Pov. Terceira Pessoa

–Stiles?- A garota sussurrou no escuro do quarto, o celular pressionado contra o ouvido, ansiosa para ouvir a voz do garoto.
– Lydia...?- A voz do humano estava grave e grogue de sono. Ela o havia acordado.
– Desculpa ligar essa hora é só que...- A voz da menina falhou e ela permaneceu calada, encarando a cama sem saber como falar o que havia acontecido. Ela tinha medo que houvesse enlouquecido e que nada passasse de ilusões.
– Ei! Você andou chorando?- O humano perguntou mais alerta ao perceber a voz alterada da menina- Está tudo bem, não me importo que tenha ligado, só fica calma.
Os dois ficaram em silêncio por alguns instantes, as lágrimas quentes rolavam no rosto de Lydia e o garoto respeitava seu silêncio, apenas permaneceram calados escutando a respiração um do outro, enquanto Stiles esperava que a garota se acalmasse o suficiente para falar o que havia acontecido.
– Você quer que eu vá ai..?- O garoto perguntou após algum tempo de silêncio.
–Stiles...são quatro horas da manhã.
– Eu sei, mas fica tranquila é meu hobbie favorito acordar quatro horas da manhã para uma caminhada matinal na véspera de uma prova importante de química.
– Desculpa, olha não precisa...- A garota se interrompeu e bufou, era obvio que precisava falar com ele e ela sabia que apesar do garoto ter debochado da situação ele iria até a sua casa sem pestanejar se ela pedisse- Ah! Que se dane! Eu queria muito que você viesse.
–Ok! Chego ai em dez minutos.
Eles enceraram a ligação e o garoto foi direto para o chuveiro, tomando um banho rápido para espantar o sono, depois colocou uma rouba qualquer e preparou a sua mochila para se fosse direto da casa da garota para a escola.
Antes de sair, Stiles deixou um bilhete em cima da mesa avisando ao pai onde tinha ido e foi para o Jeep lutando contra o cansaço do dia anterior, após ter passado a manhã na clinica e ter ido a sorveteria com Lydia, o que acabou durando o dia todo, pois acabaram conversando mais do que o esperado e depois de certa insistência, convenceu a menina de jantar na sua casa.
Assim que Stiles estacionou o carro, Lydia abriu a porta de sua casa vestindo apenas um baby doll preto e fez um gesto com as mãos pedindo para ele fizesse silêncio. Eles subiram as escadas no escuro e o humano tropeçou diversas vezes, sem conseguir enxergar os degraus no escuro e a menina brigava silenciosamente com ele, pedindo silêncio.
– Desculpa O garoto sussurrou assim que chegaram no quarto da garota.
– Obrigada- Foi a resposta da Lydia ao se jogar em seus braços, ela apoiou a cabeça no peito do humano e envolveu seus braços a sua volta, suspirando ao sentir a mãos do garoto segurarem sua cintura.
A Banshee deixou as lágrimas escaparem, molhando a blusa do garoto, e para a surpresa de Stiles, ela não desfez o abraço como ele esperava. Eles continuaram abraçados por longos instantes e o garoto se sentia extremamente confortável em poder envolve-la e sentir seus corpos colados, o que causa choques elétricos que subiam por todo o seu corpo, mas, ele podia sentir o medo que Lydia sentia, seu corpo estava tenso e as lágrimas tímidas não paravam de rolar pelo seu rosto.
Stiles guiou a menina até a cama sem desfazer o abraço e se sentou ajeitando a menina de modo que ela deitasse confortavelmente sobre seu peito, seu braço a envolvendo enquanto fazia um carinho íntimo em seus cabelos sedosos. Ele sabia exatamente como reconfortar Lydia e não pode deixar de sorrir quando a garota soltou um suspiro de satisfação e se aninhou para mais perto dele.
– Então...O que aconteceu?-O humano finalmente perguntou ao sentir a garota mole em seus braços, estavam tão próximos que podia perceber que o coração da menina estava tão acelerado quanto o dele.
– E-eu ando tendo mais alucinações, pesadelos- Lydia sussurrou com a voz tremula, ela só não sabia se era por causa do medo ou pela proximidade do garoto- E as vozes sussurram quase a mesma toda noite: A escuridão se aproxima novamente, As trevas estão chegando.
– Foi isso que você ouviu Allison dizer na escola...- O garoto falou recordando do que a menina contou que havia visto naquele dia na escola e se lembrando de outras conversas em que ela contava seus pesadelos e as vozes que escutava a noite.
Somente Stiles sabia pelo o que a Banshee estava passando nos últimos dias, pois Lydia tinha receio de falar com qualquer outra pessoa as coisas que via e ouvia e isso sempre fazia com que o garoto se sentisse culpado por não compartilhar seus próprios pesadelos, mas ele não queria que ninguém se preocupasse com seus sofrimentos, ele só queria fazer com que a garota se sentisse bem e queria conseguir passar segurança para ela. Por isso, afastou seus pensamentos sombrios e se concentrou na garota fragilizada em seus braços.
– Hoje você sonhou com algo pior- O garoto concluiu lentamente e a menina concordou com a cabeça;
– Eu estava no meio de uma floresta vazia, era de manhã, tudo estava muito claro e eu me sentia completamente feliz, mas, de repente vi uma escuridão se aproximar, era como se a noite caminhasse lentamente na minha direção. Eu tentei correr pela floresta, mas a escuridão me cercou, era uma névoa negra que fazia com que tudo virasse um breu e ela finalmente me atingiu e eu não pude enxergar mais nada. - Lydia parou de falar por um instante, respirou fundo antes de continuar a falar- Eu não podia ver meu próprio corpo, a escuridão era muito densa e um desespero me invadiu, senti como se todos os piores momentos da minha vida estivessem acontecendo ao mesmo tempo, me sentia apavorada apesar de não saber o que tanto temia e havia uma sensação horrível que me atingia, alguém ia morrer, podia sentir isso, mas eu não conseguia entender quem e eu tinha certeza que estava sendo vigiada, algo me observava atentamente, mas estava muito escuro e eu chorava compulsivamente.
Nunca senti tanto medo na minha vida. Eu queria gritar, mas simplesmente não conseguia, estava sufocada, a escuridão me matava aos poucos, me fazendo reviver cada momento doloroso que eu já passei. E bem, depois de muito tempo eu consegui acordar, mas no exato momento em que abri os olhos comecei a escutar as vozes e elas eram muito fortes, pareciam preencher todo quarto e elas só sussurravam coisas incoerentes sobre noite e medo.
– Você acha que tem mais alguma coisa vindo nos atacar.- Stiles falou baixinho com receio que suas palavras fossem verdadeiras- Alguém mais vai morrer.- Não era uma pergunta, mas as palavras soaram inseguranças, com o medo que o invadia.
– Sim, algo sombrio está vindo e eu posso sentir a morte todas as vezes que fecho os olhos, só não consigo entender quem vai morrer, pois é muito difícil compreender as vozes A voz de Lydia era baixa e sombria e ela estremecia toda vez que pronunciava a palavra morte. Stiles a envolveu com mais força.
– Talvez...Seja alguém ruim que vai morrer- O garoto falou sem acreditar nas próprias palavras- E você tem alguma ideia do que é essa escuridão?
– Não, mas é algo muito poderoso. Quando a névoa me envolveu eu só conseguia sentir medo e tristeza, como se não houvesse esperança no mundo. Eu podia escutar Allison e Aiden gritando e ouvia a sua voz repetindo as palavras do Nogtisune Ela suspirou tremula antes de continuar- Na minha mente, podia ver Jackson repleto de sangue, sentia as mãos de Darach tentando me matar novamente e tinha o impulso de correr, pois tinha certeza que Peter estava me perseguindo, podia até mesmo sentir suas presas perfurando a minha pele novamente.
– Olha, acho melhor a gente pensar em outra coisa ok?- Stiles perguntou buscando o olhar da menina e ela concordou- Depois a gente se preocupa com isso.
O humano ficou calado por uns instantes tentando pensar em um assunto animador e sentiu que Lydia o observava, ele a encarou com curiosidade e corou ao ver os olhos verdes da garota analisando minunciosamente cada traço de seu rosto.
– O que foi?- Ele perguntou constrangido.
–Nada, é que nunca prestei muita atenção no quanto você é lindo- Lydia disse e sorriu tranquilamente vendo a surpresa e constrangimento do garoto, logo em seguida deixou suas pálpebras pesadas caírem e se ajeitou melhor na cama, afundando o rosto na curvatura do pescoço pálido do garoto.
Stiles estremeceu ao sentir o rosto da menina em seu pescoço e ela suspirou satisfeita por conseguir se sentir segura próxima ao garoto. Ela apenas queria dormir em seus braços.
Com um sorriso, Lydia decidiu provocar o garoto, ela roçou os lábios na pele sensível do humano e pode sentir ele se arrepiar completamente. Ainda com os olhos fechados ela deslizou a boca no pescoço de Stiles e começou a depositar diversos beijos carinhos e o humano estremecia em resposta toda vez que seus lábios grossos entravam em atrito com sua pele. A menina encontrou um lugar extremamente sensível nuca do garoto e querendo provoca-lo ainda mais, mordeu a sua pele e puxou com força. Stiles arfou surpreso e estremeceu, deixando a garota completamente satisfeita. A menina simplesmente relaxou o corpo e deixou o sono a dominar.

#Abertura#

Pov. Stiles
Demorei muito para conseguir dormir, fiquei apenas encarando o vazio, sem acreditar que Lydia estava dormindo tranquilamente nos meus braços, a respiração calma provocando arrepios na minha pele e o corpo pressionado contra o meu. Eu não conseguia entender o porque ela havia me provocado com beijos e com a mordida que latejava na minha nuca, mas não importava o motivo, eu me sentia completamente vivo como há muito tempo não me sentia. Minha respiração era irregular acompanhando os meus batimentos descompassados e minha mente estava repleta de pensamentos sobre Lydia, não conseguia me concentrar em nada que não fosse ela.
Lembrei da sensação de sentir seus lábios macios contra os meus, me trazendo de volta a vida quando estava tendo um ataque de pânico e meu corpo queimou de desejo, ansiando por mais de sua boca. Eu queria que ela ainda estivesse acordada distribuindo beijos e mordidas no meu pescoço, para poder desfrutar dos choques elétricos que ela provocava em mim. Não se ilida Stiles falei comigo mesmo e repreendi os meus pensamentos, pois eu sabia que Lydia nunca gostaria de mim, ela sempre deixou isso claro e não iria suportar perder a sua amizade, então não podia alimentar pensamentos que me iludissem e que poderiam fazer com que ela se afastasse de mim.
Eu preciso esquecer ela. Esse pensamento rondou a minha mente como algo impossível de ser feito, antes de finalmente cair no sono.

– Lydia? Já esta atra...Ah! Não sabia que tinha companhia
Demorei para raciocinar de quem era a voz que me acordou, até que abri os olhos confuso e encarei a senhora Martin que me observava curiosa e surpresa e só então, tomei consciência que havia dormido com a Lydia. Senti meu rosto perder a cor e abri a boca algumas vezes sem saber o que falar.
– Olá Stiles
– Oi- Falei com um sorriso constrangido e desejei que eu não tivesse começado a conversar tanto com a mãe de Lydia quando comecei a visita-la com frequência.
– Desculpa ter te acordado- Ela falou rapidamente antes de sair do quarto.
Lydia se remexeu na cama murmurando coisas incoerentes e seus olhos verdes se abriram de maneira sonolenta, encontrando o meu olhar constrangido. Ela abriu um sorriso exuberante, o rosto amassado ainda estava em meu peito e eu apenas a observei abobalhado. Tantas e tantas vezes eu já havia sonhado em acordar com ela do meu lado e agora podia a admirar, tão linda, com o corpo colado ao meu, uma de suas pernas entrelaçada as minhas e o rosto perigosamente próximo ao meu.
– Oi- Ela murmurou manhosa, se espreguiçando e piscando os olhos várias vezes tentando despertar.
– O-oi d-desculpa acabei dormindo aqui- Me xinguei mentalmente por ter gaguejado e Lydia me olhou divertida.
– Eu já estava querendo que você dormisse aqui, sem contar que meus pais gostam de você- Ela riu baixinho como se lembrasse de alguma coisa enquanto se levantava vagarosamente- Eles acham que você é uma boa influência para mim ou algo do tipo.
Tentei me ajeitar para levantar da cama, mas movi as pernas rápido demais, esquecendo que a perna da Lydia ainda estava enroscada na minha. Nossas pernas deram um nó quando ela tentou se levantar e pura estupidez joguei meu corpo para o lado, tentando sair da cama ao mesmo tempo que ela. Perdi o equilíbrio e antes que pudesse ter qualquer reação senti o impacto do meu rosto contra o chão, meu corpo tombou com um grande baque e escutei o grito assustado de Lydia antes de sentir seu corpo desabando sobre o meu.
Uma gargalhada rompeu de Lydia quando arfei sem fôlego ao sentir seu peso e acompanhei a risada, com o rosto ainda contra o chão, sentindo a menina se contorcer nas minhas costas. Ela rolou das minhas costas caindo no chão ao meu lado e me olhou ainda rindo enquanto eu me virava.
– Só você...- Ela falou entre as risadas e eu sentia o meu rosto corar ao mesmo tempo em que ria.
Nós ficamos por algum tempo deitados no chão rindo, sem nos importamos de nos atrasarmos , até acalmarmos nossa respiração e paramos de rir. Lydia continuou me encarando com intensidade e deu um longo suspiro.
– Eu preciso me arrumar- Ela disse com um tom triste- Maldita prova...e ah!- Ela abriu um sorriso imenso antes de falar- Obrigada novamente por ter vindo.
Não pude acreditar quando ela se aproximou vagarosamente de mim, deitando o corpo com delicadeza sobre o meu, seu hálito doce e quente banhava meu rosto, os olhos verdes me fitando com intensidade e... desejo, não podia ser real, eu devia estar apenas delirando por não conseguir respirar, mas podia jurar que seus olhos ardiam de desejo.
Seus lábios fartos se afundaram nos meus, seu hálito invadiu a minha boca e roubou meu ar, meu coração falhou por um instante pelo simples atristo de nossas bocas.
Eu esperava pelo momento que ela fosse separar sua boca da minha, mas para a minha surpresa seus lábios começaram a se mover bem lentamente, uma de suas mãos afundou no meu cabelo, enquanto a outra permaneceu no meu rosto. Minhas mãos tremiam de maneira constrangedora quando meus braços envolveram sua fina cintura, para desfrutar de seu corpo colado no meu e minha boca começou a corresponder com lentidão a massagem de seus lábios carnudos, que pareciam acariciar a minha boca com gentileza.
Lydia se afastou aos poucos, puxando meu lábio inferior até o limite, separando o rosto do meu com um suspiro desejoso. Ela abriu um meio sorriso tímido e se levantou indo em direção ao banheiro para se arrumar.
Só voltei a respirar quando escutei o barulho do chuveiro. Permaneci parado, extasiado, repassando cada segundo que havia passado, sem conseguir acreditar que ela havia me beijado