SEM RÓTULOS - welcome to my world escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 8
"Hotel California"




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/506769/chapter/8

Isabella sentiu uma coceirinha no nariz e abriu os olhos. Estava deitada com a cabeça no peito de Edward. Ficou imóvel. Com os olhos arregalados, se deu conta de que o abraçava e sua perna direita estava embaixo da dele. Ela podia sentir os músculos e os pelos de sua coxa grossa. O cabelo dela, espalhado por todos os lados. Droga. Ela odiava dormir de cabelo solto, pois embaraçava com muita facilidade.

Edward parecia estar num sono profundo, mas a verdade era que já estava acordado, mas fechou os olhos assim que percebeu que ela havia despertado. Para fazer um pouco mais de cena, ele deixou a mão que estava nas costas dela pesar mais um pouco. Isabella tentou se mexer da maneira mais silenciosa possível. Saiu do abraço dele e retirou a perna debaixo da dele e deitou de costas. Sua imagem refletida no teto, mostrava uma menina de rosto corado e cabelo embolado. Ao lado dela, um anjo caído que provavelmente tiraram seus cachinhos raspando sua cabeça.

Ela aproveitou e conferiu o corpo de Edward, o lençol cobria apenas sua pélvis subindo um pouco até perto do umbigo e descendo somente o suficiente para cobrir uma parte da coxa direita. “Ele estava nu?” – Ela ergueu de leve o corpo e olhou para suas pernas, no final do lençol dava para ver a pontinha da cueca box cinza escura que ele usava. Ela soltou o ar, deitando de volta no colchão. Ela passou a mão por seu próprio corpo e constatou que estava de lingerie. Ela olhou para baixo. Ah, não. Não acredito que ele viu esse conjuntinho do Harry Potter! Pronto, serei alvo de gozação pro resto da vida.

Ela se levantou e correu para o banheiro. Assim que ela fechou a porta, Edward abriu os olhos e sorriu. Seu semblante fechou quando, vendo a silhueta dela pela porta, ela retirando o sutiã e os seios dela aparecendo bem torneados e definidos pela sombra, uma ereção iminente deu sinal de vida.

Isabella sentiu um alívio quando logo se deparou com sua maleta no banheiro. Ela deve ter ficado lá ontem a noite quando ela... ela o quê? Ela fechou os olhos tentando se lembrar, mas da noite de ontem só se lembrava de flashes... As imagens que invadiram sua mente não eram imagens, mas “imaginações” do que Edward havia feito com aqueles dois e de como ela fora ridicularmente burra caindo nessa cilada. Ela abriu o chuveiro no máximo e deixou a água quase fria lavar suas lágrimas que enfim começaram a cair.

Já vestida, mas ainda dentro do banheiro terminando de desembaraçar o cabelo molhado, Isabella ouviu o barulho da televisão e alguns minutos depois a campainha. “Tomara que seja o café da manhã.” – seu estômago roncou. Ela terminou com o cabelo, ajeitou suas coisas e pronta para sair do banheiro sentiu um frio na barriga. A demora no banheiro era a desculpa que precisava para evitar Edward.

Uma senhora rechonchuda de pele negra saía toda sorridente terminando de falar algo que Isabella não compreendeu. Edward deu um aceno para a senhora e fechou a porta ainda sorrindo. Ao se virar, Isabella estava parada meio encabulada e linda de cabelos soltos e molhados. “Por que mesmo que ela o prendia?”

– Bom dia. Pensei que a mocinha não fosse mais sair do banheiro.

– Bom dia pra você também, Edward. – ela tentou parecer azeda, mas não conseguiu deixar de sorrir. Largou a bolsa em cima de um sofazinho no canto e se encaminhou para o tablado com Edward bem atrás. – Será que ela também deixou um telefone na bandeja?

– Será? – Edward falou fingindo preocupação e começou a mexer na mesa posta como se estivesse realmente procurando.

Isabella revirou os olhos e se sentou. Estava morrendo de fome e o cheirinho de pão na chapa estava de matar. Edward sentou-se à sua frente piscando para ela.

– Mais comida brasileira?

– É melhor se acostumar, mocinha. – Edward encontrou os olhos dela e foi então que percebeu que ela havia chorado. Pensou em dizer algo, mas desistiu.

– Sobre ontem à noite... Eu, você... – ela mordeu o lábio – Nós...

– Nós não transamos. Fique tranquila. Não curto garotas bêbadas. – ele percebeu o rosto dela corar – E... Eu jamais faria algo de que você não fosse lembrar depois.

Isabella arriscou olhar para Edward, seu olhar continha algo de poderoso ao dizer isso, parecia algo como um aviso ou uma promessa. Quando ele esticou o braço para pegar uma torrada ela reconheceu seu elástico preto no pulso dele.

– Pode me devolver meu elástico, ou vai precisar dele? – falou em tom de ironia para afugentar o assunto anterior.

– Por que não os usa solto?

– Porque quando eu era criança meu cabelo ficou tão embolado que minha mãe teve que cortar curtinho, rente ao pescoço e eu jurei que nunca mais deixaria que embolasse. – ela deu de ombros e mordeu o pão que havia retirado do prato.

Edward se espantou com a forma simples, rápida e sincera da resposta dela.

– Às vezes, algumas coisas valem o sacrifício. – ele falou passando geleia na torrada, sem olhar para ela.

– Em falar em sacrifício... – ela aguardou que os olhos dele encontrassem os dela – Onde aprendeu a deixar dois caras e um deles armado, em coma? Ensinam isso nas escolinhas de futebol do Brasil?

– Não pertenço a nenhum clube de luta se é o que quer saber.

– Então onde? Como?

– Eu servi ao exército. Gostava de luta e sempre malhei. Muito. No exército fiz alguns cursos...

– Você não era professor de educação física lá?

– Eu me formei cedo e logo entrei para a faculdade. Quando eu estava começando o 2º período de educação física, me alistei no exército. Mas não desisti de me formar. Quando terminei a faculdade, fiz uns testes internos e passei a ser o treinador físico da minha equipe. – Edward fez um gesto com a faca no ar e voltou a passar mais geleia em outra torrada.

– Então... Você largou tudo para vir para cá? Quer dizer, você tinha uns 25 anos quando veio para cá, já tinha tempo servindo no exército, uma carreira sólida e até...

– Sim. – ele a cortou. – Larguei tudo. Deixei tudo para trás para realizar um sonho. – o tom havia mudado, Isabella podia sentir isso no ar a sua volta. – Agora termine de comer e vamos embora. Ainda temos umas 5 horas de estrada pela frente. – ele largou o resto da torrada no prato e se levantou. – Vou aquecer o carro.

Edward esperou alguns minutos e tentou se acalmar quando viu Isabella saindo do quarto falando ao celular. Ele pegou sua mala da mão dela e abriu a porta do carro para ela entrar. Saíram do motel e somente quando pegaram a autoestrada novamente, Isabella enfim, desligou o celular. Não estava chovendo, mas o céu ainda tinha uma boa quantidade de nuvens escuras.

– Minha mãe estava preocupada. – ela falou guardando o celular na bolsa e sentiu um nó na barriga ao ver o dinheiro que havia levado para dar a Demetri. – Deveríamos estar chegando a casa já...

– Imprevistos acontecem. Se tudo correr bem, se a chuva não atrapalhar – Edward deu uma olhada para o céu – Estaremos em Nova Iorque para o chá das cinco. – Edward olhou para ela e sorriu.

– Não tomamos “chá das cinco” em Nova Iorque. – Isabella fez uma careta.

– Nem no Brasil.

Edward seria bipolar? Isabella gostaria muito de saber.

– Obrigada. – Isabella falou depois de alguns minutos de total silêncio. – Não quero nem pensar o que poderia acontecer se você não estivesse... lá. – o final da frase saiu quase num sussurro.

– Nem eu. – o maxilar de Edward estava tensionado e ele olhava fixamente para a estrada.

Isabella aceitou a sugestão de Edward e novamente foi para o banco de trás do carro. Estava se sentindo muito cansada e apesar de nem sequer ter visto a tal “luta” entre Edward e os dois golpistas, ela parecia que tinha levado uma surra. O corpo estava dolorido e a dor de cabeça ia e voltava. Após saírem de uma lanchonete, Isabella voltou para o carro cantarolando a música que escutara lá dentro. Sem perceber, ainda cantarolava enquanto colocava o cinto de segurança e só parou para atender ao telefone que tocou pela terceira vez. Sua mãe ainda não sabia o que de fato tinha acontecido, ela deixou para contar só quando chegasse, para não preocupar ninguém. Mas havia dito que não conseguira comprar o protótipo de Etérnia e que explicaria quando chegasse.

– Eu queria um padrão original.

– O quê? – Isabella tinha acabado de encerrar a ligação e não entendia do que Edward estava falando.

– O som. Eu queria um com o padrão original, que lembrasse o antigo toca fitas. Por isso não tem som nenhum.

Isabella olhou dele para a parte plana onde deveria ter um som e franziu o cenho.

– Há lugares que fazem isso. Aqueles caras que reformam carros e tudo mais.

– É eu sei. – Edward deu um sorriso. – Mas seu eu tivesse um som, me impediria de ouvir você cantando.

Isabella corou.

– Eu não canto...

– Nem comece. Você canta muito bem. Deu pra perceber. – ele sorriu. – Chegaremos em menos de 1 hora, mas... Se eu pedir, você canta para mim? Tem uma música que eu gosto, que me... acalma. Mas não sei... não sei se você cantaria... – ele ficava olhando para ela e para a estrada enquanto falava, com ar de expectativa.

Don’t panic. – Isabella sorriu citando um bordão de H2G2. Encostou a cabeça no banco olhando para ele agora com um jeito de menino. O boné para trás estaria perfeito agora. – Eu canto o que você quiser, afinal, você é o meu herói. – eles, pela primeira vez conseguiram rir de toda essa situação que poderia ter sido trágica, mas graças a Deus, não foi.

E com certa timidez no início, mas muita vontade depois, os dois continuaram o restinho de viagem que tinham, cantando Hotel California dos Eagles. Por vários momentos Edward teve vontade de parar o carro e segurar o rosto de Isabella e beijá-la, beijá-la com toda a vontade que estava sentindo. Mas aqueles últimos momentos eram tão preciosos... Ele não podia perder isso. Ele não queria e não ia perder de jeito algum.

– “Bela” aventura. – Isabella disse com certa tristeza no olhar.

Estavam parados na porta de entrada do prédio dela, a mala na mão, a bolsa no ombro. Edward com as mãos enfiadas nos bolsos como se estivesse evitando que elas fizessem algo contra sua própria vontade.

– De verdade? Acho que no fundo foi bom. Tipo uma daquelas histórias com “moral”.

– Assim que eu entrar vou denunciar aqueles cretinos de todas as maneiras que eu puder.

– Não se exponha...

– Eu sei. – ela sentiu corar de vergonha – Agora eu sei bem.

O sol estava se pondo por trás do prédio e as sombras das folhas das árvores ali perto se refletiam de leve na lente dos óculos de Isabella, se misturando ao verde de seus olhos. O cabelo estava preso de novo e Edward sentiu um formigamento gostoso ao lembrar da noite anterior enquanto deslizava o elástico pelo cabelo dela. “Ah, Isabella, se você não estivesse bêbada... ou pelo menos não tão fragilizada... Eu não podia, mas como eu queria...

– Bem, vou acertar as últimas coisas da nossa viagem ao Brasil. Tudo certo do seu lado?

– Sim. Consegui 15 dias de férias que começam no dia 15. – eles riram. – Acho que essa viagem, novos ares... Vai ser até bom para mim.

– Pode ter certeza, mocinha. – Edward respondeu rapidamente.

De novo aquele olhar. “Aviso ou promessa?”. Depois de um instante um tanto constrangedor de despedida, os rostos se batendo, um não sabendo em que lado do rosto beijar – talvez porque não quisessem se beijar exatamente no rosto, mas sim na boca – os dois se afastaram. Edward ouviu seu nome e olhou para o alto. Era Mike acenando e a senhora Renée ao lado, sorrindo. Ele acenou de volta e deu mais um sorriso para Isabella antes de se virar para entrar no carro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!