Troca equivalente.

“Para receber algo devemos dar algo de valor igual.”

Para muitas pessoas essa é a troca mais justa já criada. Afinal, há muita gente que se sacrificaria ou trocaria de tudo para obter de volta o que o destino já levou.

Flashback/ON

– Ed. Você tem certeza disso? – Perguntou-lhe Winry pela enésima vez.

– Sim, tenho. Já tenho idade suficiente, posso cuidar disso... Não se preocupe. – Tentou a todo custo convencê-la...

– Mas é muito perigoso, você realmente está certo sobre isso? – Perguntou-lhe mais uma vez.

– Winry, por favor... – Pediu – Estou certo que posso cuidar de duas criancinhas. – Sorriu olhando para as três coisas mais preciosas que poderia ter.

– Elas não são só duas simples criancinhas, elas são suas filhas esqueceu? E isso torna bem mais difícil. – Não pode deixar de rir, ela estava certa. Provavelmente, na melhor das hipóteses ele teria que somente arrumar e limpar a casa inteirinha...

– Hahaha, não precisa se preocu... – Mas infelizmente não pode terminar a frase, pois as duas criaturinhas loiras haviam saltado para cima do pai, que resultou em sua queda estrondosa.

Ambas as meninas estavam rindo e pulando ao lado de seu pai que acabará por alisar sua cabeça por conta da forte batida, dando leves risadas para sua esposa para disfarçar a dor.

– Realmente não preciso? – Perguntou-lhe sorrindo diante da situação da qual ele acabara.

Flashback/ OFF

A loira havia posto um vestido branco com detalhes de flores por sua extensão, seu cabelo estava lindamente penteado em seu estilo habitual, seus olhos azuis como o mar carregavam pequenas e quase imperceptíveis olheiras. As crianças consumiam boa parte de seu tempo e paciência. Riu ao lembrar-se das aventuras diárias em casa. Olhou-se uma última vez no espelho, foi ate seu quarto e pegou a criança que lá dormia.

Flashback/ON

Finalmente ela havia acabado mais um dia de trabalho.

Traduzindo: Ela havia acabado de cuidar não só da casa, mais como também das crianças e de seu marido que passou a maior parte do dia em casa.

– Winryyy – Chamou Ed.

Ao ouvir seu nome, virou-se de imediato ficando quase com o rosto colado ao de seu marido. Ela estava irritada com ele por não tê-la ajudado com a casa ou as crianças. Mas logo depois que viu aquele sorriso, foi como se tudo tivesse evaporado, toda sua irritação. Ele a olhou e se afastou um pouco, estendeu-lhe a mão como um cavalheiro.

– Poderia me dar à honra, mademoiselle? – Perguntou Ed. Fazendo reverencia a ela.

– Já que está pedindo com educação, acho que não fará mal. – Deu-lhe sua mão que foi recebida com um leve beijo.

Riram e saíram andando de mãos dadas, ela não sabia para onde ele a levava, mas admitira que a curiosidade a tomava. De repente sentiu-se sendo abraçada por trás e seus olhos vendados, mas sem soltar as mãos, ele a segurava firme, andaram por um tempo até que ele a parou e sussurrou em seu ouvido.

– Uma noite especial para alguém especial.

E com isso liberou sua visão, a loira sentiu seus olhos arderem e pôs a mão livre sobre a boca. Ed ainda a abraçava por trás e sorria por cima de seu ombro.

Ele havia decorado todo o jardim, colocado uma mesa com duas cadeiras bem decoradas e ao redor estavam cheios de pétalas de rosa, ao lado e nas paredes da casa havia mensagens e fotos para a mulher em seus braços, e um lindo jantar os esperava.

– Não acredito que você fez tudo isso!– Falou emocionada.

– Gostou? Tive uma pequena ajuda, aliás, duas pequeninas ajudas hahaha. – Sorriu orgulhoso de suas duas princesinhas.

Winry se virou para o homem e olhando bem fundo em seus olhos, segurou seu rosto alisando as bochechas e logo depois selou finalmente seus lábios.

– Hum, acho que isso é bem mais gostoso que o jantar.­– Falou Ed rindo em meio ao beijo apaixonado.

Flashback/ OFF

Andava com cuidado para não acordar a pequenina que dormia em seus braços, enquanto passava pelo rio onde costumava brincar com os irmãos Elric, as lembranças invadiam sua mente& coração e deixava-se ser levada por elas.

Flashback/ ON

– Heeey, vocês dois, me esperem! – Gritou para que eles a escutassem.

– Ah qual é Winry, não temos culpa se você é tão lenta! – Gritou de longe.

– Ah Ed. não fale assim com ela... – Pediu Al.

– Você sempre fica do lado dela Al. – Falou emburrado.

O pequeno se emburrou e virou de costas para o irmão, que logo tentou se reconciliar. Até que finalmente a pequena loira os alcançou dando logo um cascudo em Ed e um sermão no mesmo de como devia tratar as mulheres bem.

– Bláblá, você só fala baboseira, vamos Al. – Chamou o mais novo, batendo o pé e em seguida marchando para longe.

E com isso sem saber o que fazer foi atrás de seu irmão, deixando uma garotinha para trás, logo ele acelerou o passo para tentar acompanhar o mais velho e gritou de longe pedindo para espera-lo.

Flashback/ OFF

O bebê em seus braços havia começado a se mexer, finalmente estava acordando. Abriu os olhos devagar, eles ainda pesavam de sono, a boca se mexia apenas para bocejar e as mãozinhas procuravam algo da mãe para se agarrar.

–Olá dorminhoca. – Falou com amor para sua filha.

– Mama... – Ainda com sono a pequena a chamou...

Sorriu ao ver o rosto de sua mãe, e com as mãos tentava alcançar o rosto de Winry, que falava sorridente com a criança em seus braços.

– Adivinha meu amor? Estamos indo visitar o papai. – Disse feliz.

Flashback/ ON

Ed se encontrava sentado em sua poltrona na sala encarando uma carta que havia acabado de receber, Winry havia estranhado ele estar parado na mesma posição por tanto tempo, chegou perto de seu marido com um olhar que ele entendia muito bem.

– Não precisa se preocupar. – Disse ele ainda pensativo

– O que está escrito? – Perguntou a ele vendo a carta em suas mãos.

– Não é nada demais, vamos comer? – Tentou fracassadamente mudar de assunto.

E antes que o loiro pudesse levantar a garota o segurou na poltrona o empurrando, e se mantendo em sua frente, repetiu a pergunta.

– O que está escrito? – Perguntou firme, porém receosa.

Ed parecia perdido, não sabia o que responder, apoiou a cabeça sobre a mão e reuniu coragem para falar.

– O exército... Precisa da minha ajuda para defender a cidade de um possível ataque de Scar e seus seguidores. – Explicou ele absorto ao resto.

– Você vai? – Perguntou temendo a resposta.

Ela sabia que ele provavelmente iria. Iria para protegê-la e as crianças também. Afinal, ele é seu herói e um espelho para seus filhos.

E quando ele afirmou com a cabeça, a loira sentiu seu mundo quebrar. Ed a abraçou e a aconchegou em seu peito, logo teria que partir.

Flashback/ OFF

– Papa? – Falou a pequena olhando inocentemente para a mãe.

– Sim, o Papa está esperando por nos, não vamos fazê-lo esperar não é? – Sorriu para a filha.

A criança sorriu novamente e aconchegou seus bracinhos em volta do pescoço de sua mãe que já o havia sentado em seu braço. Ambos entravam em um grande campo, com poucas árvores e grama tão brilhante que se podia acreditar que havia acabado de chover, se aproximaram da maior árvore do imenso campo e se puseram a sua frente. Winry colocou a criança no chão ao seu lado, e ficou de seu tamanho se ajoelhando.

– Vamos lá, mostre ao seu pai o que sabe fazer, ande até ele. – Sorriu para o bebê

Flashback/ ON

Pode escutar batidas na porta da sala, as crianças estavam dormindo então não iriam abrir a porta, levantou vagarosamente da cama, trocou de roupa colocando um short e uma blusa mais a vontade, foi até a sala e quando abriu a porta seu coração acelerou.

– Sentimos muito senhora Elric, ele foi um grande guerreiro. – Falou o civil com pesar ao ver a loira se derramar em lagrimas.

Flashback/ OFF

– Mama, mama, eu consegui! – Disse a menina feliz.

– Muito bem minha filha, seu pai está muito orgulhoso. – Disse lembrando-se dele.

Winry sorriu com os olhos marejados, enquanto que a pequena se apoiava em uma lapide de sua altura, a lapide de seu pai, ela se agarrava a ela se segurando e sorridente.

– Muito feliz e orgulhoso. – Contendo em vão sua lagrimas.

– Eu...Amo a mama...E o papa. – Falou a pequena com um pouco de dificuldade ainda.

A loira sorriu novamente, chegando mais perto de sua filha e alisando sua cabeça e falou:

– Papa e mama também te amam, muito. – Olhou para o céu e sussurrou para si mesma – Muito...

Troca equivalente, de algo de igual preço para que seja uma troca justa. Um sorriso por outro, uma alegria por outra, uma vida por outra.