– Robert On –

Estava tudo... tudo acabado, novamente... havíamos perdido tudo o que havíamos feito, todas as pessoas que conhecemos provavelmente devem estar mortas ou bem longe daqui, literalmente, tudo estava acabado para a gente.

Gus destruiu tudo, mesmo as semanas difíceis que estávamos passando, conseguimos amenizar a situação, mas foi tudo em vão, o egoísmo e a brutalidade humana falou mais alto dessa vez...

Fazia algumas horas que havíamos abandonado os galpões, os zumbis tomaram conta de todo o lugar, eu, Polly, Andrew e Fluffy – Gata da Kei – estávamos todos reunidos em uma casa de um bairro de classe média do distrito.

– Conseguiu ver alguma coisa lá fora? – Perguntei para Andrew que entrou na casa e empurrou uma estante na porta.

– Nenhum sinal de ninguém... – Disse Andrew com as mãos na cabeça – Rondei alguns quarteirões e só vi os zumbis se dissipando...

– Eles devem estar saindo do pátio... – Falei tentando criar alguma expectativa.

– Robert – Polly falou empurrado entrando na sala – Se contenta! – Ela gritou soltando um choro – Todos eles morreram... – Ela bufou soltando algumas lágrimas – Todos vamos morrer... acabou toda essa loucura, isso não é um mundo, é o inferno agora.

– Se acalma! – Me levantei do sofá e abracei ela, que chorou no meu ombro, acariciei o seu cabelo enquanto ela encharcava meu casaco – Vai tudo ficar bem...

– Vou sair para procurar alguns mantimentos e já venho – Andrew revirou os olhos e começou a procurar sua arma.

– Toma cuidado – Falei depois de Polly se deitar no sofá e adormecer um pouco – Tem munição?

– Eu vou sair para buscar alguma coisa e se tiver sorte acho alguma arma – Disse Andrew segurando um facão – Tomem cuidado com qualquer coisa...

– Ah se vir al... – Tentei falar mas fui interrompido.

– Não precisa falar, se eu achar alguém eu trago para cá – Andrew falou indo até a porta dos fundos e saiu.

Caminhei um pouco pela casa, não havia basicamente nada ali, apenas alguns alimentos vencidos que mal pudemos utilizar. Fui até uma porta e girei a maçaneta, revelando um lugar que parecia uma garagem.

Um alívio, havia um carro ali, fui até ele e consegui destravar a porta e abri-la, entrei dentro do carro e verifiquei os bancos, onde tinha uma mochila e peguei. Quando saí do carro eu vi alguém me tocar.

– HURRG! – Um zumbi fez um barulho tentando me atacar, tomei um enorme susto e acabei caindo.

O zumbi estava soltando sangue pela boca, sua aparência era horrível e sua força era pior, minha mão estava próximo de uma chave de fenda que estava debaixo do carro, com uma mão eu segurava o queixo dele para não me morder e a outra para alcançar o utensílio.

– TOMA DESGRAÇADO! – Consegui pegar a chave de fenda e acertei sua ponta em seu crânio, perfurando-o.

Aquelas coisas... estavam ficando mais rápidas que o normal e mais agressivas, não era atoa em que minutos o pátio havia sido tomado por eles, provavelmente as células nos corpos deles estavam sofrendo mutação...

– Robert! – Polly apareceu correndo na garagem – Você tá legal?! – Ela me ajudou a levantar.

– Eu estou... – Falei tirando o casaco com sangue – Acho que esse bairro não é mais seguro.

– Nenhum lugar daqui é seguro – Polly falou enquanto saímos da garagem e voltamos a sala – O que é isso? – Perguntou ao ver a mochila.

– Eu achei no carro – Falei colocando-a na mesa de centro e a abri colocando os objetos na mesa – Uma lanterna e dinheiro...

– Quem dera esse dinheiro ter uso agora – Polly riu fraco.

– Isso é o de menos agora – Falei – Vai saber se algum lugar está livre da infecção

– Até que seria bom – A loira falou mexendo em seu cabelo – Parece que só existe a gente no mundo.

– Não pense assim – Falei tocando sua mão e lhe dei um beijo – Deve haver pessoas vivas por aí.

– Eu espero que o pessoal consiga ter saído isso sim – Polly se levantou olhando a janela – Tenho esperanças que elas estão lá fora.

– Polly! É mesmo! – Falei surpreso – O Akio e as garotas, eles podem estar por aqui! Tenho certeza que eles estão por perto...

– Mas... como vamos sair para procurar eles se o Andrew tá lá fora! – Polly falou com receio – Vamos acabar nos perdendo dele.

– No caminho a gente encontra ele – Falei arrumando a mochila rapidamente colocando algumas coisas básicas e chamei a gata da Kei e tirei a estante da porta de entrada – No três... um, dois e três!

Dei um chute na porta e atravessamos o portão correndo, havia alguns zumbis se aproximando de nós, consegui matar alguns deles assim como Polly, nós descemos a rua correndo enquanto vimos Andrew a subi-la.

– Para onde vão?! – Andrew parou de correr, assim como nós.

– Vamos procurar o pessoal – Falei enquanto via alguns zumbis descerem a rua.

– Calma... eu ia buscar vocês... tem duas pessoas precisando de ajuda, eles falaram que foram atacados pela Paloma – Disse Andrew correndo e seguimos ele.

– Tem certeza Andrew? E se não for um deles disfarçados?! – Perguntei preocupado enquanto o seguia.

– Absoluta – Andrew falava subindo outra rua.

Depois de caminhar cerca de um quilometro e meio, chegamos ao que parecia ser um estacionamento, estava com várias caixas espalhadas, marcas de tiro no chão e em um carro, que saiu duas pessoas de lá.

– Não se preocupem – Andrew falou para os dois – São os que eu te falei.

– Tudo bem – Uma adolescente falou ao lado de um rapaz – Me chamo Renata e aquele é o meu irmão mais novo o Topher – O outro adolescente acenou.

– Vocês foram mesmo atacados? – Perguntei ainda desconfiado.

– Faz algumas horas... nós ouvimos alguns barulhos de bomba pelos quarteirões e depois alguns locais em chamas perto de Beverly Hills e em Hollywood – Topher respondeu.

– Aí depois um grupo pequeno veio aqui tentar saquear-nos e revidamos, não pensamos que eles eram tão fortes e levaram tudo... – Renata respondeu aflita.

– Não se preocupem – Falei tentando amenizar a preocupação deles, estava confiando neles – Fomos atacados por eles também... – Polly abaixou a cabeça tentando esconder algumas lágrimas – Perdemos algumas pessoas, queremos encontrar as que sobreviveram... e acho que podemos acabar com aquela gente que nos atacaram... – Disse por fim.

Renata e Topher se encararam e depois olharam para mim.

– Estamos com você – Renata disse confiante.