Meu destino é você escrita por Cecília Mellark


Capítulo 6
Capitulo 6


Notas iniciais do capítulo

Queridos, este capitulo revela como a Katniss perdeu o Peeta. Curiosos? Eu estou, então vamos descobrir! ;D



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No dia seguinte após a missa das 10 horas, Delly me chamou para ir com ela na cidade buscar a correspondência, nós tínhamos uma caixa postal lá, já que muitas vezes era difícil para o pobre carteiro chegar até o convento em dias de chuvas.

Fomos pelo caminho tagarelando sobre plantações, sobre as meninas, sobre o Natal que estava próximo, as férias, com Delly não faltava assunto. Mas eu percebi que ela estava inquieta, ansiosa. Só quando chegamos ao correios é que eu me toquei do que se tratava. Tinha uma carta de Haymitch para mim. Não era exatamente a época do ano que ele me escreveria. Quando abri e comecei a ler, senti todo o meu corpo congelar:

“Docinho,

Você sabe que há muitos anos não nos vemos. Eu gostaria de dizer que sinto muito por tudo. Estou muito doente. Meu desejo é ver você mais uma vez. Você sabe que já vivi muita coisa e que estou velho, tenho alguns conselhos para lhe dar antes de partir, como um pai faria. Como o seu pai faria se ele estivesse entre nós. Venha. Não demore.

Com carinho. Hay.”

Haymitch, muito doente? Como isso seria possível? Não, ele provavelmente está blefando. Delly saberia se fosse verdade, Effie nunca deixa de escrever, e lhe conta até mesmo sobre os gansos. Mas mesmo assim, suas palavras me faziam tremer, suar. Por um momento eu fiquei tão desnorteada, onde está Delly? Demorou alguns minutos para eu localiza-la, bastou que ela me olhasse para que viesse correndo na minha direção.

–Delly, Effie tem comentado alguma coisa sobre o Haymitch nas cartas para você? – Perguntei com a voz entregando meu desespero.

–Kat? Não é claro que não!! Como assim, o que você recebeu de Hay que deixou você neste estado?

Mostrei para ela a carta. Delly sempre foi muito sensata. Depois que eu contei pra ele minha teoria de que Hay poderia estar mentindo ela simplesmente me respondeu:

– Querida, existe a chance de ele estar doente, e não ter contado nada para Effie, você sabe como ele é. Realmente faz anos que você não o vê. Talvez seja um apelo para que você apareça. De qualquer forma, acho que você deveria ir até lá para conferir.

–Não Delly, eu não posso!! – lagrimas involuntárias já brotavam dos meus olhos, escorrendo quente pelas bochechas.

– Você não será capaz de esconder-se para toda a eternidade Katniss, hoje é o Hay quem precisa de você, amanhã poderá ser sua mãe ou sua irmã. Que, aliás, nem sequer sabem onde você está! Você acha mesmo que é justo deixar as pessoas que te amam e que se importam com você, sem ter noticias suas?

–Delly? – eu queria pedir para ela parar de me ferir, mas ela não pararia até expor toda sua opinião, então ela continuou vociferando sobre como eu estava fugindo da minha vida, escondida, deixando o mundo para trás, e causando sofrimento. Delly mantinha contato com toda minha família, inclusive com Peeta, mas ela me prometeu que nunca diria onde estou. Apenas Hay sabe. Eu suponho que se eu lhe perguntasse, ela me relataria como foi para cada um deles a descoberta do meu desaparecimento.

–Delly, por favor... – sim, foi uma súplica, porque de todas as pessoas no mundo. Delly é a única que pode abrir todas as minhas feridas.

Eu senti seus braços me abraçarem, me colocando de volta no banco do carro velho do orfanato. Como eu iria chegar lá neste estado? Eu já tive crises antes, geralmente eu estava sozinha com Delly, mas hoje, todos viram. Quando cheguei eu entrei pelos fundos, fui direto para o meu quarto, Delly que me acompanhava ao ver os rostos de indagação das outras irmãs, apenas movimentou a mão como se dissesse “Mais tarde”.

Assim eu me joguei na minha cama, de repente parecia que eu não dormia há dias, então depois de chorar até umedecer o travesseiro, eu deslizei para sonhar mais uma vez com o dia que eu perdi tudo.

Eu ainda sentia o cheiro do teatro vazio, meus passos ecoavam no palco de carvalho. Eu estava nervosa, suava, minha filha se agitava dentro de mim dando piruetas, eu sempre dizia a Peeta que ela com certeza seria uma grande bailarina. Minha barriga de quase 7 meses estava bem camuflada numa roupa larga. Cinna havia me vestido para a ocasião, ele me disse que quando os produtores vissem meu talento, a gravidez não seria um problema. Cinna, ele sempre acreditou em mim. Assim como Peeta.

Quando eu me posicionei para começar a cena, olhei rapidamente para os produtores que decidiriam minha chance na Companhia de Teatro Panem, encontrei os olhos de Snow. Ele não gostava de mim, eu sabia, eu sentia isso.

Eu comecei a cena que havia ensaiado, era um ato de um musical. Então dava para avaliar todo o meu talento, como atriz, como cantora, como dançarina.

Ao final da apresentação, ouvi um pequeno grupo de palmas, levantei do agradecimento para encontrar Peeta e Cinna, atrás dos produtores me olhando orgulhosos. Foi uma apresentação perfeita, eu usei todo meu talento, eu me dediquei naquilo, era meu sonho.

O porta voz da produção era Snow, e ele nem chegou a consultar seus colegas para cuspir as palavras para mim: “Bem, Srta. Everdeen, você realmente tem algum talento especial, Cinna certamente viu isso em você. O problema é que não aceitamos adolescente irresponsáveis em nosso elenco. Não podemos perder nem mesmo um mero figurante por causa de uma gravidez. Imagine só, perdemos por alguns meses, nossa estrela principal. Nossa resposta é não. Você arruinou seu futuro com este filho. Nem aqui e em nenhuma outra companhia você será aceita, carregando um bebe. Próximo!”

Eu tinha consciência da próxima candidata entrando no palco, eu comecei a me retirar devagar, entorpecida com as palavras que eu acabava de ouvir. Ele não estava errado. Eu mesma, no inicio da gravidez, não aceitava, quantas vezes naqueles últimos 6 meses eu havia brigado com Peeta, justamente por este motivo. A gravidez acabou com a minha vida. Ele estava esgotado de tentar me convencer do contrario. Eu quando comecei a sentir ela se mexer, me conformei um pouco. Cinna me incentivava, dizendo que hoje em dia, não tinha mais tanto preconceito.

Mas quando eu pisei no palco, eu estava no meu limite. No limite da paciência, com todos. No limite da minha própria compreensão e existência. Eu não sei se eram hormônios da gravidez demais. Só sei que sai correndo pelas ruas, eu tinha consciência de Peeta e Cinna me gritando. Então tomada de uma fúria repentina eu parei em frente a uma lanchonete, virei-me para encara-los. Cinna não tinha culpa, então eu o ignorei completamente e direcionei toda minha raiva para Peeta. “Você arruinou minha vida, acabou tudo. Eu não quero te ver, quando esta maldita criança nascer, você pode levar embora com você, porque eu não quero este bebe. Desde quando descobri que estava grávida só aconteceram coisas ruins para mim. Até mesmo meu amor por você, morreu. Acabou Peeta!”.

Eu disse isso e caminhei para a rua, olhei para trás uma única vez, para registrar seu rosto mudar de tristeza para dor, e vi sua boa formar um grito. Mas eu não ouvi ele gritar, eu só senti a pancada, senti-me voando por alguns segundos e fui arremessada para a escuridão total. Só minha cabeça latejava por alguns segundos, eu ouvia alguns gritos próximos, mas eu estava no escuro. No fim da minha vida. Como um ultimo pensamento bom, eu desejei que salvassem minha filha. Sim, Peeta seria um bom pai.

Vazio, eu viajei para o vazio. Lá eu via minha menina, loira como Peeta, com seus olhos azuis. Sua pele e seu cheiro. Era um pedaço dele para sempre. Uma tarde, minha bebe, sumiu do meu sonho. E eu abri os olhos encontrando um teto branco. Um hospital. Ótimo, minha filha nasceu pelo menos, e eu sobrevivi, eu poderei pedir perdão a Peeta e dizer que nada mais no mundo importa desde que eu esteja com ele e com nossa filha.

Eu fiquei ansiosa com o pensamento, e os aparelhos conectados em mim, apitaram revelando meu coração acelerado. Logo entrou uma enfermeira, verificou como eu estava, e disse que em breve eu sairia dali e iria para o quarto. Eu queria lhe perguntar sobre meu bebe, mas percebi que tinha um tubo na minha garganta que me impedia de falar. Logo que ela saiu, eu dormi novamente.

E finalmente quando acordei, estava sem o tubo, apenas um soro corria conectado no meu braço esquerdo. A primeira pessoa que entrou no meu quarto foi minha mãe e minha irmã, elas me abraçaram e me perguntaram como eu estava. Respondi, tentando me lembrar de alguma coisa importante que queria perguntar. Demorou alguns minutos, mas veio na minha memoria, a menina loira, de olhos azuis. Peeta. Minha filha. “Mãe, será que vão demorar me deixar ver minha filha. Peeta está com ela? Eu quero vê-los”.

As minhas palavras, fizeram minha mãe sair do quarto, eu poderia jurar que ela estava chorando. Então Prim, pegou na minha mão, me deu um beijo na testa e me disse:”Seja forte Kat. Peeta não está nada bem”. E ela se foi também antes que eu pudesse lhe perguntar porque ele estaria mal? Oh, eu imagino é claro, cuidado de um bebe, e da padaria. Peeta do jeito que é dedicado, certamente esta se desdobrando para dar conta. Logo eu poderia ajuda-lo. Este pensamento queimou dentro do meu coração.

E logo minha mãe abriu novamente a porta, trazendo com ela Peeta. Eu imaginava que um bebe dava trabalho, mas não a esse ponto. Peeta estava com olheiras enormes, o brilho dos seus olhos praticamente não existia mais, e suas mãos tremiam. Quando nossos olhares se cruzaram. E vi neles uma tristeza tão grande, que fiquei sem reação. Eu não sabia o que dizer. Uma dor me atingiu junto com a constatação. “Minha filha, nosso bebe? Onde ela está?”.

– Você quer realmente saber onde está nossa filha Katniss? – Ele não tinha um sorriso no rosto, na verdade ele tinha uma mascara de dor ao invés dos seus traços delicados. – “Nossa filha morreu, alias você a matou se jogando na frente daquele carro. Mas era isso mesmo que você queria. Você queria se livrar dela. Ela estava te atrapalhando não é? Bem ela não está mais. E nem eu estarei. Adeus”.

Eu o assisti sair pela porta, olhei para minha mãe se desfazendo em lágrimas. E então eu compreendi. Eu os perdi. Os dois.

Eu gritei o nome dele, eu o chamei por dias, toda vez que eu acordava eu começava a gritar por ele novamente, e então os médicos vinham e me sedavam. E de novo, e de novo. Até eu acordar, sem voz, sem reação. A realidade tinha finalmente me vencido.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam? Estão ansiosos para o desfecho? Espero que não muito, porque ainda tem muita coisa para acontecer! Até amanhã, beijinhos



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