E passou um dia. Dois dias. Três dias.

E acontecia sempre a mesma coisa. Sasuke! Sasuke! Sasuke!

“- Sasuke! Eu não acredito! Você é tão mais bonito pessoalmente!”
“- Sasuke! Eu não acredito! Você é tão mais bonito pessoalmente!”
“- Sasuke! Eu não acredito! Você é tão mais bonito pessoalmente!”

Eu estava ficando maluco. Quando eu não abria a porta para ela entrar, sempre aparecia alguém e abria para ela. E era sempre Naruto e Kiba que apareciam no meu quarto e me tirava de baixo do edredom. Eram sempre eles. Era sempre a mesma coisa.

Já que eu não ia buscá-la no hotel, ela vinha até aqui. No dia do hospital, ela apareceu aqui e eu não estava – pois estava na enfermaria com o Naruto – então ela foi sozinha comer peixe frito e acabou parando lá também. Sempre acontece alguma coisa! Sempre!
Eu estava ficando louco. Eu ficava sentado no sofá, com os pés para cima, abraçando meus joelhos. Enquanto ela andava de um lado para o outro. Até que eu tive uma idéia louca. Quando ela mais uma vez abria a janela para entrar um ar, eu sai correndo e fiz algo inédito. Eu pulei a janela. Sim. Pulei. Na altura do campeonato eu nem lembrava que meu andar era muito alto. Mal pude ouvir os gritos dela quando me viu me jogando daquele jeito. Deve ter ficado traumatizada pelo resto do dia – por que o outro dia ela não ia lembrar mais de nada mesmo.
A sensação de libertação era perfeita. Eu caia violentamente, em uma velocidade surreal.
- Será que morrerei de vez e deixarei de viver essa maldição? – perguntei para mim mesmo quando estava caindo.

E finalmente cheguei ao chão. Mas não senti nada. Só estava enjoado. Culpa da velocidade. Via tudo escuro, será que de alguma forma voltei?
Mas quando eu abri os olhos, foi como toda a manhã. Eu estava com a mesma roupa. Mas... Meu corpo estava todo dolorido. Tentei me levantar, mas nada respondia... Ele doía muito... Muito mesmo! Eu estava enjoado... E era como minha cabeça fosse explodir!

Fiquei deitado o tempo todo... Não conseguia nem alcançar meu celular para ligar para alguém... Muito menos o telefone. A única coisa que eu poderia fazer era ficar enfiado na cama sentindo aquela dor horrível e vendo TV, pois o controle estava ao meu lado. Mas estava difícil até de mudar de canal...
Era uma coisa inexplicável, tudo sempre repetia. Mas de alguma forma meu corpo reagia ao que acontecia comigo. Provavelmente estou assim por causa da queda. Droga...
Até que alguém bateu na porta, pelo horário era ela. Eu tinha certeza que era ela... Com seus olhos verdes brilhantes... Seu jeito explosivo de ser... Eu acho que já a conheço mais do que o suficiente. Eu pensei em ficar na minha... Vai que ela vai embora... Mas pensei melhor, eu estava muito ruim... E talvez ela pudesse me esperar.
- Socorro! Sakura! – comecei a gritar usando a pouca força que tinha – Sakura!
- Sasuke? – escutei sua voz longe... Fraca atrás da porta.
- Sakura! Dê um jeito! Abra a porta! – não consegui mais gritar... Já foi esforço para conseguir falar isso... Espero que ela tenha entendido... Que estou... Precisando...

Acho que desmaiei... Quando abri os olhos, encontrei-a sentada na minha cama segurando minha mão. Seus olhos começaram a lacrimejar quando encontrou com os meus. Ela parecia que estava chorando há mais tempo... Mas por quê? Eu ainda não podia sentir meu corpo... Mas sentia o calor da mão dela segurando a minha. Por quê? Porque eu estava sentindo alguma coisa... Sentindo algo que não tinha sentido antes? Por que aquela Sakura que estava na minha frente era diferente?
- Sasuke-kun... Eu pensei que você não fosse acordar mais... Pensei que tinha demorado muito... – e ela falava em meios de soluços – Quando eu finalmente achei Kiba-kun... E ele abriu a porta... Eu vim correndo para o quarto... E você não respondia.
- Cadê ele?
- Ele foi levar o médico até lá em baixo... Kakashi-san já está chegando...
- Médico teve aqui? – isso tudo tinha acontecido e eu não acordei?
- Sim... E ele não soube dizer o que você tinha... Mas não tinha nada de errado com você...
- Normal – Eu desviei meus olhos dela... E senti-a segurar minha mão com mais intensidade – Você ficou aqui o tempo todo? – perguntei;
- Todo o tempo... – eu a olhei de lado depois dessa resposta, e ela olhava para a minha mão que ela mesma segurava.
- Vão não precisava ficar aqui... Tem coisas melhores para fazer...
- Não consigo imaginar outro lugar... A não ser aqui!
Eu não falei mais nada. Se ela queria dessa forma... Mas eu estava ficando um pouco sem o que dizer... Era um pouco desconcertante ficar ali deitado na cama, sem fazer nada... E esperando pelos outros... Mas até que eu não estava me importando tanto com isso, eu sabia que aquilo era temporário... Logo eu estaria livre dessa cama... Mas, eu tinha que ser sincero comigo mesmo... Eu estava gostando que ela estivesse ali ao meu lado segurando a minha mão...

Minha paz não durou muito tempo... Logo Kiba voltou e de quebra trouxe o Naruto com ele.
- Sabe o que é isso? Você não come direito! – Naruto começou – Falaram que o numero de pacotes de biscoito e chocolate que tinha hoje de manhã pelo quarto era enorme!
- Isso não tem nada a ver com alimentação! – eu informei... O que eu esqueci era que eu não poderia falar muito alto... Por que se não sentia fortes dores...
- Calma, agora ele tem que ficar de repouso – Kiba informou;
- Mas o que ele teve? – Naruto perguntou;
- O médico disse que é como se ele tivesse levado uma grande surra ou ter sofrido uma queda... Mas não tem hematoma...
- Estanho... Pode ser alguma coisa nos músculos, não é? – Sakura perguntava.
- Nossa – Naruto olhava para a Sakura, assustado – Que menina linda... Até que enfim Sasuke! – Naruto piscava para mim... Que idiota.
- Saiam todos do meu quarto adora! Se quiserem no máximo fiquem na sala – falei em um tom normal, não queria gritar... Estava cansado de sentir dor.
- Você que manda, capitão – Kiba deu meia volta a saiu do quarto carregando Naruto pelo braço.
Eu olhei para a Sakura e ela retribuiu o olhar um pouco mais curioso.
- Eu falei que queria ficar um pouco sozinho – eu a informei.
- Tem certeza? – ela continuava a me olhar curiosa;
- Lógico que sim!
- Então porque você continua segurando minha mão?
Fiquei completamente sem graça. Eu a mandei ir embora, mas não a larguei nem um minuto. Por quê? Era isso mesmo? Eu estava gostando de tê-la por perto? Eu não queria desmontar para ela, mas meu coração não deixava minha mão obedecer... De alguma forma que eu não sabia explicar, eu queria ficar segurando a mão dela...


O dia passou bem rápido. Já estava à noite. Kakashi tinha passado aqui e me perguntava como isso poderia ter acontecido. Eu não sabia explicar... Na verdade eu sei, mas ninguém acredita em mim. Eu também não acreditaria!
Sakura ficou comigo até tarde. Quando deu certo horário eu falei para ela ir embora, mas ela disse que gostaria de passar a noite ao meu lado... Ela ficou com medo de eu passar mal durante a noite ou algo do tipo.
- Por que seu apartamento não é decorado? – uma pergunta inédita...
- Por que você está me perguntando isso?
- Não sei... Achei que você me responderia... Mas não sei por quê... Talvez nesse estado você queira contar um pouco o que sente.
- Não é nada de mais... Eu simplesmente não gosto de natal;
- Mas que triste... Você não tem uma única arvore de natal... Amanhã mesmo vou pedir para que algum motorista traga muitos enfeites para você...
- Eu duvido... – eu dei um pequeno sorriso – Você não vai trazer nada manhã para mim... – por motivos óbvios!
- Vamos ver então... – e ela deitou ao meu lado da cama, e ficou deitada de lado olhando para mim.
- Você não vai mesmo embora não é? – perguntei;
- Não... Vou ficar aqui até amanha de manhã. Se você passar melhor a noite, e vou embora.
Eu apenas sorri e voltei a olhar para a TV. Sakura é tão bobinha... Mas ao mesmo tempo é uma garota super especial.

E foi inevitável... Eu acabei dormindo. Mas o que me deixou mais triste, foi que eu dormi olhando para seus olhos verdes... E sabia que quando eu acordasse, era como se eles nunca estivessem estado ali...

Acordei. Mesma roupa. Mesma previsão da meteorologia. Mesmas noticias. Os mesmos barulhos lá na rua, a mesma musica tocando na rádio, a mesma capa de jornal, a mesma piada na parte do humor...
Meu corpo já estava respondendo melhor... Eu sentia que podia até andar... Pouco, mas podia.
Eu não era muito de fazer essas coisas, mas queria agradecê-la de qualquer forma. Então logo liguei para o serviço de quarto, e pedi que trouxessem um café da manhã bem colorido e saudável!

E alguém bate na porta. Fui mancando até lá... E abri a porta de uma forma que eu nunca tinha aberto antes, um poço de educação. Quando encontrei seus olhos brilhantes, eu sorri. E não foi de uma forma falca, apenas para agradar... Foi simplesmente espontâneo.
- Sasuke! Eu não acredito! Você é tão...
- Não fale! – Eu a interrompi – É que minha cabeça... Dói um pouco...
Ela tampou a boca com as mãos e entrou.

Ela entrou, falou um pouco sobre ela – nada que eu já não saiba – falou como era bom aquele tipo de comida, e prometeu para mim que nunca mais ia comer peixe frito. Eu sabia que amanhã ela iria comer de novo mesmo... Já que se esqueceria de tudo que está acontecendo hoje...

- Por que não tem árvore de natal?
- De novo com essa pergunta?
- Mas eu nunca perguntei uma coisa dessas antes... – esqueci completamente que tinha sido em outro dia.
- Desculpa, confundi... – Fiquei um pouco desconcertado, mas logo peguei o rumo da conversa outra vez – Gostou da cidade?
- Iluminada. Perfeitamente iluminada.

Hoje foi o melhor dia que passei com ela. Calma, gentil, prestativa...

Já que eu vou ter que passar tantos dias com ela... Que seja na paz...
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