Nova moradora

Renesmee POV

Entrei na casa e senti um aperto no coração. Eu sabia que estava fazendo a coisa certa, mesmo assim era impossível não pensar em casa e tudo que sentiria falta. Olhei em volta e vi a minha nova casa. Era pequena, mas confortável, eu me sentei no braço do sofá olhando por uma janela da sala que mostrava a chuva caindo.

Fiquei lá parada olhando cerca de quinze minutos quando ouvi o barulho de pedrinhas esmagadas por pneus de carros. Eu me levantei rapidamente quando a porta foi aberta ao lado de onde estava sentada e um rapaz alto, moreno, de cabelos curtos e pretos com olhos da mesma cor, e tão forte que carregava varias sacolas sozinho, abriu a porta. Eu olhei assustada e ele pareceu tão chocado quanto eu.

-Quem é você? – ele falou rispidamente e eu não sabia o que responder.

-Jacob! – ouvi alguém atrás dele que eu conhecia muito bem – Por que está parado ai...? – ele não terminou a frase ele me viu e sorriu – Renesmee!

-Tio Billy! – corri em sua direção e o filho dele saiu da frente e eu abaixei e o abracei.

-Como você está grande querida! – ele disse assim que eu o soltei – É uma verdadeira moça! – ele fez uma pausa e sorriu e eu também, gostava muito do tio Billy – Mas cadê seus pais?

-Meu pai estava com pressa me deixou aqui e foi embora – expliquei.

-Sempre cheio de trabalho – ele franziu e cenho e olhou pro filho – Jacob essa é Renesmee filha do Edward, você se lembra?

-Mais ou menos – ele coçou a cabeça e estendeu a mão em minha direção – É um prazer conhecê-la

-Prazer – falei fazendo um esforço danado pra não corar, eu ficava vermelha e tímida com qualquer cara bonito. E com certeza Jacob era um desses.

-Então veio cuidar do seu velho tio – Billy perguntou retoricamente.

-Alguém tem que manter o senhor na linha – sorri pra ele e vi Jacob bufar alguma coisa e sair.

-Não ligue pra ele – ele disse vendo o comportamento do filho – É um grosso e não tem nada que o cure.

Não falamos mais a respeito do filho dele, eu também não me importei. Se ele queria ser grosso comigo eu também seria com ele.

Billy me levou para mostrar o meu quarto. Era pequeno, tinha apenas uma cama e um baú pra por minhas roupas, um criado mudo ao lado da cama e uma prateleira de livros recém posta.

-Edward disse que você gostava de livros, então pedi para Jacob colocar pra você – ele falou e eu olhei pra ela.

-É perfeito Billy – sorri olhando pro quarto – Eu amei o quarto.

-Sei que é bem menor que seu quarto New York, mas tudo o que você precisar não vai te faltar querida – Billy era o meu terceiro avô, era assim que eu sempre o considerei.

-Acho que tudo o que eu preciso é ficar com você pra não me sentir sozinha Billy – disse de coração.

-Ainda acho que sei me virar sozinho, você não precisava vir pra cá pra ficar de olho em mim.

-Precisava sim – disse quase como bronca – Você é importante pra mim Billy, e eu gosto muito de ficar com você, alem do que não tem nada em New York que eu não possa ter aqui.

-Ah não ser é claro um pouco de espaço extra – ele riu e eu também.

Saímos do quarto e fomos pra sala, Jacob estava assistindo TV e nós nos juntamos a ele. Ele não pareceu muito feliz comigo lá, e eu nem ao menos sabia o porquê dele não ir com a minha cara.

-Jake será que não tem outra coisa na TV não? – Billy perguntou olhando pro filme sangrento e violento que Jacob assistia – Acho que Renesmee não gosta desse tipo de coisa.

-Não... Billy eu... – antes deu terminar de falar Jacob jogou o controle no sofá e saiu da sala, no fundo tive vontade de bater naquele garoto, parecia um tanto mimado daquela forma.

-JACOB! – Billy gritou e o garoto se virou antes de cruzar a porta – O que aconteceu com você?

-Nada – ele disse olhando pro chão e fechando os punhos – Vou encontrar os rapazes e voltar o trabalho. Até mais!

Não disse mais nada, apenas fechou a porta da sala e eu ouvi o ronco do carro fora da casa.

-Billy não precisava disso – disse tentando amenizar as coisas – Eu não me importo com filmes assim, alem do que ele estava assistindo antes de nós chegarmos à sala. Em casa nós temos uma política: Aquele que chegar primeiro manda na TV até acabar o que estava assistindo, pois como somos muitos em uma mesma casa, sempre tinha uma briga.

-Mas acho isso pouco democrático querida, alem do que não criei Jacob pra ser um bad boy mal agradecido, ele foi criado pra respeitar as damas e ser gentil não importa o que aconteça. E hoje está fazendo exatamente o oposto.

-Não o puna por minha causa tio – pedi.

-Não vou puni-lo – ele falou – Mas vou falar que foi por que você pediu.

-Não precisa disso, também! – disse sentindo minhas bochechas começar a ficar quentes.

-Preciso sim, então ele vai perceber o quão grosseiro está sendo – Billy deu um impulso com a cadeira de roda e eu instintivamente me levantei para ajudá-lo – Não precisa querida, eu vou fazer o jantar de hoje, pode tomar um banho se quiser e se preparar pro jantar – ele impediu que eu o ajudasse.

-Tudo bem mesmo? – perguntei querendo conferir.

-Sim, vá tranquila – ele acenou e eu fui para o quarto que agora era meu.

Peguei algumas coisas e fui até o único banheiro da casa. Tomei um banho devagar pra descontar tudo que a viajem e o mau humor do filho do Billy haviam me causado. Eu havia pensado muito bem, devolver na mesma moeda alem de nada educado também seria ir contra meus próprios princípios.

Terminei o banho e senti cheiro de alguma coisa boa, parecia que nunca havia comido qualquer coisa com aquele cheiro, mas era bom. Como já estava vestida, com uma calça de moletom e uma blusinha de alcinha, fui até a cozinha e vi Billy perto do fogão preparando algo.

-Que cheiro bom – comentei – Precisa de ajuda?

-Na verdade preciso – ele disse se virando em minha direção – Poderia colocar a mesa? Isso é dever do Jacob, mas como ele ainda não voltou do serviço, poderia fazer?

-Claro tio – disse sorrindo.

-Os talheres estão ali naquela gaveta – ele apontou e eu peguei três garfos e três facas – Ali estão todo o resto – apontou pra um armário perto da porta, extremamente alto.

Eu fui até lá e fiquei nas pontas dos pés para alcançar, com muito esforço consegui abrir o armário, agora seria difícil pegar os copos e pratos.

-Jacob que instalou, eu não sei o que ele tem na cabeça, acho que não quer que eu chegue perto disso – Billy comentou vendo meu esforço – Pegue a cadeira.

Eu peguei uma cadeira da mesa e empurrei até o armário. Com ela consegui pegar tudo, e notei que ali havia alguns potes caso fosse necessário.

Levei a louça até a mesa e vi o prato que Billy havia preparado. Não era nada desconhecido, na verdade era uma macarronada, mas cheirava tão bem que eu mesma não reconheci.

-É minha especialidade – ele comentou vendo minha expressão faminta.

Nós dois comemos sozinhos. Jacob ainda não tinha voltado e Billy me explicou que talvez ele tenha feito hora extra ou foi se divertir com os amigos perto da praia onde eles competiam por besteiras ou pra paquerar garotas.

Quando terminamos Billy disse que estava exausto, que iria tomar um banho e iria dormir, mas que eu poderia ficar a vontade para assistir TV ou dormir a hora que eu quisesse.

Eu tentei primeiramente dormir, mas não consegui e fui ver televisão, passava um programa sobre animais, contava um pouco sobre os animais nos Andes. Eu gostava de programas assim, me lembrava tio Emmett, quando eu era pequena ele me levava no zoológico, mas normalmente eu dormia no seu colo e ele se divertia mais do que eu, pois adorava animais, eu havia puxado isso dele.

-Boa noite! – alguém falou atrás de mim e eu dei um pulo do sofá e me virei – Desculpe, não quis assustá-la.

-Tudo bem – disse um pouco alterada por causa do susto, Jacob estava todo sujo e parecia estar com arranhões nos braços.

-Meu pai já está dormindo? – ele perguntou ainda secamente.

-Sim – respondi e engoli seco, ele parecia ser aquelas pessoas que seriam melhor ficar longe caso tivesse algo contra mim.

-Sobrou alguma coisa? – agora perguntou da janta.

-Sim – respondi novamente – Eu vim aqui para ajudar, caso queira que eu ajude com ela enquanto toma um banho ou algo do gênero.

-Eu ficaria agradecido – ele nem se quer fez o esforço para sorrir – Mas você está aqui pra ajudar ao meu pai, não a mim.

-Eu só quis ser gentil – disse ficando irritada da maneira que ele falava comigo – Afinal não quero morar aqui só pra fingir que estou ajudando.

-Tudo bem – ele disse passando a mão pelo cabelo nervosamente. Não era eu quem devia estar nervosa? - Eu aceito sua ajuda.

Ele saiu e foi para o banheiro, pois ouvi a porta batendo. Eu fiquei com um ódio da forma que ele me tratou, e eu nem ao menos sabia do motivo dele me tratar assim. Fui ajudá-lo assim como havia prometido, coloquei o macarrão no microondas, mesmo eu achando que ficava horrível, ainda bem que não sou eu que vou comer. Peguei os talheres e mirei a prateleira alta, novamente deveria subir lá para pegar as malditas louças.

Peguei novamente a cadeira e subi, dessa vez parecia que os copos que tinham estavam apenas no fundo do armário, fiquei na ponta dos pés encima da cadeira me inclinando para pegar o copo, com muito esforço consegui alcançar o copo, mas senti a cadeira desequilibrar com o peso exercido só na ponta e meu corpo cair junto com a cadeira.

Estava preparada pra levar o tombo da historia, mas senti alguém me pegar. As mãos eram quentes e seguras, os braços eram fortes e tão quentes quanto as mãos. Abri meus olhos confusa e me deparei com Jacob me olhando bem de perto. Seus olhos eram negros e tão fortes que senti minhas malditas bochechas ficarem cada vez mais vermelha.

 -O-obrigada – disse sem saber exatamente o que fazer.

-Por nada – ele me colocou no chão e eu apenas escorreguei de seus braços – Só que tome cuidado com essas cadeiras.

-Tudo bem – coloquei uma mecha de cabelo que havia caído nos olhos para trás e me virei tentando esconder meu rubor ao vê-lo sem camisa. Ele era simplesmente perfeito – Eu já coloquei tudo ali, com licença!

Passei por ele sem poder falar nada. Eu iria pro meu quarto talvez enfiar minha cabeça em algum buraco. Ele era tão bonito, mas parecia ser tão áspero comigo, e eu nem ao menos sabia por que. Deitei na minha cama e tentei descansar um pouco, ou não me jogar de alguma ponte próxima.

Jacob POV

Novamente naquela tarde, Billy precisou de remédios para a pressão e também tomou outra dose de insulina.

Tudo estava mais difícil sem mamãe, sempre cuidou muito de mim e de meu pai melhor, mas ela se foi…

-Jacob - Billy me chamou - Vamos filho, tenho tudo do que preciso. Daqui a pouco Renesmee chegará.

Ainda não sei o que aquela menina de New York, irá fazer aqui. Na boa, posso muito bem cuidar de meu pai, durante 16 anos tenho cuidado de nós dois. Foi muito difícil no começo sem mamãe, mas sempre tem uma saída.

“Meu pequeno Jake” - me lembro de suas palavras até hoje - “Você é meu único filho, cuide de seu pai. Lembre-se Jacob, nem sempre a vida é cheia de perdas, quando se perde um amor se ganha outro”

Não havia ganhado nada, apenas perdido. Minha mãe morreu de câncer e agora meu pai estava doente também. Durante muito tempo, essa foi a preocupação dos dois que eu também a tivesse. Uma preocupação inútil, pois de alguma forma eu não tenho esse gene.

-Acho que Renesmee não chegou - Billy falou meu decepcionado.

Ajudei ele sair do carro, peguei as diversas sacolas com remédios, injeções, telefones de médicos locais, vitaminas, medidor de pressão.

Entramos em casa com o chuvisco da chuva. Havia uma menina que era muito bonita. Cabelos castanhos claros e acobreados, olhos castanhos cor de chocolate, pele branquinha como leite. Usava apenas, um jeans, blusa de mangas azul e all star. Apesar de ser bonitinha, ela me assustou e parecia que eu também a havia assustado.

-Quem é você? – perguntei em tom grosseiro

-Jacob! – Billy me chamou a atenção – Por que está parado ai...? – ele quase me empurrou do caminho e gritou – Renesmee!

Então era essa a famosa Renesmee! Veio da cidade grande para cuidar do velho do interior. Grande ação para uma vida pura.

-Tio Billy! –ela gritou em uma voz infantil, correndo em direção a meu pai

-Como você está grande querida! – ele disse assim que ela o soltou – É uma verdadeira moça! – uma verdadeira leite azeda irritante – Mas cadê seus pais?

-Meu pai estava com pressa me deixou aqui e foi embora – coitadinha! O papai larga a filha em um lugar chuvoso, e agora vai viver a vida sem conforto e sol de New York. Que trágico!

 -Sempre cheio de trabalho – ele franziu e cenho, olhando para mim – Jacob essa é Renesmee filha do Edward, você se lembra?

-Mais ou menos – cocei a cabeça. Na verdade nunca tinha visto mais branca – É um prazer conhecê-la.

Não era bem um prazer, mas faço um esforço já que ela é bonitinha.

-Prazer – Ela corou ao me responder, provavelmente nunca tinha visto um homem, a não ser aqueles riquinhos da cidade grande.

-Então veio cuidar do seu velho tio? – meu pai perguntou, mas eu achei idiotice, afinal ela veio aqui pra isso.

-Alguém tem que manter o senhor na linha – Renesmee falou, como se Billy estivesse a beira da morte, ou qualquer coisa do tipo e ela foi ajudar. Bufei e sai dali, batendo a porta de meu quarto.

Quem aquela “leite” pensava que era? Durante muito tempo eu cuido de Billy Black, e nunca tive problemas. Eu tenho que trabalhar, para colocar o mínimo de dinheiro em casa, e raramente eu podia usar para alguma coisa minha ou  de meu interesse. Ainda tinha a aposentadoria de papai, dava para comprar o suficiente, também o desconto em remédios na farmácia daqui.

-Não ligue pra ele – escutei a voz de papai,provavelmente indo com a “ leite” para o quarto – É um grosso e não tem nada que o cure.

Claro! Eu sou o grosso!

Depois de algum tempo, finalmente a sala estava disponível, logo fui me ajeitando no sofá e ligando a TV. Estava passando ”Sexta Feira 13 part.1”, ótimo! Sempre gostei de filmes assim com bastante sangue.

Como a vida não é perfeita! Renesmee e papai foram pra sala também, parecia que hoje não teria sossego e com certeza teria que mudar de canal.

-Jake será que não tem outra coisa na TV não? – Billy perguntou olhando pro filme sangrento e violento que eu assistia – Acho que Renesmee não gosta desse tipo de coisa.

Ah claro! A Renesmee não gosta, então vamos assistir missa pela TV, ou melhor assistir Gossip Girl. Ela vai se sentir em casa com isso, vendo tudo o que faz por lá. Tudo para deixar a nossa queridinha bem.

-Não... Billy eu... – ela começou a se fazer de inocente, e tudo mais. Antes de terminar a ceninha, joguei o controle no sofá e me levantei.

-JACOB! – Billy gritou, me virei e olhei para seu rosto– O que aconteceu com você?

-Nada – respondi desviando a cara para o chão, fechei minhas mãos em punhos – Vou encontrar os rapazes e voltar o trabalho. Até mais!

Bati a porta com mais força do que necessário.Corri pegando as chaves da velha picape chevy.

-Droga! - falei dando um soco no volante.

A “Besta”, nome carinhoso que eu dei aquela picape, era de meu pai, quando ainda era jovem e nem havia conhecido minha mãe. Depois que tivemos que gastar com remédios, não pude comprar um novo carro. Nesse tempo, juntei muitas peças para montar um Rabbit, que é pelo menos um carro que chega mais de 60 Km por hora.

Cheguei à oficina, onde Quil e Embry já trabalhavam no carro de Harry, um amigo da família e de toda reserva, que dava problema de mês em mês.

- Fala Jake! - os dois falaram, mas nem respondi. Apenas peguei uma chave inglesa e entrei debaixo do carro - Que é cara?

Revirei os olhos, deixando apenas minha cabeça de fora do carro. Se tem idiotas no mundo, Quil e Embry são eles. Desde que nascemos somos amigos, eles me ajudam muito em tudo que preciso.

-Uma tal de Renesmee – comecei - ela veio de New York para cuidar de meu pai, mas não precisamos dela aqui! Ela é totalmente irritante!

Os dois olharam para mim com um sorriso malicioso no rosto. Depois, começaram a cantarolar coisas do tipo “você não vale nada, mas eu gosto de você”. Sai de debaixo do carro e dei um tapão na cabeça dos dois.

-Bestas! – falei - Nunca vou ficar com uma menina tosquinha, até parece!

-Calminha Jake - Quil começou, me dando um tapinha na barriga

-Ela deve ser gata - continuou Embry

-Vai lá cachorrão! Pegue sua gatinha!- os dois falaram se mijando com a burrice que duas cabeças podiam gerar.

Deixei os dois rindo, e voltei para debaixo do carro. Coloquei os fones do meu pequeno MP4 na última altura, com a música “Brick By Boring Brick”. Especialmente feita para Renesmee Cullen. Comecei a ser cutucado, revirei os olhos tirando o fone e olhando para os dois.

- Desculpa aê cara!- novamente falaram.

Apenas me levantei de cara séria, olhando para o rosto de ambos. Nunca podia brigar com eles, nunca podia brigar com meus irmãos. Dei uma risada, abraçando ambos e para completar um tapão na cabeça.

-Agora voltem ao trabalho, molengas - falei me enfiando debaixo do carro e tentando fazer milagres.

Passava muito tempo na oficina montando meu Rabbit, e consertando motos, carros que viesse. Nunca tive muito dinheiro, mas não reclamo da vida que tenho, nada me falta. Ao contrário daquela Renesmee que pra mim só estava aqui pra fingir que é boazinha.

Seu perfil deve ser do típico “garota riquinha que não tem amor, mas tem dinheiro”, suas roupas não me pareceram mimadinhas. Bem, nem sei que roupas ela tem.

-Jake - Quil me chamou – Estamos indo. Você fecha tudo aqui?

-Vai em paz capeta - apenas respondi, batendo em sua mão.

Já estava bem escuro quando acabei o motor do Rabbit, mais algumas peças e termino meu carro! Adeus picape!

Arrumei toda a oficina sozinho. Deixei observações para se mexer no carro de Harry para Quil, a observações para se mexer na moto de Sam Uley.

A fiação estava horrível, e como sempre, eu tive que ir lá nos fundo ver o que era. Tudo estava enferrujado, mas a solução era bem simples. Apenas puxar a alavanca da caixa de força, mas tinha que tomar cuidado por causa de uns fios soltos que estavam na caixa. Puxei a alavanca e alguns fios me causaram arranhões, mas nada de choques.

- Que droga! - gritei vendo os arranhões.

Tranquei tudo e tentei ligar a picape, que demorou uns 10 minutos para ganhar vida. Fui dirigindo lentamente, pensando que provavelmente iria encontrar com Billy e sua babá. Talvez eu devesse dar uma chance a ela, talvez apenas.

A casa estava escura, com a fraca luz que vinha da TV. Meu pai deveria ter ido dormir ou resolveu me esperar, ou pode ser ela.

-Boa noite! –Falei amistosamente, a pequena deu um pulo e logo tentei me desculpar – Desculpe, não quis assustá-la.

-Tudo bem – ela disse um pouco alterada por causa do susto, percebi que ela me olhou de cima a abaixo.

-Meu pai já está dormindo? – perguntei me recordando de Billy hoje, e do olhar de Renesmee para mim agora.

-Sim – me respondeu, parecendo desconfortável

-Sobrou alguma coisa? – perguntei quando, meu estômago deu sinal de vida

-Sim –respondeu novamente – Eu vim aqui para ajudar, caso queira que eu ajude com ela enquanto toma um banho ou algo do gênero.

-Eu ficaria agradecido – falei indiferente, para ela deveria ser estranho estar servindo e não ser servida – Mas você está aqui pra ajudar ao meu pai, não a mim.

Afinal não era pra isso que ela estava aqui? Não queria depois, que chegasse para o “papai” e falasse que “o Jacob está me fazendo de empregada”

-Eu só quis ser gentil – disse ficando irritada, com meu tom – Afinal não quero morar aqui só pra fingir que estou ajudando.

Parece que a “leite” leu meus pensamentos, me senti meio mal com o que pensei a seu respeito, mas não posso fazer nada se é verdade.

-Tudo bem – respondi passando a mão freneticamente pelo cabelo - Eu aceito sua ajuda.

Antes que pudesse ver sua expressão, eu sai e fui para o banheiro. A água estava fria, teria que ver isso de manhã, mas nem me importei foi bom para limpar os arranhões. Terminei tudo rapidamente, colocando um calção e fui para a cozinha.

Renesmee estava quase se matando, se ela caísse eu seria o culpado. Bem, fui para perto dela, para segurar a cadeira. Não foi a cadeira que eu segurei, mas a própria Renesmee! Que menina dramática!

-O-obrigada – ela disse sem saber exatamente o que fazer com uma expressão de pânico.

-Por nada – falei colocando seu corpo frágil no chão, literalmente ela escorregou pelos meus braços – Só que tome cuidado com essas cadeiras.

-Tudo bem – me respondeu corando, e colocando uma mecha do cabelo no rosto de porcelana, que parecia um moranguinho – Eu já coloquei tudo ali, com licença!

Renesmee passou por mim envergonhada e corada. Correu para seu quarto, sei que espiar é errado, mas fiquei curioso. Estava estirada na cama mais corada do que antes e estava com vergonha de si mesma.

Saí do quarto rindo. Coitada, talvez ela tivesse mesmo se sentido intimidada por mim, bem eu não sou uma pessoa intimidadora. Passei rapidamente pelo espelho da sala e tive que parar. Estava corado também, que besteira Jacob!

A comida estava deliciosa, nem prestei atenção no que estava passando na TV. Era como se os olhos dela estivessem me perseguindo. Me levantei, levando o prato e o copo na pia. Parei para lavá-los e por último peguei um copo de leite.

-Não acredito que farei isso – falei comigo mesmo, enchendo outro para Renesmee. Era até irônico a bebida.

Passei silenciosamente por seu quarto, abrindo a porta devagar. Parecia que ela sentia frio, então peguei uma manta oriental e a cobri, mas não parecia o suficiente.

-Sorte que é leve - falei levantando-a com um braço e tirando a colcha com o outro.

- Jacob… - ela falou ainda meio sonolenta - O que houve? Billy está bem?

-Está tudo bem Nessie - respondi colocando-a na cama e por cima colocando a manta oriental – Durma bem.

Saí do quarto deixando o leite na mesinha do lado da cama. Deitei na minha cama com os pensamentos confusos, até que foi legal fazer uma gentileza para Nessie.

Nessie? De onde eu tirei isso? Era Renesmee Cullen e apenas isso.

Peguei meu MP4, deitei de barriga pra cima apoiando minha cabeça nas mãos, não sei por que, mas algo na preocupação dela com o meu pai e comigo me deixou intrigado, tanto que foi com ela que sonhei aquela noite.