Contágio escrita por MrArt


Capítulo 115
Estação 6 - Capítulo 115 - Emancipação


Notas iniciais do capítulo

Heey pessoas, a fanfic volta para a sua história normal! Finalmente vamos saber de Robert!

Boa leitura!



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Simulação Contágio em Seattle; Ativada.

 

Assim que a voz da mulher foi ouvida, caminhando atentamente no meio das ruas da grande cidade do estado de Washington – Mesmo não estando realmente na localidade original -, Robert segurava um rifle de precisão preto, da mesma cor de seu uniforme e coletes, enquanto observava outra moça com um traje idêntico ao seu, só que andejando pela calçada, a procura de qualquer sinal de perigo que estivesse por perto.

Com o olho na mira da metralhadora, Robert rapidamente ergueu a arma e atirou na cabeça de um zumbi que saiu de um beco, matando-o imediatamente. Deu mais alguns passos na grande avenida, apenas para encontrar outro zumbi.

— Ele é todo seu, Marilyn – Robert anunciou, observando o zumbi a poucos metros dele, sem fazer absolutamente nada. A moça loira rapidamente se aproximou e eliminou o zumbi sem nenhuma dificuldade – Tiro certeiro – Elogiou a boa pontaria que Marilyn possuía, chegava a ser melhor que a sua.

— Valeu – Os dois se cumprimentaram em comemoração – A simulação ainda vai durar vinte e cinco minutos – Olhou o relógio no seu pulso e suspirou – Nós ainda temos que fazer isso até quando?

— Até um de nós morrer. A nossa equipe é a única que durou sem perder nenhum membro – Robert respondeu se aproximando de um zumbi. Chutou a barriga da criatura e a lançou longe, fazendo seu corpo entrar em contato com uma barra de ferro solta, que o prendeu, impossibilitando-o de se mover do quadril para baixo. Continuou a andar pela calçada, até que Marilyn o parou quando estavam próximos de um beco.

— Espera! – Marilyn bateu no peito de Robert levemente, ao ouvir um barulho estranho vindo do beco – Tem alguma coisa se aproximando de nós dois – Afirmou e então recarregou a metralhadora imediatamente, deixando pronta para atirar. Assim que percebeu que o elemento estava próximo deles, Marilyn pulou para o beco e mirou para o possível perigo que aproximava deles.

— Sou eu! – Topher levantou as mãos em rendição, deixando sua metralhadora cair no chão devido o susto. Marilyn abaixou sua arma e bufou, um pouco aflita por causa ter atirado em Topher e aliviada por não ter feito isso. O moreno bufou e então se aproximou deles, recolhendo sua arma no meio do caminho.

— Robert, está livre! – Marilyn avisou para o loiro, que então apareceu no beco – Era somente o Topher – Robert riu ao ver Topher em frente dele. Não fazia muito tempo desde que se viram, novamente.

— Como estão as coisas ai do outro lado, Topher? – Robert perguntou se aproximando do amigo e o cumprimentando com uma saudação que somente os dois sabiam fazer: Dois toques na mão, dois no cotovelo e dois nos pés. Marilyn deu uma risada baixa assistindo os dois.

— Estão tranquilas – Respondeu, cruzando os braços e arrumando o seu colete – Vinai e Oliver estão vindo para cá.

— Ótimo – Robert assentiu e então os três atravessaram o beco, eliminando alguns zumbis no caminho – O grupo de Roman falhou anteontem e todos morreram em uma emboscada numa das simulações. Foi horrível, pude assistir tudo – Lamentou, matando um zumbi logo em seguida, dando uma rasteira nele e lacerando o seu crânio com uma faca.

— Isso significa que... – Topher tentou dizer, mas estava em dúvida.

— Mais pessoas serão sequestradas para testes – Marilyn afirmou, séria – Eles não param de usar os poucos sobreviventes que restam para estudar os zumbis. É tão ridículo e inútil se não há sequer uma cura em desenvolvimento. Estão jogando praticamente carnes para os leões devorarem – Completou.

— Sabe que estamos com microfones e tem câmeras no monitorando, não? – Robert perguntou, vendo um dos aparelhos presos a um poste de luz, visto que desligado. Marilyn apenas mostrou o dedo do meio para a câmera, como se não ligasse para aquilo.

Depois de alguns minutos rondando as ruas da cidade falsificada e matando alguns zumbis que saiam aleatoriamente dos prédios, finalmente encontraram uma dupla de rapazes vestidos inteiramente de preto e com gorros da mesma cor, dando um grande ar de serem atiradores profissionais, mas estavam ainda em formação. Eles usavam duas mochilas, fora as armas que portavam.

— E aí – Vinai os cumprimentou, assim como Oliver – Nossa área está limpa. Temos que sair agora.

— Beleza – Robert assentiu – O que tem aí nas mochilas.

— Bomba de gás, alguns detonadores e munição – Vinai respondeu, enquanto caminhavam pela rua rapidamente.

— Estou com medicamentos, caso precisem – Oliver falou, caminhando ao lado de Robert – O tempo da simulação já está quase acabando, vamos sair numa boa. Essa simulação está muito tranquila – Percebeu como aquelas ruas todas pareciam tão desertas, que chegava a lhes assustar.

— É aí que mora o problema – Robert falou acelerando o passo – Vamos mais rápido, estamos próximos da torre de saída – Avistou o prédio acinzentado, que ficava próxima ao domo que envolvia e protegia toda aquela área de simulação.

— Droga! – Topher gritou, assustado.

Logo que se aproximaram da torre, vários zumbis começaram a sair de todos os prédios daquela rua e a inundarem com seu enxame, cercando o quinteto e os colocando à deriva de escapar com segurança. Todos os infectados dali não tinham a aparência dos habituais, estavam muito mais conservados. E mais velozes.

— Cuidado! – Marilyn gritou para Robert, que se abaixou quando um zumbi pulou em cima dele sem que percebesse, a moça imediatamente o matou com dois tiros.

— Vamos sair logo daqui! – Oliver gritou tirando um zumbi de cima de Vinai e quebrando o pescoço da criatura logo em seguida, só que não percebeu outros dois bem atrás dele, que o agarram e começaram a morder as suas costas sem piedade alguma – Porra! Socorroooo! – Gritou em desespero enquanto se debatia contra as criaturas que arrancavam a sua pele a dentadas.

— Precisamos ir! – Robert gritou correndo para dentro da torre.

— Não podemos deixa-lo! – Vinai disse desesperado tentando ajudar Oliver, mas Topher o impediu e o arrastou para a torre, Marilyn vinha logo atrás atirando nos zumbis muito próximos a eles.

— Rapazes, não me deixem aqui! – Oliver ainda conseguia gritar um pouco, antes de ser completamente morto pelos zumbis e sumir no meio daquele monte que o cercou, apenas para se alimentar de sua carne.

Marilyn fechou a porta antes que os zumbis entrassem ali dentro da torre. Os quatro ficaram inertes por alguns segundos, pensando em Oliver.

— Conseguimos escapar -  Topher disse ofegante, enquanto se apoiava as mãos nos próprios joelhos. Marilyn se encostou na parede e apenas olhou para a porta.

— Aperta logo essa droga de botão – Marilyn vociferou, irritada. Robert apertou o botão do elevador que ficava instalado dentro da torre. Não demorou muito e o elevador subiu e os deixou na entrada do domo, onde havia algumas pessoas vestidas com roupas contra contaminação, prontas para recebe-los.

Se certificando de que nenhum deles haviam sido infectados durante a simulação, os agentes responsáveis pela limpeza os liberaram e recolheram as suas armas. Depois que eles foram autorizados a deixarem as instalações do Domo 3, retornaram para os seus respectivos dormitórios, onde já havia sido preparada as suas recepções. Enquanto caminhavam pelos corredores repletos de cientistas e seguranças, ouviram novamente a voz da mulher pelas caixas de som.

 

Simulação Contágio em Seattle; Desativada.

 

Robert não demorou muito e entrou em seu pequeno quarto, de um dos vários daquele corredor, e então foi direto para a sua mesa de trabalho após terminar de sua refeição. Pegou uma caixa debaixo da mesa e então a abriu, retirando todo o revestimento composto por isopor, bolhas e até mesmo serragem, retirando um aparelho eletrônico totalmente modificado e construindo ao seu jeito, mas felizmente, ele funcionava.

Se certificou mais uma vez que não tinha ninguém no corredor e então começou a trabalhar no seu aparelho, fazendo a ligação de vários fiozinhos que eram extremamente necessários para o seu funcionamento. Permaneceu quarenta e cinco minutos, apenas para tentar ligar o aparelho, que tinha ainda alguns ruídos e falhas, mas já era uma grande coisa, já que todos os moradores daquele complexo eram restritos a qualquer uso tecnológico, excluindo os cientistas.

— Vamos lá... – Robert puxou o microfone e então tentou entrar em contato com Fani novamente, esperando alguma resposta – Alguém na escuta? – Perguntou, enquanto segurava o microfone e tentava fazer alguma transmissão de rádio que chegasse até El Distrito, mas ninguém o respondia.

Robert?!— Fani finalmente o respondeu, mas sua voz parecia estar sendo cortada durante a transmissão, nada que o impedisse de ouvir – Como você está aí?— Perguntou.

— Aqui está tudo bem – Respondeu – E com você?

Estou seguindo— Falou e Robert pode ouvir algumas vozes de fundo.

— Tem alguma pessoa com você aí, Fani? – Robert perguntou, receoso.

Você não vai adivinhar! Kei e Polly estão aqui comigo junto Boone, Juan, Athena e todos os outros, eles querem muito falar contigo— Fani disse o que Robert mais temia: Todos soubessem que ele estava vivo, havia se arrependido de não ter pedido sigilo na sua primeira conversa. Ainda havia um grande problema por trás de tudo aquilo – Eles já estão cientes que você está em um complexo de estudos em Corpus Christi. Já estamos fazendo um plano para te salvar daí nós só preciso agora das suas coordenadas— Respondeu e então Robert fechou os olhos e respirou profundamente. Eles não sabiam as pessoas que iriam enfrentar caso seguissem com aquela ideia maluca de tentar salvá-lo

— Escuta Fani, é bom saber que todos estão vivos e... – Robert disse tentando desviar do assunto, mas Fani continuou a falar, provavelmente não recebendo a resposta do loiro imediatamente.

Não sabe o que aconteceu, Bel teve câncer— Ao ouvir aquilo, Robert ficou estático e completamente paralisado. Havia ficado tanto tempo fora que só havia lembrado de Bel uma ou duas vezes, não passava jamais pela sua cabeça que qualquer coisa havia acontecido com ela – Mas ela está legal agora, foi feita uma cirurgia e conseguiram a achar a cura...— Robert iria ouvir mais, muito mais, se a porta não tivesse sido aberta inesperadamente

— Robert eu... – Topher ficou parado na porta ao ver que Robert escondia algo dele, mas não deu importância ao ver quem era – Estou atrapalhando?

— Não... – O loiro balançou a cabeça negativamente – Pode entrar.

— Queria conversar sobre hoje – Topher falou se sentando na cama de Robert e ficando de frente para ele. Williams parecia muito deprimido – Oliver morreu e sequer vão sepultá-lo, irão utilizar ele para as próximas simulações.

— Vamos ver ele rondando Seattle na nossa próxima ida para lá – Robert disse conformado com aquilo. Sua equipe já havia perdido vários membros, mas nada comparada as outras, que perdiam muito mais – É bom te ver Topher, sempre – Sorriu para o amigo, se lembrando do primeiro dia que o conheceu em Los Angeles.

— Falei que nós nos veríamos novamente quando deixei o Palácio Oeste – Topher falou se recordando muito bem de suas palavras, dita pelo menos a dois anos atrás – Mas somente você está aqui agora. Kimberly se perdeu de mim enquanto viajávamos para o Arizona e ela ainda estava grávida. Pela primeira vez eu estava sozinho nesse mundo perigoso, até me levarem para cá – Topher suspirou de forma cansada, pelo menos se sentia seguro ali dentro, até ser jogado em um domo para uma simulação – Queria saber como Renata está agora... – Robert engoliou a própria saliva, não havia contado que Renata havia morrido em El Distrito, quer dizer, havia inventado uma história completamente diferente para Topher – Sortudo foi você, encontrou o seu pai no meio dessa loucura.

— Vasili e eu deixamos o grupo quando estávamos em Albuquerque – Robert mais uma vez mentiu – Foi bizarro encontrar meu pai e ele depois desaparecer, mas te garanto que é verdade – Assentiu, pois sentia que Topher desconfiava dele.

— Pelo menos não esteve sozinho – Topher abaixou a cabeça e encarou o chão – É aterrorizante estar por conta própria lá fora e aqui dentro. Minha sorte foi que você chegou aqui, quase não acreditei quando te vi sendo transportado pelos agentes – Riu de forma meio sem graça, mas Robert entendeu, Topher estava tendo certas recaídas fazia alguns dias.

— Vamos descansar, Topher, hoje foi um dia pesado para as nossas mentes – Robert puxou Topher e então os dois deitaram na mesma cama, de frente para o outro – Vamos sempre cuidar um do outro, não importa o que acontecer – Falou cobrindo ele e Topher, que assentiu em completo silêncio antes de cair no sono.

 

Flashback

 

 2014. Sem nada para fazer e com a ausência de Renata em ocasião da viagem de sua turma, Topher passou o dia inteiro no campus. Foi na biblioteca da universidade ler alguns livros voltados especialmente ao seu curso, treinou na academia e observou sua paixão da vez, a adorável Barb, estudante de administração e filha de um poderoso magnata da Califórnia. Topher literalmente babava pela moça, mas particularmente, nunca foi notado por ela e tinha um pressentimento que Barb nem sabia de sua existência.

Mas aquilo iria mudar.

Barba andava calmamente voltando para a sua república, observando a movimentação pequena de soldados patrulhando as ruas. Não era comum aquilo em Los Angeles, mas o governador havia decretado alguns dias de segurança pública, em ocasião dos atentados em Denver, ocorrido dias trás.

Inesperadamente, Barb foi abordada.

— Boa tarde! – Topher se desencostou de um dos postes segurando uma prancheta e por pouco não matou Barb do coração, que encarou Williams um tanto que envergonhada e sem graça – Me desculpe pelo susto, mas venho lhe informar sobre uma coisa muito importante! – Tentou parecer engraçado e espontâneo o tempo inteiro – Preciso de uma pesquisa para o meu trabalho e somente pessoas bonitas e inteligentes podem responder as minhas perguntas, e garanto que você é uma candidata – Falou e então Barb abriu um sorriso para Topher, que percebeu que ela havia gostado – Me concede a honra?

— Claro – Barb assentiu – Continue.

— Bom, como pode ver tenho uma lista de itens a serem respondidos – Mostrou a prancheta com diversas caixinhas para serem marcadas – Todas elas falam sobre questões sociais e me desculpe perguntar, qual é o seu curso?

— Administração – Respondeu o que Topher já sabia, mas fazia parte de seu plano.

— Ótimo, você irá me responder as perguntas e como elas se envolvem na administração! – Topher abriu os braços espontaneamente – O que você acha? – Perguntou e Barb dessa vez não conseguiu conter a risada.

— É interessante – Barb respondeu entre os risos – Vamos, continue, estou curiosa – Topher deu um grito de vitória dentro de si. Suspirou fundo e então começou as perguntas.

— O que você acha dessa briga entre Estados Unidos e Irã? – Perguntou, lendo o primeiro item. Barb ficou pensativa com aquilo, mas logo veio sua resposta.

— Acredito que causará uma guerra econômica e nos afetará com as produções. Criará uma instabilidade, sabe? – Explicou e Topher, claro, ouvia atentamente cada palavra que saia de sua boca. Topher não parava ade admirar os seus lábios.

— Claro! – Topher assentiu em plena concordância – Então você é contra essa rivalidade? – Perguntou.

— Totalmente contra. Muitas vidas serão perdidas com isso, é desnecessário. Olha o que aconteceu com Denver! – Barb saiu daquela questão e parecia estar indignada com tudo aquilo – Se o mundo fosse mais diplomático as coisas não chegariam a esse ponto! Tenho certeza que o presidente não deixará barato e só vamos ter mais problemas.

— O que você acha que vai acontecer com Denver? – Topher perguntou, colocando a prancheta contra o seu peito, prestando toda a atenção em Barb, ela parecia muito atônita com tudo aquilo.

— Tenho parentes que moram lá. Eles estão em quarentena e o exército não os deixam sair de lá. Tentaram fugir por um jatinho particular, mas acho que ele foi abatido quando cruzou o território de Denver – Barb respondeu cabisbaixa – Meu pai está dando um jeito de ir para o Colorado resolver esse problema.

— Entendo – Topher não sabia o que falar no momento e preferiu deixar Barb em paz – Não vou te incomodar se quiser e... – Tentou se afastar de Barb, mas ela o segurou pelo pulso.

— Não! – Barb impediu que Topher fosse embora – Vamos continuar, quero ver todas as perguntas.

— Tudo bem – Topher concordou e então esperou Barb se acalmar para que continuassem a pesquisa.

Barb respondeu todas as perguntas com respostas longas e complexas que Topher não entendia bem, mas sempre anotava coisas interessantes e que não sabia. Ficou admirado não só pela beleza, mas por toda a inteligência que Barb possuía, e também seu jeito culto e de mente completamente incrível.

Terminaram a pesquisa somente uma hora depois, Barb ficou entusiasmada com o resultado e avisou para Topher que gostaria de saber a sua nota após seu trabalho ser entregue. Por outro lado, Topher havia ganho o dia por ter a conhecido e também dela ter compartilhado todo o seu conhecimento. Apesar de não ser verdadeiramente um trabalho, achou interessante toda aquela coisa.

Quando Topher voltou para a sua república, guardou a sua prancheta com a folha de Barb em uma estante e não percebeu que um papelzinho deslizou da folha e caiu no chão. Era o número de Barb que estava ali e Topher sequer tinha visto que ela havia dado um jeito de colocar entre a prancheta e os papéis.

Sorridente, Topher se jogou na sua cama e começou a usar o celular, conversando com Renata, que retornaria na manhã seguinte para Los Angeles. O sossego de Topher iria acabar, mas pelo menos teria valido a pena seus dias sozinho. O dia de amanhã seria um grande dia e estava extremamente ansioso para ver Barb novamente.

Se uma explosão não ocorresse no campus durante a madrugada e um surto se iniciasse, colocando a vida de todos em perigo.

O Contágio havia começado em Los Angeles.

 

El Distrito

 

— Droga! – Fani gritou, tentando voltar a transmissão com Robert, mas ela havia caído de repente.

— O que foi? – Kei perguntou aflita.

— A transmissão parou e eu não consigo voltar – Fani lamentou. Polly cruzou os braços e revirou os olhos. Estava pronta para conversar com Robert, mas parecia ser impossível – Não sei se aconteceu alguma coisa com ele.

— Nós precisamos tirar ele daquele lugar imediatamente – Boone argumentou, Ozzy concordou – Não dá para ficar parado e saber que tem uma pessoa nossa em perigo. A um ano ainda, um ano! –

— Se acalma – Polly pediu para Boone, que ficou retraído no seu canto – Disse que o Robert estava aonde?

— Em Corpus Christi, no Texas – Fani respondeu, desistindo de voltar a entrar em contato com Robert – Há um complexo com cientistas lá dentro fazendo pesquisas do vírus. Robert não é um combaia, mas ele é usado em experimentos de testes.

— Testes do que? – Taissa perguntou, assustada.

— Eles testam zumbis e humanos. Basicamente o que nós fazemos, acho que eles ficam em um lugar combatendo o zumbis – Fani disse, se levantando e largando o rádio recém-tirado do carro em cima da mesa – Não acredito que arranquei o rádio do jipe para uma transmissão que deu errado.

— É um começo. Sabemos que Robert está vivo e precisa de ajuda – Ozzy falou – Não podemos ficar aqui de braços cruzados.

— Vocês não pensaram que ele pode estar mentindo? – Juan argumentou e Athena tentou o repreender, sem sucesso – Vasili pode estar com ele e esse lugar nem deve existir. Os dois devem estar na boa em qualquer lugar do país e só se lembrou agora de nos avisar. Eu não confio nele, não confio em ninguém – Foi até o balcão e pegou um copo de água, servido por Halsey, atenta a tudo que era conversado.

— Nós vamos encontra-lo, você querendo ou não – Polly respondeu ficando frente a frente para Juan – Sei que sua vida não é a das melhores, e a nossa também não, mas eu sei que Robert não mentiria – Se virou e encarou o restante dos amigos à sua frente, inclusive Scorpion, que sorriu confiantemente para ela – Quem vem comigo?

Durante o dia uma equipe foi formada para a operação nomeada como: Operação Global, que correu como faísca por todos os habitantes de El Distrito, agora, finalmente cientes de que Robert estava vivo. Outros apoiavam, outros não, mas era uma questão de quem quisesse ir até outro estado, ninguém era obrigado a fazer aquilo. Era um risco para quem saísse, mas acreditavam que valia a pena.

Na van totalmente inspecionada e reformada por Zain, estavam embarcando Polly, Kei, Boone, Ozzy, Taissa, Hunter, Percy, Fani, Scorpion, junto com seus fiéis seguidores Star e Little Boy. Todos estavam altamente equipados com armas, ferramentas, alimentos, remédios e outros utensílios básicos. Não iriam sair desprevenidos dali, principalmente naquela longa viagem que fariam e com um alto risco de ter problemas.

No dia seguinte, toda a cidade havia se reunido para se despedir da equipe, pronta para deixar El Distrito e ir procurar o seu membro perdido.

— Vamos deixar El Distrito nas suas mãos – Kei falou olhando fixamente para Patrícia, segurando nas mãos da moça firmemente – Sei que está aqui a muito tempo e sabe como as coisas funcionam. Essas pessoas precisam de você e da sua liderança.

— Pode deixar comigo, Kei. Herrera e Timothy continuarão presos e em supervisão por Riki – Patrícia afirmou confiante de si para administrar El Distrito como sempre quis, de forma justa e integra – Vinny está comigo, ele irá me auxiliar se tivermos qualquer contratempo – Olhou para trás e viu o Doutor se despedindo de Boone – Obrigada e boa sorte.

— Obrigada e boa sorte também – As duas se abraçaram brevemente.

— A van está abastecida com medicamentos de todos os tipos. Analgésicos, antibióticos, injeções, tem de tudo! – Uber avisou para Percy.

— Beleza – Percy disse e então se aproximou de Uber, lhe entregando um anel – Entregue isso para Halsey se eu não voltar. Diga que eu a amo – Sussurrou e então Uber pegou o anel e o guardou em seu bolso – Não perca, Uber! Ele pode ser minha última lembrança para ela! – Uber concordou, com certa agonia de ter aquela responsabilidade em mãos.

— Fique com isso – Tamar entregou o seu terço para Fani, que o aceitou e deixou que a colocasse em seu pescoço – Quando se sentir insegura e com medo, se lembre que Deus está contigo, sempre – A moça negra disse e então deu um beijo na testa de Fani, sentindo uma grande energia naquele momento.

— Não precisa fazer isso, você mal conhecia o Robert – Polly falou para Scorpion, que segurava o seu fuzil de pressão recém polido. O cubano revirou os olhos – Está abandonando o seu povo, eles precisam de você.

— Não pode impedir um homem de realizar a proeza de salvar uma pessoa – Scorpion disse e então Polly sentiu um formigamento em sua barriga. As vezes a loira se sentia intimidada com o altruísmo que Scorpion possuía – Sky e Kami cuidarão do meu povo, eles não estarão a sós. Fisicamente não estarei lá, mas sentirão a minha presença de alguma outra forma.

— Certo, Scorpion, isso está ficando bizarro – Polly falou e então olhou para Star e Little Boy. Se sentia incomodada com os membros do grupo de Scorpion, pois já havia sido atacada por pessoas parecidas enquanto fazia uma reportagem em Denver, mas ao menos eles eram bons garotos.

Prestes a entrarem dentro da van e finalmente iniciarem sua viagem, Bel apareceu aos gritos no meio da multidão e interrompendo aquele momento tão emocionante para a maioria dos presentes. Ela vinha furiosa, mesmo sabendo da sua atual condição, apesar de estar ainda em recuperação.

— Como você vão sair para procurar o Robert e não me avisam! Porra! – Bel gritou informada. Amber e Tuppence vinham atrás dela – Eu sou a alma dessa operação, vocês não são nada sem mim! Imagine se encontram o Robert e ele vê que eu não estou junto! No mínimo vai pensar que eu morri.

— Não podia sair da cama! – Kei a repreendeu e também fez o mesmo com Amber e Tuppence – Por que não a seguraram?

— Quem disse que a gente conseguiu segurá-la? – Tuppence segurava Matthew em seus braços, que dormia tranquilamente – Ou olhamos o bebê, ou olhamos a Bel!

— Vou com vocês – Bel disse, pronta para entrar na van, mas dessa vez foi Polly quem a barrou.

— Não vai a lugar algum – Polly colocou seu braço na porta, bloqueando a passagem de Bel, que revirou os olhos.

— Não pode me impedir – Bel falou debochadamente – Eu não preciso mais tomar tanta medicação e eu me sinto muito bem do pós-operatório. Esse câncer já não está mais em mim, vou voltar a ser a Bel de antes, quer vocês queiram ou não – Disse por fim e então Polly se viu barrada pela moça.

— Posso ir com ela – Amber se ofereceu – Qualquer problema que estiver, tem alguém por perto para ajudar, e quanto mais uma pessoa, é melhor.

— Amber é tão boa com mecânica quanto eu – Hunter afirmou, enquanto assistia tudo da janela da van – Vai ser útil conosco, podem ter certeza – Sorriu para a loira, que piscou de volta.

— Tudo bem – Kei concordou em levar Bel, que deu um pulinho animado – Mas nada de gracinhas! Me entendeu?! – Bel assentiu com seu olhar sonso - Se ousar em pegar uma arma vou te amarrar em um daqueles bancos – Afirmou e então Bel concordou.

— Beleza – Bel disse e então esperaram Amber voltar com as suas coisas e as dela – Vamos te deixar aqui... – A única parte ruim para ela, Kei e Polly era ter de deixar Matthew em El Distrito, mas estavam pensando na segurança do bebê – Posso...? – Pediu para Tuppence e então ela lhe entregou Matthew – Venha cá com a tia Bel, garotão.

— Vamos sentir a sua falta, amorzinho – Polly falou com uma voz fininha, segurando a mão pequena de Matthew, que estava alegre e risonho junto das três moças.

— Vou voltar para te ensinar a ser um grande atirador – Kei falou beijando a testa de Matthew, que logo voltou para os braços de Tuppence, que se despedia de Hunter e Amber totalmente chorosa. A moça ficou ao lado de Vinny, assistindo os amigos embarcaram na van – Vou sentir falta deles.

— Vamos voltar – Bel disse se sentando em um dos bancos, ao lado de Boone– Eles vão aguentar. Não vão? – Encarou o jovem Roosevelt ao seu lado.

— É claro que vão – Boone afirmou, apesar de ter certa dúvida – Patrícia está aí, tudo vai ocorrer bem – O moreno estava ansioso para sair dali e encontrar Robert. Nunca havia tido um amigo como Petterson e sua ausência era muito dolorosa para ele, não havia perdido as esperanças com ele, e finalmente estava no momento de procura-lo.

Não só Boone, mas todos ali sentiram um arrepio quando Kei ligou a van e deslocou o veículo para fora do portão da cidade, enquanto todos os habitantes da cidade acenavam para eles e gritavam palavras de otimismo. Estavam deixando El Distrito para trás como Robert havia feito, nunca mais retornando para o lugar.

— Deveríamos ter ido com eles – Athena disse tensa ao lado de Juan, enquanto os portões da cidade eram fechados. Estava arrependida, havia ficado exclusivamente por causa de Juan – Nós somos bons nisso! Até o Percy foi.

— Eles fizeram uma escolha errada, sinto isso – Juan falou de braços cruzados – Vão se arrepender da atitude precipitada que tomaram em nos deixar para trás e seguir o caminho por causa de um qualquer cujo o pai é um maníaco. Quantas pessoas perdemos e seguimos em frente? Eles estão perdendo tempo – Percy falou consumido pelo ódio, observando


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo, até o próximo!



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