar seus passos se distanciando do quarto. Fiquei de pé no meio do quarto esperando o idiota do Príncipe, eu estava totalmente desconfortável, num lugar que eu não conhecia, mordi meu lábio inferior.

Abri os meus olhos lentamente, estava deitado em algo fofo e macio, minha visão estava embasada e eu só conseguia ver borrões, quando minha visão voltou eu quase morri.

Me sentei na cama em um pulo, arregalei os olhos de leve e fiquei olhando para frente. O Príncipe estava sentado em uma cadeira do lado da cama me fitando, seus olhos castanhos avermelhados tomaram um brilho divertido.

– Finalmente em boneca ? – disse rindo.

– P-Príncipe Cartman... e-eu... me desculpe – levantei de sua cama, desajeitado quase cai no chão, olhei para baixo – estava ficando com sono... d-desculpe...

Até agora o Príncipe não tinha falado uma palavra, eu estava começando a ficar nervoso, eu realmente não queria ter dormido na cama do Príncipe mas eu não resisti, ela estava tão convidativa e eu com tanto sono. Ele se levantou da cadeira e foi chegando perto de mim, estava pronto para levar um tapa na cara ou algo do tipo, respirei fundo, mas me surpreendi com o que o Príncipe fez.

Em vez de me castigar, ele puxou-me pelo pulso e colocou-me sentado em sua cama, eu não conseguia ver seus olhos , estavam cobertos pela franja, ele voltou para a cadeira onde estava sentado. Fiquei o fitando confuso.

– Não precisa se desculpar, eu demorei mesmo para sair daquela maldita sala – ele rolou os olhos e depois os voltou para mim – bom, eu finalmente posso conversar com você.

Eu continuava o olhar confuso, ele quer conversar ? claro, eu exijo explicações por me ter tirado da minha casa e me enfiado aqui !

– Bem boneca – usou o maldito apelido, fiz uma careta – é o seguinte, eu te trouxe aqui pois precisava de um tipo de companhia.

– Espera ai – eu disse num tom indignado – me tirou da minha casa... me tirou da minha família para que eu seja sua companhia ?

– Sim – afirmou – foi o que eu acabei de falar.

Dei uma risada nervosa.

– Olhe bem, você não vai ser como os outros servos, não vai trabalhar tanto igual os outros servos... vai fazer outras coisas – completou a frase com um tom malicioso.

– O-outras coisas ? – gaguejei.

– Sim, boneca – o mesmo se levantou da cadeira e se sentou na cama, ao meu lado – você estava tentando me seduzir enquanto dormia ? – sussurrou em meu ouvido.

Arrepiei-me inteiro, tentei me afastar do Príncipe, mas ele envolveu um de seus braços em minha cintura, me puxou para mais perto e sorriu maldoso.

– C-claro que não ! – tentava me soltar, porém o maldito era mais forte que eu.

Fui jogado na cama, Cartman subiu em cima de mim, colocando seus joelhos ao redor de meu corpo, suas mãos do lado de minha cabeça, inclinou-se para frente e foi em minha orelha, sussurrando novamente.

– Você não vai conseguir fugir – soltou um riso maligno.

– E-eu vou sim ! – retruquei – eu vou fugir, você vai ver.

– Não acho que vá fazer isso – afirmou.

– Ah é ? e por que tem tanta certeza ? – perguntei provocando-o com meu tom de voz.

– Depois que você fugir e eu pegar a sua família, você acha que eu os devo acorrentar nas masmorras ou os mandar direto para a forca, hum ? – perguntou em um tom ameaçador.

Arregalei os olhos, colocando família no meio disso, ele é mesmo um filho da puta.

– Você não ousaria em fazer uma coisa dessas – disse olhando diretamente em seus olhos.

– Experimente fugir, ou ao menos tentar e você verá – falou – você esta sob meu domínio boneca.

– Não... – saiu como um sussurro.

Ele riu.

– Ora, ora, não vai chorar boneca – o maldito me provocou.

– Vai se ferrar – murmurei – você pode ser o Príncipe, mas eu estou pouco me fodendo para isso, fique sabendo que eu te odeio.

Um sorriso surgiu nos lábios do Príncipe.

– O sentimento é recíproco, boneca – ele lambeu minha bochecha.

Fechei os olhos com força, eu vou matar esse maldito, podem ter certeza.