Um novo olhar sobre uma nova Seleção escrita por Gato de Cheshire


Capítulo 29
A revelação da mãe




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P.O.V Samantha

Corri por aqueles corredores como nunca corri na vida. Estava até mais desesperada do que no dia da chuva. Péssimo pensamento, fez com que eu me lembrasse de Shane e conseqüentemente de como minha cabeça girava depois daquele beijo. Fiquei muito aliviada com a aparição de Tay, se ficasse mais um pouco sozinha com Shane temia o que poderia acontecer. Mas eu não queria pensar naquilo, então me obriguei a pensar em Phil e em como sentia falta dele. Pensei também em meu pai, fazia tanto tempo que eu não o via...

Finalmente cheguei a entrada do palácio, várias garotas choravam ao abraçar seus familiares, outras quase pulavam de alegria e ainda haviam algumas que se continham. Meus olhos imediatamente procuraram por meu irmãozinho, não demorou a que eu o visse entre minha mãe e meu pai. Sorri abertamente para ele que, assim que notou minha presença, retribuiu. Corri em disparada em sua direção e ele fez o mesmo.

Assim que nossos corpos colidiram, abracei-o o mais forte que pude, como se ele fosse fugi se eu o soltasse. Ele me abraçava de volta com a mesma intensidade. Notei que Phil crescera um pouco mais nesse pouco tempo que estivemos separados e agora estava uns dez centímetros mais alto que eu.

–--Senti saudades, Sam... – ele sussurrou em meu ouvido.

–--Eu também, muito. – respondi no mesmo tom.

Finalmente nos soltamos e sorrimos um para o outro. Ficamos um bom tempo assim, até que ele lembrou-me de que eu tinha mais pessoas esperando para me ver.

–--Vamos lá. – apontou com a cabeça para onde estavam meus pais e meu padrasto – Papai está ansioso para te ver.

Ainda sorrindo, concordei com a cabeça e caminhamos juntos até lá. Quando estávamos a alguns passos de distancia, espantei-me ao ver a rainha e minha mãe se abraçando. Não era algo como um cumprimento, era mais como se elas não se vissem a muito tempo, fossem amigas de longa data. O sorriso em meu rosto foi trocado por uma expressão confusa, olhei pelo canto do olha para Phil e notei que ele estava do mesmo jeito, assim como Richard, meu pai e o rei, porém, pareciam achar aquilo extremamente normal.

Parei de pensar naquilo no momento em que meus olhos se encontraram com os de meu pai. Ele sorriu para mim e, imediatamente, o sorriso voltou ao meu rosto e corri até ele que já me esperava de braços abertos. Era até um pouco estranho essa situação, eu não estava acostumada a ser carinhosa e nem a sorrir tanto, reservava isso apenas para meu pai e meu irmão, as outras selecionadas me olhavam como se eu estivesse possuída, quase ri.

–--Minha pequena! – disse meu pai quando nos afastamos.

Eu odiava ser chamada assim por qualquer outra pessoa, acho que era pelo fato de que eu realmente era baixinha (tinha 1,62 m), mas não me importava quando era ele.

–--Estava com saudades, papai. – de repente minha voz assumiu um tom infantil, mas isso era comum, sempre que ficava perto dele eu voltava a ter cinco anos de idade.

Uma das coisas que mais irritavam minha mãe era que eu nunca havia chamado-a de mamãe, às vezes até chamava-a pelo nome, mas isso não acontecia com meu pai.

–--Eu não fazia ideia de que Samantha era sua filha, Elise. – ouvi rei Maxon comentar.

Então até ele conhecia minha mãe? Que merda era aquela? Por que ninguém me explicava porcaria nenhuma?

–--Você sumiu! – comentou America – Foi uma das únicas com quem não mantive contato...

Ela parecia genuinamente triste com aquele fato, e foi ai que minha ficha caiu, assim como meu queixo. Eu estava perplexa com minha descoberta, tanto quanto estava irritada com a minha mãe por não ter me contado.

–--Mãe. – chamei-a antes que tivesse a chance de responder e ela me encarou – Você foi uma selecionada?

Pela sua expressão dava para perceber que era algo que ela queria manter em segredo, provavelmente estivera procurando um modo de mudar de assunto. Não foi ela a me responder.

–--Ela chegou a Elite. – contou a rainha com um sorriso.

Por que diabos ela não me contou? Era tudo o que eu pensava enquanto minha raiva aumentava e minha mãe percebeu o quanto eu estava irritada.

–--Nunca te contei porque achei que não fosse importante. – deu de ombros como se não fosse nada, mas eu sabia que ela estava temendo minha reação – Você está brava? – perguntou, agora demonstrando sua preocupação.

Eu poderia gritar, poderia dizer tudo o que me incomodava naquela situação e mais um monte de coisas, mas tudo o que fiz foi manter a compostura.

–--Não. – eu disse dura, mesmo todos sabendo que era mentira.

Ficou um clima desconfortável enquanto minha mãe contava sobre sua vida depois da sua saída do palácio, ela tagarelava de como se apaixonou por um cinco e foi contra a sua família para que pudesse se casar com ele, o que mais me irritou foi quando ela falou tão normalmente de Paul, meu irmão mais velho, como se não fosse um assunto delicado. Estava tão enraivecida que resolvi para de prestar atenção e comecei olhar ao redor.

Shane finalmente aparecera e cumprimentava os pais de algumas garotas, parava para conversar com alguns. Quando seu olhar encontrou com o meu, o sorriso que mantivera no rosto o tempo todo desapareceu. Ele também ficou confuso ao notar a intimidade com que seus pais conversavam com aminha mãe e se aproximou, pude notar que ele estava hesitante.

A rainha America foi a primeira a notar a aproximação de seu filho e chamou-o com um sinal de mão. Ele, então, teve que apressar o passo. A cada passo, eu o sentia mais perto e me apavorava. Eu queria sair dali o mais rápido possível, mas não tinha uma desculpa convincente e seria falta de educação.

–--Elise, esse é meu filho, Shane. – apresentou a rainha.

–--É um prazer conhecê-lo. – disse minha mãe.

Só pra você, pensei. Tudo o que aconteceu desde que o conheci não tinha nada de prazeroso, ele apenas virou minha vida de cabeça para baixo e deixou minha mente viajando na velocidade da luz de tão confusa que estava. Eu precisava mudar de assunto.

–--Então mãe, o que a coisa está fazendo aqui? – perguntei apontando para meu padrasto com um leve aceno de cabeça.

–--Samantha! – repreendeu-me ela – Não chame seu padrasto assim!

–--Prefere idiota?

Richard bufou e eu tinha certeza de que ela havia revirado os olhos. Minha mãe estava prestes a explodir comigo. Meu pai me lançava um olhar que dizia claramente: “Se controle”. Phil ficou desconfortável, assim como sempre ficava quando eu e o babaca tínhamos aquelas conversas cheias de trocas de farpas. Shane me olhava de modo indagador. O rei e a rainha pareciam confusos com a minha reação.

–--Aproveitando o tempo sem mim, Richard?

Eu sabia que ele queria responder que sim, que estava adorando, mas colocou um sorriso falso no rosto e respondeu:

–--Claro que não, querida. Faz muita falta o som da sua barulhenta naquela casa, sem falar o barulho irritante do saco de pancadas e aquela bola de basquete, mas tenho que dizer que o que mais sinto falta é de ouvir você praguejando e xingando o dia inteiro.

Sorri docemente.

–--Não se preocupe, estarei de volta em breve.

Aquilo pareceu deixar o clima ainda mais tenso. Demorei alguns segundos para perceber a besteira que tinha falado. Eu havia insinuado, na frente do príncipe, da rainha, do rei, da minha mãe e de Richard que eu e Shane não tínhamos nada e que eu nem queria ter. A segunda parte era verdade, a primeira, não, se você contar um beijo como ter alguma coisa com alguém.

Minha mãe resolveu salvar a pátria.

–--Então... Sam, porque você é única que ainda usa suas próprias roupas? – pude ver que era algo que a incomodara desde que colocara os olhos em mim.

–--Até parece que você não me conhece... Antes de aparecer no Jornal eu nunca tinha usado um vestido na vida se você não se lembra.

Ela suspirou. Era verdade, eu nunca havia usado um vestido ou saia antes. Calça jeans, shorts, camisas, camisetas, tênis e botas era minha marca registrada.

A partir daí nossas famílias foram guiadas para conhecer o palácio, hoje à noite teríamos uma festa para recepção das mesmas. Passei a maior parte do tempo com Phil e meu pai, mas conversei algumas vezes com Shane que, assim como eu, ignorou totalmente nosso beijo e agiu como se nunca tivesse acontecido.

+ + +

P.O.V Anne

Eu estava brava e inconformada, não me deixaram conhecer as famílias das selecionadas e eu só as veria na festa. Estava sentada em um banco no jardim enquanto encarava a grama, emburrada, já fazia algumas horas que eu estava nessa mesma posição.

–--Está tudo bem? – escutei uma voz masculina desconhecida perguntar atrás de mim.

Virei-me e encontrei um garoto, deveria ter a minha idade, ele tinha cabelo castanho bem curto, pele um pouco bronzeada e olhos também castanhos. Nunca o tinha visto antes e não fazia ideia de quem ele poderia ser.

–--Está sim... – respondi um pouco constrangida – Só estou um pouco chateada.

–--Por quê? – impressionou-me que ele parecesse interessado em saber.

–--Meus pais não deixaram que eu e minha irmã fôssemos conhecer os familiares das selecionadas.

Agora que eu havia dito em voz alta, aquilo parecia um motivo ridículo. Será que ele também estava pensando isso? Corei.

Ele sorriu e se sentou ao meu lado.

–--Bem, agora você conhece parte da família de uma delas. – notando minha confusão ele completou – Eu sou irmão mais novo de Samantha Ryan.

Eles não se pareciam, nem um pouco. Fiquei ansiosa por saber mais sobre ele, eu gostava muito da Sam (mesmo sem nunca ter falado com ela), pois a achava engraçada, seria alguém que eu com certeza gostaria de ter como cunhada.

–--Anne Singer Schreave. – estendi a mão.

Ele riu e apertou minha mão. Suas mãos eram macias e quentes.

–--Eu sei, todo mundo sabe. – riu de novo e eu o acompanhei – Phillip Ryan. Mas pode me chamar de Phil.

Sorri.

–--Me fale da sua família. – pedi.

–--Eu sou muito próximo da minha irmã. Você já deve ter percebido que ela é meio maluquinha, estressada e fala a primeira merda que vier na cabeça.

Eu ri de novo, tudo o que ele dissera era verdade.

–--Já notei. Mas eu gosto dela.

–--Eu também gosto. Quando eu era mais novo, ela era meu exemplo, foi por causa dela que comecei a jogar basquete. – contou.

–--Shane também joga. – comentei – Além disso, o que mais você faz?

–--Pode parecer estranho, mas eu gosto de astrologia e de cozinhar.

–--Eu também gosto de astrologia! – disse animada e ele pareceu gostar daquilo – Fora isso, acho que única coisa que falo é ler. Mas eu adoro comer. – ri e ele riu comigo – Principalmente doces!

–--Sam também adora doces, eu faço muitos para ela. Se você quiser, posso fazer para você também.

Sorri, animada com a perspectiva de ter algo cheio de chocolate e bem calórico para comer.

–--Eu vou cobrar.

–--Fique a vontade. Faço com prazer.

Conversamos mais um pouco enquanto ele me contava mais sobre a vida da sua irmã fora do palácio. O que mais me impressionou foi que ela foi expulsa do internato em que estudou e foi presa três vezes, uma por invasão de domicílio e duas por agressão. Samantha era realmente pirada.


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