SEM RÓTULOS - welcome to my world escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 30
Four weeks


Notas iniciais do capítulo

Dia 19/10/2002 - Sábado.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/506769/chapter/30

– Mãe! Anda logo! Vamos chegar atrasadas!

– Calma! Já estou indo! – Renée conferiu se estava tudo dentro da bolsa e saiu do quarto em direção à sala. Isabella estava uma pilha de nervos.

Renée foi para o carro com a filha ouvindo atentamente todas as frases descoordenadas que ela falava. Estava exercitando sua paciência já que ela sabia que hoje seria um dia cheio de fortes emoções. Era a final do campeonato de Mike. Isabella foi convidada praticamente no último minuto. As pessoas não compravam ingresso para essa final, mas cada time, tinha uma carreira de lugares especiais na arquibancada para pessoas que eles quisessem convidar. Como uma formatura. Deveriam enviar convites nominais com a numeração da cadeira e tudo.

Hoje completava 26 dias que Mike estava morando com a tia paterna. Quase um mês sem que elas o vissem e sem nenhum contato direto, nem por telefone. O avô, juntamente com sua esposa, Dolores, também foram convidados. E . Jane ficou de ir com o noivo, mas sentariam na arquibancada normal. Jacob fez questão de ir o mais cedo possível para tentar pegar um lugar pelo menos próximo onde Isabella se sentaria.

Quando Isabella estacionou o carro na rua da The Selection, ela ficou parada, olhando para a frente, com as mãos no volante e o carro desligado.

– O que foi? – Renée perguntou já adivinhando o que seria.

Isabella piscou e largou o volante se recostando no banco.

– Nada. – suspirou.

– Esse “nada” tem nome e sobrenome. Se chama treinador Edward... Como é mesmo o sobrenome dele?

– Cullen.

Renée sorriu.

– Vamos, minha filha. E limpe sua mente e seu coração. O que tiver de ser, será. Deixe que as coisas aconteçam naturalmente. Como sempre foi. – ela piscou para a filha e colocou a mão para abrir a porta do carro.

– Mamãe? – Isabella segurou o braço esquerdo da mãe. – Mas e se... – ela mordeu os lábios – E se ele estiver com ela? E se ele não quiser falar comigo? E se...

– Ei! – Renée colocou a mão no rosto de Isabella – Edward, Mike... – Renée suspirou – Os dois tiveram tempo suficiente para resolverem suas questões. Hoje pode ser mais do que a final de um campeonato escolar, hoje pode ser o final ou o começo de muitas outras coisas. E se não for, é porque não era pra ser. Agora erga essa cabeça, estufe o peito e vamos logo com isso ou chegaremos atrasadas! – Renée deu um tapinha no rosto de Isabella fazendo-a piscar e mais que depressa saiu do carro.

Isabella mordeu o lábio inferior, ainda titubeando. Depois balançou a cabeça e saiu do carro tentando imitar a postura corajosa de sua mãe. O céu estava limpo, o sol brilhante e Isabella se pegou pensando no Rio de Janeiro. Aquele calor infernal. Como os Brasileiros podiam aguentar um calor de mais de 80 graus de °F, praticamente o ano todo? Eles eram, como Mike dizia, “guerreiros”, mesmo.

Isabella fez uma pequena prece silenciosa antes de entrar na The Selection e atravessou os portões com o pé direito. A entrada era pelos fundos, onde já se saía direto no campo de futebol. Estava lotado. Ela podia reconhecer algumas pessoas do colégio do Mike, professores e até colegas de classe. Ela olhou ao redor e notou que fizeram uma pequena reforma no lugar e estava ainda mais parecido com um estádio profissional. O coração de Isabella dava pequenos pulos e ela colocou a mão sobre o peito como se isso fosse acalmá-lo. Mas ela sabia que era inútil.

– Ali. – Renée apontou o local onde elas se sentariam, e para constatar o que elas já imaginavam, Karen e Afton, tios de Mike, já estavam acomodados. Afton vestia uma camisa da seleção brasileira e parecia bem à vontade. Karen olhava para os lados e parecia apreensiva.

– Ah! Aqui estão vocês!

Phil apareceu por trás delas e foi logo dando um abraço em Renée e depois em Isabella. Dolores também as abraçou sorridente.

– Nossa, você está ótimo, Phil. – Isabella falou e deu um sorriso sem jeito. Como ele poderia estar assim todo viçoso depois de quase um mês sem ver o neto?

– Já ouviu falar em “dose cavalar” de vida? – Isabella balançou a cabeça negando, Phil sorriu. – É quando você está quase morrendo, sem forças, sem esperanças e de repente alguém vem e te dá uma injeção de vida. – Isabella franziu o cenho. – Eu acabei de falar com o nosso menino. Fiquei esperando por ele na porta do vestiário. – o coração de Isabella deu outro pulo. – E enquanto eu ainda pensava em como agir, no que falar, ele largou a mochila no chão e veio correndo se atirando nos meus braços! – os olhos de Phil se encheram de lágrimas. Ele sorria, radiante.

– Foi emocionante! – Dolores juntou as mãos – Até eu ganhei um abraço! – ela sorria.

Lágrimas escorreram dos olhos de Renée e Isabella, ao invés de esperança, amargou uma pitada vergonhosa de inveja. Ela duvidava que ele fosse fazer o mesmo com ela. Afinal, ele sempre foi recluso quanto a ela, a fase rebelde dele só melhorou durante a viagem para o Brasil, mas então, tudo desmoronou.

Um apito alto indicava que o jogo já estava para começar. Eles se aprumaram e foram em direção aos seus lugares. O jogo seria televisionado por uma colaboradora da ESPN que divulgava e patrocinava os jogos estaduais. O locutor começou a cumprimentar as pessoas pelo alto falante e todos começaram uma agitação animada para logo se sentarem em seus lugares. Havia vendas de pipoca, cachorro-quente, refrigerante, tudo de primeira linha. Isabella sorriu e imaginou Edward organizando aquilo tudo. Ficou orgulhosa por ele. Quem diria que... Não, não, não, dona Isabella. Sem rótulos.

– Olá, Isabella. – Karen se levantou assim que eles se aproximaram.

– Olá. Como vai? – Isabella apertou a mão que ela estendia.

– Bem, obrigada. E você? – Karen parecia verdadeiramente interessada.

– Bem. – Isabella deu um sorriso selado e cumprimentou também ao marido de Karen que esticava a mão e sorria.

Todos se cumprimentaram como se nada tivesse acontecido. Como se Isabella não tivesse passado as últimas semanas mais torturantes de sua vida. Ela respirou fundo e decidiu que encararia essa, mais essa, pelo Mike.

As seis cadeiras estavam alinhadas uma ao lado da outra. Sentaram-se: Renée, Isabella, Karen, Afton, Phil e Dolores, nesta ordem. Isabella se ajeitou na cadeira e se pegou pensando se teria sido Mike a escolher os assentos de cada um.

Isabella logo avistou Jacob, um pouco distante, ele acenou e fez um gesto de que não poderia sair dali ou perderia o lugar. Ela sorriu, mostrando que entendia, mas bem que este era um momento em que ela queria que ele estivesse ali ao lado dela para que ela pudesse se apoiar. Jane já tinha mandado uma mensagem para seu BlackBerry, dizendo que Aro havia ficado preso esperando a entrega dos móveis, na casa nova deles, mas que ela iria. Mesmo que se atrasasse.

Sua mãe estava com uma expressão indecifrável. Parecia procurar por alguém. Olhava o tempo todo para os lados, para trás, para a entrada. Às vezes, até levantava os óculos de sol para ver se enxergava melhor.

– Procurando alguém, mamãe? – Isabella perguntou intrigada.

Renée sorriu, como se tivesse se assustado.

– Não. – recolocou os óculos e ficou olhando na direção do campo.

Isabella cerrou os olhos, mas não ia adiantar, ela não falaria mais nada.

Foi quando uma voz altamente conhecida e imponente, anunciou no microfone que os times iriam entrar. O coração de Isabella parecia uma escola de samba, uma daquelas que Mike a fizera assistir em Fevereiro, pela TV. O tão famoso Carnaval do Rio e todas as baterias das escolas de samba, perderiam de 1000 a zero para o coração de Isabella neste momento, somente de ouvir a voz de Edward.

Ela virou o rosto para o lugar mais provável dele estar, uma espécie de torre de transmissão, onde o pessoal da TV estava com as câmeras e fios para todos os lados. Ela olhou bem, apertando o elástico do rabo de cavalo como se fosse um ato de rebeldia, mas não conseguiu vê-lo. Seu estômago se revirou e ela abaixou a cabeça, entrelaçando os dedos no colo. “Não é uma boa hora e nem lugar para vomitar, mocinha”. – pensou.

Os times entraram e a arquibancada explodiu. Aplausos, gritos e apitos. Uma festa. Isabella podia jurar que perder ou ganhar era o que menos importava para os familiares e amigos que ali estavam. Os meninos pararam em forma para a execução do hino de cada distrito e depois para o hino dos Estados Unidos. Mike estava lindo. Radiante. Parecia ter crescido metros de altura. O cabelo um pouco mais comprido, umas pontinhas caíam na testa e ele balançava a cabeça. Isabella e Renée deram as mãos e deixaram as lágrimas rolarem por baixo dos óculos de sol.

Durante a partida, Isabella se permitiu esquecer todos os problemas. Esqueceu até que Edward estava por ali. O fato de não tê-lo visto ajudou. Ela gritou, pulou, vaiou, aplaudiu, torceu, fez até a “ôla”. O time da casa terminou o primeiro tempo perdendo de 2 a zero. Mesmo de longe ela via como Mike levava isso a sério. Ele tinha uma expressão determinada, falava com os colegas como um verdadeiro capitão de time.

O segundo tempo foi a revanche. O time da casa abriu o placar com um gol de Mike e Isabella, junto com a torcida, foi ao delírio. Eles empataram e no finalzinho do segundo tempo, Mike fez o segundo gol dele no jogo: O gol da vitória. Quando o juiz encerrou o jogo, Isabella deu um abraço apertado na mãe e elas ficaram abraçadas, pulando e rindo. Ela se virou para Karen e resolveu sorrir para ela. Durante o jogo, ela não se dirigiu a Karen. Sempre que queria fazer um comentário, falava com a mãe. Os únicos que engataram numa conversa animada foram Afton e Phil. Isabella percebeu que o marido de Karen falava muito bem o inglês e eles pareciam ter se dado muito bem.

Os times saíram do campo acenando para as torcidas e logo voltariam para a entrega dos troféus. Uma música alegre começou e todos foram tomando seus lugares. Quando Isabella resolveu prestar atenção à musica, percebeu que era brasileira. Parecia uma balada sertaneja como a que Emmett cantou no dia da festa. No dia em que...

– Bella! – Renée gritou levantando-se rápido da cadeira, juntamente com Karen, quando Isabella vomitou quase nos pés delas.

– Desculpem. – ela falou, limpando a boca com um lenço que Phil lhe entregava. – Acho que foi alguma coisa que eu comi. Não me sinto bem desde ontem. – Ela pensou que na verdade não se sentia bem há alguns dias, mas resolveu não piorar as coisas.

– Meu Deus, minha filha! – Renée ficou examinando o rosto da filha – Você está bem, mesmo? Até agora pouco estava toda serelepe torcendo!

– Estou bem, mãe. Agora vou ficar melhor. Provavelmente coloquei pra fora o que me fazia mal. – ela tentou sorrir.

– Vamos. Podemos nos sentar ali do outro lado. – Karen falou e apontou, mas Isabella não estava prestando atenção, sua cabeça rodava.

Foram todos levando suas cadeiras para o lugar que Karen apontara e sentaram-se na mesma ordem de antes. Phil comprou uma Sprite para Isabella e ela parecia se sentir melhor. Jacob viu que eles se locomoviam e logo foi até eles.

– Tudo bem com você, Bella?

– Tudo, Jacob. – ela sorriu.

– Olha, agora que já acabou, vou pegar uma cadeira e sentar aqui com vocês, ok?

– Ótimo, faça isso, sim. – Isabella agradeceu.

Isabella pegou o BlackBerry na bolsa e começou a vasculhar para ver se havia alguma mensagem de Jane. Atrasada é uma coisa, não aparecer é outra, completamente diferente! – Isabella já pensava em muitas maneiras de brigar com a amiga.

– Oi, você está bem? – alguém perguntou com muita preocupação na voz.

Aquela voz... Aquele sotaque... Isabella levantou a cabeça devagar e agradeceu por seus óculos de sol esconderem o provável espanto e desejo em seus olhos.

– Oi. – foi o que ela conseguiu dizer.

Edward soltou a respiração que nem ele tinha se dado conta que prendia e sorriu para ela. Passou a mão na cabeça e olhando para as pessoas próximas, cumprimentou a todos.

– Eu vi que você estava... vomitando? – ele fez um gesto com o polegar indicando o lado onde eles estavam sentados antes. Ao dizer isso ele se lembrou do sonho que tivera no último sábado.

– Sim, mas eu comi algo estragado e agora vou ficar bem. Botei tudo pra fora. – Isabella forçou um sorriso amarelo. Droga! Quero me enfiar no primeiro buraco! Onde aperta pra eu sumir! – pensou.

– Hum. – foi o que ele respondeu.

– Treinador, Edward! – Phil apareceu quebrando o momento constrangedor. – Quero parabenizá-lo pelo evento. Excelentes acomodações, belo jogo!

– Isso provavelmente aumentará a procura por sua escolinha. – Afton se meteu na conversa.

Edward sorriu, como quem dizia “A ideia era essa”. Os três acabaram se juntando mais para a lateral e ficaram conversando, deixando Isabella de fora da conversa. Ela voltou a olhar o visor do celular, mas nada via. Nem ouvia. Sua mãe precisou sacudi-la para que ela olhasse para ela.

– Erga a cabeça. E preste atenção, os meninos estão voltando para a entrega das medalhas.

Isabella suspirou, deu mais uma olhadela para Edward, o que a fez ver que ele a olhava de volta e ele não desviou o olhar. Empinando o nariz, ela voltou sua atenção para o campo. Havia um tablado e algumas pessoas se posicionavam para a premiação.

– Não saiam daqui. Fiquem até o final – Edward falou para todos, ao terminar a conversa, mas seus olhos eram de Isabella. Depois saiu em direção ao tablado.

– Desculpa a demora! Encontrei um antigo colega e... – Jacob virou para ver o que Isabella tanto olhava além dele. Quando deu de cara com o treinador Edward, sorrindo e cumprimentando os meninos, fechou a cara. – Bella? – chamou mais alto.

– Ã? Ah, oi, Jake. – ela sorriu e ajeitou os óculos. – O que disse?

– Deixa pra lá. – ele deu a volta arrastando a cadeira e sentou-se bem atrás de Isabella.

Eleazar foi quem deu as primeiras palavras, apresentou Edward, o qual acenou e Isabella ouviu alguns gritinhos como “gostoso” e “lindo” vindo da arquibancada, depois passou para uma mulher que Isabella nunca vira antes a qual foi uma espécie de cerimonialista.

O time que ficou em segundo lugar, recebeu as medalhas primeiro. Medalhas de prata e um troféu igual ao que iria receber o primeiro lugar, só que menor. Eles tiveram uma “madrinha” para entregar o troféu ao capitão do time. Parecia ser a diretora do colégio deles. Já o time vencedor, tinha direito de uma “madrinha” ou “padrinho”, para cada medalha, e o troféu seria entregue por Edward.

Apesar de não ter um espelho para se ver, Isabella sabia que deveria estar ficando verde. Primeiro, porque estava novamente com ânsia de vômito e estava fazendo de tudo para se segurar. Segundo, porque seu estômago revirava só de pensar em ver Karen ou Afton entregando a medalha a Mike. Seu ciúme egoísta quase realizou o pensamento de que seria melhor que o time dele tivesse perdido. E para seu tormento, o capitão do time seria o último a receber a medalha.

– Pare de mexer nesse celular. – Renée repreendeu a filha baixinho.

– Jane disse que acabou de chegar, está estacionando.

Isabella começou a pensar que essa seria uma desculpa perfeita para não ter que ver a hora da entrega da medalha de Mike. Mas sua mãe tomou o celular da mão dela.

A cerimonialista voltou ao seu papel para chamar o penúltimo jogador.

– Romeu Hopper. – o menino deu um passo à frente – Irá receber a medalha de sua namorada – todos colocaram a mão na boca prendendo o riso, a cerimonialista estava séria. – Julieta... – ela olhou o papel de novo. – Julieta? – os meninos se largaram e caíram no riso, inclusive Romeu, que explicou rapidamente que era uma piada interna dele e dos colegas. A “tal” Julieta, que deveria ter uns 14 anos, estava vermelha feito pimentão. A cerimonialista tossiu e deu um leve sorriso, terminando de chamar a menina. – Julieta Gruen.

A menina, fez como todos os outros, foi até Eleazar, que estava segurando as medalhas, pegou uma e colocou delicadamente no pescoço do namorado. Recebendo um inesperado beijo na boca de volta. Todos aplaudiram e riam. Isabella, para variar, estava emocionada. Quando Romeu voltou ao seu lugar, deu um tapinha nas costas de Mike e o olhar do garoto foi direto para Isabella. Isabella prendeu a respiração, mas sabia que ele não estava olhando para ela, não devia ser, estava olhando para sua tia Karen, ao lado dela. Isabella trocou seus óculos de sol pelos de grau, que estavam na bolsa, abaixou a cabeça e iria permanecer assim, para não ter que ver aquela premiação.

– Michael Newton... – a cerimonialista teve de dar uma pausa, pois todos os colegas dele gritaram “Mike!” e riram. Ela respirou fundo e sorriu. – Mike. – falou, e todos aplaudiram a brincadeira. – Capitão e artilheiro do campeonato, tem a palavra.

Tem a palavra? – Isabella não achou que tinha escutado direito. Levantou a cabeça e olhou para a frente, vendo o sobrinho pegar o microfone da cerimonialista.

– Bom dia a todos. A minha madrinha de hoje, e desculpem aqueles que achavam que seriam padrinhos... – todos riram – É uma pessoa que pude conviver e aprender com ela. Ela se tornou a pessoa mais especial na minha vida. E depois dessas últimas quatro semanas, eu descobri que não posso mais viver sem ela. – nesse momento, Isabella deixou o rosto cair entre as mãos, estava pouco se lixando o que iriam pensar, a dor começava a tomar conta de todo seu ser. Como isso era possível? COMO?, ela gritava dentro de si mesma. – E digo mais, acho que essa madrinha, eu poderia chamar até de mãe. Posso te chamar de mãe, Bella?

Isabella sentiu o mundo silenciar. Só voltou a si quando sentiu uma mão apertar a dela. Ela olhou por entre os dedos, era Karen. Isabella ergueu o olhar para ver o rosto dela. Karen tinha lágrimas borradas no rosto e mantinha um sorriso selado. “Você merece.” - Karen disse quase sem voz.

– Bella?

Isabella não sabe como, mas Edward estava ao seu lado esticando a mão para ela. Ele a ajudou a levantar e a conduziu até Eleazar. Pegou a medalha e colocou na mão dela. Isabella parecia um robô. Ainda não acreditava no que estava acontecendo, no que tinha ouvido.

– Vai lá, mocinha. Ele é todo seu. Sempre foi. – Edward fez um carinho no rosto dela que fez todo seu corpo aquecer.

Mike estava de volta à forma, apenas dois passos à frente dos colegas e olhava para ela ansioso. Como quando fazia besteira e esperava que ela brigasse com ele. Brigar com ele? Como poderia!

Isabella caminhou até ele, respirou fundo quando parou frente ao menino. Ele prendia um sorriso e seus olhos azuis brilharam mais que o céu.

– Parabéns, campeão. – ela achou forças para dizer. Colocou a medalha nele e antes mesmo de terminar de passar a fita pelo pescoço dele, Mike a agarrou abraçando-a forte pela cintura.

– Me perdoa, Bella, me perdoa, eu amo você, a vovó, o vovô, eu só fiquei confuso, eu.. eu.. me perdoa, eu...

– Ei! – Isabella se afastou um pouco do abraço para olhá-lo nos olhos. – Não há o que perdoar, querido, você tinha todo direito. Vamos conversar quando voltarmos a casa, está bem? – ela enxugou as lágrimas do rosto dele, ele sorriu e com o polegar, enxugou as dela também. – Agora é o seu momento, momento de comemoração! – ela sorriu e se ajeitou dando um beijo na testa de Mike antes dele ir correndo encontrar os colegas que já estavam próximos de Edward que segurava a taça e sorria olhando para Isabella.

Não vá embora”. – Isabella conseguiu entender o que Edward movimentou com os lábios a distância. Ela assentiu com a cabeça e voltou para seu lugar. Jane já tinha chegado e estava chorando. Jacob também parecia emocionado, mas estava contido, como se algo o estivesse incomodando. Renée conversava com Karen, Afton, Phil e Dolores um pouco afastada.

O troféu foi entregue e a comoção foi geral. Pessoas invadiram o campo. Abraços para todos os lados. Todos queriam tocar na taça. Um tumulto só. Isabella procurou, mas perdeu Edward de vista no meio da confusão.

– Isabella? – Karen se aproximou. – Quero muito conversar com você. Aliás, com vocês. – ela fez um gesto englobando a todos. – Essas semanas foram tão especiais. Para mim, para Afton e para o... – ela parou um instante e sorriu antes de falar. – E para o Mike. Você aceitaria almoçar conosco?

– Claro, Karen. Com toda certeza.

Isabella viu Mike já correndo para vir ao encontro deles e viu no olhar do sobrinho que ele esperava que todos se entendessem e que as coisas se ajeitassem, fossem quais “coisas” seriam essas. Isabella iria ouvi-los e eles também teriam de ouvi-la. Ela sabia que em matéria de culpa, ela e sua mãe eram as maiores culpadas. Mas algo dentro dela dizia que isso tudo seria esclarecido. “Dose de vida”. Era disso que ela precisava. Que todos precisavam.

***

– Jane?

Jane estava colocando a chave para abrir a porta do carro quando escutou alguém a chamando.

– Treinador? – Jane franziu o cenho vendo Edward correndo na direção dela.

– Oi. – ele falou ao alcançá-la. – Como vai? – Ele se inclinou e a surpreendeu dando-lhe dois beijos no rosto. Os dias que passara em casa, no Brasil, fizeram voltar alguns velhos hábitos de carioca.

– Bem... e você? – ela respondeu um pouco sem graça.

– Bem. – ele parou, um pouco inquieto. – Er... Você viu a Bella?

Jane entortou um pouco a boca antes de responder.

– Olha, treinador, ela já foi. Eu me demorei porque encontrei uma galerinha da época de colégio. Mas parece que todos eles iriam almoçar na casa dos tios do Mike.

– É. Eu sei. – Edward colocou as mãos no quadril. Parecia um pouco decepcionado. – A Karen disse que iria chamá-los. Eu sabia que não poderia conversar com ela agora, mas eu queria marcar alguma coisa, sei lá... – ele desviou os olhos para o chão. – Eu pedi a ela que me esperasse, mas parece que ela fugiu de novo.

Jane levantou uma sobrancelha.

– Ela não fugiu, não. Nem agora, nem antes. – Jane falou mostrando que estava a par de tudo que aconteceu no Brasil.

Edward a encarou.

– Tudo bem. Acertar as coisas sobre o Mike é a coisa mais importante agora.

– Pera aí! – Jane cruzou os braços – Foi você quem armou isso tudo?

– Não. – Edward deixou escapar um sorriso. – Eu conversei com o Mike no início da semana. Depois conversei com os tios dele. E no final, acabou que esse tempo com eles, serviu para que Karen passasse a respeitar Isabella. Ela ficou feliz em ver o quanto Bella e Renée fizeram bem a ele. Mike passava horas contando tudo como foi até hoje e como Bella se anulou por ele e tudo mais. Daí, nós combinamos tudo isso.

– Mas e se o time dele perdesse?

– A Bella seria a madrinha para entregar o troféu de segundo lugar. – Edward deu de ombros. – O discurso do Mike era maior, ele até escreveu. Mas acho que ficou meio nervoso e ansioso para ir logo para a parte final.

Jane sorriu e se recostou na porta do carro.

– Eu estava entrando quando o vi pegando o microfone. Ainda teria que procurar a Bella, então esperei para ver o que ele iria falar. Foi lindo.

– Eu também pensei em fazer algo, falar alguma coisa pra ela... Mas aí eu não quis expor ela desse jeito. O namorado dela estava aí e...

– Que namorado?! – Jane chegou a se afastar do carro, quase indignada.

– Ué, o cachorrinho Jacob. – Edward debochou.

– Mas o Jacob não é o namorado da Bella há muito tempo! Você sabe disso.

Edward ergueu as sobrancelhas.

– Não, não sei não. Eu não vejo Isabella há quase um mês. O celular dela só dá desligado e todas as vezes que eu liguei foi ele quem atendeu.

– Espera. Você ligou para a casa da Bella e o Jacob atendeu e disse que era o namorado dela? – Jane adivinhou.

– Foi.

Jane começou a sacudir a cabeça sem conseguir acreditar no que ouvia.

– Meu Deus, Bella vai matar o Jacob.

Edward começou a entender o que tinha acontecido e sentia seu sangue já começar a esquentar.

– Eu mato primeiro. – Ele passou a mão na cabeça. – Mas até no trabalho dela disseram “ela saiu daqui com o namorado”!

– Ele foi ajudar ela a pegar as coisas, no dia que ela foi mandada embora ficou muito agitada, eu fiquei de ir com ela, mas não pude, daí o Jacob foi.

– Disseram que foi ela que se demitiu.

– É, acho que no final foi isso mesmo. – Jane sorriu.

– Meu amigo Eleazar também os viu num jantar romântico semana passada...

– Não era um jantar romântico, nada! Era uma pizzaria! – Jane jogou as mãos para o alto. – Eu vi seu amigo, sabia que ele pensaria isso! – Jane olhou para Edward e viu seu semblante contrito. Seus olhos cor de amêndoa, estavam escuros. – E olha, ela perdeu o celular no aeroporto assim que voltou do Brasil. Está com um número novo e não conseguiu seu número.

– E nem ligaria para a casa dos meus pais. – Edward concluiu. – Jane, por favor, me dá o número dela? Por favor?

Jane ficou parada, o olhar no rosto de Edward, mas ele sabia que ela não o ouvia. Ela parecia pensativa.

– Jane? – Edward tentou mais uma vez – Talvez eu tenha perdido uma oportunidade de ouro hoje, me deixe tentar falar com ela, por favor? – ele estava quase implorando. – Jane? – chamou um pouco mais alto.

– Não. Eu não vou te dar o número dela. – Jane pousou o dedo indicador nos lábios. – Vou fazer melhor que isso. Aliás, vamos fazer. – ela olhou para Edward, e agora falava diretamente com ele. – Tem algum compromisso agora? – Edward balançou a cabeça negando, mas estava confuso. – Ótimo! Almoça comigo, treinador?

– O que está tramando?

Jane sorriu.

– Entra no carro. No caminho eu te conto. – ela girou as chaves no dedo e abriu a porta se sentando confiante ao volante.

Edward deu a volta, entrou no lado do carona e torceu para que Jane não fosse tão louca dirigindo quanto era conversando. Mas estava curioso demais para deixar o pânico falar mais alto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!