Contágio escrita por MrArt


Capítulo 127
Estação 7 - Capítulo 127 - Ódio


Notas iniciais do capítulo

Boooa noite pessoal! Mais um capítulo e um personagem novo chegando!

Boa leitura!



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O trem já havia cruzado uma parte do estado do Texas. Zain não pode parar em algumas estações, pois elas estavam infestadas de zumbis e as outras haviam sido completamente destruídas. O estado era aterrorizante em relação aos resultados do apocalipse. Cidades pequenas haviam sido inteiramente expurgadas pelos zumbis e provavelmente nenhum sobrevivente seria encontrado tão cedo por aqueles condados. Era uma missão difícil sobreviver naquele lugar.

— Estamos em Wichita Falls – Kei havia conseguido ler uma placa desgastada antes que a perdesse de vista – Nossa última chance de encontrar uma estação de trem para descer é aqui. Não podemos esperar muito tempo – Olhou em direção a porta do vagão, onde haviam barricado com algumas mochilas.

— Nossas balas estão no limite – Ozzy disse sentado em uma das poltronas, afiando a sua faca – Espero que essas portas não sejam automáticas quando saímos daqui, ou veremos um enxame de zumbis na estação.

— E comida, está bem no limite. Saímos com quase nada da cidade – Halsey falou checando algumas bolsas de viagem. Os alimentos eram pouquíssimos e a água potável quase nula para o número de pessoas.

— Vamos encontrar algum lugar para procurar comida. Isso vai ser o de menos – Robert cruzou os braços, olhando a paisagem pela qual o trem passava – Esse lugar só me traz más lembranças. Não sabe o que já passei por aqui – Virou-se para o lado e viu Marilyn encostada em um canto do vagão – Não só eu.

— Não é uma coisa que vá viver de novo – Boone disse ao lado de Robert – Foi uma fase. Ruim, mas não deixou de ser uma fase.

— Boone, aquela é uma fase que já dei por enterrada a muito tempo – Robert garantiu – Só não quero que ela se desenterre e venha me assombrar de novo. Por que eu estou pronto para acabar com ela.

— Muito que bem – Polly apareceu entre os dois rapazes – Vamos descer agora, aparentemente – Podiam sentir o trem reduzir a velocidade – Estranho Zain não estar mandando nenhum aviso para nós.

— Vai ver ele deve estar fazendo alguma outra coisa com Fani na cabine e nem sabe o que aconteceu aqui – Boone disse irritado. Polly e Robert se olharam encabulados com as palavras do tatuado – Qual foi? Esses dois vivem juntos o tempo inteiro, não me surpreenderia se isso estivesse acontecendo.

— Não é o momento para falar isso, Boone – Robert deu um tapa na testa do rapaz. Polly primeira vez havia dado um riso depois de horas de turbulências.

Aos poucos o trem foi reduzindo a velocidade enquanto chegava na estação. Em uma das plataformas era possível ver a placa informando que estavam na cidade de Wichita Falls. Os passageiros do trem observavam pela janela se não havia nenhum zumbi por preto, chegando à conclusão que era ‘’seguro’’ sair.

Hunter e Ozzy abriram a porta do vagão e olharam novamente a plataforma.

— Acho que está seguro – Wendy disse entre os rapazes.

— Vamos sair com cuidado. Vai saber a surpresa que tem aí fora – Vinny falou segurando um machado de incêndio. Ele saiu na frente e quem estava na porta veio atrás dele. Amber e Tuppence vinham junto com Matthew.

Juan foi o próximo a descer, encarando o vagão cheio de zumbis. Athena estava entre os infectados que batiam nos vidros das janelas, tentando arrebentá-las. Os olhos da ruiva estavam claros e fundos. Sua pele estava tão pálida como as nuvens no céu, mas a força brutal continuava a mesma, tentando a todo custo tentar derrubar os vidros para agarrar Juan e morder sua carne, sem sequer passar pela sua mente que a horas atrás ele era seu namorado.

— Nós deveríamos fazer alguma coisa? – Bel perguntou enquanto descia do trem junto com Kei e Scorpion.

— Não sei. É a namorada dele que está lá, sabemos como é foda perder alguém – Kei disse parada na porta – Vamos – Falou para Halsey – Que demora! – A oriental repreendeu Robert, Polly, Boone e Lauren ao vê-los fora do trem.

— Verificamos se não havia ninguém para trás – Robert disse, observando Marilyn caminhar na plataforma com o que havia restado do grupo. Olhou para o lado e viu Juan parado em frente ao vagão onde Athena continuava presa – Ainda bem que essas portas não foram abertas automaticamente.

Logo em seguida, Zain e Fani apareceram correndo até eles.

— Acabamos de sair da cabine. Só vimos Hunter, Vinny e aquele pessoal. Onde estão os outros?! – Fani perguntou, cansada.

— Aqui estão eles – Lauren apontou o dedo para um dos vagões repletos de infectados.

— Que porra... – Zain virou-se contra o vagão, desacreditado.

— Mas... – Fani esbugalhou os olhos – O que aconteceu?! Por que não nos avisaram? – A loira colocou a mão sobre a boca, segurando o choro.

— Ao que parece Percy foi mordido e começou a espalhar o vírus quando reanimou. Foi difícil para conter o surto, ainda mais dentro de um trem – Kei disse bufando – Não pudemos salvar todo mundo.

— O que Juan está fazendo? – Fani tornou a perguntar.

— Athena morreu no meio desse caos – Polly lamentou, se lembrando de bons momentos da amizade com a ruiva. Scorpion estava bem ao seu lado em completo silêncio – Ele deve estar em estado de choque até agora. Não vamos incomodá-lo.

— Precisamos sair daqui – Boone disse sentindo uma sensação estranha. Olhou para a sua irmã, que estava do mesmo jeito que ele – Não vamos deixar o que restou do grupo sozinho.

— Vamos vasculhar a estação antes de sair dela. Ozzy está lá na frente cuidando do pessoal– Kei disse acelerando o passo junto com Bel. Fani e Zain os acompanhavam.

— Juan! – Robert gritou pelo rapaz, que não lhe deu ouvidos, apenas continuou observando o vagão – Porra... – Começou a sentir um nervosismo em si pela insistência de Juan em permanecer parado.

O rapaz continuou ali, como se estivesse desligado do mundo.

— Você sempre foi a pessoa que esteve ao meu lado, apesar do meu jeito ruim de te tratar e tratar as pessoas – Juan disse olhando diretamente para Athena. O moreno derramava algumas lágrimas, mas não parecia se importar com isso – Desde o começo você lutou comigo e nunca desistiu por nada. É incrível como aguentou esse tempo todo, como uma verdadeira guerreira. Agora só me resta a solidão depois que você partiu. E eu acho que não vou suportar ela tanto tempo, Athena – Tocou na janela do vagão, sentindo a vibração feita pela batida dos zumbis contra a mesma – Está na hora de me juntar a você, meu amor – Dito isso, Juan se aproximou até a porta daquele vagão e sem medo algum, a abriu, libertando todos os zumbis que ali estavam presos, incluindo Athena.

— Essa não... – Robert deu um passo para trás ao ver Athena e vários outros infectados irem para cima de Juan e devorá-lo até a morte. Sem outra alternativa no momento, só restou para o loiro correr novamente dos zumbis – Juan está morto! Salvem-se antes que sejam os próximos! – Gritou para quem estava na sua frente.

Polly, Boone, Scorpion e Lauren olharam para trás apenas para ver Robert correndo até eles e um enxame de zumbis bem atrás.

— Eu não aguento mais correr – Boone rangeu os dentes.

— Temos escolha? – Polly perguntou olhando rente a Boone.

— Defesa – Lauren disse pegando uma barra de ferro que era parte dos destroços das grades de segurança da plataforma – É uma boa escolha – A morena voltou até Robert para ajudá-lo.

— Mas que porra! – Polly gritou. Kei, Bel e Scorpion já não estavam no seu campo de visão.

— Vamos segurar os zumbis para que eles não cheguem até os outros – Boone disse para Polly, que assentiu em resposta. Os dois correram até Robert, que havia sido interceptado por um zumbi, enquanto Lauren tentava conter outro.

— Ainda bem que Scorpion não está aqui para fazer isto – Polly foi até Sunshine, segurando a moça zumbificada pelo cabelo. Com sua outra mão livre, bateu no rosto da moça inúmeras vezes até que ela perdesse seus sinais vitais. Havia muito sangue no rosto de Sunshine e sua aparência já havia sido desfigurada.

Boone lutava contra Dante com certa dificuldade. O homem havia uma forte estatura e a todo custo tentava atacar o tatuado. Olhando uma caixa de energia presa a um dos pilares da plataforma, Boone arrastou Dante até ela, empurrando o zumbi e fazendo com que ele começasse a receber uma forte descarga elétrica.

Enquanto era eletrocutado, o cheiro de carne queimada começava a exalar no ar, deixando o ambiente pútrido. Dante já não apresentava sinais de que iria atacar mais ninguém. Robert conseguiu se levantar com ajuda de Lauren, mas foi inevitável o empurrão que sentiu, quase que sendo jogado para cima dos zumbis.

Olhou para trás e viu Lauren enfrentando Carlota, como se nada tivesse acontecido.

— Se não voltarmos agora não voltaremos nunca mais! – Polly gritou, jogando Kami para fora da plataforma.

— Parece que estamos encurralados – Boone disse, afastando outro zumbi de perto deles.

— E se voltarmos para dentro do trem? – Polly sugeriu.

— Não. Ainda há zumbis lá dentro – Robert respondeu. Sua atenção foi levada para uma porta que havia naquela plataforma. Ela foi aberta e logo em seguida um homem alto e moreno saiu dela, segurando uma pistola com silenciador, disparando em dois zumbis que estavam perto dele.

— Venham comigo! – O homem disse. Finalmente alguém havia matado Percy.

— Não deveríamos confiar nele – Lauren disse desconfiada.

— Agora temos escolha – Polly olhou para Boone e então os quatro correram até onde o rapaz estava.

— Por aqui! – Os guiou para dentro de uma grande sala de controle. Robert foi o último a entrar, fechando a porta no processo – Ei! Qual foi?! – Proferiu indignado ao ver Boone apontar uma pistola em sua direção – Eu acabei de salvar a vida de vocês. Mas que caralho! – Gritou irritado, temendo pela sua vida.

— Quem não nos garante que é uma armadilha? – Boone hesitou em atirar e o rapaz levantou as mãos em rendição.

— Espera! – Polly colocou sua mão sobre a de Boone, o fazendo baixar a arma – Ele está falando a verdade – Olhou para o rapaz, ainda assustado – Ouviu e viu o trem chegar, não foi? – Perguntou e ele respondeu positivamente com a cabeça – Só que não saiu com medo de que fizéssemos alguma coisa.

— Exato – O homem falou, abaixando as suas mãos – Não iria arriscar a minha vida mais do que estou arriscando. E olha como eu sou pago – Encarou Boone, lhe lançando um olhar mortal - Não sei qual é a necessidade de todo esse ódio.

— Vamos acalmar os ânimos – Robert ficou entre os dois antes que eles começassem a se matar ali mesmo – Me chamo Robert, a loira é a Polly e o tatuado ali é o Boone. A moça que parece com ele é a irmã dele, Lauren. Prazer e obrigado por nos salvar – Disse tentando ser a pessoa menos cínica possível. Estendeu a mão para o rapaz, de forma pacífica.

— Merle. Merle Wolf – Apertou a mão de Robert brevemente – Como que chegaram aqui de trem? – Perguntou, curioso com algo que não via a alguns anos. Abraçou sua própria pistola ao cruzar os braços.

— Viemos de uma comunidade, tivemos que sair de lá as pressas e agora paramos aqui. Esse trem foi a nossa única salvação até perdemos quase todo o grupo nele. Esses zumbis aí fora são todos conhecidos nossos – Robert respondeu previamente, sem fazer uma grande história com o que estava acontecendo. Merle ainda estava assustado com eles, mas não esboçou mais nenhuma reação que chamasse a atenção – E você, de onde vem?

— Denver – Respondeu. Robert e Polly ficaram surpresos – Saí da cidade no começo do surto e fiquei um tempo preso no Colorado. Tentaram nos evacuar, mas os militares acabaram morrendo e cá estou aqui, em um lugar do Texas que mal conheço – Merle deu os ombros, como se não tivesse nada a perder.

— Não tem contato com alguém a quanto tempo? – Lauren perguntou.

— É uma coisa que eu parei de me preocupar, mas acho que uns 8 meses ou 10. Fiz parte de um pequeno grupo, mas nos separamos quando chegamos no Texas. Estou refugiado na estação tem mais ou menos uma semana – Merle disse, encostando em uma mesa – Podem achar que eu sou um lobo solitário, mas é horrível ficar sozinho tanto tempo. Não sou um daqueles malucos que matam os outros por prazer. Se eu matei uma ou duas pessoas até hoje, é por que elas fizeram por merecer.

— Enfim. Precisamos chegar até o nosso grupo – Robert o informou – Eles estão do outro lado da estação. Se não formos primeiro, os zumbis irão. Valeu pela ajuda, mas não vamos ficar aqui com você. Pode vir conosco se quiser, é uma escolha sua.

— Só não quero ficar perto do engraçadinho ali – Olhou com repugnância para Boone.

— Que seja – Polly se meteu na conversa, antes que Boone ou Lauren começassem a resmungar – O tempo é curto. Vai vir com a gente ou não?

— Certo – Merle assentiu, recolhendo os seus suprimentos em cima da mesa e os colocando em uma mochila cinza. Foi até outra porta que havia naquela sala – Me sigam e tenham cuidado com os corredores. Vou mostrar um caminho que levem vocês aos seus amigos – Falou, sentindo que havia ganhado a confiança dos quatro.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do Merle? Será que ele é um personagem do bem ou mais um antagonista?

Até o próximo!



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