Contágio escrita por MrArt


Capítulo 142
Estação 8 - Capítulo 142 - No Olho do Furacão




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Com a passagem bloqueada pela árvore, Ozzy e Sandy não tinham para onde fugir com aquela tempestade monstruosa atrás deles, destruindo tudo o que havia no caminho. Aaron e Schindler tentaram quebrar as janelas do hotel para que eles pudessem entrar, mas a força do vento levavam destroços para dentro dos cômodos. O hotel não tinha energia alguma, mas podiam ouvir o alarme de emergência disparar por conta da coisas quebrando na área externa do prédio.

 

Completamente molhados pela chuva que cais violentamente e enfrentando o alagamento que não parava, Sandy e Ozzy não sabiam qual caminho seguir, principalmente quando os zumbis apareciam inesperadamente.

 

— Que porra é essa?! - Sandy olhou para a rua alagada e percebeu que alguns zumbis começaram a emergir da água. Ela entrou em estado de pânico.

 

—  Merda… - Ozzy engoliu a própria saliva. Tirou seus cabelos da testa, estava nervoso demais e olhos arregalados em sua face apenas confirmanavam isso - Eles estão saindo dos esgostos. Eu nunca vi isso antes.

 

— Ozzy, isso é bizarro - Sandy apontou seu revolver em direção a um zumbi próximo a ela. Atirou na criatura que caiu. Seu corpo começou a boiar na água, enquanto mais zumbis apareciam.

 

— Temos que fugir por aqui… - Ozzy puxou Sandy e os dois andaram com certa dificuldade. Mais zumbis apareciam ao redor deles, completamente sujos de detritos do estômago e com um cheiro absurdo. Os ventos continuavam fortes, a ponto de arrastar coisas inimagináveis.

 

Devido sua baixa massa corpórea, vários zumbis começaram a deixar o solo e serem arremessado pelos fortes ventos, caindo em telhados ou atingindo janelas. Sandy e Ozzy assistiam aquele espetáculo chocados, a chance de algum zumbi os atingir era alta, mas não podiam deixar de fugir e serem os próximos, visto que Sandy começava a se segurar nas grades de um estacionamento próximos a eles. Correram o mais rapido que podiam, deixando o cansaço que os dominava de lado. Chegaram a uma parte elevada e se livraram do alagamento por alguns segundos e foram em direção ao que deveria ser um supermercado, encontrando mais um problema pela frente, e dessa vez não eram zumbis.

 

—  Parados aí, porra! - Um homem negro e alto apontou um rifle para Ozzy. A porta do supermercado havia sido abertamente imediatamente quando os dois apareceram, mas revelaram pessoas fortemente armadas e sedentas para matar alguém.

 

Ozzy não teve alternativa, e conhecendo o que passou, largou sua arma no chão e Sandy fez o mesmo. Ter um diálogo com aquelas pessoas seria mais fácil do que criar uma inimizade e ter de enfrentá-los junto com o furacão que destruía Nova Orleans. O homem olhou Ozzy mais uma vez e percebeu o desespero dele e de Sandy. Fez um sinal com a mão esquerda e outro rapaz apareceu e puxou a dupla para dentro do supermercado e outro recolheu as armas, trancando a porta logo em seguida.

 

— Como vieram parar aqui? - O homem perguntou, abaixando a arma. Notou que Ozzy estava cansado demais para ir para cima de alguém ali, principalmente quando todos estavam armados.

 

— Nosso grupo ficou isolado em um hotel. Não conseguimos chegar até eles por causa da tempestade - Sandy disse cruzando os braços de frio - Corremos até aqui por que foi a única parte que não encheu de água. Desprezível.

 

— Só estamos fugindo do furacão. Viemos em paz - Ozzy disse tentando acalmar a situação. Oscar, o homem responsável pelo local, olhava para eles sem desconfiança alguma - Por favor, nos somos do bem.

 

— O grupo de vocês tem quantas pessoas? - Oscar perguntou, colocando sua arma de lado e estrelando seus dedos.

 

— Mais que o de vocês é impossível - Sandy observou desacreditada o número de pessoas no supermercado. Eles ocupavam todos os corredores e pareciam ter um sistema de racionamento visto os alimentos em quantidades grandes. Seu comentário chamou a atenção de um rapaz com argolas enormes em suas orelhas.

 

— Só não deve ser maior que seu deboche - O rapaz disse, colocando um palito de dentes na boca, sorrindo para Sandy.

 

— Sid, por favor - Oscar lançou um olhar mortal para o punk. Voltou sua atenção a Ozzy, esperando a resposta.

 

— Tem mais umas dez pessoas junto. Há uma grávida e um bebê conosco, viemos para cá apenas para abrigo e demos de cara com o furacão - Ozzy disse. Uma moça jogou uma garrafa de água para ele enquanto passava por perto - Valeu.

 

— Deram sorte de nos encontrar. Estamos trancando todos os nossos postos em Nova Orleans. Avistamos o furacão faz dois dias e nos preparamos até agora - Enquanto Oscar falava, Ozzy prestava a atenção nas barricadas que haviam construído nas portas e janelas do supermercado. Ainda era possível ouvir o barulho da forte ventania do lado de fora - O grupo de vocês ficará bem, devem ter ido para o hotel Lusitânia, ele é bem preparado para esses casos.

 

— Você disse que seu grupo tem postos? - Ozzy perguntou, acabando com toda a água da garrafa.

 

— Depois que derrotamos as bases que faziam experimentos conosco, tivemos que arrumar um lugar para ficar. Há pessoas do nosso grupo por todo o contado - Oscar respondeu e então Ozzy arregalou os olhos. Sandy não entendia absolutamente nada.

 

— Bases? - Ozzy se lembrou imediatamente do dia em que resgataram Robert e Taissa morreu - Meu amigo esteve preso em uma base em Corpus Christi, já tem bastante tempo, mas ele ficou por lá quase um ano ou mais - O moreno por incrível que pareça se lembrava de todos os detalhes daquele dia.

 

— Robert Petterson? - Toni, uma mulher com um chapéu de policial se intrometeu no assunto.

 

— Ele mesmo… - Ozzy assentiu - Você o conhece?

 

— Ele quem começou a resistência por todas as bases. Se ele não tivesse invadido o sistema de Corpus Christi, nenhuma das outras bases teriam caído - Toni falou, com uma felicidade visível em seu rosto - Estaríamos todos presos até hoje se não fosse ele.

 

— Robert salvou a vida de centenas de pessoas.  Inclusive a nossa - Oscar se lembrou do dia em que a base de Nova Orleans caiu - Quando as notícias correram até procuramos por ele, mas nada.

 

— E agora ele está mais perto do que nunca - Toni afirmou, animada.

 

— Vocês são muito bem-vindos aqui dentro - Oscar foi até Ozzy, passando o braço em seu ombro e mostrando o lugar para ele é Sandy.

— Sandy e Ozzy se entreolharam. Coincidências do apocalipse sempre aconteciam.

 

Dentro do hotel, as coisas seguiam de mal a pior. O furacão passava bem perto do prédio e a destruição era iminente. A construção balançava, enquanto várias janelas se quebravam e a água alegava todo o andar térreo. Desistiram de procurar por Ozzy e Sandy nos arredores e se preocuparam com a chegada do furacão. Matthew, que havia se acostumado com toda aquela agitação desde que nasceu, pouco se importou com a força da natureza agindo do lado de fora e dormiu tranquilamente nos braços de Sally, enquanto Merle e Marilyn subiam correndo as escadas do primeiro andar após o elevador parar por conta da queda de energia.



— Os geradores não funcionaram! - Merle gritou e correu ate Kei e Robert. Ele e Marilyn estavam encharcados.

 

— Há zumbis por toda a parte lá embaixo - Marilyn tossiu diversas vezes - Eles não são poucos e vai acabar chegando aqui.

 

— Temos que descer e dar um jeito naquilo. Imediatamente - Kei disse preparando sua arma.

 

— Fiquem com o pessoal, nós vamos lá - Robert assentiu para a dupla - Não vai usar nenhuma arma? - Perguntou para Boone, que segurava uma corrente de tamanho médio.

 

— Economia de balas - Boone piscou para o namorado - Eu batia em uns caras com correntes quando brigava - Fez força com o braço e bateu a corrente na parede, rachando-a - Viu só? Um grande estrago.

 

— Ótimo - Robert se deu convencido por Boone.

 

— Eu estou pronta - Polly apareceu com um revólver em mãos. Parou em frente a escada e suspirou, percebendo que todos olhavam para ela - O que foi?

 

— Quem disse que você vai? - Kei arqueou a sobrancelha.

 

— Ela não quer ouvir ninguém mais - Bel foi até eles, tentando fazer Polly mudar de ideia - Tem certeza que não precisa de mais gente? - Ofereceu ajuda.

 

— Estamos bem… eu acho - Robert olhou em direção a escada, ouvindo o grunhido dos zumbis - Isso vai ser uma porra.

 

— Não vou mais ouvir essa baboseira. Fique aí! - Kei gritou dando um intimato a Polly, descendo as escadas correndo junto com Boone.

 

— Cinco minutos e estamos aqui. Juro - Robert pegou na mão de Polly e a acariciou. Os seus olhares se encontraram e a loira se acalmou, sorrindo de canto. Bel assistiu aquela cena com diversos corações saindo de dentro de si, mas ficou preocupada quando percebeu que Scorpion os olhava de longe.

 

— Robert, eles estão esperando - Bel quebrlu o clima e empurrou o loiro, que finalmente desceu as escadas para ajudar Boone e Kei.

 

Polly não tinha sequer notado, mas Bel começou a sentir uma enorme angústia com Scorpion perto deles. Ele estava com Mandy, Gibbs, Duncan e Melissa, protegendo do furacão, janelas daquele andar, mas agora ele parecia estar com outro assunto em sua mente.

 

E aquilo não era bom.

 

Ao avistarem Robert no andar térreo, Kei sentiu-se aliviada por não ter que enfrentar aqueles zumbis junto com Boone, que praticamente se divertia matando os mortos vivos com sua corrente, mesmo com a água na altura de sua cintura. A oriental segurava um zumbi pelo pescoço, levando-o ate uma coluna e batendo ali sua cabeça inúmeras vezes, até destroçar seu crânio. Robert viu o primeiro zumbi se aproximar dele e no mesmo instante chutou a criatura para longe, lançando uma barra de ferro que perfurou em cheio sua testa. Percebeu que as criaturas vinham  do que deveria ser a saída de emergência, provavelmente o furacão deveria ter derrubado alguma porta que permitiu a entrada deles.

 

— Eles não vão conseguir mais entrar. Essa água está alta demais - Robert cruzou os braços entediado, ao ver a dificuldade de um zumbi de chegar ate ele. Era patético.

 

— Mas e quando o furacão passar? - Kei perguntou, fechando o punho e o atingindo em cheio no maxilar de outro zumbi.

 

— Nós saímos daqui. Vamos ter que encontrar o Ozzy e a Sandy - Robert respondeu, voltando até a escada.

 

— Parece que não tem mais nenhum zumbi aqui - Boone informou, observando pela a abertura de uma janela, a destruição causada pelo furacão - Vamos voltar? - Perguntou.

 

— Robert? - Kei guardou sua arma e olhou para Robert parado perto da escada.

 

Robert encarava o zumbi preso na água com medo. Por mais putrida que a criatura estivesse, Robert notou seus cabelos loiros, uma mancha escurecida com o tempo em seu maxilar e a roupa xadrez que havia se desgastado. O rapaz que se transformou em morto vivo, não havia morrido por conta de uma mordida, mas sim por um enorme corte no pescoço que ficou marcado por um risco preto. Assassinado. Petterson praticamente se via naquele zumbi, como se encarasse a si mesmo caso tivesse morrido no apocalipse.

 

Era assustador.

 

Avançou contra o zumbi e o acertou inúmeras vezes com a barra de ferro. A criatura não teve nenhuma chance de defesa e rapidamente seu corpo começou a boiar na água. Robert se afastou e sentou no primeiro degrau da escada que estava seco e olhou para Kei e Boone.

 

— Você está bem? - Boone com certa dificuldade chegou até Robert. Kei cruzou os braços - Sabe que estamos com você. Nada vai acontecer.

 

— Robert apenas sorriu e abraçou Boone pela cintura.

 

— Está molhado - Robert se afastou de Boone e os dois riram. Um silêncio repentino instalou-se entre eles e podiam apenas ouvir a ventania do lado de fora - Vamos voltar.

 

Os dois rapazes subiram as escadas e voltaram para onde o grupo estava escondido. Kei olhou uma última vez o andar térreo e voltou para seus amigos. Todos estavam cansados e com receio do que aconteceria nas próximas horas, mas a única coisa que eles podiam fazer naquele momento, era esperar o furacão passar.


















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