Meu destino é você escrita por Cecília Mellark


Capítulo 4
Capitulo 4


Notas iniciais do capítulo

E ai queridos? Todos prontos para mais pedacinho desta historia? Como já perceberam eu vou postar todos os dias. Então vamos lá ver o que temos para hoje!



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Depois que Haymitch partiu com uma promessa de que voltaria no verão, nossa vida estabeleceu uma certa normalidade. O colégio oferecia algumas oficinas extras, eu obriguei Prim a preencher todas as suas tardes livres com conhecimentos extras das oficinas, enquanto eu passava as tardes na farmácia, ajudando minha mãe. No primeiro verão depois da morte do meu pai, Haymitch não pode vir, ele nos enviou uma carta carinhosa, dizendo que não poderia comparecer pois a dor dele ainda era grande demais. Fiquei com medo ao pensar nele sozinho, naquele lugar, adoecendo de tristeza longe de tudo, de todos. Nos dois anos seguintes, ele cumpriu sua promessa, chegava sempre perto demais do natal, cheio de presentes, principalmente de Effie. Quando eu o via, eu tinha vontade de perguntar sobre o garoto do pão, mas eu temia, eu tinha vergonha. Eu me tornei uma adolescente responsável demais, muito cedo. Eu cuidava de todos, da minha mãe, da minha irmã, das economias da farmácia, estudava, e só duas vezes por semana eu me permitia um pequeno prazer de fazer aulas de teatro e canto. Eu não tinha tempo para garotos, nem para bobeiras de meninas.

No meu aniversário de 15 anos, minha mãe me deu de presente um colar que meu pai havia lhe dado, me deu com lágrimas, sentou minha irmã e eu e nos pediu perdão por tudo, pela ausência, pela falta de amor e de carinho. Prim, a perdoou mesmo antes dela pedir, eu acho que nunca perdoei completamente. Mas naquele ano, tudo mudou para mim. Ela assumiu com coragem todos os negócios da farmácia, me deixava ficar lá ainda, mas só para ajudar. Me obrigou a preencher meu tempo fora da escola com mais atividades extras, e assim, eu mergulhei de cabeça nas aulas de teatro, canto e adicionei dança.

Eu estava realmente perto da felicidade. Numa certa noite, ela veio conversar comigo sobre garotos, eu contei pra ela sobre o sobrinho de Effie, ela ficou feliz, mas disse que eu precisava agir mais como uma adolescente comum, ter amigas na escola, e ter uma vida social. Realmente, eu era uma estranha. Eu não saia, eu não tinha amigas. Nem namorados. Mas sempre que eu olhava para o pequeno quadro desenhado por ele, eu sentia que nunca mais alguém me faria sentir daquele jeito.

Alguns dias antes do inicio do verão e das férias, eu estava saindo da farmácia com a minha mãe e Prim, quando um sujeito, magro, mal vestido, nos abortou pedindo dinheiro, Prim em sua extrema bondade, pegou todas as suas moedinhas e colocou na mão do homem. Ele começou a rir, a abraçou e disse-lhe “Boa como o seu pai querida, eu me orgulho de você”.

Eu tremia inteira ainda pelo medo, mas meu impulso de pular no pescoço dele foi maior, eu não sabia se xingava, batia, ou abraçava, acho que eu fazia tudo junto. Quando eu o soltei, ele tossia, e dizia: “Não pode mais fazer isso com um homem da minha idade docinho”.

Chegamos em casa, mamãe e ele estavam trocando olhares conspiradores, logo percebi e comecei a perguntar, então minha mãe me deu a melhor noticia do mundo, a noticia que mudou minha vida. Eu iria viajar com Haymitch para a fazenda. Eu passaria dois meses lá. Eu veria Effie, e poderia com muita sorte encontrar Peeta.

Eu não consegui pregar o olho naquela noite, meu coração quase saia pela boca só de pensar nas possibilidades. Haymitch sempre falava de Effie, reclamando sobre alguma coisa que ela tinha feito. Mas ele nunca mais mencionou o garoto. E eu nunca perguntei por ter medo da resposta.

De manhã estávamos no aeroporto, aguardando o embarque e pelo canto do olho eu observava Haymitch olhar para os lados como se procurasse alguém, e creio que ele o encontrou no mesmo instante que eu. No meio da multidão surgiu um garoto loiro, ombros largos, braços fortes, rosto sereno, pele clara, e por um instante nossos olhos se encontraram, mas eu não suportei a ideia de tanta felicidade, eu desviei o olhar, não poderia ser, era só mais um garoto qualquer parecido com ele. Minha parte racional me dizia isso e meu coração me pedia para eu não parar de olhar, não perder ele de vista.

No meio deste conflito de emoções, Haymitch mexeu do meu lado, e me disse: “Docinho, você lembra do sobrinho da Effie, eu vou leva-lo também para a fazenda, mas eu nunca mais o vi, e tem um garoto ali perdido, que parece muito com as descrições que ela me deu”.

Eu não conseguia responder, meus lábios não moviam, as palavras ficaram presas na garganta. Incapaz de reagir, eu apenas olhei pra ele de novo. Ele ainda me olhava, parado, firme, segurando sua mala. Apenas meu olhar nos denunciou? Será que ele também não tinha me esquecido? Porque assim que olhei novamente para ele, ele sorriu e veio caminhando, devagar, parecia que estava em câmera lenta, eu vi Haymitch levantar, eu vi eles se abraçarem, eu queria fazer o mesmo, mas eu apenas olhava.

Quando ele se livrou do abraço de Haymitch ele finalmente estendeu sua mão para mim, eu a peguei, e senti todo o calor correndo de novo no meu corpo: “Katniss, como vai? Ei, por favor, diga que se lembra de mim?” Eu assenti com a cabeça, e com certeza ele deve ter me achado meio idiota por um momento. Porque no instante seguinte eu estava em seus braços. Um abraço forte, que continha todas as palavras que eu queria dizer. Eu comecei a pensar que era estupido demais chorar ao reencontrar alguém que você viu uma vez só na vida. Mas era tarde demais, eu estava com as lágrimas molhando o ombro dele.

Meu coração estava batendo de novo daquele jeito engraçado, como da primeira vez. Por um momento eu pensei que morreria de vergonha quando ele me soltasse e visse meu estado. Mas eu fui surpreendida novamente. Delicadamente ele me soltou passou a mão em minhas lágrimas, e meu deu um beijo, como o primeiro, casto. Eu fechei meus olhos para guardar mais uma vez, o calor, a suavidade, dos lábios dele, eu não conseguia explicar aquela vontade de beija-lo de novo, e de novo, e de novo. Só sai de meu devaneio quando Haymitch pigarreou do nosso lado, nos dando um susto, quebrando nossa bolha. Com certeza todo o calor do meu corpo ao ver Haymitch ali parado foi parar nas minhas bochechas. Mas ele começou a rir, como se tivesse ouvido uma piada muito boa, eu não entendia nada, me recusava a olhar para Peeta, mas sentia seus músculos tensos como o meu.

Então ele virou para nós e disse: “Como eu pude me esquecer de que vocês se conheciam tanto? Pelo jeito eu acertei quando disse para a Docinho que o primeiro amor a gente nunca esquece, mas eu não imaginava que ela fosse levar tão a sério. E você garoto? Está só se aproveitando da situação, ou realmente foi tão inesquecível assim?”. Eu pensei que minha bochecha tinha chegado no limite da temperatura, mas com o comentário de Hatymitch esse limite foi superado. Então Peeta, pegou minha mão com delicadeza, prendeu na sua e disse calmamente e sorrindo: “Você estava certo Haymitch, assim como tia Effie. O primeiro amor nunca esquecemos”. Eu achei que meu sorriso naquele momento fosse partir a minha cara, ele sentia o mesmo que eu. E assim, começou nossa história de amor. Aquele foi o melhor verão da minha vida. Fim.

“Ah não kat, conta mais, e a irmã Delly? Como você a conheceu?” – perguntou uma Cecilie extremamente sonolenta.

“Amanhã continuamos a história, querida.” Dei um beijo nela, que era a única acordada ainda. Delly nos olhou com lágrimas nos olhos. Eu sabia qual era a opinião dela a respeito do meu relacionamento com Peeta. Então Cecilia, num ultimo golpe de esperteza antes de fechar os olhos, virou para Delly e perguntou: “Irmã Delly, eu sou mesmo parecida com o príncipe?”. Em seguida ela mergulhou para um sono profundo de criança, e eu desejei que os sonhos dela fossem bons.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Até a próxima!!! Beijinhos!



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