Contágio escrita por MrArt


Capítulo 136
Estação 7 - Capítulo 136 - Piedade


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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— Peguem as mesas e barrem essa porta maldita – Carrow entrou correndo dentro da cozinha principal com Billy e outras pessoas que haviam sobrevivido ao surto no palco principal da rave. Pegou um dos machados de incêndio e matou um zumbi que estava prestes a invadir o local – Fechem essas porras dessas janelas! – Gritou para Mandy e Gibbs, um casal que estava se pegando em um dos balcões da cozinha a alguns minutos atrás.

Sandy não demorou para aparecer. Estava em seu quarto ouvindo música, enquanto um festival do mesmo estilo ocorria junto com um desastre, indiretamente causado por ela ao avisar Polly para atirar no DJ. Assim que ouviu as primeiras batidas na porta do quarto com as pessoas gritando desesperadas por Trevor ter sido esfaqueado, ela rapidamente começou a agir conforme os eventos ocorriam.

Vasculhou por debaixo de sua cama e pegou um revólver calibre 38. Saiu do seu quarto e em passos apressados, chegou a cozinha. Carrow, Billy, Melissa, o casal hipster e algumas outras pessoas tentando impedir que os zumbis entrassem. Os corredores estavam lotados e todos trabalhavam para fazer com que as criaturas não entrassem no local.

— O que aconteceu?! – Sandy perguntou, correndo para ajudar a empurrar uma das estantes de suprimentos até a porta.

— Trevor está morto e os zumbis acabaram com a festa! – Carrow falou ofegantemente e pingando de suor – Aquele casal maluco fodeu com tudo! Perdemos um monte de gente por causa deles.

Sandy fingiu tristeza, mas por dentro estava explodindo de alegria por sua vingança finalmente estar acontecendo. Todas as pessoas que lhe fizeram mal e ainda estavam vivas, em breve iriam sentir a dor do sofrimento que ela havia passado.

A energia havia caído novamente e agora a casa estava sem luz alguma.

— Eles vão nos matar... – Melissa disse desesperada ao lado de uma janela. A vidraça repentinamente se estilhaçou e a moça havia sido alvejada no rosto, acertando a sua orelha esquerda

Melissa caiu no chão, mas ela não tinha noção de nada. Apenas apoiava as mãos na área baleada. Ninguém podia vê-la devido a escuridão, mas ouviram o grito da moça e o barulho do vidro quebrado.

— Melissa?! – Carrow perguntou desesperado, tateando tudo o que via pela frente. Aos poucos Sandy se afastava da cozinha, deixando-os para trás e nas mãos de Polly e Scorpion, que estavam a poucos passos de entrarem na casa.

— É melhor se prepararem para o pior! – Sandy disse em meio a escuridão, tentando se afastar ao máximo da cozinha – Por que se eles entrarem aqui, irão matar e não terão piedade de nenhum de nós! – Gritou.

Nos arredores da mansão, os planos de Polly e Scorpion seguiam progressivamente. Conseguiram cortar a fiação e deixar todo o local sem luz, apenas o local da festa continha a iluminação colorida que estava causando devaneios em Scorpion. Todas as janelas da parte térrea haviam sido barricadas ou tapadas por algum móvel, impedindo a entrada deles, mas nada que afetasse o planejado.

— Amarre mais dessas... – Polly disse pegando um fio desencapado que fazia parte do gerador da casa, desligado – Vou tentar conectar com o sistema de voltagem dos equipamentos do show. Se eu conseguir fazer isso...

— Teremos um curto circuito – Scorpion completou fazendo o mesmo que a loira – Polly você vai matar todos eles.

— Eu não queria matar ninguém. Eles que nos provocaram – Disse, ouvindo a gritaria que estava dentro da mansão – Espero que aquele tiro seu tenha acertado um daqueles desgraçados – Scorpion riu com o comentário – Nós não podemos destruir esse lugar antes de achar a moça que nos ajudou. Se não fosse por ela não teríamos conseguido chegar até aqui. Preciso saber porque ela fez isso pela gente.

— Tomara que não seja uma armadilha – Scorpion especulou por mais que Polly achasse que dessa vez tinha realmente alguém do lado deles – Todo cuidado é pouco – Avisou. Olhou para o solo barrento e observou as várias garrafas, algumas ainda nem abertas, espalhadas por toda a parte – Polly, tenho uma ideia que vai nos ajudar e muito.

— O que você quer aprontar agora, Scorpion? – A loira perguntou.

— Você verá... – Sorriu maleficamente, pronto para efetuar sua jogada.

 

 

 

Polly e Scorpion estavam ao redor da mansão Althoff e ninguém havia arriscado sair dali, principalmente por Sandy estar segurando todos ali dentro. Ainda tinha zumbis por toda a parte da festa e o casal começou a guia-los em direção a casa.

— Isso vai matar muita gente – Scorpion falou pegando um isqueiro que havia encontrado no meio da bagunça. Segurou uma grande garrafa de vodca com um pano preso. O cubano acendeu o isqueiro no pano e então o jogou em direção a uma das janelas do segundo andar da mansão, iniciando um incêndio no cômodo atingido.

— Começou novamente – Polly falou ouvindo mais uma vez a gritaria.

— Os zumbis estão vindo... – Scorpion ao ouvir o grunhindo das criaturas – Vamos entrar nessa droga – Acendeu a bomba caseira que havia feito minutos atrás e a jogou na porta de acesso à cozinha.

A porta e sua barricada com detonada com a bomba caseira de Scorpion. Os dois invadiram o cômodo sem luz alguma e foram surpreendidos por algumas lanternas e então souberam em qual direção atirar. Polly havia matado pelo menos três pessoas naquele meio minuto, antes que a força da casa fosse reativada.

— Por ali! – Polly apanhou a lanterna de uma garota que acabara de matar e então correu por Scorpion, ao que parecia ser uma sala de estar.

— Se abaixa! – Scorpion gritou para Polly e então atirou em um homem barbudo que por pouco não a esfaqueou – Os zumbis estão entrando...

A luz havia voltado e todo o casarão ficou iluminado. Scorpion e Polly estava em uma sala gigantesca que dava acesso a cozinha, que agora era dominada pelas pessoas da festa agora reanimadas como zumbis. Aparentemente, não havia ninguém naquele andar, até Sandy aparecer descendo as escadas.

— Ei! – Scorpion apontou sua arma para Sandy.

— Não atire nela! – Polly foi correndo para a frente de Sandy, que também segurava uma arma de fogo – Ela é a mulher que eu te falei. Sandy, não é? - Perguntou

— Sim... – Sandy confirmou, estarrecida -  Vocês foram rápidos... – Falou surpresa – Oh meu Deus – Olhou para o lado e observou os zumbis invadindo a casa.

— Onde está todo mundo? – Polly perguntou.

— Estão escondidos lá em cima esperando que vocês apareceram para uma emboscada – Sandy disse segurando nos braços de Polly – Mas tem gente aqui dentro que é inocente. Nem todos são ruins como os que vocês viram.

— Quer levar pessoas conosco? – Scorpion arqueou a sobrancelha, espalhando o último galão de gasolina na sala.

— Scorpion, vamos ajuda-la enquanto ela estiver nos ajudando – Polly disse – Não faz sentido parar aqui.

— Vou busca-los – Sandy deixou eles sozinhos por alguns rápidos minutos.

Escondidos em uma sala do andar térreo, Carrow e Billy observavam a traição cometida por Sandy e o perigo que corriam. Sabiam que estava tudo perdido, mas não saíram daquela situação de mãos atadas.

— Aquela desgraçada nos traiu... – Carrow rangeu os dentes, sedento de ódio. Olhava exclusivamente para Sandy, que ajudava Scorpion a encharcar os tapetes de gasolina – Todos vão morrer por conta dela.

Scorpion matava alguns zumbis para lhes darem mais tempo na hora da fuga. Polly estava prestes a atear fogo na casa inteira quando foi surpreendida por Billy, que a derrubou no chão, tentando acertá-la com um pé de cabra. A moça segurou contra o objeto, tentando tirar Billy de cima dela.

— Eu vou acabar com você, sua vadia! – Billy tentou forçar o pé de cabra contra Polly, mas a moça não cedeu e chutou o abdômen do agressor – Porra! – Caiu ao lado de Polly, que pegou o pé de cabra quando o mesmo caiu das mãos de Billy. O rapaz recuou, com medo de ser atingido por Polly.

A loira imediatamente tentou matar Billy com o pé de cabra em legítima defesa, mas Carrow apareceu para defender o irmão, agarrando Polly por trás e tentando enforca-la com toda a força possível. Sem ter nenhuma chance de defesa e o seu tempo se esgotando devido à falta de oxigênio, sua chance de ser salva naquele momento era mínima.

Até Scorpion aparecer.

— Aprenda e ter mais visão do campo inimigo – Scorpion puxou Carrow de Polly e esfaqueou o homem pelas costas. A loira imediatamente caiu no chão e Sandy surgiu no mesmo instante com Melissa e o casal Hipster.

Carrow caiu no chão em cima de seu próprio sangue. Billy continuava encostado na parede, observando o corpo de seu irmão sangrar até a morte. Havia perdido seus dois irmãos e agora estava sozinho naquela.

— Só falta você! Filho de uma puta... – Sandy puxou seu revólver e o mirou na testa de Billy.

— Não! – Ao recuperar o fôlego, Polly correu e colocou a mão em cima do revólver de Sandy – Nós não vamos mata-lo.

— O que?! – Scorpion arqueou a sobrancelha – Esse cara tentou te matar, Polly. Ficou maluca de uma hora para outra?

— Pode ser que tenha mais deles por aí fora. Ele pode ser nossa arma de negociação – Polly encarou Billy com desdém.

— Ela está certa – Sandy com grande relutância abaixou o revólver – Não sabemos se há algum primo da família Althoff que escapou da mansão. Muita gente fugiu durante o ataque, sobraram apenas eles – Olhou para uma Melissa parcialmente surda, Mandy e Gibbs – São pessoas do bem, eu disse.

— Precisamos deixar esse lugar, agora – Scorpion matou um zumbi próximo a eles – Amarrem essa merdinha – Encarou Billy de relance, querendo mata-lo com todas as suas forças.

Mandy e Gibbs amarraram os pulsos de Billy com uma corda, e retiraram o único remanescente dos irmãos Althoff de dentro do casarão. Sandy guiou Polly e Scorpion para fora da enorme residência, que foi tomada pelos zumbis que antes eram os habitantes daquele vasto terreno de festa e libertinagem.

Sem antes de deixar a mansão Althoff, Scorpion acendeu um isqueiro e ateou fogo no chão amadeirado repleto de gasolina. As labaredas subiram e em questão de segundos tomaram conta de todo aquele lugar, agora considerado sem vida alguma.

 

 

 

Topher havia passado mal durante a madrugada enquanto todos dormiam. O acampamento improvisado parecia seguro devido à localização em que estavam. As buscas por Scorpion e Polly permaneciam paralisadas e retornariam logo que amanhecesse. Entretanto, eles possuíam mais um problema e apenas Topher parecia se importar – ou esconder -.

— Porra... – Topher falou ofegante, se apoiando no chão e levantando devagar. Olhou para Robert, Kei, Merle e Marilyn. Todos aparentavam estar num sono profundo devido o cansaço. Boone, Matthew, Ozzy e Bel dormiam em outro canto, num lugar mais seguro para o bebê caso ocorresse algum imprevisto.

Ao levantar sua cabeça e tentar enxergar aquela escuridão, deparou-se com uma figura branca à sua frente. Conhecia muito bem de quem era aquela silhueta. Era uma pessoa que não via a tempos e sentia muito a falta de sua companhia nos dias em que o apocalipse se seguiu.

— Renata? – Topher disse com dificuldade. Aquela visão de Renata limpa, imaculada e sem medo algum, parecia tão real que ele não se sentia fora da realidade – O que você está fazendo aqui, já reparou que horas são? – Segurou a risada.

— Topher – O toque de Renata foi tão real em seu rosto, que Topher sentiu sua bochecha queimar – Você está tão lindo. Nunca esteve tão belo desde a última vez que nos vimos – Sorriu para o irmão.

— Eu me arrependo tanto de ter lhe deixado – Topher começou a chorar – Não pude ficar esse tempo com você e quando voltei, descobri que você tinha partido. Kimberly sumiu na primeira oportunidade que teve e fiquei sozinho até encontrar o Robert.

— Não se preocupe com isso, Topher – Renata disse calma e atenciosa com o irmão – Em breve nós estaremos juntos novamente.

— Juntos novamente? – Topher pareceu sentir algo estranho em si.

— Topher, você foi arranhado – Renata puxou o braço de seu irmão e mostrou o ferimento inchado e cada vez mais escurecido – Quando tentou salvar a vida de Marilyn, acabou caindo e sendo infectado pelo zumbi. Infelizmente você irá virar um deles.

O mundo de Topher caiu.

— Como assim você foi infectado? – Bel ouvia Topher falar sozinho para o nada e automaticamente revelando toda a conversa que tinha com ‘’Renata’’. A moça foi até Topher, observando seu machucado cada vez pior – Topher... você vai virar um deles! – A moça colocou a mão na boca, chocada pelo destino do amigo.

Topher iria morrer.


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