A Loba & O Pirata escrita por Mrs Jones


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Hello pessoas que estão lendo essa one. Quem já me conhece sabe que amo o Hook e a Ruby, então acabei tendo uma ideia pra uma one e resolvi escrever. É minha primeira one shot, então me digam o que acham, se mudariam algo e se preciso melhorar alguma coisa. A história se passa depois que eles voltam de Neverland e tem aquela cena dele com o Neal no Granny's, no episódio 3x10. Achei que a Ruby precisava de um par romântico tadinha, mesmo ela quase não aparecendo, porque depois do Peter ela não teve mais ninguém. E também queria escrever sobre como o Hook vê nosso mundo, cheio de coisas estranhas que ele não conhece rsrs Enfim, espero que gostem e comentem.



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Capítulo único

O pirata se sentou no balcão do Granny’s. Os Charmings comemoravam sua volta pra casa e Emma estava sentada com Henry ali perto. Maldita salvadora! Por que é que ele se preocupava com ela? Em todo caso, agora que Neal/Baelfire estava de volta dos mortos, não havia nada que Hook pudesse fazer.

Pra falar a verdade, ele nem sabia o que vira naquela mulher. Ela era maravilhosa, ele diria, mas ainda amava Neal e se recusava a admitir que tivesse sentimentos pelo pirata. Mas Hook decidiu dar um tempo. Ele ia se afastar.

- O que vai querer, pirata? – ele ouviu a voz melodiosa da garçonete e se virou para olhá-la.

- Oh, se não é a garota-loba – ele ergueu uma sobrancelha, olhando Ruby de cima a baixo, enquanto ela revirava os olhos – Você não teria rum aí, teria amor?

- Não, é claro que não, você já deveria saber. – ela disse com secura.

Hook flertava com praticamente qualquer mulher que estivesse na frente dele, mas com Ruby era diferente. Ele gostava de provocá-la, justamente pelo fato de a garçonete odiá-lo. Desde que Hook machucara sua amiga Belle, ao atirar nela, Ruby tinha tanto ódio do pirata que quase não suportava vê-lo.

- Bem, nesse caso, uma cerveja vai servir – ele piscou pra ela e Ruby lhe passou uma caneca cheia quase até a borda.

Hook se virou para olhar Emma. Ela conversava com Henry e pareceu desconcertada quando percebeu que estava sendo observada. Neal/Baelfire veio para o lado de Hook e se sentou ao lado do pirata.

- Não acho que servem rum no Granny’s – ele disse bem humorado.

- Não se preocupe, não vim atrás da senhorita Swan – Hook respondeu com certa irritação, virando-se no assento. Ele não suportava o fato de Neal estar sempre por perto.

Quando Neal levou um tiro de Tamara e caiu por um portal, Hook se sentiu esperançoso. Com Neal fora do caminho, o pirata teria uma chance com Emma. Não que ele odiasse Neal, pelo contrário. Quando ele ainda era Baelfire, há umas centenas de anos, Hook fora como um pai para o garoto. Ele se sentira na obrigação de cuidar de Bae, já que Milah, seu grande amor e mãe do garoto, morrera muito cedo. Ele amara Milah e também amara o filho dela.

Mas quando esse filho se colocou no caminho dele, impedindo-o de conquistar o coração de Emma, Hook se sentiu enciumado e até traído. É claro que Neal não tinha culpa. Ele e Emma tinham um filho e Neal se apaixonara por Emma antes que Hook se interessasse por ela.

- É, só veio aqui beber um pouco com os anões – Neal riu bebendo um gole de sua cerveja. Ele não parecia ligar para o fato de Hook se interessar por sua ex. Nem parecia se incomodar com isso.

Talvez Neal só tivesse se lembrado dos tempos em que passara no Jolly Roger, aprendendo coisas com Hook. Ele era só um garoto na época, mas tivera muita consideração pelo pirata, como se ele fosse seu pai. Isso é claro, até Hook traí-lo. Bae acabou por descobrir que Hook era o pirata que aparentemente seqüestrara sua mãe e a matara. Mesmo Hook tendo explicado que ele e Milah tinham se apaixonado e fugido juntos, Bae não quis ouvir o que ele tinha a dizer e depois disso acabou indo embora do navio. Os dois só voltaram a se ver em Storybrooke, há uns dias.

Hook estava feliz por ver que o garoto, agora um homem, soubera se virar sozinho em todos aqueles anos. Mas o que o irritava profundamente, era saber que Neal agora competia com ele pela mesma mulher.

- Tomei uma decisão sobre a Emma – Hook disse depois de tomar um gole da cerveja – Eu vou me afastar.

Os dois se encararam e Neal repetiu o que o pirata tinha dito.

- Se afastar?

- Pelo bem do garoto. Vou deixar seus pais terem uma chance sem um pirata incrivelmente lindo no caminho – Hook sorriu convencido e Ruby, que estava por perto escutando a conversa, balançou a cabeça irritada. Como ele era metido!

- Está falando sério? – Neal franziu a testa, ao que Hook respondeu divertido:

- Sim, eu sou incrivelmente lindo.

- Obrigado, cara.

“Arrogante, metido, insuportável...”, pensava Ruby, que fazia anotações ali perto e escutara toda a conversa. Pobre Emma... como é que ela suportava esse pirata? Tudo bem que ele os ajudara a salvar Henry na Terra do Nunca, mas isso não mudava o fato de ele ter atirado em Belle. Ou de ter ajudado Cora a vir para Storybrooke. Ou de quase ter matado o Sr. Gold.

Neal se afastou e Hook novamente se voltou para Ruby.

- Preciso de mais uma dose aqui, amor – ele disse erguendo sua caneca vazia.

Ela revirou os olhos e foi em busca da garrafa de cerveja. Evitou olhá-lo quando fez menção de encher a caneca, mas o pirata era simplesmente muito sedutor e provocativo.

- E então, loba, quando é que vai se transformar de novo? – ele perguntou naquele seu sotaque, que poderia ser facilmente confundido com o sotaque irlandês ou britânico.

- Eu tenho um nome – ela virou o conteúdo da garrafa na caneca, controlando-se para não virar toda a cerveja na cabeça do pirata.

- Eu sei, mas “loba” combina muito mais com você.

Ela o encarou enraivecida e poderia tê-lo matado só com aquele olhar de ódio.

- Não brinque comigo, pirata. Sabe que eu posso te matar se quiser, não sabe?

- Ah é? E a troco de quê? Se fizer isso, todos vão achar que você é uma criatura perigosa e você vai viver o resto da vida trancada numa cela – ele sorriu provocando-a e ela bufou.

- Você é patético. – ela se afastou e foi fazer suas tarefas, enquanto Hook ria.

***************************************************************************************

A movimentação no Granny’s diminuíra e os Charmings, Neal, Regina e as outras pessoas de Storybrooke tinham ido pra casa. Tinham sido dias exaustivos para todos e Hook estivera ignorando o cansaço, até agora. Ele pagou a Vovó pelas bebidas e saiu pela porta dos fundos do Granny’s, onde havia um corredor que ligava a lanchonete à pensão. Seu quarto ficava no primeiro andar e ele subiu as escadas devagar. A pensão era muito tranqüila e confortável e havia a vantagem de Ruby ser camareira, além de garçonete. Hook se aproveitava disso e às vezes a irritava, fazendo-a limpar seu quarto sempre que ele quisesse.

Ele parou no corredor do primeiro andar. Ruby mostrava a Tinker Bell o quarto em que ela iria ficar. Pelo visto Regina pagaria pelas acomodações da fadinha até que ela encontrasse um lugar pra ficar. O pirata caminhou devagar até seu quarto, abrindo a porta em seguida. O quarto havia sido limpo enquanto ele estivera fora. Havia lençóis limpos na cama e toalhas limpas no banheiro. Mas aquilo não era suficiente e ele decidiu chamar por Ruby, bem quando ela ia saindo do quarto de Tink.

- Camareira!

Ela revirou os olhos e se perguntou por que ainda fazia tudo o que ele pedia. Ah sim, porque sua avó mandava que ela o tratasse bem. Sendo um pirata, Hook tinha uma pequena fortuna, e a Vovó ficou encantada quando foi paga com moedas de prata e ouro, coisa que sequer existia naquele mundo. O maldito tinha conseguido conquistar a avó e agora a neta tinha que obedecer e fazer o que ele queria.

- O que foi? – ela perguntou tentando não se irritar.

- Poderia trocar os lençóis? – ele pediu – Eu vou me deitar daqui a pouco e quero roupas de cama limpas, pra variar.

- Mas eu já troquei enquanto você estava fora.

- Troque de novo! – ele foi em direção ao banheiro, onde se trancou.

Ruby bufou, respirou fundo e então fez o que ele pedira.

“Maldito pirata! Bastardo, filho da mãe, nojento, imundo... ah, mas você vai me pagar...”, ela pensava com raiva.

- Ruby? – a avó chamou.

- Sim, Vovó.

- Oh, você está aí – a senhora apareceu à porta do quarto – A senhorita Bell já está acomodada?

- Sim, eu mostrei o quarto a ela. – Ruby tirava os lençóis da cama de casal – Provavelmente está descansando.

- Ótimo! Bem, eu já vou me deitar, querida – a avó ia saindo, mas retornou ao se lembrar de Hook – Oh, e tenha certeza de que o senhor Jones fique satisfeito com suas acomodações.

Ruby ergueu a sobrancelha para a avó.

- Por que a senhora se preocupa tanto com esse cara?

- Ora, ele está pagando por isso, não é? E afinal, é muito bom ter hóspedes depois de tanto tempo. Boa noite, querida.

Ruby revirou os olhos e continuou com a tarefa. Mas Hook estava disposto a irritá-la. Ele pôs a cabeça para fora do banheiro:

- Amor, acho que há um problema aqui.

- O que é agora? – ela reclamou, largando o que fazia e indo em direção ao banheiro. Acabou por dar de cara com um pirata seminu, apenas enrolado na toalha.

Ruby fez força para não olhar Hook, embora ele fosse musculoso e tivesse peito peludo. Ele abriu caminho pra ela e apontou para o chuveiro.

- Essa coisa... como é que vocês chamam mesmo?

- Chuveiro – ela revirou os olhos.

- Sim. O chuveiro não quer funcionar.

Ela girou a torneira e a água começou a cair do chuveiro. Ela novamente o desligou e encarou o pirata.

- Viu? Funciona – e já ia saindo quando Hook a pegou pelo braço.

- Oh tenho certeza de que há algo errado, por que não olha outra vez? – ele pediu num sussurro, quase como se tentasse seduzi-la.

- Eu já olhei e funciona perfeitamente. Agora, se me der licença...

- Ah, não tão fácil assim, amor – num movimento rápido, ele a prensou contra a parede. O homem era forte mesmo com uma mão só.

- Me largue, seu nojento! – ela tentava se soltar.

- E por que eu faria isso logo quando tem uma mulher bonita no meu banheiro? – ele sorriu cafajeste.

- Seu canalha! Me fez vir aqui apenas para me seduzir, não é?

Ele riu.

- Oh, amor, claro que não. Eu jamais faria isso.

Ela tentava se soltar, mas Hook imobilizara seus movimentos. Maldito pirata! Ele forçou seus lábios no dela e Ruby esqueceu de respirar, tão chocada que estava. Ela ainda lutava para se soltar, enquanto Hook a beijava sem que ela correspondesse. Ela acabou por lhe dar uma mordida no lábio inferior e o homem praguejou quando ela o empurrou pra longe.

- Sua louca! – ele acariciou o lábio, de onde saíam pequenas gotas de sangue.

- Imbecil! Fique longe de mim! – ela marchou para fora do banheiro e Hook a amaldiçoou um milhão de vezes.

***************************************************************************************

Na manhã seguinte, Ruby foi correr nas docas. Ela costumava fazer umas corridas logo pelo amanhecer, mas se esqueceu do fato de que o navio de Hook estava atracado ali e ele ia pra lá todo dia depois de acordar. Ele a viu de longe, com sua luneta, e a provocou quando ela passou pelo Jolly Roger.

- Quem diria! – ele gracejou – A loba gosta de correr.

Ela ignorou o comentário e seguiu seu caminho, mas o pirata a seguiu e a pegou pelo braço.

- Que é que você quer agora? – ela gritou com ele, muitíssimo irritada.

- Aquilo que você fez ontem não foi legal. Meu lábio ainda está doendo.

- Bem feito – ela riu.

- Eu poderia ter te machucado, se quisesse – ele ergueu o gancho, que brilhou a luz do sol.

Aquela coisa poderia fazer um grande estrago, mas Ruby não tinha medo.

- Ah por favor... – ela debochou, soltando-se do aperto da mão de Hook – Eu não tenho medo de você.

- Pois deveria ter. – ele disse tentando parecer ameaçador – Eu poderia machucá-la. Você não sabe do que eu sou capaz, loba.

Ela lhe deu as costas e correu até o Granny’s. Ainda era muito cedo e poucas pessoas tomavam café. Ruby foi trocar de roupa e quando voltou, encontrou Hook esperando por ela, sentado ao balcão e examinando o cardápio.

- O que está fazendo aqui? – Ruby perguntou, contrariada – Não tem coisa melhor pra fazer no seu navio?

- O que é bacon? – ele perguntou, ao invés de responder o que ela perguntara.

- Um pedaço do porco.

- Ótimo! Isso deve ser bom. – ele largou o cardápio – Quero ovos, bacon e aquela coisa chamada café.

Ela anotou tudo num pedaço de papel e entregou o pedido ao cozinheiro. Quando retornou, Hook brincava com seu celular, tentando descobrir pra que servia aquilo. Ela tomou o celular da mão dele e o homem ficou curioso por saber que coisa mágica era aquela.

- Não é mágico. – ela o guardou no bolso.

- E pra que serve?

- Pra ligar pras pessoas... – ela revirou os olhos, ignorando-o em seguida.

- O que quer dizer com “ligar”?

Ela se impacientou. Era aceitável que ele não soubesse o que era um celular, mas daí a fazer milhões de perguntas... Ruby não tinha muita paciência.

- Esquece isso, tá? – o pedido do homem saiu e ela praticamente jogou o prato na frente dele.

- Ei! Não precisa ficar estressada – ele mordicou um pedaço do bacon, provando o gosto – Foi só um beijo. Hum, essa coisa tem um gosto bom.

- Aquilo nem foi um beijo – ela retrucou.

- Pois pra mim foi – ele enfiou o bacon na boca – E eu sei que você gostou.

- Não seja idiota.

Mas ela estava mentindo. É claro que ela gostara, embora eles apenas tivessem apertado seus lábios um contra o outro. E Ruby podia negar mil vezes, mas em seu interior, ela sabia que sentia algo pelo pirata. Sentia-se atraída por ele desde que o vira pela primeira vez. E embora ele fosse um bad boy, ela precisava admitir que ele era muito charmoso e bonitão. Aquele maldito pirata sexy. Oh, o que ele estava fazendo com os nervos dela...

- Veja só quem está enrubescendo – ele riu maroto – Não se preocupe, lobinha, não precisa ter vergonha. Eu sei que gostou daquilo.

- Eu já disse que tenho um nome – ela gritou e algumas pessoas olharam na direção deles – É Ruby!

- E como eu disse, “loba” combina muito mais. – Hook tomou um gole de café, sorrindo com escárnio.

- Espere só até chegar a lua cheia. É melhor não ficar no meu caminho, pirata, ou eu posso machucar você – ela ameaçou e se sentou do outro lado do balcão, onde apanhou uma revista e pôs se a ler.

O homem ficou muito quieto, observando-a. Agora que ele se afastara de Emma, Ruby era seu novo interesse. Desde que botara seus olhos nela, o pirata achara a garota bonita. E apesar de ela ser muito atrevida e estressadinha, ela podia ser meiga e simpática quando queria. O pirata estava amando provocá-la. Ela seria seu novo desafio!

Ruby desviou os olhos da revista e olhou o homem. Ele estava muito distraído observando o papel de parede. Patético. Hook não estava usando o pesado sobretudo de couro que sempre usava e quando ele fez um movimento com o braço, a manga de sua blusa escorregou e Ruby viu uma tatuagem em seu braço direito. Era o desenho de um coração sendo perfurado por uma adaga e o nome Milah.

- Milah? Quer dizer que o pirata arrogante já amou alguém? – Ruby perguntou meio debochada.

- Não é da sua conta! – ele respondeu irritado, balançando o braço pra esconder a tatuagem.

- Nossa, tudo bem, me desculpe – ela disse, irritada com a grosseria do pirata. Mas ela não podia evitar a curiosidade – Ela era sua esposa?

- Não quero falar sobre isso – a expressão do homem era pura dor e tristeza. Estava claro que Milah tinha sido especial para ele.

Aí ela se lembrou de ter entreouvido uma conversa entre Gold e Neal, em que Gold deixava claro seu ódio pelo pirata que “roubara” sua mulher.

- Ah meu Deus! Era a mãe do Neal... não era?

- Eu já disse que não quero falar sobre isso – ele se levantou com brusquidão, deixando seu café da manhã pela metade e marchando para a porta dos fundos da lanchonete.

Ruby ficou assustada com a reação do homem. Ela não devia ter perguntado aquelas coisas.

***************************************************************************************

- Camareira! Quero toalhas limpas!

Ele estava irritado com ela e Ruby não disse nada quando foi até o quarto número 12 pra lhe levar as toalhas. Ele arrancou as toalhas da mão dela e ordenou que ela trocasse os lençóis. Ruby pôs as mãos na cintura.

- Eu troquei ontem e não vou trocar de novo. – e virou-se para ir embora.

- Se não trocar, eu vou reclamar dos serviços daqui e sua querida avozinha não vai mais enriquecer às minhas custas.

- Pois então faça isso – ela sorriu – Não tem seu navio? Pois então volte pra ele. Ninguém aqui vai sentir sua falta.

A paciência de Hook estava por um triz de acabar. A garota-loba não parecia se interessar por ele, o que era uma surpresa, já que todas as mulheres caíam aos pés do pirata. Todas, menos Emma e a lobinha. Mas ela era um desafio e ele amava desafios. Um pirata jamais desistiria.

- E você vai ficar encrencada com sua avó se eu disser a ela que não tem cumprido com seus deveres de camareira – Foi tudo o que ele conseguiu dizer. É claro que Ruby estava certa, ninguém sentiria falta dele.

- Eu não sou camareira, sou garçonete.

- Tanto faz! De qualquer modo, você tem que saber como tratar os clientes.

Ela cruzou os braços e os dois ficaram se encarando. Hook era um charlatão insuportável. Como ele ousava tratá-la daquela maneira?

- Acha que sou sua empregada? – ela ergueu a sobrancelha.

- É claro, se está aqui para me servir... – ele sorriu de lado.

- Quer que os lençóis sejam trocados? – ela foi até um carrinho no corredor e apanhou lençóis limpos – Ótimo! Troque você mesmo – e atirou os lençóis para Hook.

- Ei... – Hook olhava dos lençóis para a cama – Como espera que eu faça isso com uma mão só?

Ela deu de ombros.

- Eu não sei... se vira...

Ruby saiu do quarto e Hook ficou muito irritado com a audácia da moça. Como é que ela ousava se recusar a ajudá-lo? Loba atrevida! Ele a alcançou no corredor e a puxou pelo braço, arrastando-a até o quarto.

- Me largue, seu idiota!

Ele a jogou sobre a cama e em seguida virou-se para a porta, trancando-a.

- Você não sai daqui até trocar meus lençóis.

- Por que quer tanto que eu troque esses lençóis? – ela se levantou, encarando-o irritadíssima e gritando com ele – O que andou fazendo aqui ontem à noite? Suponho que a roupa de cama esteja contaminada por uma das prostitutas que você trouxe pra cá...

- Olha como fala comigo, garota! – Hook novamente a pegou pelo braço, balançando-a e lançando-lhe um olhar ameaçador – Você não sabe do que sou capaz.

- Tire essa mão imunda de mim – Ruby o mandou para trás com um empurrão e Hook quase caiu – Você devia se envergonhar de si mesmo... Não sabe nem como tratar uma mulher... Aposto que a Milah deve estar muito melhor sem você, onde quer que ela esteja.

- CALE A BOCA! VOCÊ NÃO SABE NADA!

- Uh, ficou irritadinho só porque falei da sua namoradinha? – Ruby estava muito enraivecida e não tinha medo do pirata. Hook estava precisando ouvir umas verdades – Mas essa é a verdade: ninguém suporta você, ninguém se importa com você... E a Emma, você acha que tem chance com ela? Oh, não seja tolo! Ela tem um filho e um homem que a ama, por que acha que ela ficaria com você?

Hook ficou sem palavras. Eles apenas se encaravam e o rosto do homem estava muito vermelho de tanta raiva que ele estava sentindo da loba.

- Ninguém, ninguém nesta cidade sequer te suporta. – ela continuou – Então por que não pega seu navio e dá o fora daqui?

- Você não sabe o que fala... – ele disse encarando o chão.

- Ah, não sei? – ela riu satisfeita, percebendo que atacara as feridas do pirata – Então me diga: quantas pessoas te parabenizaram pelo o que você fez na Terra do Nunca? Olha, eu vou te dizer, até a Regina é mais amada do que você.

Hook detestava admitir, mas Ruby tinha razão. Ele arriscara sua vida ao levar os Charmings, Regina e Gold até a Terra do Nunca, e tudo isso porque ele se importava com Emma e não queria vê-la triste pelo filho. Ele os ajudara e ainda salvara a vida de David. É claro que Emma ficara grata por isso, mas quando voltaram à Storybrooke, Branca de Neve fez questão de dizer o quanto eles deviam à Regina. Mas e quanto a Hook? Nada de elogios. E quando se reuniram no Granny’s pra comemorar, Emma nem mesmo fez questão de convidar o pirata para se sentar com eles.

- Isso porque todos pensam que ainda sou um vilão – Hook finalmente conseguiu responder – Mas as coisas começaram a mudar e todos têm que admitir que agora eu sou um herói. Eu os levei à Terra do Nunca, eu os guiei por aquela maldita ilha, eu os levei até Tinker Bell, eu salvei o pai da Emma quando ele estava prestes a morrer, eu me arrisquei pra tirá-los de lá com vida... Parece que sou um herói, no fim das contas. Você é quem devia se envergonhar, loba, por ser uma aberração!

- Cale-se!

- Oh, você não foi nem um pouco compreensiva comigo, então vou lhe dizer umas verdades também... Você me julga por eu ser um pirata, mas todo mundo sabe que você matou seu namorado. E então a vovó a protegeu durante esse tempo todo, não é? Oh, coitadinha... ela não sabia o que estava fazendo... E eu não me importo com o fato de estar sozinho. Posso muito bem lidar com o fato de ter perdido a mulher que eu amava, mas aposto que você não consegue lidar com a culpa de ter matado seu namorado. Como era mesmo o nome dele? Ah sim, Peter... – Hook sorriu maldosamente.

Os olhos de Ruby estavam marejados e ela teria fugido se pudesse. Uma lágrima escorreu por seu rosto e ela não queria dar ao pirata o gostinho de vê-la tão vulnerável.

- Você... não fale do Peter – ela tentou parecer autoritária, mas sua voz tremia e ela segurava o choro.

- Dói, não é? Agora você sabe como se sinto quando falam da Milah...

Eles se encararam e Ruby não pôde evitar as lágrimas por muito tempo. Ela deu as costas para Hook e ele apenas suspirou e destrancou a porta.

- Pode ir se quiser – e se afastou da porta.

Ruby saiu do quarto depressa e chorou a noite inteira ao pensar em Peter.

***************************************************************************************- O que quer? – ela perguntou usando o mesmo tom indiferente que sempre usava com o pirata.

Ele viera tomar café no Granny’s, na manhã seguinte, e Ruby tentava disfarçar o fato de que ele a afetara quando falara de Peter.

- Só um café...

Ela o serviu enquanto pessoas entravam e saíam da lanchonete. Eram pouco mais de sete da manhã e parecia apenas mais um dia normal em Storybrooke. Tirando o fato de que a lua cheia estava próxima, é, estava tudo bem.

- Escute... – Hook disse enquanto ela enchia sua xícara de café – Me desculpe por ontem à noite. Eu não devia ter dito aquelas coisas.

Ela o encarou desacreditada. Sério? Ele estava mesmo se desculpando? Porque ele fora um completo insensível ao dizer aquelas coisas a ela. Bem, é claro que Ruby dissera coisas horríveis também, mas isso não significava que o capitão devesse tratar uma mulher daquele jeito.

- E eu não devia ter te chamado de aberração... porque você não é uma...

- É mesmo? – ela estava exasperada – E você não fez questão de frisar o quanto sou culpada por ter matado o Peter? Parece que não passo de uma aberração, no fim das contas.

- Ei, dê um desconto! – ele bebeu um gole de café – Eu estava irritado. E reconheço que não devia ter falado daquele jeito.

Ruby suspirou. Hook estava sendo sincero, ela poderia dizer. E o fato de ele ter se desculpado mudava tudo. Talvez ele não fosse um canalha como ela pensava. E se ele tivera coragem de admitir que errara, então ela devia fazer o mesmo.

- Tudo bem, aceito suas desculpas – ela disse, apoiando as mãos no balcão – E me desculpe por ter dito aquelas coisas também. Eu não devia julgar quem eu não conheço direito. E a Milah... deve se orgulhar de você, onde quer que ela esteja.

Ele sorriu pra ela e Ruby se afastou. Logo depois David chegou e foi cumprimentar o pirata. Os dois trocaram umas palavras, depois David foi se sentar com Mary Margaret. Hook esvaziou sua caneca e chamou por Ruby.

- Amor, preciso de mais café. E me traga também aquela coisa que eu comi ontem.

- O bacon? – ela soltou uma risadinha – Só pra você saber, aquilo engorda e faz mal pra saúde.

- Oh, então não preciso me preocupar, porque sou um poço de saúde.

Ah mas que pirata metido! Ela lhe passou um prato de ovos com bacon e observou enquanto o pirata comia e tagarelava sem parar. David e Mary se levantaram e acenaram para Hook antes de sair da lanchonete.

- É, eu estava errada. – Ruby teve que admitir – Alguém se importa com você...

- Parece que vou ter que ficar por mais tempo – ele sorriu de lado, daquele seu jeito sedutor – Você sabe, a lua cheia está chegando e não quero perder a oportunidade de ver a loba.

- Você não tem medo? – ela provocou – Eu posso ser muito perigosa, pirata, não vai querer se machucar.

- Oh, eu vou me arriscar. Adoro um desafio! – Hook piscou para ela.

- O que quer dizer com isso? – ela ergueu a sobrancelha.

- Que você é meu mais novo desafio, lobinha. E acredite, eu não vou desistir tão fácil. – ele depositou umas moedas no balcão e sorriu maroto antes de sair pela porta da frente.

Ruby riu. Aquele pirata convencido...


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Notas finais do capítulo

Mereço comentários? Eu provavelmente vou fazer outra one shot como continuação dessa, então quem sabe eu não faça uma série de one shots com esses dois? Tudo vai depender de vocês, se gostarem da história. Enfim, obrigada por lerem e beijos.