Lover Eternal - por Demetri Volturi escrita por Bia Kishi


Capítulo 27
Capítulo 27 - Pressentimentos


Notas iniciais do capítulo

Toquei sua pele macia e morna com a ponta dos meus dedos, escorregando em suas bochechas, onde um apequena lagrima nascia. Eu não sabia o que fazer, nem sabia o que dizer, mas eu sabia que ela podia compreender tudo em meu olhar. Minhas mãos desceram pela linha de seu pescoço, ombros e braços e mãos. Eu a puxei mais perto, a segurei entre meus braços, a aninhei em meu peito. Minha boca desceu suavemente em sua testa.
— Minha – eu sussurrei.
— Sempre – Satine respondeu.



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Aro se foi e eu permaneci ali, sentado no bordo da janela, olhando o infinito e acalmando meus fantasmas.

E se Satine me dissesse não? E se a futura líder do clã não me quisesse como companheiro? Eu simplesmente não conseguia lidar com isso.

-            Satisfeito, meu caro Demetri? – a voz enjoadamente sensual de Heidi se fez ouvir.

-           E porque não estaria Heidi, se tenho tudo com que sonhei.

Ela sentou-se ao meu lado e repousou a mão sobre minha coxa, subindo e descendo por cima da calça jeans.

-           Não acredito que aceite ser apenas a babá da princesinha pelo resto da eternidade. Não posso crer que o grande general Demetri Volturi deseja apenas isso – suas mãos acariciavam minha coxa e não se detiveram em minha virilha.

-           Não quer brincar um pouco general? Coisa de “gente grande”.

      Retirei a mão dela com um único puxão.

-           Como você mesma pode constatar Heidi, não exerce nenhum tipo de controle sobre minhas vontades. E não! Eu não desejo “brincar” de nada com você. Agora se me der licença, tenho coisas importantes para resolver, á respeito da mulher que amo.

Eu podia ver o ódio nos olhos de Heidi, e sabia bem o que isso significava – rechaçar uma mulher é um perigo mortal, especialmente uma mulher como Heidi.

-           Irá se arrepender disso General! Nem tem idéia de como ira se arrepender!

      Eu lhe dei as costas e sai – precisava voltar para a América.

Subi até o quarto que usava no castelo e liguei o chuveiro. Quando saí, Felix estava deitado em minha cama.

-           Vontade de me ver nu? – eu lhe provoquei.

-           Sabe como sinto saudades desse peito pálido! – Felix revidou.

            Eu sorri, enquanto vestia um jeans claro.

-           Agora por falar em tesão, quando vai procurar Satine?

-           Félix! Esqueceu-se de quem está falando?

-           Ah me desculpe Demetri, mas nós dois sabemos disso á muitos anos!

            Eu sorri e joguei a toalha molhada no rosto dele – Félix era assim mesmo, sempre sincero! Até quando não deveria.

-           Bem, acho que vamos pegar o mesmo avião – Felix continuou.

-           Vai á Forks?

-           Não. Vou a Seatle. Ao que parece deixamos arestas do caso “Riley” á serem completadas, Mestre Caius me pediu.

            Um arrepio frio subiu por minha espinha.

-           Não deve deixar Mestre Aro sozinho – eu pontuei.

-           Ele não estará. Renata estará com ele.

-           Felix, eu realmente acho que não deveríamos deixar Aro sozinho. Espere alguns dias e eu volto á Volterra, aí você pode partir sem problemas.

-           Eu disse isso á Caius, mas ele me disse que não pode esperar – ele fez uma pausa e andou até a janela – disse também que não podemos mais contar com você, que deste momento em diante não é mais da guarda. Disse que agora você é segurança particular de Satine.

            Engoli em seco – Caius jamais admitiria me ver ao lado de Satine.

-           Felix nós não deveríamos.

-           Não seja bobo! Rennie sabe bem o que fazer.

Eu não sabia o que dizer. Não queria alarma-lo sem razão. Além disso, Renata era muito poderosa, á mais poderosa de nós três – Aro estaria seguro com ela.

-           Vamos? – eu perguntei segurando a jaqueta de couro.

-           Vamos – Felix me respondeu.

Saí de Volterra com a sensação estranha de que deixava coisas demais para trás. Quando ligamos o motor do carro, uma empregada do castelo correu até nós.

-           Senhor! Senhor!

Abri o vidro e ela me entregou uma carta. Selada. O anel dos Volturi em cera vermelha selava o envelope – o que indicava que vinha de Aro. Apenas ele tinha o anel.

-           O mestre ordenou que entregasse á menina. Disse que era muito importante.

      Agradeci e guardei a carta no mesmo bolso em que levava o anel de noivado.

Quando cheguei a Forks, tudo que eu queria era encontrar minha menina. Tudo que eu queria era abraça-la e beija-la, não como antes, mas como sempre desejei.

      Aproximei-me do hotel e aspirei o ar com cuidado – algo estava errado.

Engoli o bolo de veneno que se fez em minha garganta de uma única vez, e abri a porta com toda a minha raiva.

            Tudo que eu queria era avançar naquele garoto e rasga-lo em tantos pedaços, que nem mesmo o Dr Carlisle conseguiria juntá-lo novamente. Meus olhos estavam vermelhos e isso nada tinha a ver com o sangue que eu havia consumido no caminho.

            Eu olhei do garoto para ela. Seus olhos amendoados estavam assustados e livres de culpa. O garoto era mais zombador, agindo como se pudesse lutar comigo. Eu queria mostrar a ele, eu queria apenas cinco minutos. Cinco minutos, e meus dentes fariam todo o trabalho.

-           Demetri não! – ela me implorava.

Seu corpo se arremessou de encontro ao meu, bloqueando o espaço entre eu e o pulguento arrogante. Suas mãos pequenas estavam em meu peito, detendo e acariciando com a mesma intensidade.

-           Demetri por favor, não – ela sussurrou.

      Sua voz era tão doce e melodiosa que acalmaria demônios. Olhei para o garoto – ele parecia sentir o mesmo. Algo na maneira como ele se movia ao redor dela, me fez entender que de agora em diante eu não seria o único á protege-la.

-           Eu poderia arrancar sua cabeça num único puxão – eu o adverti.

-            Poderia? Isso significa que não pode mais? – ele me provocou.

-           Não me provoque garoto insolente!

Satine virou-se de costas para mim, colando seu corpo quente no meu, e encarou o garoto. Ela não disse nada, mas eu pude ver que ele a compreendia – o garoto retrocedeu.

 

Olhei novamente nos olhos delas – eu não poderia. Por mais que não entendesse, por mais que não quisesse, eu não poderia magoa-la, ainda que isso significasse não machucar o garoto.

Eu a virei em minha direção, cuidadosamente, segurando-a pelos ombros. Meus olhos encontraram os seus.

-           Aro me permitiu – foi tudo que consegui dizer.

Satine não me respondeu. Seus olhos eram indecifráveis nos meus. Tudo passando como um flashback em minha memória – o mesmo olhar. O mesmo olhar que havia me feito cativo mais de um século atrás. Minha vampirinha.

Toquei sua pele macia e morna com a ponta dos meus dedos, escorregando em suas bochechas, onde um apequena lagrima nascia. Eu não sabia o que fazer, nem sabia o que dizer, mas eu sabia que ela podia compreender tudo em meu olhar. Minhas mãos desceram pela linha de seu pescoço, ombros e braços e mãos. Eu a puxei mais perto, a segurei entre meus braços, a aninhei em meu peito.  Minha boca desceu suavemente em sua testa.

-           Minha – eu sussurrei.

-           Sempre – Satine respondeu.

      E nesse momento a porta se fechou atrás do garoto.

Eu senti o corpo de Satine se retesar instantaneamente. Um suspiro profundo saiu de sua boca e ela deixou o rosto cair contra meu peito. Embora eu não pudesse ouvir, podia imaginar que ela sabia exatamente o que o garoto estava pensando.

      Eu a apertei mais forte.

***

            As palavras eram como musica em meus ouvidos. Uma musica que eu havia esperado quase um século para ouvir – eu não conseguia responder. As palavras estavam travadas em minha garganta.

            Demetri. Meu Demetri estava ali, parado em minha frente; as mãos estendidas para mim, mas desta vez, não era como sempre, era especial. Suas mãos estavam estendidas mostrando que seu coração não buscava mais restrições. Demetri era meu. Ele havia conseguido a resposta que procurava. A indulgência que necessitava. Nada mais nos separava. Nada. Exceto uma coisa – minha natureza.

            Por mais feliz que a noticia me deixasse, eu não conseguia ignorar o fato de que Jacob estava ali, o coração partido enquanto me via abraçar a criatura que mais odiava na vida. Por mais que eu não quisesse ouvir os pensamentos eram claros demais: “Bella”.

Eu estava repetindo tudo. Estava novamente deixando-o por um vampiro. Mais um sanguessuga estava em seu caminho.

“Ela está feliz. Ela está feliz!” – ele repetia para si mesmo. “Deixe-a! Apenas deixe-a!”.

Uma parte de mim queria só pular nos braços do homem que eu amava e enfim tê-lo. Outra parte simplesmente não conseguia ser feliz imaginando Jacob ali, parado, vendo a cena se repetir. Demetri me abraçou e Jacob se foi. Eu não disse nada, não sabia o que dizer, mas sabia que não podia deixa-lo. Simplesmente não podia.

-           Eu preciso ir – eu disse, ainda com o rosto enterrado no peito do meu general.

-           Eu sei – Demetri me respondeu.

Ele me conhecia á tanto tempo que eu não tive duvidas de que compreenderia, ainda assim, eu queria ter certeza.

-           Eu não sei explicar – eu continuei – não sei porque, mas sei que preciso de Jacob perto de mim. Sinto como se fossemos feitos da mesma matéria. Ele me faz entender o que acontece comigo.

-           Os tremores – Demetri pontuou.

-           Sim. Jacob sabe como para-los – levantei meus olhos e contemplei as íris vermelhas de Demetri – eu não quero me transformar em um monstro.

Ele me apertou mais forte.

-           E não vai.

-           Vai me esperar? – eu perguntei sorrindo.

-           Pela eternidade.

Deixei Demetri no quarto do hotel e corri o Maximo que pude em meio á floresta – eu poderia seguir Jacob em qualquer lugar que ele fosse, embora eu pudesse ter uma idéia de onde ele iria. Eu estava certa. Jacob estava lá. Na beira do abismo, olhando as ondas rebentarem na rocha – era onde iria também.

Aproximei-me com todo o cuidado, embora Jacob já soubesse que eu estava ali. Ele estava recostado em um tronco velho, jogando pedrinhas na água. Seu rosto bonito estava triste e suas bochechas marcadas. O short estava molhado, e seu cabelo respingava desalinhado. Jacob não falou comigo, mas eu podia ler seus pensamentos e podia sentir suas emoções.

-           Por favor não me deixe – eu sussurrei tão baixo que  ninguém mais poderia ter ouvido.

      “Você vai se tornar um deles. Vai se transformar em uma sanguessuga. Eu sei que vai”.

Jacob Black isso é o que eu sou. Eu sou tão igual á eles, quanto sou igual á você! Por favor não me faça escolher entre duas metades. Eu não posso negar o que sou. Não posso negar minha natureza” – eu comecei a chorar enquanto os pensamentos se formavam em minha mente.

Sentei-me no chão e escondi o rosto com as mãos – eu não podia mais controlar os sentimentos estranhos e misturados que se formavam em minha mente. Tudo havia mudado tanto, em tão pouco tempo. Eu não sabia mais quem eu era, nem sabia quem eu queria ser. Eu não podia deixar de sentir o que sentia e não podia apagar o passado, mas eu não queria que o futuro fosse uma escolha. Eu não sabia o que fazer.

Jacob se levantou e caminhou até mim. Dobrou os joelhos e acariciou meu cabelo suavemente, os olhos tristes e vazios.

-           Eu te amo – ele fez uma pausa e depositou um beijo em minha testa – mas não posso.

Enquanto Jacob, meu amigo, se afastava eu apenas chorei. Baixei minha cabeça e chorei como se o mundo fosse acabar, como se nada mais pudesse curar o buraco que ele havia aberto em meu peito.

 

 

 

 

 

 


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