Bel reuniu todos os membros do grupo. Topher não tinha mais forças para continuar em pé e a qualquer momento corria o risco de perecer. Estava fraco, cansado e com o rosto sugado. A infecção se alastrava cada vez mais rápido e parecia não ter controle algum. Era inevitável que ele se transformasse.

— Por que Topher escondeu isso o tempo inteiro? – Robert perguntou decepcionado – Nós poderíamos ter feito alguma coisa! – Olhou para o rapaz delirando no colo de Marilyn e sendo amparado por Merle.

— Topher nem sabia que havia sido infectado – Bel disse de braços cruzados – Ele estava alucinando, conversando com alguém que provavelmente deve ter morrido a muito tempo – Engoliu a própria saliva – Acho que ele possa ter visto Renata.

— Credo... – Kei disse com a voz grossa – Ainda não encontramos Polly e Scorpion, e agora vamos perder o Topher – Riu desacreditada – Esse dia não podia amanhecer pior.

— Sabe que ser negativa não vai ajudar numa situação dessas – Boone falou, estralando os dedos, tentando pensar numa saída para aquilo – Nós não vamos fazer a mesma coisa que ocorreu com Taissa. Ela sofreu demais até morrer – Ozzy arqueou a sobrancelha.

— Taissa queria que eu ficasse com ela. Foi diferente – Ozzy disse um pouco irritado. Ainda tinha ressentimentos da morte da então namorada. Demorou um longo tempo para superar a sua perda.

— Então o que vamos fazer? – Bel perguntou – Matar ele?!

— Não seria a primeira vez que nós fizéssemos algo do tipo – Kei deu os ombros.

— Não! – Robert contrariou a ideia – Conhecemos Topher a muito tempo! Mesmo que ele tenha ido embora por um tempo, ele ter voltado não foi uma coincidência. Se não fosse por ele eu não teria conseguido sair daquele laboratório maldito.

— Ele vai se transformar de qualquer jeito – Kei estava começando a ficar entediada novamente. Robert achou estranho aquele comportamento da oriental.

— Vamos dar misericórdia a ele. É a única solução – Robert disse, respirando pesado.

No mesmo instante, ouviram alguns ruídos próximos ao acampamento. Alguns zumbis começaram a sair de trás de alguns carros abandonados e ir em direção a eles. Imediatamente Ozzy e Boone pegaram suas armas de corpo a corpo e foram para cima das criaturas, colocando-as para baixo.

Kei notou o estranho movimento dos zumbis. Eles pareciam estar em grande quantidade e seguindo alguém em específico, e não era nenhum deles.

— Tem alguém aqui perto... – Kei disse desconfiada, alertando a Bel e Robert – Ozzy, Boone! Saiam daí! – Gritou para os rapazes, mesmo que o alvo não fossem eles.

Mas sim Merle.

— Porra! – Merle foi surpreendido por um Trevor exasperado. O rapaz caiu no chão, sendo ferido por uma faca cega, que rasgou a pele de seu braço – Seu maluco! – Foi para cima de Trevor e começou a esmurrar o homem repleto de sangue até a morte.

Merle olhou assustado para Trevor, o homem havia sido brutalmente morto por ele e não aparentava ter nenhuma mordida ou arranhão em seu corpo. Era a primeira vez que ele havia matado alguém se não fosse apenas para lhe dar misericórdia. Apenas completou o serviço que Polly iniciou horas atrás.

Marilyn puxou Topher para longe daquela confusão. A moça estava assustada e não sabia o que fazer em meio àquela briga. Kei e Robert corriam para ajudar Merle, enquanto Bel cuidava de Matthew, que abriu um berreiro devido a confusão que se seguiu.

O grupo levou tempo para matar todos os zumbis, mas finalmente conseguiram quando deram conta de que nenhum deles se aproximava mais deles. A matança foi extremamente sangrenta e se estavam cansados, agora mantinham-se muito mais.

— Topher…? - Marilyn sacudiu o moreno, que agora estava desacordado.

Polly corria em uma velocidade não tão rápida, mas o suficiente para que liderasse o grupo logo a frente. Descia a lâmina do facão em vários zumbis que apareciam em sua frente. Vários deles haviam sido atraídos pelo alto som da Rave e cada vez mais era difícil tentar cruzar a floresta. Muitos dos zumbis estavam caracterizados como participantes da Rave, visto suas roupas neon brilhando no meio da noite e a algumas zumbis com roupas de stripper.

Mandy e Gibbs auxiliavam Melissa e Billy a se locomover, enquanto Sandy e Scorpion limpavam o caminho atrás deles. Não aguentariam correr tanto tempo devido ao cansaço. O céu começava a tomar um tom de azul mais claro, indicando que em breve iria amanhecer. Podiam sentir a brisa fria da madrugada percorrendo por suas peles, que suavam devido a adrenalina em suas veias.

— Cuidado com o buraco! - Polly avisou ao deparar uma enorme erosão causada pela chuva dias antes.

— Isso é horrível - Mandy disse horrorizada ao ver zumbis decepados ou presos pelos galhos de árvores. Alguns ainda estavam vivos e tiveram sua atenção chamada ao ver o grupo.

— Parece ter uma casa ali… - Ao saírem da floresta, estavam agora expostos em um enorme campo rural. Finalmente podiam ver o céu limpo e a lua iluminado o caminho. Do alto do morro podiam ver uma quantidade mínima de zumbis andando pelo o que parecia ser uma plantação.

— É um rancho - Scorpion falou suspirando ofegantemente.

— Óbvio que é um rancho - Disse Billy debochadamente. Scorpion estava pronto para esmurrar aquele garoto.

Havia uma enorme casa descendo ao morro. Algumas construções, como um moinho e um celeiro eram vistas logo atrás. O local possuía uma plantação baixa, o que poderia indicar que poderia ter alguém por ali. Polly e Scorpion estranharam, mas não tinham outra alternativa senão ir até o local.

Deixaram Sandy, Billy, Melissa, Mandy e Gibbs em um ponto estratégico caso fosse necessário uma fuga se fossem alvejados por alguém. Desceram o morro com cuidado com e mataram alguns zumbis que por ali estavam. Passaram pelas plantações com cuidado, e chegaram até o rancho. Observaram a construção, feita de madeira e com detalhes que lembravam a tradição texana.

— Larguem as armas agora! - Um homem saiu armado acompanhado de uma mulher loira. Os dois portavam cada um uma espingarda. Scorpion e Polly imediatamente jogaram as armas no chão e levantaram as mãos, em rendição.

— Nós viemos em paz, não somos inimigos! - Polly gritou, tentando ganhar a confiança do homem.

— Temos pessoas feridas conosco. Precisamos de ajuda - Scorpion falou e a mulher pareceu se empatizar com eles, uma vez que ela abaixou a arma - Tem algum médico com vocês? - Nada foi respondido.

Polly se lembrou da última vez em que esteve em uma fazenda quando Robert foi baleado e por pouco não morreu. O resultado não havia sido o melhor, pois Don era um maníaco que causou a morte de quase toda a sua família. Foram momentos horríveis que os fizeram a chegar onde chegaram.

Todo o cuidado era pouco com aquela gente.