Isabella se sentou numa sombra e acenou para Mike que estava do outro lado do campo, o cabelo já molhado de suor e apesar de estar apenas um mormaço ela podia ver que os ombros branquelos dele já ficavam vermelhos. “Será que ele lembrou de passar o bloqueador solar?” – ela mordeu o lábio pensativa. Edward pareceu escutar seus pensamento lá do campo e se virou sorrindo abertamente para ela, ou dela.

Os homens fizeram dois times que se identificavam como: os com camisa e os sem camisa. Para alegria da “nação”, Edward estava nos “sem camisa”. Edward, Emmett, Mike e mais três “estranhos” compunham o time dos sem camisa, enquanto seu Carlisle, Tyler, Embry e mais outros três “estranhos” (vizinhos) formavam os “com camisa”.

Isabella percebia o quanto Emmett e Edward eram parecidos, provavelmente Emmett era uma versão mais velha do irmão, e com cabelo. Edward só era mais musculoso e tinha umas pernas... Ah, as pernas de Edward! Delineadas e rijas, em total sintonia com toda a extensão de seu corpo perfeito. A curva da coluna, os gominhos suaves no abdômen, e as entradas da pélvis que estavam um pouco mais à mostra nesse short largo de elástico.

– Admirando a paisagem?

Isabella deu um leve pulo no banco com a presença inesperada de Alice.

– Ah, oi... – Isabella sorriu colocando a mão no peito. – como ela falara em inglês, Isabella resolveu falar em sua língua também.

– O idiota do meu marid... EX-marido, era para estar ali também. Mas enfim. – Alice suspirou.

Isabella soube por Edward que a irmã dele estava separada há quase um ano, mas não sabia o motivo, nem ia perguntar.

– Homens. – Isabella brincou. Ajeitou os óculos e voltou a mirar o campo.

– De onde você surgiu?

– Como? – Isabella se virou rapidamente para olhar para Alice que a olhava com atenção.

– Eu sei que você não é a mulher do Edward. Pelo menos não a que ele se casou há cinco anos em Vegas. Ele não sabe, mas tenho amigos em Nova Iorque que conhecem a história dele. Mas pelo jeito que ele te olha, com certeza você não é uma qualquer. – Alice deu uma olhada para o campo no exato momento em que Edward dava um chute sem jeito na bola, olhando na direção delas. – Seja lá quem você for, eu gostaria de agradecer.

– Agradecer? – Isabella quase gaguejou.

– Sim. Pelo que fez com meu irmão. Ele jamais traria uma mulher aqui se ela não fosse especial. E ele jamais viria aqui se essa mulher não tivesse feito dele uma pessoa melhor.

Isabella franziu o cenho de leve e olhou para a direção que Alice olhava. Para o campo, para Edward, que disfarçava muito mal não estar prestando atenção nelas. Isabella sabia que não era ela a responsável por nada disso, e sim, se ele havia mudado, foi graças ao próprio esforço dele. Ela queria poder dizer isso, ela queria realmente saber do que se tratava. Mas o que ela sabia? Para ela, ele era apenas o Edward, o treinador “bonitão” do Mike. O cara que a tinha salvado em Indiana, que queria ficar com ela na boate, mas ficou com uma loira qualquer, o cara que parecia querer se desculpar, que ajudou uma estranha no avião e que tem medo de seu passado.

Isabella puxou o ar antes de falar.

– Ele é o treinador do meu sobrinho. Nós...

– Não precisa me contar nada, querida. – Alice colocou a mão sobre a de Isabella – Prefiro não saber para não estragar a história de vocês. – ela deu um sorriso conspirador. – Seja lá o que for, não o magoe, só de olhar para ele dá pra ver que ele gosta de você. Chega a ser constrangedor! – ela riu. Isabella sentiu o rosto queimar.

– Ah! Aqui estão vocês! – Rosalie surgiu de repente. – Vamos pôr a mesa do almoço, meninas!

Alice deu um tapinha na mão de Isabella e as duas se levantaram para seguir Rosalie. Isabella ainda deu uma olhada para o campo. Edward colocou a mão na testa como para enxergar melhor e Isabella entendeu quando ele perguntou “Okay?”. Ela deu um meio sorriso e assentiu de leve com a cabeça, seguindo as “cunhadas,” e não mais olhando para trás.

Todas as mulheres da casa se viram envolvidas na arrumação da mesa do almoço. A agitação e falatório eram tão intensos que Isabella nem viu a hora passar. E quando os homens começaram a aparecer, já de banho tomados, Isabella se sentiu uma desnaturada por nem se preocupar se Mike estava pronto.

– Aonde pensa que vai? – Edward perguntou segurando Isabella pelos braços, quando esta, trombou nele ao se virar rapidamente para entrar na sala de estar.

Ela piscou algumas vezes antes de conseguir erguer o olhar para ele.

– Vou ver como Mike está, eu...

– Ele está terminando de tomar banho. Acabei de conferir.

Isabella ajeitou os óculos e se recompôs.

– Ah, sim. Obrigada, então. Eu... – ela deu uma olhada para trás, pela larga porta de vidro podia-se ver as pessoas do lado de fora, a entrada da sala estava escura e ninguém parecia prestar atenção lá dentro. Isabella virou o rosto para Edward e seus olhos pararam na altura dos lábios dele. “Um beijo...” - Isabella começou a se lembrar do beijo dado naquela manhã.

– Você...? – Edward perguntou e parecia estar se divertindo com a distração dela.

Isabella tossiu para limpar a garganta voltando de seus pensamentos.

– Vou tomar um banho rápido também. – ela disse e se soltou das mãos dele indo em direção às escadas.

– Precisa de ajuda? – Edward perguntou erguendo uma sobrancelha e um sorriso torto brincava em seus lábios.

– Engraçadinho.

– Não vá demorar, mocinha! – ele piscou e saiu.

Isabella balançou a cabeça e subiu os degraus quase correndo.

O almoço foi animado, a mesa estava lotada de comidas variadas e todos comiam e conversavam completamente à vontade. Depois, retiraram a mesa para servirem as sobremesas e Isabella ficava tonta com tanta rapidez e eficiência por parte de dona Esme, com uma única empregada. Isso a fez lembrar-se de sua mãe, que tinha uma equipe para ajudá-la mas, sempre dizia que fazia tudo melhor quando estava sozinha.

“Preciso dar uma ligada para minha mãe.”

Isabella pediu licença e discando o número de sua mãe em seu celular, foi se distanciando da casa, mas nada de sinal. Voltou contornando a lateral da casa e encontrou Alice ainda na varanda ajudando a retirar os restos de louça da mesa.

– Não consigo sinal. – Isabella falou apontando para seu celular.

Alice olhou para o aparelho, ainda não tinha visto nada parecido, nem na televisão, parecia algo de última geração.

– Celulares não pegam por aqui, querida. – ela deu um sorriso complacente. – Mas há um telefone fixo na biblioteca, pode usar à vontade, temos um plano de interurbanos. – Alice piscou.

– Prometo que não vou me demorar.

– Quer que te acompanhe até lá?

– Não precisa, obrigada. Gravei bem o caminho para a biblioteca. – Isabella sorriu.