Um novo olhar sobre uma nova Seleção escrita por Gato de Cheshire


Capítulo 48
I hate you, don't leave me


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, mas esqueci o notebook na casa do meu pai e só o vi novamente nesse fim de semana para que ele me devolvesse.
Esse capítulo não tem tretas nem as loucuras engraçadas que normalmente tem, aqui vocês vão ver um lado mais sério e meloso da relação da Sam e do Shane, tanto é que eles são os únicos personagens que aparecem.
Leiam escutando I hate you, don't leave me, da Demi Lovato.



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P.O.V Sam

A primeira coisa que vi foi o teto branco e iluminado, sentei-me lentamente e tentei lembrar-me de onde estava, logo reconhecendo a enfermaria do palácio. Forcei minha memória, mesmo ainda estando um tanto quanto desnorteada. Eu havia desmaiado, lembrei-me subitamente, não tinha muita certeza dos acontecimentos que antecederam isso, mas uma frase continuava se repetindo em minha mente: Você salvou minha vida.

Olhei ao redor e encontrei apenas Shane, dormindo em uma poltrona ao lado da cama onde eu estava deitada. Ele parecia sereno em seu sono, mas desconfortável, provavelmente acordaria todo dolorido, talvez eu devesse acordá-lo... por que mesmo estou me preocupando com a saúde desse imbecil?

Porque você se preocupa com ele, sua idiota. Uma vozinha dentro da minha cabeça disse. Não me preocupo não, não faz diferença nenhuma para mim se ele está vivo ou morto, respondi. Sério? Então por que arriscou sua própria vida para salvar a dele? Ah, cale a boca, consciência.

Minha cabeça doeu quando tudo o que tinha acontecido antes do meu desmaio voltou com força total. Aparentemente, minha consciência era um pé no saco, mas estava certa. Por que eu tinha feito aquilo? Impulso, talvez, a adrenalina do momento deve ter influenciado.

Ou talvez você não possa viver sem ele.

Ok, agora minha consciência já está começando a me irritar. Fora que eu estou me sentindo uma doida discutindo comigo mesma.

–--Ah, você está acordada.

Virei-me em direção a voz e encontrei Shane acordado, passando a mão no pescoço que provavelmente estava dolorido e com a cara amassada de sono. Ele sorriu para mim e inconscientemente sorri de volta.

–--Você nos deu um susto do caralho, Sam. – ele soltou um risinho – Mas o médico nos garantiu que não foi nada demais, possivelmente só efeito dos remédios para a dor que ele receitou.

Os remédios e a sua confusão mental, não é mesmo? Sim, com certeza eu tinha algum problema mental, não é possível que eu fosse continuar a discutir com minha própria consciência, aquilo não podia ser normal, talvez eu tivesse batido a cabeça. Ou eu esteja aqui para jogar na sua cara o que você não consegue ver a um palmo da sua cara. Resolvi simplesmente ignorar a vozinha irritante de Encrenca, como decidi apelida-la.

–--Que horas são? – Perguntei.

–--Quase oito horas... – ele pareceu ponderar por alguns segundos se devia me dar mais informações e por fim completou – da noite.

Levei um susto com a sua resposta. Já estava de noite? Por quanto tempo eu havia apagado?

–--Por quanto tempo eu dormi? – questionei beirando quase o desespero.

–--Talvez seja melhor você comer um pouco, conversar com suas amigas e então depois te explicarmos tudo...

–--Eu quero saber quanto tempo. – exigi de dentes cerrados.

–--Cerca de onze horas. – respondeu rendido.

–--Você não deveria estar jantando?

–--Fiquei aqui esperando que você acordasse, mas já vou pedir para que tragam algo para comermos. O que está com vontade de comer?

–--Pizza. – disse sem pestanejar – Uma pizza bem grande de calabresa.

–--Ok, então eu vou lá na cozinha pedir para Liam fazer e já volto, está bem?

Apenas assenti com a cabeça e observei-o sair, jogando-me de volta na cama assim que a porta se fechou. Aquele não havia sido um diálogo nada normal, quer dizer, tinha sido normal demais, e isso não era algo comum para mim e Shane, nós dois parecíamos desconfortáveis e tensos na presença um do outro e sempre que isso acontecia era sinal de problema.

Primeira vez que algo assim aconteceu foi quando eu havia ficado doente, a segunda vez havia sido após nosso primeiro e único encontro. Ambas as vezes nós nos evitamos por vários dias e quando voltamos a nos falar tudo ficara mais intenso e confuso. Seja lá o que estava havendo entre nós já estava intenso e confuso o suficiente, a última coisa que eu precisava era que minha relação com o príncipe se tornasse ainda mais complicada.

Eu tinha essa estranha sensação de que bastava um único empurrão para que eu caísse de um precipício. Pelo amor de Deus, Sam, você já está em queda livre garota, só não quer admitir.

Quis discutir com Encrenca, mas a porta foi aberta novamente e por ela passou Shane, então eu logo esqueci o que ia dizer e foquei toda a minha atenção nele. Era perturbadora a maneira como sua presença era capaz de me distrair.

Ele se aproximou da minha cama e apenas ficou lá parado, com as mãos no bolso, encarando o chão. Eu tinha plena consciência de que Shane queria me dizer alguma coisa, só não sabia como dizer e, sinceramente, esperava que ele não descobrisse, tinha a impressão de seja lá o que ele quisesse dizer ia me fazer desmaiar de novo.

Percebi que precisava acabar com aquele silêncio desconfortável antes que ele resolvesse falar.

–--Então... – começamos a dizer juntos.

Nós dois rapidamente nos calamos e olhamos para direções apostas, quando voltamos nossa atenção um para o outro nossos olhares se encontraram e, após um segundo nos encarando, caímos na gargalhada.

Quando finalmente paramos de rir e ele abriu a boca para falar, uma criada entrou com nosso jantar. Shane suspirou, parecia extremamente despontado por não ter conseguido dizer o que queria, isso fez com que a minha curiosidade assumisse o controle e qualquer receio que eu tivesse sobre o que ele me diria desapareceu.

Ele veio se sentar junto a mim na cama da enfermaria para que pudéssemos dividir a pizza. Comemos mantendo uma conversa leve, repleta de risadas enquanto ele me contava como estava sendo o seu dia desde que voltamos ao palácio, parecia que todos queriam um pedacinho do príncipe e estavam mimando-o muito. Shane explicou que estava se sentindo sufocado, principalmente pelos pais e pela irmã mais nova, segundo ele, apenas Celeste e Justin estavam dando-lhe espaço.

Terminamos de comer e ficamos alguns segundos em silêncio, eu não me sentia incomodada, na verdade, era o contrário, o ambiente para mim estava extremamente agradável, porém Shane parecia nervoso, balançando o pé que pendia para fora da cama e estralando os dedos das mãos, eu já havia percebido que era um hábito dele fazer isso quando não sabia como abordar um assunto.

O príncipe, depois do que parecia uma eternidade que eu apenas observava seu nervosismo, separou as mãos e pude notar sua expressão se tronar decidida e mais suave.

–--Sam. – ele falou finalmente enquanto focava seus olhos nos meus – Eu só queria te agradecer. Minha ficha ainda não tinha caído, e acredito que nem a sua, mas você salvou minha vida, e serei eternamente grato por isso.

Seus olhos azuis brilhavam em sinceridade. Surpreendi-me ao perceber que eu não me sentia tensa com sua declaração, na realidade, eu estava inundada de satisfação. Em um movimento impensado, coloquei minha mão sobre a sua e sorri.

–--Não precisa agradecer. Eu fiz por mim, não por você.

Pude ver a confusão naquela imensidão azul que estava em minha frente. Nem eu mesma entendia o que eu quis dizer, mas sabia que era uma das coisas mais sinceras que já disse em toda a minha vida. A mão dele, a que não estava presa a minha, foi para o meu rosto e acariciou minha bochecha, limpando uma lágrima que eu nem notara que havia derramado.

–--Você podia ter morrido. E seria culpa minha, não sei se poderia viver com essa culpa. – ele falou com a voz trêmula, em seguida mordeu o lábio inferior que tremia.

–--Não seria sua culpa, foi uma decisão minha, a culpa das consequências de minhas ações recaí inteiramente sobre mim. Foi minha decisão arriscar minha vida para salvar a sua, e eu faria de novo.

Shane parecia querer argumentar mais, entretanto, eu colei meus lábios aos seus, calando-o. Senti como se todas as minhas emoções fossem uma única bomba que, naquele exato momento em que nossos lábios se encontraram, explodiu. Era tudo muito confuso, mas isso não me incomodava, inexplicavelmente a confusão de emoções que eu sentia me deixava feliz e em êxtase.

Ele entrelaçou nossos dedos enquanto nossas bocas se moviam em conjunto e minha mão livre logo encontrou seu caminho para o cabelo dele. Nós nos beijávamos como se aqueles fossem nossos últimos minutos de vida. O beijo era cheio de desespero, porque estávamos felizes que ambos estávamos vivos, porque nós dois havíamos percebido que tínhamos que aproveitar o tempo que tínhamos, pois, a qualquer momento podíamos não nos ver nunca mais.

–--Sam. – Shane sussurrou arfante com a testa colada a minha – Eu não quero te perder.

–--Nem eu a você. Eu preciso que você prometa uma coisa.

–--Qualquer coisa.

–--Não me deixe. Mesmo que eu faça besteira, mesmo que eu tente fugir, mesmo que eu tente te afastar, por favor, só... – respirei fundo – Não me deixe, ok?

Ele ficou em silêncio, passando os dedos pelo meu cabelo e acariciando a palma da minha mão. A espera por sua resposta era uma tortura.

–--Eu poderia prometer-lhe isso sem pensar duas vezes, Sam. Mas antes, eu preciso saber uma coisa...

–--O que?

–--Por que?

Respirei fundo, procurando as palavras certas para explicar algo que eu não compreendia.

–--Shane, eu não posso negar que eu estou no palácio, que eu vou ficar, porque eu não posso decidir, estou confusa e assustada, e com medo de você, com medo do que você me faz sentir. Admito que essa confusão faz com que eu fique completamente fora de controle, por isso, quando eu tentar te afastar, não escute uma única palavra que eu disser. Sou viciada em loucuras, e praticamente filha da tristeza em pessoa, perdi alguém que eu amava muito nova, e estou com medo agora porque não posso lidar com outra perda. Eu te odeio, pois você me tira da minha zona de conforto, me deixa com medo. Estou quebrada, e sinto como se aos poucos você juntasse cada um deles, isso te dá o poder de me quebrar novamente. Gosto de quando você cuida de mim, mesmo que eu não queira, gosto de quando rimos juntos, mesmo que sem motivo, gosto até mesmo quando brigamos, adoro que você me entenda sem que eu precise explicar e amo quando você me beija. Eu te odeio, Shane, não me abandone.

–--Eu não poderia te deixar nem seu eu quisesse, Sam. Se você fugir, eu vou te perseguir. Se você se afastar, eu vou me aproximar. Porque eu simplesmente não posso, não consigo, te deixar. E eu prometo que eu vou estar sempre ao seu lado, para cuidar de você, rir com você, brigar com você, entender você e beijar você.

Sorri com os olhos marejados, parecia que meu sorriso iria partir meu rosto ao meio, e o príncipe tinha um sorriso igualmente ridículo em seu próprio rosto. Então ele acabou com o espaço entre nós e me beijou, assim como prometera segundos atrás.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e tenho um pedido pra fazer a vocês, nos comentários desse capítulo gostaria que vocês me dissessem:
—quem vocês querem que perceba seus sentimentos primeiro e;
—quem vocês preferem que se declare primeiro.
É isso aí e obrigada por lerem as maluquices que eu escrevo.