Simplesmente escrita por Kaline Bogard


Capítulo 4
Capítulo 04


Notas iniciais do capítulo

Não foi betado



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Simplesmente...
Kaline Bogard

Capítulo 04

No dia seguinte Stiles manteve a rotina diária, tão necessária para sua organização. Viu um SMS de seu pai no celular dizendo que sentia saudades, mensagem que o fez sorrir. Precisava tirar um dia para ver o velho.

Trocou o café extra forte por uma porção de flocos de milho com leite e açúcar. Antes de pegar suas coisas passou pela área de serviço e tentou ver se Isaac estava por lá. Precisava colocar um ponto final naquela situação antes que Derek e ele brigassem a toa outra vez!

O vizinho não estava por lá. Não teve escolha a não ser deixar para tentar falar com ele a noite.

Voltou para o quarto, colocou uma touca sobre os cabelos e ajeitou a mochila no ombro, saindo do apartamento e descobrindo uma pequena cesta de frutas à frente do seu apartamento. Às vezes a senhora Amber fazia essas surpresas às quais Stiles era grato. Entrou e guardou o presente, colocando uma maçã na mochila. Saiu novamente e deu de cara com Erica abraçada a Ali Baba e com um sorrisão suspeito nos lábios pintados de vermelho.

— Bom dia — a garota cumprimentou.

— Bom dia — Stiles respondeu trancando a porta, de costas para ela. Não queria brigar com a neta de Amber, e acabar parecendo ingrato.

— Vi que o seu bofe saiu daqui pisando duro ontem a noite. Brigaram...?

Stiles respirou fundo e ficou de frente para a vizinha.

— Isso não é da sua conta, Erica. Passe bem.

Afastou-se em direção às escadas, ignorando o elevador só para não ter que ficar esperando em presença da garota.

— Grosso! — ouviu a ofensa dita em um tom de voz risonho. Pegar no pé do garoto parecia a diversão de Erica.

E aquele foi apenas o começo de um dia ruim. O metrô estava lotado como sempre, e ele teve a leve sensação de que alguém passara-lhe a mão no traseiro!

Assim que chegou na faculdade recebeu um comunicado de que precisaria participar de uma reunião, o que foi bem desagradável: a insuportável da Argent tinha uns gráficos detalhados com as manutenções dos computadores da Administração. Ela acusava, indiretamente, Stiles de fazer um trabalho ruim.

Mas o chefe do rapaz, o coordenador dos cursos de Ciências da Computação e de Engenharia da Computação sabia de cor dados excelentes sobre os desempenhos de todas as máquinas dos demais cursos sob responsabilidade de sua equipe e insinuou que talvez os alunos da Administração não fossem bons o bastante com informática.

O resultado da reunião foi um clima danado de ruim. E Stiles desesperado para deixar a sala o quanto antes.

— Não entendo porque ela reclama — o chefe de Stiles meneou a cabeça enquanto voltavam para de coordenação — Nossos números são excelentes! Argent que desconte suas frustrações fora daqui.

E acalmou Stiles garantindo que ele fazia um ótimo trabalho e a faculdade não poderia estar mais satisfeita.

Apesar dos elogios o garoto sentiu um gosto amargo na boca e um aperto na garganta. Fora humilhante a forma como Kate Argent o acusara na frente dos demais Coordenadores. A intenção da mulher parecia ser a de levar o caso a reitoria, mas seus planos foram frustrados: ninguém concordava com ela.

— Sinto muito por...

— Não diga, rapaz. Não se desculpe. Você é um ótimo membro da equipe, saiba disso.

— Obrigado, senhor! — Stiles soou mais animado.

Então o homem foi cuidar das suas coisas e deixou Stilinski sozinho. Ainda não podia fazer nada quanto a lista de post-its, pois o reitor não autorizara a compra de maquinário novo. Então pegou o tablet e passou o resto da manhã trabalhando em seu artigo, o que lhe rendeu uma bela dor de cabeça graças à crescente dificuldade de ver as letras pequenas.

Na hora do almoço procurou por Scott, porém o amigo estava almoçando com a namorada. Temendo que a conversa acabasse desviando para a tia da jovem, Stiles comprou o almoço e escapou do refeitório lotado sem ter sido percebido, preferindo comer sozinho num dos bancos do pátio externo.

Quando voltou para o trabalho recebeu o aviso de que o reitor liberara a compra das peças para concerto dos PCs. Animado com a novidade Stiles passou boa parte da tarde pesquisando preços na Internet e enviou uma cotação ótima para o Coordenador, com os valores mais acessíveis em três lojas diferentes.

Orientou os estagiários sobre poucas rotinas da programação em C++, o que era um pouco chato, mas levou o resto da tarde. E assim acabou o expediente.

Não foi surpresa encontrar o namorado no estacionamento com uma das caras mais fechadas do mundo. Por mais emburrado que Derek estivesse, nunca deixaria Stiles ir embora sozinho.

— Olá, Sourwolf — o mais jovem cumprimentou testando o terreno. Usou o apelido que dera ao namorado quando se conheceram e Derek fazia parte de um clube de motoqueiros chamado “Night Wolf”.

— Olá — foi a resposta seca, depois do qual o homem entrou no Camaro e bateu a porta.

Stilinski apenas suspirou e imitou; sentando-se no lado do carona e travando o cinto. Desistiu de comentar como seu dia foi péssimo. Ao invés disso decidiu interiormente ter uma conversa muito séria com o vizinho.

Daquela vez Hale não quis entrar no apartamento. Deixou Stiles na porta do prédio e despediu-se com um “Até amanhã”, mais seco que o cumprimento no estacionamento da faculdade.

O garoto arrastou-se até o elevador. Felizmente não viu a vizinha inconveniente, muito menos o exército de gatos.

Deixou a mochila jogada no sofá e foi direto para a área pequena de serviços. O apartamento em frente estava fechado.

— Ótimo...

Decidiu guardar a mochila e ir assistir um pouco de TV. Mas assim que pos os pés na sala notou Ali Baba parado no meio do tapete, completamente imóvel, com seus olhos cravados em Stiles. A cauda gorda e peluda era a única coisa que se movia no animal.

— Mas o que...?! Como você entrou aqui, criatura!?!

A porta estava fechada e Stiles duvidava, sinceramente, que um felino tão acima do peso pudesse ter entrado pela sacada da área de serviço. Os dois se observaram por alguns segundos, até Ali Baba soltar um longo miado que arrepiou os pelinhos da nuca do dono do apartamento.

Silencioso, mas sem desviar os olhos do gato, Stiles foi até a porta e a abriu.

— Fora daqui — o menino disse. O bichano sequer piscou, para irritação de Stiles — Rápido!!

Ali Baba miou novamente e se levantou, saindo do apartamento em passos lentos e calculados, dando a impressão de estar extremamente ofendido por ter sido enxotado. Demorou o que pareceu séculos para cruzar o pequeno espaço até atravessar a porta.

— Santo Deus! — Stiles bateu a folha de madeira com força. Então ergueu os olhos para cima — Será que eu posso ter uma folga? O dia hoje ta difícil!!

Desistiu de ver televisão. Era melhor tomar um banho e relaxar. E foi o que fez. Entrou debaixo do chuveiro e deixou a água quente cair em seu corpo por um longo, longo tempo. Até as mãos ficarem enrugadas e a pele começar a arder. Para evitar relembrar as coisas ruins do dia cantarolou mentalmente suas músicas favoritas. Só então pegou o sabonte para ensaboar-se. Desistiu graças a pele sensibilizada pela temperatura da água.

Secou-se com cuidado e enfiou-se em um dos pijamas preferidos: azul celeste com várias nuvenzinhas brancas. Era o preferido de Derek também.

Foi espiar a área de trabalho. Havia luz no 2102-B! Animado, o garoto aproximou-se da sacada e debruçou-se, apoiando os braços na muretinha.

— ISAAC! — gritou e esperou.

Poucos minutos depois o loirinho apareceu no prédio a frente. Vinha só de boxer, com o corpo magro e firme a mostra. Imitou a pose do vizinho, debruçando-se na mureta.

— Boa noite!

Stiles emburrou. Ali estava a razão de uma parte importante dos seus problemas. Com tanta mulher desesperada por ali, por que o vizinho tarado tinha que ficar justamente na frente do seu apartamento?

— Cara, a gente precisa conversa...

— O que aconteceu? — Isaac soou inocente.

— Você! Você aconteceu, cara! Santo Deus... dá para parar de bancar o modelo de lingerie? Caso não tenha percebido meu namorado é um poço de ciúmes. Sim, ele é irracional. E sim, ele é infantil. Mas cada vez que você aparece de cueca na frente dele a gente briga! Suaviza aí, Isaac! O que aconteceu com a política da boa vizinhança?

O outro rapaz arregalou os olhos de leve diante do rompante.

— Respira Stiles. Eu não peguei o ponto — ele falou muito sério — O seu namorado é inseguro. E eu pago por isso?

Stiles abriu os lábios para rebater, mas não teve argumentos. Não tinha pensado nas coisas por aquele ângulo. Nunca passaria pela sua cabeça que Derek podia ser inseguro em alguma coisa. Principalmente no campo do amor e por causa de Stiles! Stiles, de todas as pessoas...

— Eu... quer dizer... Isaac, de vizinho para vizinho, cara — engasgou sem saber o que dizer.

O loirinho acabou sorrindo.

— Okay. Eu posso fazer isso, vou parar de andar a vontade aqui na área de serviço. Tudo bem? — ao ouvir aquilo Stiles abriu um sorriso enorme, que morreu ao ouvir a próxima palavra — Mas...

— Mas o quê? Eu faço qualquer coisa, cara!

Foi a vez de Isaac abrir um sorriso enorme e cheio de dentes. Um sorriso que arrepiou Stiles mais do que o miado de Ali Baba.

— Qualquer coisa...? — o loirinho inquiriu em um tom de voz muito suspeito.

Sem que pudesse controlar Stiles sentiu um calor subir por seu pescoço e seu rosto. Ele soube que estava corando. O coração disparou no peito e a boca ficou seca. Foi com muita dificuldade que encontrou sua voz para elaborar a terrível pergunta.

— Cara, o que é que você quer?

continua...


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Notas finais do capítulo

O que será que o Coelhinho da Playboy quer...? Curiosos? Palpites? Mas é um pedido para o qual Stiles não poderá dizer "não"...

Isaac... menino mau 8D



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