P.O.V Shane

Acabei tendo de passar a manhã inteira no escritório com meu pai, enquanto ele tagarelava sobre os problemas de Iléia e de como resolvê-los. Meus planos eram passar a tarde em meu quarto até a hora de meu encontro. Estava tocando guitarra quando Taylor invadiu meu quarto.

–--Você não vai adivinhar com quem eu estive a manhã toda.

–--Se for com alguma das selecionadas só lembre-se de que elas estão aqui por mim. – disse sem realmente me importar.

–--Bem, meio que foi com duas delas. E uma em especial, não está aqui por você, tem magníficos olhos violetas e uma boca muito suja.

Imediatamente todas as células do meu corpo ficaram em alerta e eu me sentei rapidamente, encarando-o de olhos esbugalhados. Nunca entenderia o efeito que a simples menção dessa garota tem sobre mim.

–--Samantha?

–--Para mim é Sam. Antes que pergunte, sim, ela me deu esse direito. Ela é hilária e até meio que ficamos amigos. Eu, ela, Justin e uma garota chamada Alice conversamos durante toda a manhã, foi divertido.

–--Eu conversei com Belle hoje. Encontrei-a no jardim.

–--Foi estranho conversar com uma amiga da Sam?

Não sei porque, mas aquele intimidade que ela deu a ele, me irritou muito. Eu não suportava o fato de ele poder chamá-la assim e eu não. Definitivamente eu estava ficando louco, assim como ela.

–--Não... Foi estranho, mas por outro motivo. Eu não consegui ser eu mesmo perto dela, não consegui sorrir de outro modo que não fosse sincero e isso me assustou, quase mais do que o fato de sentir que deveria protegê-la.

Ele pensou um pouco, depois de alguns segundos deu de ombros.

–--Belle deve exercer esse efeito sobre as pessoas naturalmente, porque Sam e Ali disseram que se sentiram exatamente assim em relação a ela.

Depois de um tempo em silêncio, em que nós dois avaliamos a situação, ele finalmente voltou a falar.

–--Ansioso para seu encontro com Diana?

–---Não. Na verdade, eu quero muito que essa hora nunca chegue.

Taylor gargalhou com a minha sinceridade.

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P.O.V Diana

Desde pequena eu via o príncipe na televisão e ficava encantada com ele. Shane sempre fora lindo, desde criança. Os olhos azuis dele me hipnotizavam e, ao vivo, o efeito era ainda maior. Quando foi anunciada a Seleção, vi ali a minha grande chance de conhecê-lo e, com sorte, ser sua esposa.

Minhas mãos tremiam enquanto minhas criadas trançavam meu cabelo. De repente fiquei com medo de fazer alguma coisa errada, como cair do cavalo ou perder o controle, mesmo que montasse desde os nove anos.

Outros medos me afligiam, como a dúvida de se ele gostaria de mim. Mas tentei não pensar muito nisso e me contentar com o fato de que faria de tudo para ser a garota que ele procurava.

O que realmente me deixava em dúvida nessa situação toda tinha nome e sobrenome: Samantha Ryan. Se ela não gostava do príncipe, porque veio? Porque ainda estava aqui? Se ele não gostava dela, porque a mantinha aqui? Esse era um mistério para todas as selecionadas e eu não era uma exceção.

Ouvi batidas na porta e me levantei em um salto. Fiquei ainda mais nervosa quando uma de minhas criadas confirmou que era mesmo ele. Fui até a porta e encontrei-o sorrindo aquele sorriso de lado que derretia o coração de qualquer uma (com exceção da louca da Samantha, obviamente). Senti minhas pernas virarem geléia.

–--Vamos? – perguntou-me.

–--Claro. – respondi com a voz falha.

Ele estendeu-me o braço, ao que eu prontamente aceitei.

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P.O.V Shane

Fazia mais de meia hora que eu e a menina cavalgávamos em silêncio. Ela era boa no que fazia, cavalgava com postura perfeita e tinha total controle sobre o cavalo, mas não falava nada.

–--Onde aprendeu a cavalgar? – perguntei de repente.

Diana se assustou com o fato de eu ter começado a falar depois de tanto tempo em silêncio, mas respondeu depois de se recuperar.

–--Meu irmão me ensinou.

–--Fale mais sobre sua família.

–--Bom, eu tenho um irmão mais velho e uma irmã mais nova. Nós moramos em uma fazenda e John, meu irmão, sempre foi apaixonado por cavalos, acabou passando isso para mim. Minha irmã prefere cuidar da horta. Meu pai fica com a parte burocrática de vendas e tudo o mais. E minha cuida da casa.

Percebi que eu gostaria de viver assim.

–--O que está achando da vida no palácio? Parece ser bem diferente do que você está acostumada...

–--É como se eu estivesse vivendo um sonho... E, sim, é muito diferente do que estou acostumada, mas isso não faz muita diferença para mim.

Ela não se importava de seguir horários, usar roupas desconfortáveis e controlar seu comportamento. Seria uma boa rainha. Mas a real questão é que eu não era nada disso, não conseguiria viver ao lado de alguém tão rígida assim. Nem sequer me sentira atraído por ela. Decidi que seria melhor nem tentar.

Assim que chegamos aos estábulos do palácio, chamei-a para voltar ao seu quarto. Quando estávamos em sua porta, comecei meu discurso.

–--Foi muito bom te conhecer, Diana, você é uma menina maravilhosa. Mas creio que não dará certo entre nós. Você poderá ir embora pela manhã.

–--Eu entendo.

E ai eu tive certeza que jamais daria certo com ela. Até mesmo nessa situação ela controlava a voz, impedia as lágrimas de escorrerem. Eu não queria viver com uma garota assim pelo resto da vida. Aposto que quando estivesse irritada e decepcionada comigo, se controlaria para evitar conflitos, definitivamente, não era ela quem eu queria.

Queria alguém de atitude.

–--Espero que tenha uma boa vida. – beijei-lhe a testa.

–--Espero que encontre a menina que procura.

–--Eu também espero. - disse mais para mim mesmo do que para ela.