Liberdade escrita por Policromo


Capítulo 1
Insegurança e Descobertas


Notas iniciais do capítulo

Bem, eu sou eternamente apaixonada pelo ship Rin x Haru. Então certo dia finalmente criei vergonha na cara para escrever uma fic desses dois (*apanha*)! Estou super feliz com o resultado, e fiquei satisfeita em poder juntá-los, mesmo que seja numa fanfic. Enfim, ao iniciarem a leitura, sugiro que escutem a música "The Golden Floor" - Snow Patrol. Acho que dará um ar mais especial à fic. Boa leitura!



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— Você não entende...

O espelho revelava a imagem de um jovem inseguro. Sua postura, antes altiva, agora carrega o peso de um sentimento reprimido. Enquanto Rin coçava sua nuca de modo desajeitado, permitiu que seus olhos escarlates, que estavam aflitos e receosos, fitassem seu reflexo. Os lábios do ruivo contraíram-se por um momento, sem saber o que fazer. Segundos depois, eles emitiram o som da voz rouca do jovem.

— Ah, merda — ele praguejou. — Ele não vai entender. Vai me odiar por isso...

Rin jogou-se na cama, bagunçando o lençol preto sob si. Olhou para o dormitório ao seu redor e suspirou levemente por Nitori, seu colega de quarto, não estar ali naquele momento. Pegou o celular em seu bolso e hesitou por um instante antes de abrir sua lista de contatos.

Contraditório à decisão que havia tomado, o jovem ruivo ligou para Haru. Pensou que fosse um ato involuntário, mas alguma lhe dizia que aquilo era o certo a fazer.

Demorou um pouco até que a voz fria e eloquente de Haru respondesse.

Alô? — Ao ouvir aquela voz, Rin sentiu seu corpo estremecer. Mas não podia vacilar agora. Não aguentaria mais um dia sequer escondendo seu segredo, não mesmo.

— Ei — o ruivo disse, tentando fazer com que sua voz soasse o mais natural e indiferente possível. — Tenho uma coisa a dizer para você.

O moreno não respondeu. Rin sabia que o amigo não diria nada. Então apenas prosseguiu:

— Posso ir aí? — sua voz estava insegura. Decidiu perguntar outra vez, agora num tom mais alto e firme. — É importante.

Haru refletiu por um instante. Contraiu os lábios e então respondeu:

Tudo bem.

O rapaz desligou o celular, fazendo com que Rin exibisse um sorriso tímido. Levantou-se da cama, ajeitou uma mecha de cabelo que atrapalhava sua vista e foi para a casa de Haru.

~x~

O céu estava cinzento, e algumas gotas de chuva já começavam a cair. O ruivo apressou os passos. Suas mãos não paravam de coçar, então ele as escondeu nos bolsos de sua calça jeans. A calçada parecia infinita. Rin observou o mar tão distante à sua direita, fitando as ondas calmas e o som suave que elas faziam ao tocarem os rochedos. Sentiu-se menos aflito, e suas mãos pararam de coçar minutos depois.

Após algum tempo de caminhada, a casa de Haru surgiu ao alcance da visão do ruivo. Ele atravessou a rua e parou no vão da porta. Antes de apertar a campainha, decidiu ensaiar as palavras mais uma vez.

— Haru, eu... Bem, já faz um tempo que... — o jovem gesticulava com as mãos sem parar, como se isso fosse organizar seus pensamentos e acalmar seus nervos de uma vez por todas. Angustiado, ele socou a porta para tentar extravasar um pouco. — Não, não! Isso não vai dar certo!

A maçaneta da porta girou lenta e silenciosamente, e a porta da casa foi aberta. Rin engasgou no momento em que viu os olhos surpresos de Haru fitando seu rosto corado.

— Ah... — Rin estava extremamente desconcertado, sem conseguir recompor-se do susto que levara. — Oi.

— Oi — cumprimentou o moreno. Seus lábios estava secos, reprimindo o movimento de sua língua em umedecê-los. — Entre.

O ruivo caminhou lentamente para o interior da casa enquanto Haru fechava a porta. Ele afagou os cabelos e desabafou:

— Sabe, eu não sou muito bom com palavras ensaiadas.

Haru franziu as sobrancelhas, sem saber do que o amigo estava falando. Deu de ombros e continuou secando seus cabelos molhados, pois acabara de sair do banho. Os olhos azuis do moreno observavam de soslaio os movimentos tímidos de Rin, que coçava a nuca sem saber o que fazer.

— Tudo bem? — Haru perguntou. Não era normal o ruivo comportar-se daquela maneira. "Ele costuma ser tão... Espontâneo." - pensou. Deixou a toalha sobre a cabeça e ajeitou a gola da camisa azul, que combinava perfeitamente com sua tez morena.

— Só quero te dizer uma coisa. E não ligo se você me odiar depois. — Rin começou, encarando os olhos azuis de Haru com uma força de vontade tremenda. Agora não tinha o direito de recuar. Aproximou-se do moreno lentamente. O coração de ambos os rapazes estava acelerado. — Sabe, eu queria te dizer isso de uma maneira menos súbita, mas então eu perderia a coragem. E... Escute bem porque não direi outra vez — seu semblante estava um tanto carrancudo, mas esta era apenas uma forma que ele conseguia para não deixar seus sentimentos tão evidentes. Encheu-se de coragem e disse: — Eu te amo.

E num movimento rápido, Rin o beijou.

Os olhos de Haru ficaram arregalados. Nunca recebera um gesto daqueles. Apesar de ter sidoum beijo rápido e discreto, ainda assim era um beijo. Seus lábios encostaram-se por um breve momento, ele pôde ver e sentir isso.

Rin não sabia o que lhe aconteceria. Aquela foi uma ação inesperada, que surgiu através de um movimento involuntário seu; um ímpeto que lhe empurrou a praticar tal gesto.

Embriagados nos próprios pensamento e cobertos pela massa silenciosa que preenchia o espaço, ambos não sabiam como reagir. O que dizer. Ou para onde olhar.

Segundos após o choque — mas parecia que havia se passado horas! —, Rin anunciou com a cabeça baixa, coçando a nuca outra vez, como sempre fazia quando estava nervoso:

— Era só isso mesmo — fez uma pausa. — Até.

Antes que alcançasse a porta, o ruivo sentiu algo apertando seu pulso. A mão de Haru estava suada por conta do nervosismo, e sua voz soava tímida. Rin olhou surpreso para seu rosto enrubescido.

— Seu idiota...

O moreno abraçou Rin calorosamente, como se estivesse com medo de perdê-lo. O ruivo demorou alguns segundos para reagir, incrédulo e imensamente feliz com a situação. Envolveu os quadris de Haru com as mãos e trouxe seu corpo ainda mais perto de si, enquanto sentia as mãos macias do moreno entrelaçando seu pescoço.

Ambos ficaram abraçados assim por alguns minutos, liberando os sentimentos reprimidos por tanto tempo.

Haru umedeceu os lábios e beijou Rin vagarosamente, deixando que sua língua explorasse cada canto da boca do ruivo, que não impedia a passagem e sequer sentia pudor por isso.

Era algo inédito em suas vidas. A sensação de puro êxtase penetrando-lhes e espalhando-se por cada parte de seus corpos; um sentimento mútuo que lhes transmitia um prazer infindo. Não sabiam que amar fosse tão bom assim.

O ruivo mordeu o lóbulo da orelha de Haru, que soltou um baixo gemido. Disse lentamente em seu ouvido, com a voz calma e carinhosa, enquanto afagava-lhe os cabelos pretos e um tanto molhados:

— Você é tão imprevisível.

Haru esboçou um sorriso, selando as palavras de Rin com uma mordida suave em seu lábio inferior. O ruivo, aproveitando-se da brecha que lhe havia sido exposta, segurou os pulsos de Haru e levantou seus braços, prendendo-os contra a parede. Mas o moreno sequer cogitava em escapar. Apenas pensava em entregar-se, em aproveitar o momento e nunca deixar que sua chama interior se esgotasse.

Rin parou de beijar o pescoço de Haru e observou seus olhos tão azuis. Olhos estes tão límpidos quanto as águas cristalinas do mar. Olhos que provocavam-no, que faziam-no sentir-se diferente e especial.

Haru fechou os olhos e beijou suavemente a testa do ruivo. Com um sussurro, falou no pé do ouvido de Rin:

— Ei, eu também te amo.


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