— Clínica Mayo – Phoenix –

Tuppence estava no lobby das enfermeiras junto com as colegas de profissão, Amber e Mirna, revisando antigas papeladas do hospital e reservando para jogar tudo fora, uma vez que nada daquilo iria mais servir. As três junto com outra moça chamada Carol, integravam as últimas enfermeiras da Clínica Mayo, já que toda a outra parte havia ido embora no começo do apocalipse ou morrido durante este.

O Doutor Leigh apareceu.

— Soube que O’Hara surtou com o Mark antes dele sair pela cidade – O antigo cirurgião se apoiou no balcão olhando as enfermeiras sentadas.

— Ele estava bem nervoso mesmo, mas o Mark sabe que é arriscado – Tuppence encarou o homem do cabelo preto – Eu também queria sair para ir até minha antiga casa, mas acho que destruíram tudo quando esse tal ‘’Contágio’’ começou.

— Acredita que eu só vi um desses zumbis até hoje? – Falou Mirna com uma caneta na boca, encarando Steve – E foi quando aquele paciente se transformou e o Josh o matou. Estamos aqui a quase dois anos e aqueles caras que levaram os pacientes não vieram nos buscar – A loira jogou outra pilha de prontuários no lixo.

— Aquele cara lá, o Kennedy e o tal Doutor Stevens – Amber se referiu ao homem que levava os pacientes e também sequestrador de Polly e Akio a alguns meses antes de toda aquela confusão os levarem até onde estão – Pareciam estranhos demais, transferindo pacientes para a Califórnia e deixando os médicos para trás? – A mais nova das enfermeiras era bem segura e sentia quando alguma coisa estava errada – Minha sorte no dia do Contágio foi eu ter pego um plantão de 30 horas, não precisei sair no caos que Phoenix virou.

— Todos nós estávamos de plantão naquele dia – Leigh cruzou os braços, entediado por estar preso no hospital a tanto tempo – Nossa sorte foi trancar tudo antes que nos alcançassem.

— Mas eu ouço até hoje sabe... – Tuppence escrevia algo aleatório em uma prancheta – As pessoas batendo na emergência pedindo por ajuda, gritando que elas ou os parentes estavam mordidos...

— Ouvi dizer que deixaram as pessoas do hospital de Las Vegas entrarem e todo mundo foi morto em questão de minutos – Mirna pegou uma garrafa de água da prateleira de metal e bebeu – Vou ir ver como está o paciente novo. Se precisarem da Carol, ela está no refeitório com o Hunter – A loira se retirou do lobby e foi até o quarto do paciente no piso acima.

— Quem é esse paciente? – Perguntou Leigh observando Mirna cruzar o corredor oeste.

— Chegou antes de começar aquele incêndio que fez o Mark sair que nem um maluco, Hunter o descobriu desmaiado perto dos túneis do hospital – Respondeu Amber.

— Falando em Mark, já era para ele ter voltado, tem quase duas horas que ele não nos avisa – Tuppence pegou seu celular com a tela inteiramente rachada – Precisamos invadir alguma loja e buscar celulares novos, esse aqui está por um fio – Tuppence sacudiu a cabeça lembrando que deveria se lembrar de coisas mais importantes – Vou ir até o andar térreo ver se está tudo bem.

Tuppence se levantou da cadeira e fez o mesmo caminho que Mirna, mas logo em seguida Hunter, Vinny e Carol apareceram.

— Estão vindo – Hunter suspirava ofegante, Tuppence pareceu confusa, Leigh e Amber estavam logo atrás – Mark e Josh, estão voltando com mais pessoas, parece muitas pessoas estão feridas – Hunter saiu correndo com os outros logo atrás, indo até o andar térreo.

— Espera, como você sabe que são eles?! – Indagou Tuppence.

— Mark está sendo ajudado por um rapaz, Josh por um homem e uma mulher e tem mais um garoto ferido – Hunter entrou na sala de suprimentos e pegou todo o kit disponível, colocando um par de luvas brancas logo em seguida.

— Espera, Jane e Clarck estavam junto com o Mark! – Tuppence preparou o material e o entregou para Vinny e Leigh. A enfermeira amarrou seus cabelos e então seguiu os médicos que corriam para o centro de trauma, também no andar térreo.

Todos os médicos da Clínica Mayo estavam presentes no centro de trauma, exceto o Doutor O’Hara que continuava isolado em sua sala e Mirna que cuidava de seu paciente. Hunter e Vinny correram até a porta da emergência e a abriram, avistando Mark sendo acompanhado por Vasili, que o ajudava a se locomover

— Ele sofreu um acidente de carro! – O Russo soltou Mark que logo foi colocado em cima de uma maca e levado para o primeiro leito por Amber – Ele disse que tinha dois amigos, Clarck e Jane, mas morreram na explosão que aconteceu logo depois.

— Merda... – Vinny limpou o suor da testa e viu Josh entrar na emergência logo em seguida, sendo carregado por Renata e Ozzy. Vinny correu até o rapaz e checou sua pressão, Josh estava bem machucado e teria que fazer exames e suturas – Ele está inconsciente, levem para a sala 1 e tentem fazer uma reanimação agora! – Falou para Tuppence e Leigh que levaram eles até a sala indicada por Vinny – Me disseram que tem mais um? – Olhou para Vasili e depois para Hunter.

Vasili saiu do hospital, mas segundos depois voltou com o resto do grupo e também com Kei, que estava com Robert e seus braços, Vinny saiu do hospital junto com Hunter com outra maca na qual Robert foi depositado e levado para um dos leitos do centro de trauma.

— Eles estão vindo! – Gritou Taissa vendo os zumbis que os seguiam desde a casa.

Todos já estavam dentro do hospital quando Hunter fechou a porta de acesso à emergência. Ângela se sentou no primeiro banco que viu para descansar depois da corrida que fez para chegar até o local. Polly tentou acessar o leito que Robert estava com medo que aquilho fosse uma armadilha, mas falhou quando Carol fechou a cortina na sua cara.

Ouvindo o barulho no andar térreo, O’Hara saiu de sua sala e notou que o andar estava vazio e então se direcionou para o local de origem do barulho e então encontrou toda a sua equipe médica trabalhando e o grupo de Kei escorado em um canto. Podia também se ouvir a batida dos zumbis nas portas.

— Por que não me chamaram?! – O’Hara estava furioso, ele pouco se importou com Mark, Robert ou ausência dos outros dois bombeiros e foi direto até a sala 1, onde estava Hunter, Leigh e Tuppence tratando de Josh – Dá licença, eu assumo isso daqui agora – O’Hara retirou Leigh de sua posição onde terminava de limpar o sangue de Josh – Eu falei que isso era uma má ideia, sair assim desse jeito sem preparo, olha o que aconteceu! Quase que eu perco um dos meus médicos.

— Está falando sério?! Eles estavam tentando ajudar lá fora – Tuppence ficou irritada ainda mais ao ver que Leigh havia saído da sala, O’Hara ignorou a enfermeira e continuou a fazer o seu trabalho – Os sinais vitais dele estão estáveis, ele sofreu uma pancada ao se jogar do carro dos bombeiros – Colocou o imobilizador de cabeça em Josh, que começa a acordar.

— Se jogou?! Como assim se jogou?! Aquele maluco do Mark é um assassino! – Gritou O’Hara.

— O-Os freios não funcionaram... – Josh falou roucamente – Mark tentou de tudo, mas o carro só iria aumentar a velocidade ainda mais até que acontecesse algo... e acho que foi o que aconteceu – O médico estava zonzo, mas podia ver O’Hara e Tuppence trabalhando – Como está o pessoal? – O’Hara e Tuppence se olhara, sem dar uma resposta direta para o ferido.

Na emergência, Amber terminava de suturar Mark e colocar um gesso em sua perna, contudo Vinny e Carol tinham problemas com as queimaduras de Robert, mas os primeiros socorros de Bel e Polly os ajudaram muito e o trabalho começou a ter resultado mais rápido.

— Parece que está tudo bem com o amigo de vocês, acabei de verificar – Falou Leigh para o grupo, depois de passar pelo leito de Robert.

— Graças a Deus – Polly colocou as mãos na cabeça.

— Eu quero ir vê-lo – Vasili tentou passar por Leigh, mas foi impedido.

— É melhor não, pode atrapalhar os médicos – O Doutor interferiu.

— Mas é meu filho – Retrucou.

— Porra Vasili, deixa eles fazerem o trabalho deles – Kei puxou Vasili para longe dos médicos – Sorte a nossa, aquele bombeiro maluco ter sofrido um acidente de carro, se ele não nos falasse do hospital nunca chegaríamos aqui a tempo – Logo que Mark anunciou do hospital depois do acidente, Kei e Renata avisaram o grupo que achou que aquilo era uma piada de extremo mal gosto, mas concordaram ao verem a roupa de bombeiro do homem.

— Droga, eles estão batendo nas portas – Renata viu a silhueta dos zumbis na porta de emergência – Essas portas são leves, precisamos fazer alguma coisa. Abra a porta que matamos todos rapidinhos.

— Não podemos abrir a porta aqui com os médicos tratando deles, o ar está todo contaminado e o cheiro dos cadáveres podem empestear a sala – Falou Patrick – E também não quero minha mulher correndo risco mais uma vez.

— Como se esse ar já não estivesse contaminado a muito tempo – Boone revirou os olhos e viu Effy tossindo ao seu lado – Ei, está tudo bem? – Colocou a mão nos ombros da garota, que tossia pesadamente – A fumaça da casa acabou fazendo com que os pulmões de Effy se enchessem de fuligem.

— Eu... estou... – Na mesma hora, Effy ia desabar no chão, mas Boone segurou a moça. Leigh veio correndo e a colocou na cadeira de rodas, levando para a sala dois.

Effy ficou plenamente inconsciente, não apresentava pulso, seu corpo inteiro cheirava a produto químico. Todo o grupo ficou assustado com o que aconteceu com a garota e não esperava aquilo, já que Effy parecia bem nos primeiros momentos em que saíram da casa e até havia fumado.

— Carrinho de parada! – Gritou para Amber, que havia terminado seu trabalho em Mark, a moça pegou o suporte e seguiu o homem.

— Onde que tem uma saída de emergência? – Kei puxou Tuppence que havia acabado de sair da sala 1. A enfermeira temeu o olhar de Kei, que parecia bem irritado.

— Virem à esquerda o corredor principal e... – Tuppence não terminou de falar e Kei saiu correndo junto com Ozzy, Renata e Vasili.

— Cuidem do Robert... e da Effy! – Gritou Vasili para Polly e Boone – Vamos dar um jeito naqueles zumbis! – Falou e logo virou o corredor junto com o trio.

Eles seguiram o caminho indicado por Tuppence e rapidamente chegaram até uma porta vermelha com uma plaquinha de uma pessoa correndo, logo em seguida saíram do prédio e estavam em um local que parecia ser a área de descarga de veículos. A rua podia ser avistada logo ao fundo e então foram até ela, rapidamente encontrando os zumbis que batiam na porta do hospital, sem perceber os quatro atrás deles.

— Ei, seus feiosos! – Gritou Kei retirando seu machete da bainha, Vasili fez o mesmo, Ozzy pegou seu pé de cabra e Renata seu precioso bastão de beisebol. Os zumbis se viraram e foram direto até o grupo – Nós vamos acabar com vocês.

Kei correu até um dos zumbis e com um pulo, atravessou o machete na cabeça da criatura e a matou. Vasili com sua habilidade em armas brancas, empalou dois deles ao mesmo tempo e por pouco, não levou sua arma junto. Ozzy empurrou um dos zumbis na parede e não precisou usar seu pé de cabra, bateu a cabeça da criatura inúmeras vezes no concreto até que estivesse completamente esmagada. Renata agia como se estivesse realizando um hobby, destruía o crânio dos zumbis com diversas pancadas desferidas pelo bastão de beisebol.

Minutos depois, todos os zumbis estavam no chão.

Kei deu dois tapas na porta de emergência do hospital, indicando que tudo estava bem. Em alguns segundos a porta foi aberta por Tuppence, que só pela sua aparência, podia saber que algo ruim havia acontecido.

— O que houve? – Perguntou Vasili para Tuppence, ao fundo podia ver Bel segurando um maço de cigarro, Polly chorando no banco junto com Ângela e Taissa, Boone estava de pé andando sem rumo pelo centro de trauma, Patrick segurava a mão de sua esposa, também comovido pela situação. Leigh, Hunter, Carol, Vinny e Amber também não estavam com a melhor feição – Meu Deus o que houve?! Foi o Robert?!

Polly se levantou, ainda em prantos e foi até Vasili.

— Robert está bem, o Doutor Vinny e a Carol terminaram seu trabalho... – Polly fungou e Vasili se sentiu aliviado. O grupo entrou novamente no hospital e a porta da emergência foi fechada.

— Então, o que aconteceu? – Dessa vez quem perguntou foi Renata, notando que até o bombeiro Mark estava acordado.

— Effy morreu enquanto vocês matavam os zumbis lá fora – Respondeu Bel observando o cigarro da moça em suas mãos – O Leigh disse que ela teve uma asfixia por causa da fumaça e não aguentou a tempo de tentarem salvá-la.  O’Hara saiu da sala 1 depois de ter salvado Josh, vendo o clima tenso que estava instalado por ali – Effy foi embora...— Bel colocou as mãos na boca e começou a chorar.

Todos ficaram em silêncio, Vasili não gostava de Effy assim como não gostava de Patrick, mas a moça havia ajudado desde que apareceu ao grupo. Polly saiu de perto deles e foi lentamente até o leito de Robert, notando que o loiro parecia estar estável. Era visível os curativos nos lugares da queimadura, mas pelo menos aquilo o ajudando.

— Vai ficar tudo bem Robert, nós vamos sair dessa – Polly segurou na mão do loiro e sentiu um aperto na sua – Oh meu Deus. Ele está acordando! – Vasili, Kei, Bel e Renata foram até o leito do rapaz – As pálpebras de Robert começaram a subir e então o loiro finalmente despertou de seu pequeno ‘’coma’’ – Robert, estamos aqui!

Robert estava um pouco confuso com o local, olhou para os seus amigos e os reconheceu no mesmo instante, mas sentia falta de alguma coisa ali.

— Boone... – Falou um pouco fraco, mas aquilo foi o suficiente para tirar o sorriso de Polly de seu rosto – Onde está o Boone?