SEM RÓTULOS - welcome to my world escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 7
O herói




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/506769/chapter/7

Isabella deu um suspiro mais forte e abriu os olhos de repente. A falta de claridade impedia que conseguisse se situar de onde estava.

– Olá, bela-adormecida.

Isabella se virou num susto e colocou a mão no peito, sentindo seu coração disparado, porém aliviado, ao ver que era Edward. Ele estava sentado numa cadeira de frente para ela, os cotovelos nas coxas e as mãos entrelaçadas apoiando o queixo. Um dedo indicador mais acima, como que prendendo os lábios. Sua posição parecia de alguém que estivesse pensativo, mas os olhos dele estavam escuros e Isabella pode perceber que indicavam uma grande preocupação e algo mais.

– O que aconteceu? Eu... – ela parou sentindo a garganta seca e levou a mão à garganta.

– Tome – Edward rapidamente se levantou e abrindo um frigobar próximo à cama, retirou uma garrafinha d’água e entregou a ela. – Deve estar realmente com sede.

Isabella girou a tampa sem desviar o olhar de Edward.

– O que aconteceu na casa de Demetri? – ela perguntou com uma voz fraca depois de beber alguns goles.

– Era um golpe, Isabella. – falou sem rodeios. – Eles fizeram você inalar clorofórmio e eu não tinha noção da quantidade... – ele começou a passar a mão na cabeça e parou com a mão ainda no alto. – Se você não despertasse em 5 minutos, eu deixaria meu receio de lado e a levaria pro hospital. Aliás, você está se sentindo bem? Alguma dor?

Isabella sacudiu a cabeça. Os olhos enchendo de lágrimas.

– Eu... estou bem. – ela suspirou e o encarou. – Receio? De quê?

– Eles poderiam achar que eu fizera isso com você...

– Mas era só falar com os policiais que...

– Eu não chamei a polícia, Bella. – a voz dele estava rouca, sombria. – Eu não podia. Eu só fiz uma ligação anônima para os bombeiros.

Isabella engasgou com a água e começou a tossir.

Eles deixaram o pequeno hotel de beira de estrada, o primeiro que Edward encontrara que não fosse muito longe do hospital local, e pegaram a estrada chuvosa de volta a Nova Iorque. Isabella não conseguia tirar os olhos de Edward. E ele não conseguia decifrar que tipo de olhar seria aquele. Pena? Medo?

A noite já começava a cair, mas ainda dava para ver os cortes nas mãos que ele segurava firmemente no volante. Os nós dos dedos pareciam inchados e estavam vermelhos. Havia um pequeno corte no supercílio que era irritantemente charmoso.

– Está com fome? – Edward perguntou tentando parecer casual.

Isabella soltou o ar que só agora se dera conta estar prendendo. Colocou as duas mãos tapando o rosto e começou a sacudir a cabeça freneticamente. Seus olhos ardiam mas ela não conseguia chorar.

– Você deveria estar gargalhando de mim, agora. Era o que qualquer um faria. É o que farão. – ela deixou as mãos caírem no colo e olhava para frente. O para-brisa a hipnotizava e zombava dela fazendo aquele imenso leque de visibilidade no vidro. – Todo aquele meu discurso de mulher independente mais cedo foi por água abaixo...

– Bella, você não foi a primeira e infelizmente não vai ser a última a cair nesses golpes de internet. – ao falar isso, Edward se lembrou do estado em que deixou aqueles dois e sabia que para eles sim, esta tinha sido a última vez que fariam isso.

– Sinto-me uma adolescente idiota de 15 anos novamente, indo para um quartinho nos fundos para perder a virgindade com o garoto popular no seu baile de formatura, para no final, descobrir que ele era um escroto total.

Edward olhou para ela com as sobrancelhas enrugadas.

– Foi assim que perdeu sua virgindade? – não resistiu em perguntar.

Isabella piscou voltando a si e mordeu o lábio inferior percebendo que havia falado demais. Olhou para baixo, mas não antes de assentir com a cabeça.

Edward soltou um assobio alto.

– Bem, mocinha, eu ia dizer que existem situações piores, mas depois disso, nem vou falar mais nada. – ele sorriu, mordendo a ponta da boca no canto e balançou a cabeça.

Isabella olhou-o de lado quase irritada. “Como ele conseguia ser gentil e irritante quase num mesmo segundo? Isso é contra todas as leis da física”. Idiota.

Depois de algumas trovoadas e o aumento significativo da chuva, tanto que o para-brisa nem dava mais conta – e agora Isabella se via tentada a dar língua para ele “Quem zomba de quem agora, hein?” – Edward resolveu que teriam de parar e esperar a chuva melhorar. Alguns metros depois, avistaram um hotel e Edward sorriu quando a recepcionista informou que estavam lotados e que só havia um quarto.

Ao entrarem pelo estacionamento, Edward se deu conta de que este “hotel” parecia muito com um motel que ele gostava de frequentar no Rio de Janeiro. Olhou apreensivo para Isabella, mas ela não parecia perceber do que se tratava.

– Uma garagem particular? – ela perguntou quando saiu do carro.

Edward quase deixa o controle/chaveiro cair enquanto procurava o botão que fechava o portão. Assim que localizou o botão certo, o portão, que parecia de ferro pintado de branco, começou a descer.

– Isso é um motel, Isabella. – ele a olhou com um ar de quem dá uma notícia muito ruim para alguém.

– Áh. – ela disse simplesmente e a única coisa que lhe veio à mente foi “Aproveite-se dele, Bella. Ele é o tipo que devemos nos aproveitar de todas as formas inimagináveis” – cale a boca, Jane!

– Você vem? – Edward perguntou segurando a porta aberta.

Isabella passou por ele sem dizer nada.

Dentro da suíte, Isabella olhava tudo com uma atenção indisfarçada. Era óbvio que nunca tinha entrado num motel antes. E esse era dos tradicionais, só faltava mesmo a cama ser redonda, mas tinha uma de couro vermelha, que era quase a mesma coisa. Espelho no teto, na cabeceira da cama, um painel ao lado da cama com um número considerável de botões, provavelmente um para cada jogo de luz. De resto, o controle/chaveiro resolvia. A porta o banheiro era de vidro fosco, onde se via com perfeição a silhueta por detrás. Do outro lado, um tablado de lambri escuro, onde ficava uma mesa com duas cadeiras e o frigobar.

Uma poltrona de formato duvidoso chamou a atenção de Isabella e como uma criança curiosa não pode deixar de perguntar.

– Para que serve isso, exatamente? – falou tentando mostrar indiferença.

Edward coçou a cabeça.

Taí, também não sei. Mas podemos descobrir juntos, se quiser. – ele arriscou um olhar brincalhão para ela. “Quem sabe...

– Engraçadinho. – ela fez uma careta e foi em direção ao tablado. Parecia o lugar mais “seguro”.

– Se importa se eu for tomar banho primeiro?

– Não. Vá em frente. – ela falou sem olhar e tentava, sem sucesso, abrir a porta do frigobar.

– Aqui. - Isabella olhou para o alto e Edward esticou para ela as chaves. – Praticamente tudo que precisar abrir ou ligar vai estar nesse controle/chaveiro.

– Obrigada. – ela pegou as chaves e se virou para abrir o frigobar sentindo seu rosto arder. A intimidade dele com esse tipo de local a incomodava e ela não entendia por quê.

Edward tomou um banho demorado. A intenção era deixar Isabella um pouco sozinha. Ela não havia chorado, nem gritado. Nem mesmo quando ele contara que os dois carinhas, provavelmente, estariam agora internados em estado de coma no hospital. Ela fora muito ingênua em cair nessa, mas a falta de reação não era normal. Ele havia gritado do banheiro pedindo que ela pedisse algo para comerem e achava que tinha escutado um “uhum” em resposta. Ele estava começando a se vestir quando ouviu um barulho de vidro quebrando. Puxou a calça jeans de qualquer maneira e saiu do banheiro em disparada.

– Desculpe... – Isabella disse rindo, com a voz alterada.

Edward foi até ela que tinha escorregado e quebrado um copo de vidro onde ela bebia...

– Vodca? – Edward tomou a garrafa da mão dela. Estava pela metade.

Com certeza ela tinha aberto a garrafa assim que ele entrara no banheiro. Isabella desceu o olhar do rosto de Edward quando se deu conta de que ele estava sem camisa. Ela parou o olhar em seu peito e apesar de já estar bêbada, resistiu ao impulso de tocá-lo, desceu mais um pouco os olhos e arfou ao ver que ele saíra correndo do banheiro e nem havia fechado o zíper da calça. Ela esticou a mão e agarrou o cós, quase como um ladrão que não pode deixar passar aquele momento para o assalto.

Edward engoliu ao sentir os dedos dela arranhando de leve sua pele ao segurarem firme no cós aberto de sua calça. Ele apertou os olhos e tentou se controlar.

– Venha – ele fingiu não perceber seu toque e começou a levantar Isabella do chão. – Um banho e estará pronta para outra.

– Vai me dar banho, coach? – ela falou embolado tentando ser sedutora. O óculos torto no rosto, o rabo de cavalo desarrumado. Edward riu.

– Não. A mocinha vai tomar seu banho, sozinha. – Edward não sabia de onde vinham estas palavras com tanta convicção.

Edward ainda juntava os cacos do chão quando Isabella, que tinha acabado de entrar no banheiro, saía lá de dentro apenas de sutiã e calcinha. Edward deixou cair o caco que segurava e por um momento sentiu seu coração parar.

– Faça o que quiser comigo! – Isabella falou, ainda de forma embolada, e abriu os braços como o Cristo Redentor.

Edward puxou o ar e foi até ela. Ela usava um conjunto de algodão, com pequenos desenhos iguais, que quando ele se aproximou reconheceu a estampa. Eram pequenos raios de Harry Potter por todo o tecido. “Onde se arruma essas coisas?” – Edward balançou a cabeça e sorriu. Isabella abriu os olhos e fez sinal que estava aguardando.

– O que eu quiser? – Edward falou se aproximando de seu ouvido. Isabella sentiu cada pelo de seu corpo se arrepiar. Ela balançou a cabeça assentindo.

Edward abaixou os braços dela delicadamente, apoiou a mão direita na cintura dela e levou a mão esquerda atrás de seu pescoço e puxou o elástico do cabelo dela, que veio deslizando tranquilamente por toda a extensão. Edward se afastou um pouco para olhar para ela e quase perdeu o ar. Finalmente estava vendo Isabella de cabelo solto. O cabelo parecia um véu amendoado. Era liso de fio reto. Nenhum tipo de corte. Com o peso, uma parte caiu sobre o seio direito dela o cobrindo. Isabella tonteou e caiu sentada na cama. Eles riram.

A campainha tocou, era o serviço de quarto trazendo um remédio que Edward havia pedido para ela. Aspirina. Ele encheu um copo com água e jogou a medalha efervescente e quando foi até ela, Isabella tinha caído de costas na cama e estava dormindo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "SEM RÓTULOS - welcome to my world" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.