Um novo olhar sobre uma nova Seleção escrita por Gato de Cheshire


Capítulo 42
Rebeldia - parte II


Notas iniciais do capítulo

Não demorei tanto desta vez, não é? kkkk Pretendo fazer disso um hábito.
Acho que a cena de luta não ficou muito boa (na verdade, deve estar uma bosta), mas foi o melhor que pude fazer, me desculpem.



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P.O.V Shane

Desespero tomou conta de cada célula de meu corpo. Porém eu precisava de calma, pensar antes de agir, pela primeira vez eu tinha de ser prudente e não impulsivo, não só pela minha própria vida, mas pela de Sam também.

Minha mente começou a passar por todas as possibilidades de uma improvável fuga sem que nos encontrássemos com rebeldes. O esconderijo mais perto daqui ficava no corredor que dava na cozinha, seria um longo caminho. Era muito pouco provável que os rebeldes aparecessem por essa parte do palácio, mas, caso aparecessem, não havia um único lugar decente para que nós nos escondêssemos, seríamos encontrados muito facilmente.

Pude sentir a adrenalina correndo pelas minhas veias assim que ouvi passos por perto, muito perto. Olhei Sam e pude ver pela sua expressão que ela chegara à mesma constatação que eu.

Em um ímpeto de puro desespero, peguei a chave da moto e subi na mesma, Sam não hesitou em me imitar e agarrar minha cintura, os portões automáticos abriram-se e saí em alta velocidade. Não havíamos pegado nem capacetes na pressa.

–--É o príncipe e uma das selecionadas, eles estão fugindo! – ouvi um dos rebeldes usando uma roupa de guarda gritar.

Senti o aperto de Sam ficar mais forte e engoli em seco. Aquele simples gesto mostrou que ela confiava em mim, e eu temia decepcioná-la, eu tinha certeza que simplesmente desmoronaria se algo acontecesse àquela garota por minha causa.

Foi só quando já havíamos passado dos portões e entramos em plena auto-estrada que notei que a posição em que estávamos fazia com que ela ficasse mais vulnerável no caso de uma perseguição, o que tinha altas chances de acontecer.

Minhas suspeitas não estavam erradas, poucos minutos depois, vi pelo retrovisor carros pretos, blindados e conversíveis nos seguindo em alta velocidade. Estávamos terrivelmente ferrados. Virei com a moto em uma estradinha de terra que levava para o meio da mata e não podia ser percorrida de carro.

Andamos cerca de um quilometro e meio, sem sinal de estarmos sendo perseguidos ainda, até que a gasolina acabasse.

–--Droga. – resmunguei enquanto usava meu pé como suporte para que a moto não caísse e fôssemos junto com ela.

Sam não reclamou e desceu do veículo rapidamente, segui seu exemplo. Ficamos em completo silêncio enquanto eu escondia minha moto entre alguns arbustos. Após o trabalho ser concluído, voltei minha atenção para a garota que permanecera calada desde que deixamos o palácio.

–--Você sabe onde estamos? – ela finalmente resolveu falar.

–--Sim. – admiti com um suspiro.

A verdade é que eu já fizera esse caminho várias vezes, na maioria delas fazia o percurso todo, que não era pequeno, caminhando junto de minha família inteira. Tive muitos momentos bons nessa estrada de terra cercada por uma mata densa.

–--Uns amigos de meus pais têm uma cabana há alguns quilômetros daqui. – continuei ao perceber que ela esperava uma explicação.

–--Que amigos?

–--August e Georgia Illéa. Eles gostam de vi aqui na primavera, junto com seus filhos, Destiny e Leonard, e costumavam chamar mus pais para passarem algum tempo.

–--Acha que virão atrás de nós?

–--Com certeza. Não sei se assim que entramos aqui, desceram e passaram a nos perseguir a pé, ou se voltaram para buscar outro meio de transporte. De qualquer forma, é melhor prosseguirmos para não dar nenhuma vantagem a eles.

–--Vamos para essa cabana?

–--Sim, essa semana será aniversário de casamento de meus padrinhos e tenho quase certeza de que eles estarão lá.

Sam apenas assentiu e começou a seguir a trilha e eu acompanhei-a.

+ + +

Já fazia algum tempo que caminhávamos em silêncio, sempre que eu olhava para Samantha ela parecia perdida em pensamentos, seus olhos violetas brilhavam em um misto de curiosidade, confusão, angústia, adrenalina...

–--Há quanto tempo sabe do retorno dos rebeldes? – pergunto de repente virando seu rosto para mim

Acabei levando um susto, primeiramente por ter sido flagrado observando-a e depois pela súbita quebra do silêncio que havia se instalado entre nós e pela pergunta inesperada.

–--Lembra-se de que na tarde antes daquela confusão na biblioteca eu fiquei sumido? – esperei por sua confirmação antes de continuar – Passei a tarde toda trancado nos escritório de meu pai enquanto ele me explicava que os rebeldes do sul haviam se rebelado novamente.

–--Por quê?

–--Não sei, aparentemente eles têm um novo líder que vem causando discórdia contra a monarquia.

Sam calou-se novamente e passou a observar minuciosamente o ambiente a nossa volta. Não tenho certeza se ela estava admirando a paisagem ou verificando de que não estávamos sendo seguidos. Continuei a caminhada calmamente, duvidava que eles tivessem nos alcançado tão facilmente.

Se tivessem continuada a perseguição correndo, nosso percurso de moto teria nos dado uma grande vantagem. Se tivessem voltado para buscar um meio de transporte que passasse por essa trilha, também teriam nos dado uma grande vantagem ao voltarem.

Subitamente Sam parar de andar e agarrara meu braço, obrigando-me a parar também. Ao virar-me para ver sua expressão notei que ela tinha seu cenho franzido e observava tudo a nossa volta, como se estivesse desconfiada. Tentei aguçar minha audição tentando descobrir o que preocupava a garota, mas tudo que pude escutar foi o farfalhar das folhas das árvores e os cantos dos pássaros. Notei então que ela havia focado sua visão em um ponto atrás de mim.

Antes que eu tivesse a chance de verificar o que Sam tanto observava, ela arregalou os olhos e chamou minha atenção.

–--Cuidado! – gritou.

Porém, eu não fazia ideia sobre com o que eu deveria tomar cuidado e tudo o que aconteceu a seguir foi muito rápido. Primeiro senti Sam jogar seu corpo contra o meu, levando-nos em direção ao chão. Em seguida ouvi o disparo de um tiro. Assim que consegui assimilar a situação, olhei preocupado para a garota caída ao meu lado.

Sangue. Havia sangue no cós de sua calça e o fluxo era intenso. Desesperei-me. Sam havia sido atingida pela bala que era direcionada a mim. Além disso, havia um cara armado atrás de nós.

–--Estou bem. – ela murmurou – Não atingiu nenhum osso ou órgão, tenho certeza. – garantiu-me – Nosso problema mais evidente é o rebelde armado que está vindo na nossa direção.

Levantei-me ajudando-a a se levantar também. O homem, que antes estivera há vários metros de nós, aproximava-se correndo, com o revólver em mãos. Fugir não era uma opção, séria impossível nos protegermos dos disparos se estivéssemos de costas para o atirador. Não tínhamos nada com o que nos defender. Nossa melhor alternativa era tentar desarmá-lo. Eu realmente esperava que todo aquele treino e técnicas de luta aos quais dedicamos grande parte de nosso tempo servissem para alguma coisa.

O problema foi que, tanto eu quanto Sam, passamos tempo demais pensado no que faríamos com o rebelde a nossa frente que nem cogitamos a ideia de que ele estivesse acompanhado. Outro homem surgiu pela mata por trás de nós e encostou seu revólver na cabeça da morena. Enquanto isso, seu parceiro nos alcançou e ficou a minha frente, colando sua arma em minha testa.

–--Quais serão suas últimas palavras? – perguntou o que ameaçava Sam.

O que estava a minha frente sorriu como se concordasse.

–--Vocês têm muito que aprender sobre combate. – foi a resposta cínica da garota.

Não precisei nem de um segundo para entender ao que ela se referia. Eles tinham revólveres apontados para nossas cabeças, garantindo uma morte certa se: não tivessem enrolado e atirado de uma vez ou se tivessem nos imobilizado. Entretanto, eles pareciam querer prolongar o momento de sua vitória, um grande erro, e esqueceram-se de que estávamos completamente livres para fazer qualquer tipo de movimento inesperado com qualquer parte do corpo, um erro fatal.

A frase de Sam nos garantiu ainda mais uma vantagem, eles ficaram confusos. Olhei para ela e bastou que o azul encontrasse com o violeta para que entendêssemos o que o outro pensava.

–--Nunca deixe seu inimigo com total movimentação. – completei a lição.

Então, tudo aconteceu muito rápido novamente. Enquanto o entendimento finalmente chegava lentamente aos olhos dos rebeldes, eu e Sam agimos muito rapidamente.

Ela levantou sua perna direita, acertando as partes baixas do homem que estava atrás dela, que abaixou a mão esquerda que segurava o revólver e levou a outra ao local debilitado. Em um movimento ágil, a garota deu um giro e ficou de frente para ele, desferindo outro chute em sua mão esquerda, fazendo desarmando-o e fazendo com que a arma fosse parar a metros de distancia. Sam então chutou a mandíbula do rebelde, causando um nocaute imediato.

Ao mesmo tempo, soquei o abdômen do outro, enquanto minha outra mão se ocupava de torcer seu braço que estendia o revólver. Mais um tiro foi disparado, porém acertou o chão, já que eu havia garantido que sua mão ficaria virada de forma que a arma fosse apontada para o mesmo. Soquei seu nariz, o barulho do osso se quebrando foi audível, ele cambaleou para trás e acabou afrouxando o aperto no revólver, permitindo-me desarmá-lo. Com a arma em minhas mãos e o rebelde ainda tentando recuperar-se do golpe, golpeei sua cabeça com a mesma, fazendo-o desmaiar.

Ouvi mais três disparos, virei na direção do som imediatamente, imaginando tratar-se de mais rebeldes. Contudo, tudo o que vi foi Sam, armada e atirando na perna do cara inconsciente. Quando ela voltou sua atenção para mim, arqueei uma sobrancelha em um questionamento silencioso.

–--Temos que garantir que eles não conseguirão nos seguir quando acordarem.

Concordei com a cabeça e fiz o mesmo com o outro. Um problema fora resolvido, agora tinha que cuidar do ferimento dela.

–--Dói? - perguntei apontando para a mancha de sangue.

–--Atingiu apenas o meu quadril, nada realmente útil, mas incomoda quando ando.

Eu sabia que ela não estava sendo sincera, quando ela dizia que incomodava, na verdade ela queria dizer que doía pra cacete. Nem sequer conseguia imaginar como ela conseguira nocautear aquele homem duas vezes maior que ela sem gritar de dor. Acho que a adrenalina não permitiu que ela sentisse.

–--Vamos até a cabana e lá cuidamos disso. – falei indo em sua direção.

Passei algum tempo apenas parada em sua frente, analisando seu rosto, extremamente aliviado por Sam estar parcialmente bem. Então, ao ver um dos rebeldes se movendo minimamente, voltei a realidade. Fiquei de costas para ela e me abaixei.

–--O que está fazendo, Shane? – indagou completamente confusa.

–--Sobe ai, amor. – respondi rindo.

–--Eu posso andar. – contestou.

–--Está machucada, não quero que piore a situação sendo teimosa.

Ela bufou e eu tinha certeza que havia revirado aqueles olhos violetas que tanto me fascinavam, mesmo que não pudesse vê-la. Por fim, ela subiu em minhas costas e nós seguimos a trilha.

+ + +

Depois de mais umas duas horas de caminhada, pude finalmente avistar a cabana. Sam havia dormido em minhas costas. Fazia tanto tempo que não ai ali... O lugar não havia mudado em nada, os mesmos móveis enfeitavam a varanda na entrada, as mesmas flores enfeitavam as janelas. Supondo pela chaminé que exalava fumaça, eu estava certo, eles estavam aqui.

Andei até a porta e bati. Demorou alguns segundos até que August abrisse-a. Ele ficou extremamente surpreso ao me ver, quando notou que eu carregava uma garota, sua boca se abriu e uma preocupação evidente tomou conta de seus olhos.

–--Shane? O que está fazendo aqui? Essa é Samantha Ryan? – disparou a perguntar.

–--Os rebeldes invadiram o palácio, eu e Sam tivemos que fugir, não conseguimos chegar a tempo nos esconderijos. – expliquei – Fomos perseguidos e ela está ferida.

–--Entre. – disse em tom urgente, liberando a passagem.


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