Um novo olhar sobre uma nova Seleção escrita por Gato de Cheshire


Capítulo 26
O primeiro encontro




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P.O.V Samantha

–--Por que você está tão irritada? – perguntou-me Alice.

Estávamos na parte da tarde e estávamos no Salão das Mulheres, Bel estava contando sobre seu encontro, mas eu não estava prestando atenção, pois estava muito concentrada mantendo uma careta no rosto e batendo o pé de modo impaciente.

–--Ela parece irritada e ansiosa. – comentou Julie.

Bufei e revirei os olhos.

–--Jura? – perguntei sarcástica – Achei que estivesse animada!

Foi a vez dela de revirar os olhos.

–--Conta logo o que aconteceu! – ordenou impaciente.

Contei de como Shane me convidara para um encontro ontem e de como eu tinha ficado puta por ele não ter me contado o que pretendia fazer.

–--O príncipe idiota me convidou para um encontro. Mas o problema não é esse, eu sabia que uma hora ou outra ele teria que fazer isso, pelo menos para manter a imagem, mas acontece que eu disse que só aceitava dependendo do que iríamos fazer e ele não me contou! E agora eu estou curiosa, ansiosa e irada! – nessa altura do campeonato eu já tinha levantado do sofá e estava gritando.

Todos me encaravam. Algumas estavam assustadas, outras confusas e outras se divertiam com a minha raiva, o que me lembrou o babaca e me deu vontade de quebrar alguma coisa, talvez o braço de uma delas.

–--Eu entendo o lado dele. – falou Julie – Afinal, manter segredo é um modo de te manter curiosa e assim garantir que você compareça ao encontro. Como você mesma já mencionou, ele precisa ter pelo menos um encontro com você para manter as aparências.

Bufei, ela estava certa e eu odiava admitir isso. Cruzei os braços e me joguei no sofá fazendo bico, era criancice, eu sabia, mas não me importava.

–--Agora é hora em que você diz: “Você está certa e eu vou tentar me acalmar”. – Julie continuou a tagarelar fazendo uma péssima imitação da minha voz.

–--Vou tentar me acalmar. – foi tudo o que eu disse.

Só porque eu admiti para mim mesma que ela está certa não quer dizer que vou fazer isso em voz alta, isso exigira demais do meu orgulho.

–--Ele te disse quando iria te encontrar e onde? – perguntou Belle.

–--Disse que passaria de tarde no meu quarto para me buscar. – dei de ombros.

–--E o que você ainda está fazendo aqui sua doida? – exclamou Ali indignada – Neste momento deveria estar no seu quarto se arrumando e esperando pelo príncipe, pelo que sabemos, ele pode estar nesse minuto batendo na sua porta e você está aqui!

Eu sorri de modo inocente.

–--Não estar no meu quarto e fazê-lo ter que vir me buscar aqui é a minha vingança por ele não ter me dito o que vamos fazer. – expliquei.

Ela revirou os olhos.

–--Tanto faz. O que importa mesmo é que você não pode ir a um encontro vestindo jeans, camiseta e tênis.

–--Por que eu perderia tempo me arrumando para sair com aquele imbecil?

Assim que eu terminei de falar a criada da rainha, Mary eu acho, entrou, interrompendo seja lá o que Alice fosse falar, e eu agradeci mentalmente a ela por isso.

–--Rainha America. – ela disse fazendo uma reverencia – O seu filho deseja entrar.

–--Pode deixar que entre.

E assim que ela terminou de pronunciar aquelas palavras um Shane vermelho de tanta raiva entrou quase derrubando a enorme porta e, como diria meu irmão, soltando fogo pelas ventas.

–--Samantha! – ele gritou – Eu disse que passaria no seu quarto! O que diabos você está fazendo aqui?

Ele enfiou o dedo indicador na minha cara, de modo acusador. Encarei-o e sorri antes de morder seu dedo.

–--Au! – reclamou – Por que fez isso sua louca? E pode me explicar, pelo amor de Deus, o porquê não está no seu quarto?

–--Para fazer você vir até o meu quarto e depois descobrir que eu não estou lá e te obrigar a vir até aqui, é tão difícil entender isso? – perguntei cínica – Assim você ficaria puto da vida e eu teria minha vingança por você não me contar o que vamos fazer. Será que, pelo amor de Deus, você poderia me contar agora?

–--Não.

Aquilo foi tudo o que ele respondeu antes de me pegar pela cintura e colocar sobre seu ombro, carregando-me como um saco de batatas.

–--Me solta seu imbecil, estúpido, veado, maldito!

E num piscar de olhos ele inverteu o jogo. Agora era eu que estava irritada e ele que se divertia com isso. Ele chagava a gargalhar.

–--Se você me derrubar eu juro que arranco seu coração e como no jantar! – ameacei enquanto ele abria a porta do Salão ainda me carregando e rindo ao mesmo tempo.

+ + +

Quando finalmente fui posta no chão olhei ao redor e percebi que estávamos no Salão dos Esportes. Revirei os olhos.

–--Muito criativo, sua anta. Eu passo a maior parte do meu tempo aqui, qual a graça?

Ele sorriu. Caminhando para a parte de esgrima e pegando uma espada e jogando uma para mim, que peguei com facilidade.

–--A graça, amor, é que nós vamos lutar esgrima.

Sorri mordendo o lábio inferior, isso seria interessante.

–--Quando começamos? – perguntei animada.

–--Você muda de humor muito rápido. – comentou – Começamos assim que vestirmos a roupa.

Ele me entregou a roupa branca e o capacete que eram usados na prática de esgrima e eu vesti por cima da minha roupa mesmo, assim como ele.

+ + +

Não posso negar que Shane era bom, um ótimo lutador na verdade, mesmo assim eu consegui espetar sua barriga na primeira vez, claro que só depois de muitas tentativas, já lutávamos a mais de meia hora quando consegui. Na segunda vez ele conseguiu me acertar, depois de mais meia hora de luta. Agora, na terceira vez, depois de mais de uma hora que estávamos lutando, eu consegui derrubá-lo no chão e estava com a espada em seu abdômen.

Nós dois já estávamos ofegantes e suados e havíamos tirados os capacetes. O príncipe estendeu a mão para que eu ajudasse a levantar e por puro reflexo agarrei-a, mas obviamente o desgraçado me puxou, fazendo-me cair ao seu lado.

–--Não foi o melhor encontro que você já teve na sua vida? – perguntou com um sorriso convencido.

Dei de ombros.

–--Não sei, foi o único.

Ele engasgou com a própria saliva e arregalou os olhos.

–--O-oque? –gaguejou completamente surpreso – Nunca teve um encontro? Um namorado? Pelo menos já beijou na vida?

Eu ri da reação dele.

–--Vai com calma, uma pergunta de cada vez. Não, nunca tive um encontro antes desse. Nunca tive um namorado. E sim, já beijei algumas vezes.

Com algumas vezes eu quis dizer somente duas, mas eu não precisava ser tão específica.

–--Por quê? – perguntou curioso.

Dei de ombros novamente.

–--Não sei se você já percebeu, mas eu assusto as pessoas. Os caras ficam intimidados comigo e alguns têm a até medo. – eu ri lembrando-me de alguns acontecimentos.

–--Hum... – ele murmurou pensativo – Mas, se nunca teve um namorado, quem você beijou?

–--Quando minha mãe me mandou para um internato eu beijei o filho da diretora para ser expulsa, já que ela era super protetora com ele, coitada. – eu ri – O garoto de santo não tinha nada, mas geralmente ela nunca o pegava, a diferença foi que eu armei para sermos flagrados.

Ele riu da minha história.

–--Você é uma peste. – comentou – E tem uma mente maléfica e genial.

–--Obrigada. – agradeci antes de continuar - E depois teve uma vez quando uma colega minha insistiu para que eu fosse a uma festa da faculdade em que um cara bêbado me agarrou pensando que eu fosse a namorada dele, que por sinal tinha terminado com ele algumas horas antes. – fiz uma pausa para rirmos - Depois dessa noite nenhum garoto que estava na festa sequer olhou para mim!

–--Por quê? – perguntou confuso.

–--Porque eu joguei o bêbado em uma lixeira. – contei como se falasse do clima.

Eu e Shane rimos de novo.

–--Agora me conte você. Qual o seu histórico de beijos?

–--É um pouco longo. – ele riu.

–--Temos tempo.

–--Meu primeiro beijo foi aos onze anos com a princesa da Itália. Depois, quando eu tinha doze anos, fiquei com a filha bastarda do rei da Inglaterra. Aos quatorze eu beijei a filha mais velha da rainha Daphne da França, detalhe que ela é um ano mais velha que eu.

Não pude deixar de rir da safadeza dele e ele me acompanhou.

–--Quando eu tinha quinze anos tive um caso com uma criada. Ainda aos quinze, minha prima Rosálie, filha da minha tia May, veio passar um tempo no palácio e trouxe uma amiga, fiquei com a amiga dela da qual eu nem lembro o nome.

Dessa vez deixei escapar uma gargalhada, ele não prestava e por algum motivo eu não me importava nem um pouco. Achava até engraçado o jeito cafajeste dele.

–--Depois quando completei dezesseis anos tive que me concentrar mais nos assuntos da administração do reino e fui ficando sem tempo para pensar nessas coisas, quando já tinha feito dezessete, meu primo, Peter, irmão da Rosálie, veio para cá com a namorada, fiquei com a namorada dele... – arregalei os olhos e ele riu – Até hoje o chifrudo não sabe, mas eles já terminaram. – disse como se aquilo resolvesse a situação.

Acabei rindo de novo.

–--Com dezoito e a proximidade da minha coroação fiquei sem tempo de novo. E agora eu beijei Rachel e Stacy. E a Amanda, porém ela beijava mal e já foi embora de qualquer maneira. – deu de ombros.

–--Você não presta! – eu disse rindo.

–--Você não parece se importar. – rebateu.

–--Não me importo. Não sou um de seus brinquedinhos de qualquer maneira. – dei de ombros – Mas se você ousar tratar Julie, Alice e principalmente Belle dessa maneira e corto sua garganta!

–--Anotado, não me esquecerei disso. – falou rindo.

Por mais que quisesse parecer brava, ri com ele.

Depois daquilo, nós nos levantamos e guardamos os equipamentos. Ele me acompanhou até o meu quarto.

–--Eu não preciso ter outros encontros para saber que esse foi o melhor da minha vida. – falei sem pensar antes quando estávamos em frente a minha porta, parados no corredor. – Achei que isso fosse ser um desastre.

–--Também achei. Mas eu me diverti muito.

–--Eu também.


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