The Reaper escrita por Yuna Aikawa


Capítulo 4
No Quarto




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/50638/chapter/4

 

                Comecei a ver coisas. Não sei, talvez eu estivesse ficando louco – o que me parecia normal para a situação – eu comecei a ver relógios digitais sobre a cabeça das pessoas, sempre em contagem regressiva. Via também a alma das pessoas saindo dos seus corpos quando o relógio chegava no zero.

                Era assim que a Morte via o mundo? Números e almas? Por que eu não podia ver o meu relógio no espelho? Ah, claro... Porque eu não ia morrer.

                A pior parte era ouvir a melodia da música todas as vezes que uma alma olhava desamparada para mim. Porra, o que é que um velho como eu poderia fazer por elas?

- Acolhê-las.

                Aquela voz. Deus, por que ela estava aqui? Só se passaram três anos desde o último encontro, então por quê?

- Eu posso ir e vir quando eu quero, rapaz. Vinha de dez em dez anos porque não achava necessário vir antes.

- E por que agora é?

- Tu só sabes perguntar “por quê?”? Porque agora tu estais pronto, já sabe o teu destino... Só falta aceitá-lo.

- Nunca!

- O aceite ou enlouqueça, tu escolhe.

- Por que eu? – Ainda não podia entender, não conseguia.

                Eu finalmente havia recuperado todo o dinheiro do carro, vivia bem em New York agora, trabalhava numa livraria bem simpática. Eu não era especial, eu comum.

- Não ouviste a música? Para um humano ser escolhido, a Morte deve apaixonar-se por este.

                Opa. Como é que é? A Besta? Apaixonada por mim? Isso é uma piada!?

- Não no sentido de Paixão humana, rapaz – Ela riu sob seu pesado capuz preto – Um tipo de amor materno, entende?

- Você é louca!

- E tu estais ficando louco.

- Saia agora do meu quarto! Sua da minha vida, Aberração!

- Tu sabes que não vai se livrar de mim tão facilmente. Antes eu precisava de uma morte perto de tu para aparecer, agora eu já posso invadir tua casa sem que sangue seja derramado. Não percebe, criança? Já estamos conectados.  Suicídio não é opção, ou tu aceitas logo, ou vai virar um velho moribundo de mais de 200 anos.

- Não há nenhum jeito de eu recusar isso!? Uma partida de pôquer, sei lá!

- Pôquer? Aquele jogo de cartas que alguns idiotas apostam a alma? Rapaz, isso não é nenhum filme, nem brincadeira para amadores. Não se pode mudar o destino. Aceite logo!

- O que acontece se eu apostar a alma nesses jogos?

- Esqueça, tua alma é minha. Eu o faria ganhar e depois recolher a alma dos perdedores.

- Me dê um tempo para pensar, Besta...

- Tem todo o tempo do mundo, Éric. Só para constar, meu nome é Rose.

                Legal, primeira a Coisa me obriga a aceitar um desisto filho da puta, depois ainda me diz que tem um nome e é um nome feminino?

- Quer saber, Rose... Cansei de você e da sua música infernal.

- O que quer dizer?

- Quero dizer que eu aceito.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aham, o próximo é o capítulo final