Um novo olhar sobre uma nova Seleção escrita por Gato de Cheshire


Capítulo 31
A festa / Whisky




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P.O.V Shane

Aquela festa estava entediante. Talvez fosse só porque meus pais me obrigaram a conversar com cada um dos familiares daquelas garotas, e eu ainda não sabia o nome de algumas. Quatro delas estavam atrasadas: Samantha, Julie, Alice e Belle. Como diz Taylor, o quarteto fantástico está de volta.

–--Filho. – chamou-me meu pai.

–--Sim? – pergunto enquanto me viro para encará-lo.

–--Sua tia May chegou, está acompanhada do marido, dos seus primos Rosalie e Peter e de Justin.

O último nome faz com que eu franza o cenho. Justin? Eu notara que ele estivera sumido, mas jamais imaginaria que ele estivesse com meus tios, talvez fosse devido a sua grande amizade com Peter.

–--Certo, já vou falar com eles.

A primeira que avisto é minha tia, sempre acompanhada por meu tio. Ela me cumprimenta e me diz como estava com saudades, então vem Rosalie que está mais interessada na Seleção do que em qualquer outra coisa, por fim, eles me indicam um conto onde Peter está conversando com o Sabichão. O loiro e o ruivo não se viam muito, mas eram bem próximos e mantinham bastante contato.

Até agora eu não tinha notado, mas aquele loirinho fez falta nos últimos dias. Sem ele por aqui eu não tinha ninguém para me repreender quando falasse ou fizesse besteira e ninguém para me corrigir em qualquer deslize que cometesse.

–--E ai, priminho? – chego interrompendo a conversa dos dois.

Eles não se importam com a interrupção, já estão acostumados com meu jeito. Peter sorri e me abraça, pergunta como estou, fala um pouco sobre a vida dele, passa rapidamente pelo assunto Seleção e então comenta que faz muito tempo que não nos vemos. Eu gostava do meu primo e gostaria muito que nos víssemos com mais freqüência. Então depois de tudo isso, volto minha atenção para Justin.

–--Então, cara, onde esteve?

–--Na casa da sua tia, fui fazer uma visita ao seu primo. – deu de ombros.

–--E por que essa visita tão repentina? Por que não avisou a ninguém?

–--Eu precisava espairecer, esse palácio ficou meio sufocante... E eu andava com uns problemas e um pouco confuso.

–--Hum. – eu esperava uma explicação melhor, mas me contentaria com aquela.

Foi nesse momento que as portas do Grande Salão foram abertas. Todos os olhares dos presentes se voltaram para as quatro garotas que adentravam o local. A doce, a intelectual, a divertida e a selvagem, elas formavam um grupo bastante diversificado, mas também unido.

Devo dizer que elas mereciam todos os olhares que recebiam, estavam magníficas. Mas eu somente prestava atenção a uma delas, não conseguia desviar o olhar. Samantha era a única de todas as selecionadas que estava com vestido curto, era azul escuro meio manchado, seus olhos diferenciados eram realçados por uma maquiagem escura, mas com detalhes prateados, seu cabelo castanho tinha sido alisado e se encontrava preso em um rabo de cavalo alto.

Seu olhar se encontrou com o meu. Nenhum de nós desviou o olhar.

Roupa: (http://static1.puretrend.com.br/articles/3/65/73/@/55440-miley-cyrus-637x0-2.jpg)

Maquiagem: (http://www.charmeestilo.com/img/fotos/maquiagem%20para%20noite%203d%20prata%202.jpg)

Cabelo: (http://maisequilibrio.com.br/imagens/interacao/original/5/rabo-de-cavalo-chique-5-493.jpg)

Eu não podia negar que ela estava linda, até um cego perceberia. Ela não se comparava com nenhuma garota ali presente. Samantha Ryan era simplesmente diferente, um diferente bom, ela chamava a atenção.

–--Cara, você está babando.

Finalmente desviei o olhar para encarar Taylor, rindo da minha cara. Quando que essa praga tinha aparecido mesmo? Não importava, ele deveria ter ficado seja lá onde estivesse. Antes que o mandasse cair fora, notei que ele não desviava o olhar de certo ponto, eu acompanhei seu olhar para descobrir que ele observava atentamente cada movimento de Alice. Depois eu o atormentaria com esse assunto, agora eu precisava encontrar certa morena de olhos violeta.

Rapidamente encontrei-a discutindo com sua mãe enquanto seu padrasto tinha um sorriso satisfeito no rosto. Depois perguntaria a ela o que acontecera, no momento, a prioridade era encontrá-la sozinha. Suas amigas não seriam problema, todas estavam junto às suas respectivas famílias. Se pai também não, já que meu pai dissera que ele preferira não comparecer, ele não parecia o tipo de cara que gostava dessas coisas. O irmão dela nem havia notado sua presença já que mantinha uma conversa animada com Annie. E, pelo que pude perceber, ela não ficaria ao lado da mãe por muito tempo.

Minha teoria estava certa, ela logo disse alguma coisa que fez com que sua mãe ficasse vermelha de raiva e começasse a repreendê-la, segundos depois, Sam deixou-a falando sozinha e foi se sentar em um sofá.

Antes de ir ao seu encontro, olhei as pessoas ao redor. Todas as selecionadas procuravam se manter sempre perto de seus familiares. Meus pais tentavam estar sempre conversando com todos. Taylor estava com seus pais, que tinham aproveitado a festa para vir visitá-lo. Justin conversava com Peter ainda. Ninguém estava se preocupando com o que faria, ótimo, era exatamente isso que eu gostava.

Peguei dois copos de champanhe e me sentei ao seu lado. Ela pareceu se assustar ao notar minha presença.

–--O que você quer? – perguntou de mal humor.

Eu ri. Ela ficava engraçada quando estava emburrada.

–--Só vim te oferecer champanhe. – estendi o copo para ela.

Ela rapidamente agarrou a taça e bebeu todo o conteúdo em um gole só. Bebi um gole de minha própria bebida enquanto lhe lançava um olhar inquisitivo. Sam deu de ombros.

–--Isso é muito fraco. – ela reclamou.

–--Concordo, eu gosto de whisky. – contei enquanto bebia mais um gole.

–--Também serve. Mas eu prefiro vodka.

Nós nos encaramos por um tempo e pouco depois explodimos em gargalhadas. Não acreditava que estávamos mesmo falando sobre bebidas alcoólicas.

–--Bem, vodka eu não sei, mas tenho certeza que consigo contrabandear whisky para nós. – falei com um sorriso maroto.

–--Então faça logo.

–--Não acha que é um pouco forte? – sim, eu estava preocupado.

Geralmente eu não demonstraria minha preocupação, faria a pergunta, mas faria como se não realmente me importasse. Porém, cansei de tentar esconder as coisas da Sam, eventualmente eu cometeria um deslize de qualquer forma.

–--Eu agüento. – ela garantiu convicta.

+ + +

P.O.V Samantha

Não fazia nem três minutos que eu entrara no salão e minha mãe já viera reclamar comigo. Elise tagarelava sobre como um vestido curto era inapropriado para a ocasião e para qualquer outra no palácio. Deve ter passado o tempo todo revirando os olhos. Richard mantinha um sorrio no rosto, deleitando-se com a bronca que eu levava. Não que eu me importasse com ele e com minha mãe, os dois que se danassem.

Por fim eu falei qualquer merda para irritá-la e sai. Sentei-me em um sofá por falta de coisa melhor para fazer e pouco depois Shane apareceu, ele tambpem parecia um tanto quanto deslocado naquele evento. Agora eu estava esperando que ele voltasse com o meu whisky, champanhe não ajudaria a passar minha raiva, a menos que eu bebesse litros.

Ele demorou cerca de dez minutos para voltar com uma garrafa e dois copos, voltou a se sentar e nos serviu.

–--Não deveria estar passeando por ai e bancando o bom moço para o pai dessas garotas? – perguntei depois de um tempo em silêncio.

–--Meus pais já estão fazendo isso, tenho certeza de que estão passando uma boa e falsa imagem de mim. – deu de ombros – Você me parecia entediada.

–--Eu estou. Afinal, meu pai não suporta essas coisas, meu irmão parece mais interessado na sua irmã e eu não agüento ficar nem cinco segundos com a Elise e o Richard sem brigar com eles.

Estendi o copo vazio para ele, que rapidamente entendeu o recado e encheu-o outra vez. Fez o mesmo para si.

–--Justin voltou. – ele comentou de repente.

Meu sangue gelou. Eu não queria encarar o loiro, não queria pensar naquele pequeno problema, não queria magoar Julie, não queria magoar Justin... Eu estava perdida, bem que ele poderia ter continuado onde quer que estivesse se escondendo. Afinal, por que ele desaparecera por tanto tempo?

–--Podemos, por favor, não falar dele? Ou de qualquer uma das outras garotas? Ou da minha família?

–--Falaremos sobre o que você quiser falar.

–--Vamos beber.

Bebemos em silêncio até a nossa sexta dose de whisky, alguém com pouca tolerância já estaria completamente bêbado a essa altura, nós, porém, estávamos ainda sóbrios, o que era uma pena, pois significava que eu ainda lembrava dos meus problemas.

–--Eu cansei de ficara aqui. – disse ele – Só de ver essas pessoas fazendo nada já me deixa com vontade de dormir.

Eu ri, a recíproca era verdadeira, eu também me sentia assim.

–--Vamos lá para fora? – sugeri apontando para uma varanda.

Ele fez que sim com a cabeça e levantamos, ele levou a garrafa e os copos. Do lado de fora, ficamos em silêncio enquanto bebíamos a sétima e oitava dose. Droga, eu já estava ficando alta, eu não era de ferro.

–--Minha mãe foi uma selecionada. – contei.

Ele quase se engasgou.

–--Ela chegou a Elite. – continuei.

Pela sua expressão pude perceber que ele achava a situação tão constrangedora e confusa quanto eu.

–--Podemos não falar sobre a Seleção? – ele pediu.

–--Por quê? – quis saber.

–--Porque isso está me deixando louco. Eu nunca quis me casar, ai do nada, quinze garotas invadem minha casa para disputarem por mim... Consegue imaginar o quão chato e sufocante é isso? – ele espera que eu acene com a cabeça antes de continuar – Tento não pensar muito nisso, mas no final disso tudo, estarei casado, é meu futuro e minha vida que estão em jogo. Gosto de algumas garotas, mas não me imagino casado e passando o resto de minha vida com nenhuma delas.

Era estranho e engraçado, ele falava como se eu não estivesse participando da Seleção. Talvez eu não estivesse mesmo, na verdade, a questão sempre tinha sido essa. Eu não estava realmente participando, nunca estive, eu estava apenas matando o tempo.

Imaginei-me dali a algumas semanas, ou dias, voltando para casa, usando o dinheiro ganho enquanto estava aqui para comprar meu apartamento perto da universidade... Parecia perfeito, mas faltava algo. Pensei em como seria abandonar a vida no palácio, eu poderia manter contato com meus amigos... Mas eu não poderia estar sempre discutindo com Shane, eu gostava das nossas brigas sem sentido, não poderia ter essas conversas sem importância com ele. Eu gostava de quando eu e o príncipe estávamos em paz, porém, não conseguiria ficar sem nossas provocações idiotas, percebi que eu não queria perder aquilo.

–--Sobre o que você quer falar? – perguntei para quebrar o silêncio e interromper meus pensamentos.

Virei o rosto para encará-lo, ele me olhava atentamente. Eu não conseguia imaginar uma vida sem aqueles olhos azuis penetrantes me encarando de volta. Não queria viver sem violeta no azul. Não podia, assim como a grama precisava da chuva, eu precisava daquilo. Mordi o lábio inferior, atormentada com meus pensamentos.

O movimento chamou sua atenção para os meus lábios. Eu ainda esperava uma resposta.

–--Não quero falar.

Não sei como aconteceu, mas em questão de segundos nossos corpos estavam colados um ao outro, nossos lábios unidos e se movimentando em sincronia. Assim como o primeiro beijo, aquele era rápido, feroz, bruto e necessitado. Era errado, mas parecia certo. Minhas mãos brincavam com seus cabelos negros e sedosos, suas mãos passeavam por minhas costas. Perdi completamente a consciência do que estava fazendo, do que acontecia ao nosso redor. Eu não queria que acabasse.


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