Lover Eternal - por Demetri Volturi escrita por Bia Kishi


Capítulo 14
Capítulo 14 - Tentações em Volterra


Notas iniciais do capítulo

Onde vamos hoje, baby, não é lugar para alguém como você.
—     Novamente fingindo que eu ainda sou uma menininha – ela me circulou, olhando em meus olhos – achei que eu tivesse te mostrado que não sou, general.
—     Não se trata de ser ou não uma menininha, Satine. Trata-se de ser quem você é.
—     E quem eu sou, Demetri?
—     Satine Volturi. A filha de mestre Aro.
—     Resposta errada, general. Eu sou Satine, a garotinha sem passado, encontrada dentro de uma cesta. É isto que eu sou, embora você não queira ver.
—     Eu não vou discutir isso com você,baby. Não agora.
—     Você nunca faz Demetri, nunca discute. Nunca resolve.



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Naquela noite, eu não pude dormir. Por mais que meu corpo estivesse cansado e machucado da batalha, eu não podia deixar de pensar nela. Nela, e em tudo que ela havia me dito. Já não era fácil lutar contra meus próprios demônios. Lutar contra Satine então, seria muito pior. Um dia, era tudo que eu tinha, antes da viagem. Um dia inteiro, e nós estaríamos longe de Volterra.
Quando faltava pouco para o nascer da manhã, eu fui até seu quarto. Ela estava dormindo. Seu lindo rosto naquela cama lembrava-me um anjo, meu anjo. Eu me aproximei da cama. O lençol branco cobria apenas alguns pontos de sua delicada pele. Eu me aproximei mais, observando cada contorno seu. Ela estava ali, nua, ao alcance das minhas mãos. Senti que minhas presas se alargavam e elas não eram a única parte do meu corpo a reagir a ela. Eu me abaixei um pouco e a beijei na testa.
-     Minha menina, minha doce vampirinha – então eu sussurrei ainda mais baixo – eu te amo.
     Voltei para o subterrâneo e fiquei ali. A antiga adega era um dos poucos lugares onde eu me sentia em casa. Peguei o cavalete e comecei a criar um esboço dela. Com giz preto, eu desenhei, sombreando as curvas de suas costas, o desenho suave de seus quadris, imaginando o que o lençol ocultava. Quando o desenho estava quase pronto, eu ouvi passos suaves. Meu corpo inteiro agitou-se, porque eu sabia exatamente quem era. O aroma doce e picante inundava meu olfato.
     Cerrei meus punhos, enquanto esperava que ela se aproximasse.
-     Então, é para cá que você traz suas amantes? Ela me perguntou, ainda na porta.
-     Não seja boba.
     Satine caminhou para dentro do cômodo, diminuindo o espaço entre nós.
-     Diga-me Demetri, é aqui?
     Eu não respondi.
     As mãos quentes e suaves pousaram sobre meus ombros. Eu podia sentir o calor de sua ele, através do tecido da camiseta.
-     Por que você nunca me trouxe aqui?
-     Este lugar não é para você, baby.
     Virei de costas para o desenho, esperando que ela não o visse, não adiantou. Satine pegou o papel nas mãos, um brilho suave e malicioso em seus olhos.
-     Você foi ao meu quarto.
     Não era uma pergunta, mesmo assim, eu tinha que dizer alguma coisa.
-     Você não deveria dormir daquele jeito. Alguém poderia ter entrado lá.
     Satine sorriu, estreitando ainda mais o espaço entre nossos corpos.
-     Eu sabia exatamente quem me visitaria, general. E, sinceramente, esperei que você puxasse o lençol – Suas mãos se colocaram sobre meu peito, deslizando suavemente sobre a camiseta – não teve curiosidade, general?
     Eu ofeguei.
-     Não brinque comigo, menina!
     Ela se afastou de mim e andou delicadamente pelo cômodo. A pouca luz contribuía apenas para que sua pele parecesse ainda mais radiante. Era como se Satine tivesse luz própria. Eu a observei, desde o fino tornozelo até a curva dos joelhos, perdendo-se na barra do vestido floral. A cada respiração, eu podia perceber o desenho de seus seios sobre o tecido fino. Seu pescoço reluzia como se me chama-se, enquanto as ondas cor de chocolate de seus cabelos emolduravam seus olhos e seu sorriso. Linda! Absolutamente Irresistível.
     É a filha do mestre! É a filha do mestre! Eu obriguei minha mente a se concentrar em algo.
-     Mestre Aro deve estar procurando-a.
-     Talvez esteja.
     Ela estava novamente no alcance das minhas mãos.
-     Você deveria subir.
-     E você Demetri, deveria parar de fingir que não me deseja.
     Eu engoli em seco, quando suas mãos subiram até meu pescoço. Quando seus dedos brincaram com os cabelos em minha nuca. Quando sua boca tocou minha pele. Eu podia sentir cada célula do meu corpo agitando-se.
-     Faça comigo, Demetri. Faça comigo o que faz com as mulheres que traz aqui – sua boca tocava minha orelha, enquanto ela sussurrava – faça.
     Eu tentei me afastar, soltando-me de seus braços. Ela não se negou, embora eu pudesse ver a frustração em seus olhos.
-     Porque faz isso? Porque não pode me ver como eu sou?
     Ela segurou minha mão e colocou em seu corpo. Satine deslizou minhas mãos em seu corpo, desde a clavícula até os quadris. Eu não podia resistir, não podia fingir que não sentia. Quando meus dedos encontraram a curva suave de seus quadris, eu não me contive. Segurei sua carne com força e a puxei para mim. Com minha mão em sua coxa eu a segurei acima do chão, puxando-a para o parapeito da janela.
-     É isso que quer? Quer ser tratada como as mulheres que eu trago aqui? Quer ser como uma qualquer?
     Seus olhos encontraram os meus e eu podia ver a brasa do desejo no fundo deles. Ela queria realmente ser minha, queria realmente que eu a tratasse como mulher. Naquele momento, ela não queria ser uma princesa, ela queria ser minha, apenas minha. Eu não resisti. Eu puxei sua boca para minha, enquanto minhas mãos puxavam o vestido por cima de seus ombros. Sua pele quente sobre a minha novamente. Eu descobri que não tinha nada a ver com sangue, embora ele aumentasse assustadoramente meus desejos dela, eu a amava. Eu a amava muito mais do que deveria e eu a desejava, como nunca havia desejado ninguém nesses quase trezentos anos.
     Satine gemia contra meu pescoço, enquanto minha boca tocava cada centímetro de pele exposta entre seu sutiã e sua calcinha.
-     Eu te amo, Demetri. Eu te amo.
     As mãos trêmulas dela encontraram a barra da camiseta e ela deslizou por baixo, em minha pele.
-     Amor, assim eu não resisto – foram as únicas palavras compreensíveis que eu consegui deixar sair entre um gemido e outro.
-     Então não resista.
     Ela tirou minha camiseta e eu a puxei mais, enquanto suas mãos encontravam os botões da minha calça jeans.
     O som de passos me pôs alerta novamente. Eu olhei para ela e ela entendeu que deveria fazer silêncio. Um rosnado subiu por minha garganta.
     Eu me afastei cuidadosamente, e joguei o vestido para ela. Satine o vestiu, ajeitando o cabelo com os dedos.
-     Ah não! Não me diga que novamente eu atrapalhei? – o humor negro de Félix não me fez rir.
-     Pois é amigo, pelo que percebo, está se tornando repetitivo.
     Ele entrou na câmara rindo, enquanto se aproximava de Satine.
-     A docinho, seu defeito é a falta de bom gosto para homens.
     Satine sorriu, e o beijou a bochecha.
-     Não tem graça Félix!
     Ela levantou-se com graça e desenvoltura e caminhou suavemente para o meu lado. Satine passou as mãos em volta de mim, e descansou a cabeça em meu peito.
-     Além disso, Demetri é maravilhoso.
     Seus dedos deslizaram em meu rosto e ela me beijou.
-     Eu o amo.
     Eu sorri, acariciando seu cabelo. Félix caminhou para fora da câmara, ainda fazendo piada.
-     Ninguém é perfeito, docinho. Ninguém é perfeito!
     Voltamos para o castelo, nós três, lado a lado.
-     Onde estavam? – perguntou mestre Aro.
     Eu engoli em seco.
     Satine sorriu e colocou-se ao lado do mestre, beijando-lhe a mão.
-     Bom dia papa! Como passou a noite?
-     Bem bambina, muito bem. Agora diga, o que fazia com Félix e Demetri nos subterrâneos.
     Senti meu corpo congelar. Embora Aro não conseguisse ler a mente de Satine, eu temia que ela deixasse algo escapar de sua boca.
-     Eu acordei bem cedo, e fui procurá-los papa. Já que vou viajar com o general, achei que seria bom se treinasse um pouco de luta. Ninguém melhor que os dois para me ensinarem. Não acha?
     Ela lançou a Aro seu sorriso mais poderoso. O mais doce e mais quente brilho emanava de seus olhos.
-      Não gosto de vê-la entre soldados Satine, sabe disso.
     Suas mãos encontraram as do mestre. Ainda que ela estivesse tentando persuadi-lo, o carinho que sentia por ele era real.
-     Se vou ser sua sucessora, papa, não posso ser vulnerável. Preciso aprender a defender-me.
     Aro pensou por um momento.
-     Está certo, minha querida, tem razão. Vou pedir a Renata que treine com você.
     Eu sorri aliviado. Pelo menos ele havia escolhido Renata, o que era melhor que escolher a mim, ou pior, a Félix.
     Satine passou boa parte do dia, treinando com Renata. Observando as duas juntas, eu tive certeza de que, ao contrário do que o mestre pensava, não era a primeira vez que ela lutava. Durante um dos intervalos que Renata teve que fazer, Satine veio sentar-se ao meu lado.
-     Trapaceira! – eu a provoquei.
-     Eu? Imagine! O que o faz pensar isso de mim?
-     Não é primeira vez que luta.
-     Eu nunca disse que era.
     Félix parou ao lado dela.
-     Você deveria lutar com alguém mais forte – ele lhe disse.
-     Está se oferecendo, guerreiro? – ela o provocou.
     Félix levantou-se a puxou para o gramado. Eu fiquei observando. Não demorou muito para que ela o derrubasse – a cada luta, Satine parecia mais imbatível. Sua força e destreza eram impressionantes, especialmente para alguém tão pequeno e frágil. Félix estava no chão. Uma, duas, três vezes, até que ele desistiu.
     Eu me levantei.
-     Quero ver se é tão boa contra mim.
-     Ótimo! Desde que eu ganhe algo em troca.
     Eu parei bem em sua frente, olhando dentro de seus olhos.
-     Se me vencer baby, pode pedir o que quiser.
     Eu podia perceber o brilho do desejo em seus olhos novamente. Eu a tinha instigado.
     Satine tentou me pegar, eu desviei. Ela era mais forte que eu, sem dúvida, mas não era mais rápida. Além disso, os anos de batalha me ensinaram a ser frio e calculista, ela não era. Quando eu a prendia em meu olhar, ela se desligava de tudo. Eu a joguei no chão, deitando meu corpo sobre o dela. Ela tentou se mover, mas quanto mais ela se mexia, mais eu a apertava contra mim. Passei delicadamente minha boca em seu pescoço, aranhando a pele com a ponta dos meus dentes.
-     Acho que isto prova que não pode me vencer, certo baby?
     Ela virou-se, ficando sobre mim. Seu corpo estava completamente encaixado ao meu.
-     Acho que isto prova que somos iguais.
     Eu avirei novamente, deslizando a mão em sua coxa. Satine soltou um gemido e o seu corpo ficou mais frouxo. Eu sorri.
-     Baby, baby. Sempre tentando ser durona.
     Segurei seus pulsos com as minhas mãos. Ela estava imobilizada. Eu me levantei sorrindo e a ajudei a levantar-se também.
-     Como podem ver, foi uma luta justa.
     Ela pulou em minhas costas, derrubando-me novamente, nós rolamos pela grama em uma descida, até o muro do castelo. Félix e Renata permaneceram no gramado, acima de nós.
     De onde estávamos nas sombras de alguns arbustos, ninguém poderia nos ver. Satine sorriu, sentando-se sobre mim.
-     Não tão rápido general. Nossa batalha está apenas começando.
     Eu fiquei olhando em seus olhos, desejando que aquele momento não acabasse. Seu rosto era doce e sensual.
-     Eu venci Satine, você sabe disso.
-     Então eu vou lhe dar seu prêmio.
     Meu corpo agitou-se.
     Ela desceu a boca em minha pele, mordiscando meu pescoço, enquanto suas mãos se livravam da minha camiseta. Satine continuou o caminho com a boca e os dentes, sobre a pele do meu peito e barriga. Seu cabelo sedoso acariciando minha pele. Eu fechei meus olhos.
-     Ah, baby! Hum... Você me enlouquece. Sabe disso, não sabe?
     Ela sorriu junto á minha pele, dando-me arrepios.
-     É mesmo? – ela me perguntou.
-     Sim.
-     Ótimo!
-     Sabe que virão atrás de nós, não sabe?
-     Sim, eu sei. Na verdade, já estão quase aqui.
     Ela parou de repente e jogou a camiseta para mim. Félix e Renata chegaram em seguida.
-     Como podem ver, o general está no chão, o que significa que eu ganho.
     Félix soltou uma gargalhada.
-     Você sempre ganha, docinho!
-     Então, o que vai querer como prêmio? – eu olhei dentro dos seus olhos, ignorando qualquer um que estivesse próximo.
-     Você – ela me respondeu, sustentando meu olhar – mas isto é algo que quero saborear cuidadosamente, general. Eu não tenho pressa, temos a eternidade.
     Aquelas palavras rodaram em minha mente por tudo que restou do dia e pelo começo da noite. Se ela pudesse ao menos imaginar o quão perto eu estava de tomá-la em meus braços e reclamá-la como minha, ela não brincaria com fogo.
     Quando a noite caiu, eu decidi que precisava beber. Não vinho ou vodka, se bem isto seria interessante também, mas eu precisava beber do pescoço de alguém. Eu precisava sentir o sangue quente e fresco fluindo através de minha garganta para aliviar um pouco do desejo que eu sentia dela.     
     Fui até o quarto de Félix e fiquei esperando que ele terminasse de se vestir na porta.
-     Ande logo, Félix! Ninguém vai se casar esta noite, vamos apenas caçar.
     Félix saiu e me deu uma risada de deboche. Caminhamos lado a lado, até a sala principal. Pouco antes de sairmos, Satine apareceu.
-     Iam se divertir sem mim?
     Eu respondi antes de Félix, com medo da resposta dele.
-     Onde vamos hoje, baby, não é lugar para alguém como você.
-     Novamente fingindo que eu ainda sou uma menininha – ela me circulou, olhando em meus olhos – achei que eu tivesse te mostrado que não sou, general.
-     Não se trata de ser ou não uma menininha, Satine. Trata-se de ser quem você é.
-     E quem eu sou, Demetri?
-     Satine Volturi. A filha de mestre Aro.
-     Resposta errada, general. Eu sou Satine, a garotinha sem passado, encontrada dentro de uma cesta. É isto que eu sou, embora você não queira ver.
-     Eu não vou discutir isso com você,baby. Não agora.
-     Você nunca faz Demetri, nunca discute. Nunca resolve.
     Ela deu as costas para mim e eu sabia que estava chateada, eu podia sentir. Ainda que isso me magoasse, eu não podia voltar atrás. Mostrar a ela que ela me dominava seria meu maior erro. Eu continuei, sem olhar para traz.
     Félix e eu fomos até Florença. Havia muitos bares e casas noturnas, lugares em que um vampiro poderia andar livremente e escolher sua presa á vontade. Eu me sentei no bar e pedi uma vodka, enquanto observava a movimentação dos humanos. Por mais que eu procurasse, eu não encontraria quem eu realmente queria. Fechei meus olhos e aspirei o ar. Nada de convidativo, nada de especial.
     Félix estava em um canto, apalpando uma morena de cabelos encaracolados – eu sabia exatamente onde isso o levaria.
     Continue ali, sorvendo minha vodka e tentando encontrar algo interessante para brincar. Meus olhos rodaram o salão cuidadosamente. No canto, nas sombras, uma figura deteve meu olhar. Ela. Era ela. Eu engoli em seco, enquanto um arrepio percorria minha coluna. Que diabos aquela menina estava fazendo lá? Eu aspirei o cheiro de frutas e especiarias. Minha menina, minha menina estava lá.

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