Contágio escrita por MrArt


Capítulo 154
Estação 8 - Capítulo 154 - Ponto de Choque


Notas iniciais do capítulo

Se preparem pois esse capítulo está bem emocionante :')

Boa leitura!



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As horas tinham se passado desde o retorno de Kei e Ozzy.

O supermercado agora tinha se tornado um grande espaço para o atendimento de pessoas feridas. O lado da Resistência em meio aquele conflito armado havia sofrido uma quantidade de baixas eram absurdas e o luto dos que perderam amigos ou parentes envolvia toda a atmosfera de sentimentos das pessoas. E os que não morreram, estavam enfrentando a dor de terem sido feridos fisicamente.

— Dallas está com várias pessoas para atender. Ele e Pam só estão atendendo os casos extremos - Miguel disse para Oscar, que observava todo o interior do supermercado ter virado uma enorme tenda de atendimento médico - E pelo o que parece a Melissa levou um tiro no ombro. Que garota sem sorte.

— Kei trouxe um médico da Elite junto com ela. Mande-o ajudar o Dallas e a Pam com os caso - Acho que o nome dele é Zachary.

— Nós devemos confiar nele? - Miguel olhou para Oscar, preocupado.

— Pelo o que Kei me contou, as pessoas que ela trouxe não são combatentes. A única que aparenta ser perigosa é a Aryane e ela está sob vigia de Toni - Oscar disse se apoiando em um balcão, enquanto assistia o movimento das pessoas - Provavelmente eles deveriam ter vindo conosco durante a rebelião, mas não tiveram chance.

— É… - Miguel deu os ombros - Mas vou ficar de olha nele, somente para garantir - Assentiu para Oscar, e então foi atrás de Zachary o mais rápido possível para que a vida de pessoas fossem salvas.

Oscar observava aquele pequeno trânsito a sua frente, pensando nas pessoas que havia perdido nos últimos dias. Anthony, Sid e Bruna tinham ido embora violentamente no objetivo de destruir o mal que os rondava e os dar esperança para um mundo novo, mesmo no que dizia respeito de matar outro ser humano em um mundo que a raça humana aos poucos entrava extinção.

Com os membros dos grupos de Vasili, Nicolas e agora os da Rota 55 liderados por Gina voltarem para as suas comunidades durante a madrugada e prevenindo-se de uma possível retaliação por parte da Elite. Aline tinha rompido relações com a Resistência por um tempo indeterminado após sua discussão com Robert e ter saído sozinha de volta para a Praia Palm. As estradas e os trajetos que ligavam as comunidades tinha se tornado perigoso, e claro, sair sozinho era uma sentença de morte assinada.

O clima mórbido e a sensação de que poderiam perder o conflito estavam sendo um problema para a mentalidade de Oscar, e por conta disto, ele mesmo questionava seu espírito de liderança. No entanto, Robert discutia com seu pai sobre a sua posição de liderança.

— Ainda é difícil acreditar que você está vivo e liderando um grupo. De novo - Robert se sentou no capô de um carro no estacionamento do supermercado, enquanto observava atras das cercas, junto com Vasili a paisagem urbana de Nova Orleans.

— Você não sabe como foi difícil aquele dia em El Distrito. Todos me apontaram o dedo e agora eles estão mortos - Vasili cruzou os braços e deu um sorriso debochado, que foi perceptível por Robert. O russo jamais iria mudar o seu comportamento maléfico - Boone foi o primeiro a me apontar o dedo e ele foi a causa de tudo o que aconteceu.

— Espero que você não esteja falando em… - Robert esbugalhou os olhos, preocupado com o que se passava na cabeça de Vasili.

— Matar o Boone? - Vasili riu, deixando Robert cada vez mais confuso - Eu não perderia o meu tempo matando ele. Temos um inimigo maior para nos preocuparmos e o Boone sempre teve o jeito de um garoto rebelde. Ele é inconsequente dos próprios atos e eu percebi isso quando ele voltou com toda a equipe dele morta.

Robert ficou calado, ainda tinha muita coisa que Vasili não sabia sobre ele, ou ele pelo menos acreditava que o pai não sabia. Talvez o reencontro dos dois destinava as relações entre si terem um novo futuro.

— Eu sei que você e o Boone estão namorando - As palavras de Vasili fizeram com que Robert quase caísse de cima do capô do carro e sua pressão caísse - Foi a primeira coisa que eu deduzi quando eu vi vocês dois dormindo juntos na sala uma vez em El Distrito - Robert continuou em silêncio - Na cultura russa isso não é muito aceitável, mas aprendi a respeitar quando comecei a abrir o cassino para o público em Las Vegas. Lembro que Irina estava junta com Jenny Robson antes dela morrer. Não quero que você morra sem poder ter alguém do seu lado por causa da crueldade dos outros. Ninguém pode tirar a sua liberdade, Robert - Vasili apertou a mão de seu filho, que pela primeira vez coragem de sorrir para ele - Digo isso por que você sabe que eu não sou uma das melhores pessoas do mundo, mas quero que o meu único filho seja uma pessoa feliz.

— Não esperava por isso… - Robert falou ainda tocado com as palavras de Vasili - Nunca conheci esse seu lado. É incrível que você ainda tenha todo esse afeto mesmo pelo o que ocorreu.

— Robert você salvou a minha vida daquelas pessoas me colocando do lado daquele penhasco, por mais banal que pareça - Vasili foi obrigado a concordar - Todas essas circunstâncias de sermos levados para experimentos dessas bases nos fizeram nos encontramos novamente.

— O apocalipse é estranho - Robert olhou para os próprios pés, rindo - E agora nós dois somos líderes de uma guerra contra eles.

— Fomos reunidos em um verdadeiro ponto de choque - Vasili observou pelas cercas Keegan e Murilo mataram alguns zumbis.

— Pelo menos se perdermos essas guerra, nós morreremos juntos - Robert se levantou do capô do carro e então abraçou Vasili, que o recebeu de braços abertos.

Tendo uma boa vista para o estacionamento, Kimberly, Polly e Kei observavam Vasili e Robert em um momento tão fraternal que chegava a ser assustador. A última coisa que todos que conheciam os dois pensavam, é que eles iriam se reencontrar e muito menos se reconciliar.

Por outro lado, Kimberly ainda não aceitava a notícia de que Topher tinha morrido. A culpa batia como um martelo na consciência da moça, pois ela havia abandonado Topher na primeira oportunidade que teve em um momento trágico que quase os matou. Se sentia covarde e com um remorso enorme por tudo o que ele havia feito para mantê-la viva. Sobretudo, Kimberly conseguiu salvar a si e a vida de seu filho.

— Saber que o meu ex-marido tem um filho e ele ainda por cima eles têm o mesmo nome, é algo que ainda eu estou tentando entender - Polly acariciava a própria barriga, observando Vasili e Robert rirem em um momento de luto em que as pessoas passavam.

— Andrew é uma criança magnífica - Kimberly cruzou os braços e sorriu - A única parte boa da Elite ter nos pego foi que eu tive um parto seguro e o Andrew recebeu todas as vacinas que uma criança deveria tomar nessa idade. Mas eu quase não vi ele crescer enquanto era um bebê.

Aquilo deixou Polly atônita.

— Mas vai tudo dar certo, Polly. Você é uma mulher forte - Kimberly tocou no ombro se Polly, tentando tranquiliza-la.

— Coragem ficar grávida em um mundo desses - Kei argumentou, ainda olhando Vasili e Robert.

— Ou é isso, ou a humanidade acaba - Polly se virou para a oriental - Nunca pensou em ter filhos?

— Nunca na minha vida - Kei riu de nervoso, pega o seu rifle como se ele fosse o seu próprio filho - Quando eu fazia treinamento tático acabei sofrendo uma lesão grave e fiz uma cirurgia de emergência. Tive que retirar o meu útero se não eu poderia morrer - A oriental contou como se a sua condição não a afetasse. Tomou um gole da latinha de refrigerante e continuou a história - Como eu disse, nunca tive vontade de ter filhos ou construir uma família como todos. Meu foco sempre foi ter um trabalho de uma vida bem sucedida - Olhou para Polly - Você é a prova viva do que eu estou falando.

— Como sei… - Polly cruzou os braços. Todo o seu sonho de ter uma grande carreira tinha sido interrompido pelo apocalipse - As coisas teriam sido tão diferentes sem tudo isso ter acontecido.

— Talvez isso tenha acontecido para unir todos nós - Era até estranho para Polly e Kei ouvirem aquilo de Kimberly - Uma desgraça acontece para acontecer algo bom... - Olhou diretamente para a barriga de Polly.

— Preciso ir a enfermaria tomar outro remédio - Polly saiu de perto das duas mulheres, sentindo um leve desconforto. Desde que tinha acordado não parecia estar confortável consigo mesma.

Andando pelo andar superior do supermercado, Polly percebia que o movimento estava reduzido e as pessoas mantinham o silêncio. Perto da sala que havia sido queimada por Merle, Sandy estava sendo consolada por Mandy e Gibbs, aliviados por se reencontrarem. O casal era um dos únicos que continuavam intactos.

Ao entrar na enfermaria, deu de cara com Bel fazendo uma sutura no braço de Boone, devido um machucado causado durante a troca de uma peça nos carros utilizados para o combate. Pam e Dallas estavam ausentes, cuidando do ombro de Melissa antes que ela perdesse o movimento do braço de uma vez por todas.

— Como isso aconteceu? - Polly perguntou, enquanto pegava duas cápsulas de remédios pré natais. A loira odiava tomar aquelas coisas com gosto de nada.

— Quando fui atacar aquele frigorífico um dos caras atirou no motor. Fui tentar consertar e uma peça caiu no meu braço - Boone disse e então mordeu o lábio inferior em seguida, tentando segurar um gemido de dor por conta da sutura que Bel fazia.

— Está doendo? - Bel perguntou, com atenção extrema no machucado do rapaz.

— Não... jamais - Robert disfarçou para Bel, mas lançou um olhar de socorro para Polly, que pela primeira vez depois de tanto tempo riu de alguma coisa.

— Terminei aqui. Eu fiz uma verdadeira obra de arte - Bel falou ao cortar a linha com uma tesoura parcialmente cega. Ela se sentiu orgulhosa enquanto Boone suspirou aliviado. Por sorte a sessão tortura de Bel não havia deixado uma de suas tatuagens com o desenho torto - Vou verificar se a Pam e o Dallas precisam de ajuda - Colocou os utensílios para sutura em um recipiente para higienização e então se retirou da sala.

— Merda… - Boone tentou vestir seu casaco, mas seu braço ainda doia o suficiente para o impedir de fazer coisas básicas.

— Eu te ajudo! - Polly guardou seus remédios em uma gaveta e então foi até Boone, pegando o casaco em seus mãos e o vestindo logo em seguida - Lembro que eu peguei esse casaco para você quando escapei da Rave. Ele é a sua cara - Sorriu orgulhosa ao se lembrar de ter salvo ela mesma e Mandy, Gibbs, Sandy e Melissa da festa traumatizante que enfrentou ao lado de Scorpion.

— O melhor vestuário que tive desde que eu perdi todas as minhas roupas em El Distrito - Boone reclamou mas com um pingo de humor, se virando para a loira.

— Carlota tinha feito um vestido lindo para mim, que ódio! - Polly fez uma voz enjoada de lamentação e os dois riram, mas não demorou para que o clima monótono voltasse a tomar conta do local - Nunca vamos ter paz… - Polly começou a acariciar a barriga novamente sentindo uma leve pontada e se tornando incapaz de ficar em pé.

— Esse apocalipse é muito fodido - Boone bufou. Percebeu que Polly não estava bem, visto que ela não conseguia falar nada senão começar a gemer de dor desesperadamente e agarrar-se no rapaz - Polly!

— Droga, Boone! - Polly olhou para o tatuado desesperadamente. O momento que ela mais temia havia chego em um momento tão ruim - A bolsa estourou!

 


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