Meu destino é você escrita por Cecília Mellark


Capítulo 3
Capitulo 3


Notas iniciais do capítulo

Vamos continuar nossa aventura? Estou amando postar isso aqui para vocês. Chega de papo e vamos lá não é? ♥



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Olhei para minhas meninas, esperando vê-las já sonolentas ou dormindo, mas encontrei só as duas mais novas dormindo, as outras estavam me olhando com uma expressão que parecia “E ai?”. Mas eu mesma estava com sono, então comecei a dizer que era hora de dormir, elas começaram a protestar, quando eu ouvi as vozes de Delly e Wiress na porta me pedindo pra continuar eu comecei a rir.

“Katniss, há quanto tempo você não conta isso? Você ainda lembra-se de tantos detalhes, ah, por favor, conte pra elas do nosso verão, de quando nos conhecemos, conte tudo, tudo!” Pediu Delly emocionada.

“Querida contar uma história é dividir um pedaço de si com os outros, é uma forma de se instalar no coração do próximo, por favor, nos conte sua história”. A forma como a irmã Wiress me pediu para tocar no coração das meninas mexeu comigo. Então eu decidi contar mais um pouco...

“Bem, meninas, onde estávamos então?” Perguntei para ouvir um coro dizendo: “No trem, de volta para casa!!!”

“Verdade, acho que não preciso dizer que passei toda a viagem de trem e o voo de volta carregando meu pacote como se fosse a coisa mais preciosa da minha vida. Mas quando eu desembarguei no aeroporto, tudo mudou. Não era minha mãe ou meu pai quem estava nos esperando, e sim nossa vizinha Hazelle, mãe do meu melhor amigo Gale, e sua expressão era de aflição. Corri para ela, e quando ela nos abraçou, ela nos disse: “Meninas, aconteceu um acidente na fábrica hoje de manhã, sejam fortes, a mãe de vocês está lá acompanhando o resgate, eles ainda não conseguiram controlar o fogo”.

“Meu pai? Onde ele está? Eu quero ver meu pai” – pedi, suplicando para ela me dizer que ele estava lá também acompanhando o resgate, mas tudo que ela disse foi: “Querida, ainda não encontraram seu pai, ele está entre os desaparecidos”.

Dor era tudo que eu sentia naquele momento, o caminho até a fabrica de carvão do meu pai, foi o mais longo da minha vida. Quando chegamos, fomos informadas que a minha mãe tinha sido hospitalizada em estado de choque. Os bombeiros deram por encerradas a busca por sobreviventes.

Meu pai era um homem alto, alegre, gentil, ele tinha uma grande fábrica de carvões, um império negro como dizia o velho Haymitch, eu passei todos os dias seguintes indo ao hospital com Hazelle, seu marido tinha sido gravemente ferido. Depois de uma semana, minha mãe continuava sem reagir, eu decidi escrever para Haymitch, ele era tudo que me restava como família, desejei tanto que ele estivesse perto agora, e não do outro lado do mundo, num lugar sem telefone ou internet.

10 dias depois do acidente, o marido de Hazelle morreu, assim ficamos Gale e eu, sem nossos pais. Hazelle decidiu ir passar uns dias na casa da mãe dela, que morava em Londres, pois ela estava grávida e faltava pouco mais de 2 meses para o bebe nascer e foi assim que dentro de 15 dias, eu perdi praticamente todos que eu conhecia e confiava. Gale e eu nos despedimos com tristeza, éramos tão novos e tão marcados por uma tragédia. Prometemos que nunca esqueceríamos um do outro. Mas eu receio que não cumprimos a promessa, eu nunca mais ouvi falar deles.

Depois que Hazelle partiu a situação minha e da minha irmã ficou pior, eu não sabia onde pegar dinheiro mais, as férias estavam acabando, eu tinha que ir pra escola, levar minha irmã, nós tínhamos que comer, tínhamos que comprar materiais novos, mas como? Eu tinha algumas reservas de mesada que recebia, e comecei a juntar tudo que via pela frente e que poderia ser vendido. Uma tarde, eu fui no hospital ver minha mãe que continuava inerte, em estado de choque, lembro-me que a odiei tanto, para mim era como se ela também tivesse morrido. Quando cheguei na recepção, a atendente me informou que havia chegado um tio meu, e que ele estava ajeitando toda a papelada pra levar minha mãe pra casa. Um parente, um tio, Haymitch. Eu tremia de ansiedade e alivio, Prim chorava de alegria porque teria a mamãe de volta em casa, e ela dizia que coisas seriam boas como antes.

Como dizer para uma menina de 7 anos que a vida nunca mais seria boa? Prometi para mim, que por Prim eu faria tudo, para que a vida dela fosse realmente boa. Eu fiquei sentada na recepção branca, com cadeiras almofadadas azuis, por um tempo que pareceu a vida toda, até que Haymitch saiu pelas portas, acompanhado pela minha mãe que a meu ver, estava com a mesma aparência de um cadáver. Quando ele nos viu, ele nos abraçou, disse que estava ali para cuidar de nós.

Dentro de alguns dias, tudo na nossa vida estava resolvido, Haymitch cuidou das papeladas do seguro da fábrica, pegou o dinheiro, fechou tudo, cuidou dos processos, colocou nossa casa à venda, iriamos sair dali e mudar para Nova Iorque. Ele nos disse que minha mãe era de lá, que a família dela tinha um prospero negocio de medicamentos naturais antes da guerra, e que ele estava reorganizando isso, para minha mãe voltar a viver, num lugar onde ela não teria lembranças do meu pai. Ele acreditava que assim, ela voltaria para a vida. Eu rezava para que ele tivesse razão. No dia de partir, nós fomos até o cemitério, onde ele mandara fazer um tumulo para meu pai, e enterramos ali alguns pertences dele, só para ser simbólico, e assim nós nos despedimos do meu pai, da nossa cidade, e da nossa vida habitual.

Haymitch nos comprou uma casa, simples em comparação com a casa antiga, mas bonita com um grande jardim na frente, colorido. E ficava a poucas quadras de uma grande avenida onde ele começou montar uma farmácia. A escola também era próxima, dava para ir caminhando. Eu percebia que ele estava aflito para ir embora, voltar para a fazenda, longe de tanta gente, e de tanto barulho. Mas ele aguentou firme, até minha mãe reagir.

Lembro como foi estranho vê-la voltando a vida, eu continuava culpando-a, por tudo. Uma tarde, Haymitch chegou em casa e nos levou para ver a farmácia. Tinha uma fachada deliciada, pintada de verde claro, com portas brancas e toda a decoração interior seguia no mesmo estilo, verde claro, moveis brancos, tinha um balcão que separava a área dos clientes, algumas prateleiras, e no fundo tinha um cômodo todo preparado para que fossem manipulados ali os medicamentos. Eu absorvi o cheiro de novo, olhei tudo com carinho, fiquei imaginando o que meu pai falaria se pudesse nos ver agora. Meu coração doía de pensar nele.


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Notas finais do capítulo

E ai gente, estão gostando? Espero que sim! Acho que no próximo capitulo teremos o Peeta de volta (ebaa!). Beijos



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