When it Rain

Tive um dos melhores sonhos da minha vida e não queria que ele terminasse. Senti um enorme medo de acordar, e acordar chorando como um bebê por saber que tudo aquilo fosse um absurdo da minha cabeça. Se ela ficou comigo naquele sonho, eu queria que fosse para sempre, mas não foi bem assim.
-Droga - falei baixinho, abrindo meus olhos lentamente - Renesmee!
Falei um pouco alto, quando a vi do meu lado dormindo com um sorriso esculpindo seu delicado rosto de porcelana. Felizmente, ela não acordou com o meu momento de histeria, apenas se mexeu em meus braços. Me movimentei lentamente para sair da cama, mas eu queria fazer alguma coisa em troca do beijo doce que ela havia me dado, apesar de que tocar seus lábios novamente era a minha real vontade, toquei lentamente meus lábios em sua bochecha rosada.
Quase corri do quarto, com uma sensação de querer vomitar, ainda não tinha certeza, acho que estava começando a ter umas sensações meio boiolas, e eu não estava gostando daquilo. Tirei minhas roupas indo para o chuveiro com uma água fria batendo em minha pele. Era como se aquela garota de New York estivesse presente em todos os lugares ao meu redor. Seu nome passava como um filme em minha cabeça e seu cheiro estava me viciando como heroína. Meu tipo preferido de heroína. Tá bom que eu nunca tomei nenhuma droga, acho uma coisa ridícula, mas caso existisse uma droga humana, essa seria Renesmee. Era como se todos por onde ela passava ficavam viciados por ela.
-Bom dia! - falei mordendo o lábio, quando vi Nessie na cozinha colocando a mesa do café - Dormiu bem?
Ela apenas corou, mexendo no cabelo rapidamente e virando para o lado. Sorri inocentemente, indo em sua direção pegando em sua mão, e olhando em seus olhos. Ela devia estar com vergonha, mas não sabia se o motivo era o fato deu ter dormido com ela ou ela ter medo de tempestades.
-Be… Bem - Nessie me respondeu gaguejando e tirando sua mão da minha - Vamos nos sentar.
Fiz questão de me sentar do seu lado. Seus olhos se viraram para minha cadeira quando a arrastei e me sentei. O café deu muito certo, ninguém se falava. Olhei para o lado e ela estava olhando para mim e tomando café ao mesmo tempo, apenas sorri para ela. Sem querer Nessie foi sorrir também, mas acabou cuspindo o café que estava em sua boca.
Dei uma risada e ela corou violentamente abaixando a cabeça envergonhada, mas eu rapidamente peguei o guardanapo, passando em sua boca avermelhada. Não falamos nada até que sua boca estava limpa e me chamava, era como se a boca dela pedisse por um beijo, e esse seria meu.
Por um momento fechamos os olhos juntos e nos aproximamos. Minha boca se entreabriu e minhas mãos estavam quase na dela, quando:
-Olá crianças! - Billy chegou sorrindo, nos separamos rapidamente – Irá ter uma festa da casa do Harry hoje, vamos?
Renesmee queria dizer de forma educada “Não”, mas logo dei minha opinião a incentivando a ir. Todos de La Push estariam lá, e seria uma ótima forma dela conhecer novas pessoas e de conhecer os papas-anjos Embry e Quil. Nota mental: não deixá-la perto deles.
A manhã seguiu normalmente. Ajudei Nessie com os pratos e quando ficamos sozinhos tentei iniciar uma conversa.
-Renesmee - a chamei, ela apenas me olhou - O que aconteceu ontem à noite… Você não precisa ficar com vergonha, quero dizer, não fiz nada de mais, você não queria que eu ficasse com você?
Ela não me respondeu, e saiu da cozinha indo para o corredor. Queria ter uma conversa, com mais de duas palavras trocadas e queria conhecer essa estranha menina de Nova York que não era uma Paris Hilton da vida e sim uma pessoa.
Fui em sua direção, pegando em seu pulso e a encostando na parede. Minha intenção não foi ser rude nem a intimidar, mas tentar decifrá-la. Novamente chegamos mais perto um do outro ela me olhava de forma assustada, mas fiz questão de demonstrar que não estava querendo ser rude e muito menos bravo com ela.
-Fale comigo – pedi, mas ela não disse nada, sentia seu peito contra o meu, sua respiração estava acelerada.
-Jake... – ela sussurrou e foi como um sussurro me chamando, os nossos olhos se fecharam e os lábios entreabriram.
-Vou me arrumar- ela falou se livrando de mim facilmente.
Ela estava me deixando confuso, eu juro que não sabia qual era a dela. Fiquei escorado na parede em quanto vi ela bater a porta do quarto. Por que ela tinha que ser tão perfeita?
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Entramos todos na velha picape desbotada. Nessie como sempre estava linda e simples ao mesmo tempo. Uma saia cinza indo até o joelho e meio rodada, uma blusa com um bolero azul mais grosso por cima, uma meia calça preta e um sapatinho da mesma cor. Dirigi com calma sem forçar a picape. Quando chegamos todos esperavam por nós.
Seth e Claire foram correndo em direção de Nessie logo que chegamos. Parecia que ela havia feito bons amigos. Claire me deu um olhar de malicia que tive que rir com isso, já estava acostumado com esses olhares de meninas fogosas.
-Então você é a Renesmee de Nova York - Embry perguntou chegando perto, tenho que admitir que fiquei com ciúmes. Ela era linda e ele era um parasita de garotas novas, e também não era feio, mas não to falando que o cara é bonito!
-E você o Embry papa anjo de La Push - ela respondeu a ele. Acho que meu pai já havia tido uma certa conversinha com ela. Eu ri de longe vendo a cara dele.
-Já fofocaram de mim, não é? - ele falou sem graça – Bom, então vou deixá-la passar, mas não espalha tá? – ele piscou e saiu.
Todos nos divertimos, mas tivemos que ir para dentro por causa da chuva. Leah chegou perto de mim me chamando para a cozinha. Ela queria falar comigo com certeza pra palpitar na minha vida ou algo parecido.
-Hum… A menininha de Nova York - ela falou cheia de desprezo olhando para Nessie.
-O nome dela é Renesmee, caso ainda não saiba - falei no mesmo tom.
-Grande coisa. Não sei por que tem esse… Estorvo cuidando do Billy – ela falou rindo sarcasticamente – Eu disse que poderia cuidar dele Jacob, disse que poderia ser sua baba.
-Eu queria que você cuidasse dele, seria bem melhor – ouvi um barulho da porta, mas poderia ser o vento, pois chovia demais, mas ignorei – Apesar de que ela diferente de você ela cuida do Billy com carinho e não como um doente! E mesmo assim ela largou a família, Renesmee está sofrendo por causa da família, ontem ela nem dormiu direito.
-Qual é? – ela debochou e eu tive vontade de gritar com Leah – Ela tem medo de tempestades?
-E você que tem medo de sapo? – debochei do medo dela.
-Pois não parece que ela tem esse medo todo de tempestade não – ela apontou pra fora e eu vi Nessie correndo pela chuva. Não pensei duas vezes ignorei Leah e sai correndo atrás de Renesmee. Eu não sei o que deu naquela garota, só sei que devia cuidar dela, e a chuva estava mais perigosa do que qualquer garoto do colégio.

Renesmee POV
Eu estava dando risada com Claire das historias malucas dela, mas ela resolveu ir atrás do Quil pra falar algo sobre o “Rolinho” deles. Resolvi então beber uma água, mas quando cheguei Jacob estava falando com Leah, não queria espionar, mas eu consegui ouvir boa parte do que eles estavam falando:
-Grande coisa. Não sei por que tem esse… Estorvo cuidando do Billy. Eu disse que poderia cuidar dele Jacob, disse que poderia ser sua baba.
-Eu queria que você cuidasse dele, seria bem melhor...
Eu não queria mais ouvir, na verdade eu não precisava ouvir aquilo. Eu não estava ali para agradar Jacob e Leah, estava ali para cuidar do meu tio, mas já que era um verdadeiro “Estorvo” então a melhor coisa a fazer era ir embora.
Abri a porta da cozinha fazendo um barulho quando ela bateu na parede, Jacob e Leah deveriam ter notado, mas eu não me importei, nem com eles nem com a tempestade que caia do lado de fora. Comecei andando, a chuva estava tão intensa que em pouco tempo eu já estava encharcada, mas não queria saber, o que queria era chegar à casa do Billy para poder pegar minhas coisas e o primeiro avião de volta pra casa. Eu já havia me sacrificado demais pra nada, meu tio não precisava de mim, então eu só estava ali para ouvir desaforos e ser atacada por um idiota na escola.
-Nessie... – ouvi meu nome longe e comecei a apertar o passo, eu sabia de quem era a voz e não queria mais vê-lo, ele concordou com Leah.
Corri por entre a chuva como se estivesse escapando do inferno. As palavras de Leah ecoavam na minha cabeça, como se eu fosse exatamente tudo o que ela disse. Lágrimas inevitáveis começaram a arder em meus olhos, mas era misturada com a água da chuva.
-Nessie... – ouvi novamente e a voz parecia mais perto.
Aumentei a velocidade até que meus pulmões não aguentava mais. E então meu passo diminuiu até que parei por completo tentando respirar, mas inutilmente, pois a água da chuva era fria. Eu estava congelando.
-Renesmee! – dessa vez a voz veio de trás de mim e a mão de Jacob puxou o meu braço – O que deu em você? – ele também estava ensopado.
-Me deixa em paz! – gritei puxando o meu braço – Vou voltar pra casa! Não quero mais saber de você e nem de ninguém daqui! Só avise ao Billy que me perdoe por ter sido um “estorvo” – disse terminando e voltando a andar, mas novamente Jacob puxou meu braço.
-Nessie não é assim – ele falou, mas eu realmente não queria ouvir – Leah é uma idiota e ela está com ciúmes de você, por isso falou aquilo.
-E você concordou! – disse indignada – Ou você acha que eu não ouvi você dizendo: “Eu queria que você cuidasse dele, seria bem melhor...”
-Seria melhor por que você não precisaria largar sua família, sua vida e tudo que você tanto ama pra cuidar dele – Jacob falou num fôlego só, a água da chuva impedia que se quer respirássemos.
-Eu amo o Billy, amo ajudar quem precisa e nem que seja pra largar mil casas confortáveis em New York, só sinto falta da minha família, mas vocês foram isso pra mim – disse o que sentia – Mas parece que pra você tanto faz, o importante é que cuidem de Billy, não o afeto que tem por ele ou por você – disse essa parte quase num sussurro.
-Nessie... – ele pegou meu pulso e dessa vez eu não puxei de volta.
-Jacob eu quero o melhor pra ele, não me importo quem seja, desde que Billy esteja bem – abaixei a cabeça e novamente a água quente das minhas lagrimas inundavam meu rosto.
-Eu sei – ele ergueu meu rosto e deu um passo pra frente e colou nossos corpos, senti mais quente, mas confortável – O melhor com certeza é você, desde que você esteja feliz.
-Eu estou
-E eu ainda mais por ouvir isso – ele sorriu de lado e eu não pude deixar de sorrir – Você com certeza fez algo por ele que ninguém fez desde que a minha mãe morreu, você cuidou dele não como um diabético, mas sim como uma pessoa amada. Obrigado Nessie! Pelo meu pai, pela reserva inteira e com certeza por mim – ele deu mais um passo e passou uma de suas mãos pela minha cintura – E me desculpe.
-Pelo o que? – perguntei sentindo os centímetros diminuírem devagar.
-Por isso...
Ele não falou mais nada, mas acho que também não precisava. Nossas bocas se conectaram em meio à chuva que caia com precisão sobre nós, fechei meus olhos para senti-lo. Era um ritmo perfeito e nossas bocas sincronizadas. Eu sentia suas mãos dançarem pelas minhas costas e levei as minhas a sua nuca. O frio não existia mais quando dei passagem a sua língua em minha boca, a ligação ficou ainda mais perfeita. Estava nas pontas dos pés para alcançá-lo, notando isso ele puxou meu corpo pra cima e me fez entrelaçar minhas pernas em sua cintura.
Não era um simples beijo, era algo diferente, algo que os dois esperavam, uma coisa que aconteceria, mas que foi no momento mais perfeito e improvável. Eu sentia seu coração batendo forte em meu peito, e tenho certeza que ele podia sentir o meu. Nossas bocas por fim se separaram, mas nós não. Eu fiquei em silencio respirando pesadamente com nossas testas encostadas, eu vi um meio sorriso se formar em seus lábios e eu também sorri quase gargalhei de entusiasmo.
-Sim – disse ofegante – Eu te desculpo!
Nós dois rimos, e novamente juntamos nossas bocas. Quem precisava respirar? Quem precisava de algo que não fosse a chuva e o outro? Não existia mais frio, não existi mais culpa nem a dor. Só existia Jacob e eu, nos beijando sobre a chuva pesada e gélida, mas que pra mim parecia reconfortante e perfeita.
-Nessie... – ele me chamou entre o beijo.
-Sim? – perguntei tirando minha boca da sua.
-Temos que entrar – ele olhou pra mim que estava em seu colo – Você está com os lábios completamente roxos.
-Eu não ligo – o que estava acontecendo comigo? Estava ficando sem vergonha igual a Claire.
-Mas eu ligo – ele me colocou no chão, mas me puxou de encontro ao seu corpo – Não quero que você fique doente.
-Ok Jacob – o abracei de volta e seus braços grandes me envolveram com força, me senti aquecida, me senti extremamente aquecida, queria ficar ali pra sempre.