Olhos negros escrita por Yukia, Ms White
Notas iniciais do capítulo
Yukia: Oi, eu particulamente gostei desse capitulo... e espero que vocês gostem *u*
avisem se tiver erros... demos uma revisão, mas nunca se sabe... xD
Boa leitura!
— Esse lugar é enorme! — digo surpresa. — E muito lindo...
— Melanie, estamos na cozinha. Toda cozinha é bonita, quero dizer, toda cozinha é maravilhosa.
— Verdade — rio.
— O senhor quer que eu pegue água para a senhorita? — uma das diversas funcionárias que trabalham nesse lugar pergunta.
— Não, obrigado. Eu mesmo faço isso.
— Elas vão ficar para sempre nos encarando? — cochicho no ouvido de Jeremy.
Ele ri.
— Até você parar de ser tão bonita, ou seja, elas vão ficar aqui para sempre.
Fico tão envergonhada que a única coisa que eu consigo dizer é:
— Sério?
— Não, estou brincando — O que ele está brincando? — Anne, vocês podem almoçar agora.
— Mas senhor... ainda não está na hora do almoço.
— Estou deixando vocês saírem.
— Obrigada! – ela murmura baixinho e chama as outras
— Aqui a sua água. — Jery me entrega um copo repleto de água gelada.
— Valeu... — Olho para a água e depois olho para ele. — Eu posso te chamar de Jery?
— Claro, como você preferir.
— Você também pode me chamar de Mel ou Meny.
— Não, eu gosto de Melany.
Sorrio.
— Agora vamos fazer logo o trabalho, quero uma nota boa nessa matéria. — ele acrescenta enquanto segura minha mão e me leva para um porão.
Não consigo esconder a excitação quando chego nesse lugar. Ele é lindo, com diversas prateleiras de livros totalmente organizadas, uma poltrona e um pequeno sofá de frente para um mesinha com mais livros.
Saio correndo em direção à Hamlet de Shakespeare, ele é meu livro preferido. Abro em qualquer página e leio o primeiro trecho que vejo:
O poder da beleza transforma a honestidade em meretriz mais depressa do que a força da honestidade faz a beleza se assemelhar a ela. Antigamente isso era um paradoxo, mas no tempo atual se fez verdade. Eu te amei, um dia.
— Gostou daqui?
— Amei... — Respondo com um sorriso enorme no rosto. — Vamos, temos que começar o trabalho, não é? — coloco Hamlet no seu devido lugar.
— Sabia que gostaria! — ele sorri. — Sim, mas como começamos?
— Vamos fazer assim, eu procuro livros que tenham a ver com Revolução Francesa desse lado e você do outro, o.k.?
— Era tudo o que eu mais queria — ele diz, irônico. — Procurar livros nessa enorme biblioteca.
Rio.
— Vai! É fácil, só procurar tudo o que tem a ver com o nosso trabalho.
— Tudo bem então... — ele suspira, virando-se.
Pego a escada e encontro diversos livros sobre a nossa matéria. Tiro todos da prateleira e levo-os até a mesinha. Enquanto eu apareci com 7 livros sobre Revolução Francesa, Jeremy trouxe apenas um e era sobre Revolução Industrial.
— Jery, isso não é Revolução Francesa...
— Mas não é a mesma coisa?
— Não — não consegui ficar sem rir — É bem diferente. — completo a frase, em meio às gargalhadas.
Ele bate com a cabeça na parede.
— Tudo bem, já temos o suficiente aqui. — digo, para não deixá-lo triste.
— Por que a gente simplesmente não pega da Wikipédia?
— Porque queremos tirar 10.
— Bem pensado.
Começamos a ler todos os livros que achamos (lê-se: que eu achei) e passamos tudo o que entendemos para o papel. O trabalho está muito bonito e um dos melhores que eu já tinha feito e que com certeza o que Jeremy fez.
Terminamos de escrever as 20 páginas de pura Revolução Francesa e Jery diz:
— Vamos lanchar agora, estou morrendo de fome.
Minha barriga roncou.
— É... eu também estou.
Voltamos para a cozinha e não demorou mais de um minuto para que três mulheres de uniforme de empregada entrassem no cômodo que estávamos e esperassem um pedido do "patrão" e foi isso mesmo que ele fez.
— Anne, pode preparar o nosso lanche? Quero mostrar um lugar para a Melanie.
— Claro. — ela sorri, indo em direção à geladeira.
Passei por Anne e as outras e as cumprimentei gentilmente. Que fizeram o mesmo.
— Agora que eu já sei qual o seu cômodo preferido da minha casa... quero que você conheça o meu.
— Estou curiosa pra saber.
Voltamos para a entrada da casa e paramos de frente para uma piscina gigante. Não... por favor, não!
Lembranças de quando me afoguei invadem minha mente.
“Alguém, salve-me! Por favor...
Desespero é o que me preenche. Meu corpo está sem força, meu pulmão... preciso de ar! Minha visão está ficando escura, eu me sinto afundando, cada vez mais fundo, para aquela imensa escuridão; com o resto de visão que tenho, vejo quatro mãos meio apagadas, me puxando para cima. Não sinto o toque, apenas sinto estar indo para cima. Quando o ar enche meus pulmões, olho em volta, tentando ver quem eram, Bob e Milly. Meus dois amigos fantasmas.
— Nade Mel, nade! — Milly grita.
— Não podemos mais ajudá-la, nade! — Bob diz em seguida.
Obrigada... Não posso desperdiçar a ajuda deles, sinto que estão me olhando, caso eu afunde novamente, me salvarão, então sem medo... Nado com a força que me resta, chego na areia chorando.
— MELANIE! — minha mãe grita, desesperada. — Meu Deus! LIGUEM PARA O HOSPITAL, POR FAVOR!
Essas foram as únicas coisas que ouvi, antes de desmaiar e acordar no hospital, com um trauma horrendo me assombrando.”
Jery se senta na borda, eu me sento na espreguiçadeira, onde consigo escutar o que ele diz e não chegar muito perto da piscina.
Ele lançou-me um olhar questionador, que apenas ignoro olhando para o céu.
— Eu amo nadar... Esse sempre foi meu sonho. Mas meus pais nunca me incentivaram a fazer o que eu gostava. Eles querem que eu siga ou a carreira deles ou pelo menos uma que eu tenha cem por cento de chance de ter sucesso. — Jery diz.
— Você tem cara de ser um ótimo nadador — Desvio meu olhar do céu, direcionando-o a ele.
— Sem querer me gabar, eu sou – rimos juntos. Modesto...
— Falando nos seus pais, eles não ficam em casa?
— Não, eles são médicos cirurgiões excelentes e por isso quase nunca os vejo aqui.
— Ah, que chato...
— E sua família? — pergunta interessado.
Eu não ia responder, ignoraria ou simplesmente mudaria de assunto, porém acho que ele merece saber pelo menos um pouquinho sobre mim.
— Eu moro com minha mãe, que é garçonete de uma lanchonete perto de casa — suspiro, lembrando-me de algumas coisas. — Ela e meu pai se separaram quando eu era pequena e desde então eu só escuto boatos dele. Nunca mais o encontrei...
— Me desculpa por perguntar — ele diz sem graça. — se você tem problemas ecônomicos, como conseguiu entrar no nosso colégio? É um dos melhores e mais caros da cidade.
— Eu ganhei uma bolsa de cem por cento lá.
— Mas é impossível ganhar essa bolsa... — fala, surpreso. — Eu nunca vi ninguém que tivesse conseguido!
— Eu tive que estudar muito para conseguir. Fiquei meses indo para a biblioteca pública e lendo diversos livros que eram importantes para entender as matérias. Prometi a mim mesma que iria conseguir, prometi a minha mãe, e foi então que entrei com sete anos em nosso colégio.
— Você lia livros sozinha com sete anos?
— Na verdade eu fazia isso desde os cinco...
— Melanie, você é totalmente surpreendente! — ele sorri.
Antes que eu consiga dizer qualquer coisa, vejo o fantasma de uma menininha e dou a desculpa de querer ir ao banheiro, pergundo onde fica, mas não presto muito atenção, ela me olhava com uma expressão divertida no rosto. Se vira e começa a entrar dentro da casa, eu a sigo, curiosa. Quem seria essa garotinha e o que ela faz aqui?
Ela me lembrava um pouco Jeremy, mas ao contrário dele, tinha os olhos verdes, todavia o tom castanho do cabelo era o mesmo, nem claro e nem escuro.
Ela anda até o fim de um corredor e atravessa a porta de um quarto. Isso está parecendo um desenho, não?
Chego na frente da porta e vejo uma plaquinha escrito “Alice”. Suponho que seja esse seu nome. Abro a porta calmamente, adentrando o quarto e ela está lá, me olhando com seus olhos verdes hipnotizantes.
— Você me vê... — ela parece se alegrar com isso, e ri. — Ninguém nunca me ouve, é sólitário. — ela abaixa o olhar.
Esse sentimento, eu o entendo. Você dizer para as pessoas e elas não acreditarem. O caso dela é que eles não podem vê-la e muito menos ouvi-la, muito pior que eu.
— Alice, certo? — ela assente.
Eu olho em volta, observando o quarto, cortina rosa, cama arrumada, cheia de ursinhos... Está meio óbvio que esse é o quarto dela.
— Você se chama...? — ela pergunta, chamando a minha atenção.
— Melanie Levy — sorrio.
— Mel! Você é a namorada do Jeremy?
Coro bruscamente.
— N-não... — gaguejo.
O que Alice é dele? Quem é ela?
— E... quem é você? — pergunto, meio sem graça.
Após dizer isso, ouço:
— Com quem você está conversando, Melanie?
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E aí? xD