SEM RÓTULOS - welcome to my world escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 32
Tied game


Notas iniciais do capítulo

Esse seria o último capítulo, mas... "a pedidos" rsrs Aumentei um pouco e dividi em 2! ;)
Boa leitura!! ♥



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Ficar na sala de espera, só deixava Edward ainda mais irritado. Onde estavam os médicos solícitos e sorridentes dos seriados de TV?

– Senhor Edward Cullen?

Uma enfermeira, finalmente!

– Sim, sou eu! – ele só faltou segurar os braços da mulher.

– A paciente Isabella Cullen acabou de acordar e perguntou pelo senhor. O senhor poderá ficar no quarto com ela enquanto eu levo o resultado dos exames para o médico. Em instantes irei chamá-los. – ela terminou de falar e ergueu as sobrancelhas como se estivesse esperando que ele fizesse alguma pergunta.

– Muito obrigado, enfermeira. Eu já sei qual o quarto dela. – Edward deu um tapinha na enfermeira e saiu correndo pelo corredor.

Isabella estava se ajeitando na cama, quando Edward entrou no quarto, dando apenas uma batida leve na porta.

– Oi. – Isabella logo disse ao vê-lo.

– Oi, mocinha. – ele sorriu e se aproximou. – Como está se sentindo?

Isabella ergueu as sobrancelhas.

– Parece um médico falando assim. – ela riu.

– Bom, acho que você está bem, sendo assim posso ir embora. – ele foi se virando em direção a porta.

– Não! Estou brincando.

– Eu também. – ele piscou e chegando perto dela, deu-lhe um beijo na testa.

– Quanto tempo fiquei apagada?

– Tempo suficiente para fazerem alguns exames.

– Endoscopia?

Edward olhou para ela estranhando a pergunta.

– Não. Endoscopia, não. Sangue, urina e uma ultra. Por quê?

– Ah, sim. Provavelmente vão pedir a endoscopia depois dos resultados desses. Não ando muito boa do estômago.

– Caramba, Bella. O que andou aprontando? Não se alimenta direito?

– Acho que foi mais esse mês de estresse. – ela encolheu os ombros.

Edward passou a mão na cabeça e suspirou. Iria se sentir culpado se ela realmente ficasse doente por causa de toda essa história.

– Senhora Isabella? – uma enfermeira entrou no quarto. – Pode se vestir. O doutor Nicholls a espera na sala 7B. Consegue ir sozinha?

– Claro. Estou me sentindo ótima. Devia ter algum energético nesse soro.

A enfermeira franziu o cenho, mas sorriu antes de sair.

Senhora? – Isabella questionou Edward assim que a enfermeira fechou a porta.

– Eu dei meu sobrenome na recepção e disse que você era minha esposa. – Edward deu de ombros. – O resto eles fizeram sozinhos.

– Eu sou sua esposa?

– Não?? – ele perguntou quase ofendido.

– Eu não me lembro se cheguei a dizer “sim”.

– Engraçadinha. – Edward apertou a ponta do nariz dela.

Isabella calçou o tênis e colocou seu cardigã. Procurou o elástico do cabelo, mas não encontrou. Olhou para Edward e bufou.

– Meu elástico. – ela esticou a palma da mão para ele.

Edward sorriu, retirou algo do bolso e pegando na mão dela, segurou seu dedo anelar e colocou o anelzinho de fios nela.

– Agora esse será nosso anel de noivado.

Isabella sorriu e ficou olhando para o anel.

– Sim. – ela disse e encarou Edward.

Edward a puxou para si e lhe deu um abraço apertado.

– Senti tanto a sua falta. – ele disse.

– Eu pensei que nunca mais sentiria seus braços.

– Nunca mais vá embora. Nem que eu a expulse, coisa que jamais acontecerá.

– Nunca.

– Promete?

– Só depois que me beijar.

Edward selou os lábios nos dela, mas estava contido, ainda não se sabia o que ela tinha, ele não queria acabar machucando-a ou piorando algo.

– Prometo. – ela sorriu.

– Vamos logo ver esse médico.

O médico já escrevia um receituário quando mandou eles entrarem na sala.

– Com licença. Boa tarde, doutor.

– Boa tarde. Sentem-se. – o doutor disse sem nem ao menos olhar para eles.

– Bom, senhora Isabella, eu não posso receitar nada muito diferente do que sua médica já deva ter lhe passado. Talvez a senhora ainda não tenha começado a tomar os medicamentos. – ele ainda não tirava os olhos dos papéis.

– Minha médica? – Isabella perguntou, mas o médico pareceu não ouvir.

– Sugiro começar a incluir na sua dieta alimentos com bastante ferro, carne vermelha, fígado, aves e peixes. Verduras de folhas escuras e leguminosas, beterraba, essas coisas. – o médico enfim, terminou de escrever e ao entregar o papel para Isabella, deu um sorriso.

– Eu estou anêmica? – Isabella perguntou olhando para a receita, tentando entender o que o médico havia escrito.

– Está num quadro de desenvolvimento de anemia. E o desenvolvimento da anemia na gravidez gera riscos para a mãe e para o bebê, que pode não se desenvolver corretamente.

Foi então que o médico teve toda a atenção de Edward e Isabella. Isabella somente moveu o olhar do papel para o médico, como se, se se mexesse, algo poderia se quebrar. Edward se remexeu na cadeira, rodando os ombros e tentando fazer uma pergunta que não saía.

– Eu – pausa – vou – pausa – ter – pausa – um – pausa – bebê? – Isabella perguntou lentamente, como se o médico falasse uma língua totalmente desconhecida e ela queria que ele a entendesse.

O médico se recostou na cadeira e ficou lívido.

God! Vocês não sabiam? – agora o doutor era todo preocupação. – Pelo amor do Pai, me perdoem! Eu nem imaginei... eu... Caramba! Tome aqui, beba uma água.

Isabella ficou ainda olhando para a cadeira vazia do médico, enquanto ele se levantava para buscar água e resmungava consigo mesmo. Edward franziu o cenho, estava quase se perguntando como isso era possível, se Isabella tivera alguma relação com Adam, quando uma lâmpada acendeu dentro de sua cabeça iluminando suas memórias mais antigas.

– A pílula do dia seguinte. – Edward se jogou contra o encosto da cadeira, com a mão na testa.

Isabella baixou o papel e demorou a entender que o médico lhe dava o copo com água. Depois dali, tudo o que o médico falou foi um borrão. Quando Isabella deu por si estava no estacionamento do hospital e Edward segurava a porta do carro aberta para que ela entrasse.

– Espera. – ela estacou. – Você ouviu o que o médico disse? – ela pôs uma mão na barriga.

– Ouvi, Bella. – Edward sorriu.

– Edward, isso é loucura. Como?

– Bem, eu posso te explicar como nascem os bebês, mas...

– Pare de brincadeira!

– Esquecemos de comprar a pílula, Bella! – ele ergueu os braços. – Eu achei que você tivesse tomado, porque eu mandei uma mensagem pro seu celular para lembrar a você de tomar.

– Meu celular ficou fora de área e depois se espatifou assim que eu cheguei em Nova Iorque.

– É, pois é. Mas acho que meu cérebro congelou no fato de que eu enviei a mensagem. Sei lá. Foram tantos acontecimentos, um em cima do outro, que isso acabou se perdendo.

– Ainda nem conversamos sobre o que aconteceu no Brasil. Ainda nem sei o que ficou resolvido da Liz, da Tanya...

– Ei! – Edward a segurou pelos braços e a puxou para si. – Vamos conversar sobre tudo isso, mocinha. Não se preocupe. Tem um bebê aí dentro. Temos que cuidar bem dele.

– Temos? – Isabella perguntou com a voz embargada.

– Claro que temos! O que você acha? Que eu não vou cuidar dele? Isabella?

– Eu não sei, eu... – ela estava quase chorando – Você não quis sua filha com a Tanya, você foi embora...

– Bella, olhe pra mim, olhe pra mim, Isabella! – ele segurou o queixo dela. – É isso, então? Vai me rotular de novo? Não adiantou nada do que passamos no Brasil? Dos nossos momentos, das nossas conversas? Eu disse a você que eu mudei, eu não sou mais aquele garoto inconsequente de cinco anos atrás! Agora, se você não acredita ou não vai confiar em mim...

– Não é isso! – Isabella fechou os olhos – Estou confusa, nervosa, tantos sentimentos misturados ao mesmo tempo. E agora um bebê... Uma criança no meio disso tudo...

– Isso tudo o quê, Bella? A única coisa que vejo é o nosso amor. O que temos um pelo outro para ser construído de agora para frente. Você não quer ficar comigo, é isso? Não quer que eu crie a criança?

– Edward, você nunca quis ser pai....

– Eu nunca me vi pai, mas porque eu nunca tinha amado verdadeiramente. Nunca havia sentido o que eu sinto por você. E com o que eu sinto por você, eu me vejo sendo tudo. Homem, marido, pai, amante, amigo. Esse é o amor que sinto por você, Bella. É pegar ou largar.

Isabella desabou a chorar e se jogou nos braços de Edward o apertando com força contra si.

– Eu amo você com algo que, se não for amor, terá de ter um nome ainda não inventado, porque eu creio ser ainda mais bonito, e mais intenso! – Isabella falou com o rosto enterrado no peito de Edward.

– Então me deixe cuidar de vocês. – Edward falou com a voz rouca, os olhos marejados.

– Isso é o que eu mais quero.

Isabella puxou o rosto de Edward e o beijou com todo seu amor. Ficaram ali alguns minutos, se beijando e se abraçando. Antes de entrarem no carro, Edward ajoelhou e beijou a barriga de Isabella.

– Eu amo você, bolinha. – Edward disse “bolinha” em português.

Bolinha? – Isabella repetiu em português e a palavra soou tão parecida com o “mocinha” que ele dizia que ela chegou a sentir um arrepio gostoso na barriga.

– Eu sempre sonho com você e uma bolinha branca. – Edward se levantou e deu de ombros.

– Eu também tenho sonhado com você. – o rosto de Isabella ficou vermelho.

Edward entendeu que os sonhos dela eram iguais aos dele.

– Então, a gente andou se pegando muito por aí, mocinha.

Ele beijou o pescoço dela.

– Você nem imagina o quanto!

– Eu tanto imagino que eu até sonho.

No caminho para casa, Isabella pediu que Edward parasse numa praça. Ela queria que eles conversassem antes de chegar com essa grande novidade em casa.

– Jane mandou mensagem.

– Contou a ela?

– Não! Não posso contar isso por mensagem. Ela só queria saber se eu estava bem. Respondi que sim, que agora estava tomando um sorvete com você e quando eu chegasse iríamos conversar.

Isabella lambeu o sorvete e começou a rir do nada.

– O que foi?

– Jane vai me matar, mas provavelmente eu não irei entrar no vestido de madrinha que ela tinha escolhido.

– Ela vai dar um jeito, tenho certeza. – Edward riu.

– Hum. Quero que me conte tudo. Como foi essa sua trama com a Jane e o Aro, óbvio que foi coisa da Jane, mas quero saber tudo.

– No sábado passado, depois do jogo... – ele começou.

– Não. Depois. Vamos por ordem. Vamos voltar um mês atrás. Quero saber de tudo. – ela o olhou tão fixamente que Edward teve vontade de arrancar a roupa dela ali mesmo, no meio da praça, seria como em um de seus sonhos, a única diferença é que ela não estaria com nenhum tipo de uniforme esportivo.

– Okay. Vamos do início.

O jantar corria até certo ponto bem, até que Liz entrou numa crise de asma. Fomos parar no hospital e eu tive de passar a noite lá.”

Isabella abaixou a cabeça entendendo que foi por isso que ele não estava para pegar o voo na de manhã. Se seu celular não estivesse fora de área...

Depois, Liz teve de ficar em observação, e os médicos acharam por bem que ela não viajasse por uns dias, até ficar totalmente reestabelecida. No dia 30 de setembro, Tanya viajou para Florianópolis, deixando Liz comigo. Tinha o trabalho e mais outras coisas para resolver que não tomei parte.”

– Foi o dia que perdi meu emprego.

– Foi mandada embora ou pediu as contas?

– Os dois. – ela riu.

Edward puxou o ar e continuou.

“Liz era muito rebelde, não obedecia ninguém e só queria ficar na casa do Laurent e da Victoria. Eu imaginava que era por causa dos filhos da Victoria, não seria possível que fosse unicamente porque não queria ficar perto de mim.”

– Ela é só uma criança, Edward. Não sabe o que está fazendo.

– Eu sei. Mas ela pode sentir o que está fazendo.

Edward torceu a boca, deu uma colherada no sorvete e continuou.

Foi então que exatamente no dia 9 de outubro, tudo deu uma guinada de 360 graus. Meu cunhado Jasper, o marido da Alice – Isabella assentiu mostrando que sabia de quem se tratava – Apareceu lá para fazer as pazes com a família e... – Edward deu um sorriso torto – E comigo.”

– Com você?

– Vou explicar.

Ele tinha uma história para contar que ele guardou para si pois achou que só interessava a mim. E como eu tinha ido embora, não contou a ninguém, nem pra Alice. No dia de Natal ele levou o Laurent pra casa que estava totalmente bêbado e o Laurent confessou que era apaixonado pela Tanya. Que eles nunca se separaram, mesmo depois que eu e ela voltamos.”

Edward deu uma pausa ao ver se for formar um “O” perfeito no rosto de Isabella.

– Então eles...

– É. Só que o otário aqui não ficou sabendo. E Laurent devia rir de mim pelas costas, porque mesmo depois da satisfação que eu tirei com ele, quem não valia nada era a Tanya, que continuou se encontrando com ele.

Daí eu subi para falar com meu pai, ele já tinha me dito que achava que eu devia tentar ver se conseguia formar uma família com a Tanya, pela Liz e tudo mais, eu não tinha argumentos, mas então, eu consegui. E aí, como meu pai mesmo me disse, a vida nos pregou uma peça.”

– Meu pai nunca tinha aberto o exame de DNA da Liz.

– Não é possível! – Isabella quase engasgou com o sorvete – Como ele fez isso? Quer dizer, por quê?

– Coisas de homem do interior. Que tem princípios e um monte de coisas que as pessoas de hoje não sabem mais o que é. – Edward olhou para o fundo de seu copo de sorvete vazio e ficou pensativo por alguns instantes.

– O que você fez? Você abriu?

Edward levantou o olhar para ela.

– Eu peguei o envelope lacrado e fui para abri-lo junto com a segunda pessoa mais interessada na história.

– O Laurent. – Isabella voltou com as costas na cadeira.

Cheguei na casa do Laurent, e a Liz, que brincava na sala com os filhos da Victoria, logo reclamou achando que eu tinha ido buscá-la. Muito esperta, ficou feliz, mas fez manteve o olhar desconfiado quando eu disse que queria conversar com o Laurent.

Laurent, primeiro disse que não tinha nada para conversar comigo, se mostrou um pouco impaciente, mas quando eu disse que era sobre Liz, ele me acompanhou até a cozinha. Victoria estava no trabalho, não podíamos ficar muito distantes das crianças.”

Edward fechou os olhos e veio toda a cena na sua cabeça.

“- Olha, se você quer levar a menina, só espere ela terminar de brincar, eu posso levar daqui uns minutos, Liz não faz nada forçada. – Laurent se adiantou em dizer.

Laurent cruzou os braços e ficou olhando enquanto eu puxava uma cadeira e me sentava à mesa da cozinha.

– Não vim buscar a menina. Já falei.

– O que você quer então, Edward? – ele estava mesmo impaciente. Ou a minha presença ali o estava incomodando.

Comecei a achar que ele pensava que eu pudesse querer bater nele ou algo assim. Eu teria motivos? Acabei lembrando que foi ele quem levou Isabella para a rodoviária e me forcei a parar de imaginar coisas. Só isso já seria, sim, motivo suficiente para acertar a cara de “anjinho” dele.

Bater ou brigar por causa do que Jasper me contou? Não valia a pena sujar minhas mãos com coisas do passado, ainda mais referentes à Tanya. Puxei o ar com força, ele cruzou os braços e se recostou na bancada da pia. Retirei o envelope da jaqueta.

– Eu vim por isso. – falei e empurrei o envelope sobre a mesa na direção dele.

– O que é isso? – ele apenas ergueu uma sobrancelha, indiferente.

– Abra. – parei um minuto e balancei a cabeça. – Ou melhor, devemos abrir. Mas eu deixo que você leia primeiro.

– Que tipo de jogo é esse agora, Edward? Alguma brincadeira americana idiota? Tô fora. Tenho mais o que fazer. – ele disse e se desencostou da bancada, mas vendo que eu permanecia sério e imóvel, encarando-o, ele se aproximou da mesa.

– Não é nenhuma brincadeira e eu também não tenho motivos para prolongar essa conversa. Muito menos para poupar você ou qualquer coisa do gênero. – me inclinei e cruzei os dedos sobre a mesa. – Esse envelope é o exame de DNA da Liz que meu pai na verdade, nunca abriu.

Laurent olhou para o envelope como se eu tivesse dito que aquilo ali era uma capivara prenha.

– Que história é essa agora?

– Que história é essa de você e a Tanya ficarem de caso pelas minhas costas? Ou melhor, pelas costas de todo mundo.

A cor do rosto de Laurent desapareceu, branco era pouco para como ele ficou. Talvez um camaleão, pois ele foi mudando de cor, até ficar vermelho de raiva.

– Você não gosta da Tanya! Você não gosta de ninguém! – ele veio na minha direção e eu me levantei num ato de defesa – estou até hoje tentando saber o que você fez pra Isabella sair daqui correndo, fugida de você! – ele quase gritava, quase porque se continha em manter um tom de voz agressivo, mas que não chamasse a atenção das crianças na sala.

– Eu não fiz nada para a Isabella. – falei pausadamente. Com muito esforço. – Você não quer saber o resultado do exame?

– Eu já sei o resultado, seu pai já disse pra Tanya que deu positivo. – ele passou a mão nos cabelos e abriu e fechou a porta da geladeira.

– Ele mentiu. Ele não abriu o exame! – peguei o envelope da mesa e sacudi na direção dele. Se ele não pegasse da minha mão em 5 segundos, eu mesmo iria abrir.

Laurent olhou para o exame e puxou de supetão. Rasgou o envelope ainda olhando para mim e retirou o papel de dentro, abrindo em seguida. Fiquei atento, olhando para ele, queria ver a reação dele, mas nada. Seu olhar lendo o exame era indecifrável. Nenhuma ruga de expressão se manifestou. Comecei a ficar inquieto e coloquei as mãos nos quadris para não fazer nenhuma besteira.

– E aí? Diz logo o que está escrito aí! Eu sou ou não sou o pai da Liz? – Porque o exame só diria isso, se eu não fosse o pai, o Laurent de qualquer forma precisaria fazer o exame também. Ou não...

– Leia você mesmo. – ele me entregou o papel e se sentou na cadeira mais próxima.

Eu li, reli, li de novo, mais uma vez e de novo e só então consegui encará-lo.

– O que isso quer dizer, Edward?

– Bom, acho que quer dizer que... – parei um minuto para respirar – Lembra quando discutimos aquela vez e você disse que eu era mimado e que só tinha a mania de querer tudo pra provar que eu podia? – Laurent apenas continuou me encarando, mas eu sabia que ele lembrava – Pois agora, ponto pra você. Dessa vez, você ganhou a partida e vai ficar com a garota.

Laurent olhou para a porta da cozinha que dava para a sala.

– Eu não sei o que fazer. – ele deixou a cabeça cair entre as mãos.

– Podemos nós dois conversar com a Liz, se você quiser. Ela é esperta, e te adora. Vai entender.

– E a Tanya?

– Podemos esperar até sexta, então. Contamos pra Tanya e depois para a Liz. – olhei de esguela para a porta também. Dava para ouvir as risadas dos três. – A Liz merece isso. Tenho certeza que se ela pudesse escolher, escolheria você. E acho que até a Tanya escolheria. Meu pai teria evitado muitos transtornos se tivesse aberto esse exame.

– Você não parece feliz com o resultado. – Laurent vasculhou meu olhar.

– Sinceramente? Acho que você tinha razão, eu não gosto mesmo de saber que perdi. Mas, você merecia ganhar essa partida mais do que eu. Foi um jogador muito melhor.

– Nós enganamos você, nós...

– Não. Tanya me enganou. Era ela quem devia ser honesta comigo. Você nunca foi com a minha cara mesmo...

– Não foi isso. – ele me interrompeu. – Não espero que você acredite, mas eu estava apenas seguindo meu coração e me lixando para as consequências. Eu me apaixonei pela Tanya e ainda sou apaixonado por ela. – ele olhou mais uma vez para a porta – E pela Liz. Sempre aceitei ficar em segundo lugar em relação a você quando se tratava delas.

– Mas agora isso não vai mais acontecer. – Peguei minha chave do carro, indicando que já estava de saída, mas fiquei parado olhando para o Laurent. – Você acha que também não pode ser o pai dela? – coloquei pra fora um medo que me perturbava agora.

Laurent deixou escapar uma risada. Passou a mão no cabelo e me olhou com um ar convencido.

– Eu não preciso fazer exame nenhum. Olhe para a Liz, Edward. Ela é a minha cara!

Um sentimento de inveja misturado a raiva se agitou dentro de mim. Cerrei o maxilar e contei até... Bem, nem me lembro até quanto. Mas consegui me controlar. Segui pelo corredor e quando parei na sala, Liz olhou para mim, depois para Laurent. Que criança danada de esperta. Laurent abriu um sorriso tão largo e sincero para ela, que achei que ele tivesse esquecido que eu ainda estava ali. Na mesma hora, como se ele tivesse apertado um botão nela, ela sorriu de volta. O mesmo sorriso. Olhei dele para ela e dela para ele. Exatamente o mesmo sorriso”.

– Comprei as passagens de volta para Nova Iorque naquele mesmo dia. Comprei um voo só de vinda, na segunda-feira. Assim, tive o final de semana para me despedir decentemente da minha família.

– E como foi a conversa com a Tanya?

– Meu pai quis conversar com a Tanya sozinho. Ele já sabia do resultado do exame e foi ele mesmo quem contou a ela. Quando ela saiu da biblioteca, parecia um pouco desnorteada, mas nenhuma sombra de que choraria, por exemplo. Sentamos eu, meus pais, Tanya e Laurent para conversar com a Liz.

– E como ela recebeu a notícia?

– Como? Sem nenhuma cerimônia, ela atravessou a sala e se jogou no colo do Laurent. Depois, ela passou o fim de semana um “amor” comigo. Me chamando de tio Edward e o Laurent de pai. Acredita que ela chegou a dizer “eu sempre quis que você fosse meu pai” para o Laurent, na frente de todo mundo?

– Ela é uma criança, Edward. Uma criança muito esperta, mas uma criança. O Laurent era o pai que ela conhecia. Ela já o amava como tal.

– Acho que quem ganhou foi ela. Talvez até eles fiquem juntos.

– Laurent e Tanya?

– É.

– Se for para que sejam felizes como nós...

– Como nós? – Edward perguntou forçando uma indignação. – Impossível! – ele levantou Isabella da cadeira e a abraçou rodopiando com ela suspensa em seus braços. – Ninguém nesse mundo vai conseguir ser feliz nem igual e muito menos mais que nós dois, minha nerd ET.

– Hum. – Isabella roçou a ponta do nariz no dele. – prefiro quando você diz “mocinha” – ela disse em português e Edward sorriu.

– Tudo bem, mocinha! – ele deu um beijo casto nela, se desvencilhou para pegar a bolsa na cadeira e pegando em sua mão, começou a puxá-la em direção ao carro. – Agora vamos, porque estou louco para contar a novidade pra todo mundo!

– Está bem, está bem! Mas no caminho então, você me conta como foi toda essa armação com a Jane.

– Ah, não. Se eu contar, ela me mata. Vou deixar essa história para ela. Afinal, ela merece!


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