Entre o Amor e Ódio escrita por Joybessa


Capítulo 39
Praça da Liberdade


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas por todo esse tempo sem postar, espero que gostem!



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Quando cheguei ao pátio, me sentei debaixo de uma arvore e comecei a chorar. O Will foi atrás de mim e quando ele chegou perto, apenas fiz um não com a cabeça e mesmo assim ele se sentou ao meu lado, oferecendo seu ombro para que eu pudesse descansar a cabeça. Naquele momento eu não sabia se o que eu estava fazendo era certo, comecei a pensar que talvez aquelas meninas tivessem razão e eu de certa forma estivesse traindo o Fernando, passou pela minha cabeça então desistir dessa idéia de baile. Quando eu encarei o Will, eu estava pronta para acabar com essa historia de baile e pedir desculpas por isso, mas antes que eu tivesse a oportunidade, ele tirou uma foto do bolso. Quando a olhei, tinha uma menina de cabelos castanhos iguais aos meus e muito sorridente e do lado dela tinha um garoto de cabelos loiros presos e que sustentava um olhar de admiração em direção ao dela.

— Essa é a Liz? – perguntei

— É ela – Will suspirou – Esta foto foi tirada nas vésperas do acidente. Eu e a Liz tínhamos acabado de ter o nosso primeiro ensaio para a formatura. Eu lembro que eu era completamente desajeitado e ela com toda paciência do mundo me ensinava a valsar. A Liz adorava dançar. Então no meio da valsa eu a pedi em namoro. Foi uma surpresa para mim também, nem eu esperava que eu fosse fazer o pedido para ela naquele momento. Só que enquanto eu a tive em meus braços valsando, senti um amor tão grande que pra mim era aquele, o momento perfeito. Logo depois ela tirou esta foto de nós dois e desde então carrego essa foto comigo.

— Ela era linda e tenho certeza que em algum lugar ela está feliz e está muito orgulhosa por você conseguir estar aqui sorrindo e pelo menos tentando viver.

— E é exatamente por isso que tenho certeza que o Fernando quer que você também viva, assim como a Liz gostaria também que eu vivesse. Por isso Juliana, não deixe que comentários maldosos destruam o seu baile de formatura. Pelo pouco que conheço de você sei que você é forte, que já passou por muita coisa, permita-se ter um momento normal de adolescente. Minha vida é tão complicada nos Estados Unidos que a muito tempo eu não sabia o que era me sentir jovem e lá com você valsando eu pôde me permitir voltar no tempo em que eu era feliz com a Liz e eu só tenho a agradecer você por isso. Quando o Fernando acordar ele vai ser o cara mais sortudo por ter o amor de uma menina tão maravilhosa como você.

Sorri para o Will e não pôde controlar a vontade de abraçá-lo.

— Muito obrigada de verdade. Você está certo. Não posso deixar que isso estrague o nosso baile de formatura e eu vou fazer pelo Fernando também. Quero que quando ele acordar me veja forte e assim eu poderei ajudar ele no que for necessário. Olha Will, você está se tornando mesmo um amigo de verdade.

— Nunca imaginei que a nervosinha iria ficar minha amiga – Will falou me soltando – Mas fico feliz por isso.

— Que engraçadinho! Bem se você não se importa, podemos ficar aqui e esperar o sinal bater? Não quero voltar para o ensaio e dar o gostinho para Manuela e aquelas meninas me verem nesse estado. – sorri sem graça – Além do mais já está quase acabando também e a gente tem que pensar para onde vamos te levar mais tarde.

— Tudo bem, mas com uma condição. Só se você me contar o porquê dessa Manuela ficar procurando tanta briga com você.

— Tudo bem – suspirei – É uma longa historia.

Comecei a contar a historia da chantagem para o Will, ele ficou tão boquiaberto quanto eu quando descobri.

— Então quando você perdoou o Fernando, você ainda não sabia dessa história?

— Não, fiquei sabendo logo depois do acidente dele porque as meninas me contaram. Naquele dia do festival, eu senti tanta sinceridade nas declarações do Fernando que não precisei saber a verdade para ficar com ele, naquele dia eu senti tanto amor que ele curou todo ódio e desconfiança que estava no meu coração. Só não curou a raiva que eu sinto pela Manuela.

— Essa Manuela é uma maluca!

— Nem me fale – Sorri sem graça – Fico imaginando no que o Fê passou na mão dela.

— Tenho dó desse cara, aliás, de vocês dois. Que complicação para vocês ficarem juntos. As coisas poderiam ser mais fáceis.

— E quem disse que o amor é fácil Will? Essas complicações todas só fizeram o nosso ainda mais forte.

— Um dia quero entender o que é sentir tudo isso – Will me encarou

— Tenho certeza que você vai.

Eu e o Will ficamos conversando até todo mundo aparecer.

— Ah aí está vocês dois! Posso saber por que você não voltou para o ensaio hein Juliana? Juro que quase soquei a cara daquelas meninas por terem falado aquelas coisas sobre vocês dois. – Luiza falou olhando para mim e o Will – Sorte delas que o Lucas me segurou!

— Sorte a sua, né amor! Você viu o tamanho delas em comparação ao seu. Não queria que fizessem picadinho da minha namorada.

Todos caíram na gargalhada e a Luiza começou a ficar vermelha de raiva.

— Fica assim não Luiza, eu também já estou acostumada com o Alê fazendo o mesmo, sempre protetor demais. Homens  – Marina revirou os olhos

— Vou tentar não levar isso para o lado pessoal – Alê falou – Além disso, você adora quando eu faço isso. Não se faça de difícil agora, linda.

— Mas é claro, amor! Se isso te consola – Marina riu e logo deu um beijo nele

A Luiza também não perdeu tempo e lascou um beijão no Lucas. O Will olhou para mim com certo traço de divertimento e eu fiquei um pouco sem graça.

— Okay pessoal! Foco aqui e menos demonstrações publicas de carinho. Não esqueçam que vocês têm dois amiguinhos segurando vela – falei em tom de brincadeira – Vamos focar no que é importante. Para onde levaremos o Will essa tarde? Lembrando que até cinco horas temos que está no hospital para o horário de visita do Fê e o Will tem reunião com o meu pai. Então o que vamos fazer?

— Bom eu conheço um barzinho perto da praça da liberdade. Hoje exclusivamente eles vão abrir à uma hora da tarde porque o meu irmão vai dar uma festa para os calouros da universidade dele e vai ser lá. Vai ter até show ao vivo. Eu posso conseguir uns convites pra gente! –Lucas falou

— Mas essas festas não são perigosas não? E além do mais a gente não vai poder ficar muito tempo. – falei

— Deixa de ser boba Ju, confia no meu namorado ta. – Luiza disse brava – E também lá vai ter gente da idade do Will e ele vai poder se socializar. O que você acha Will?

— Por mim ótimo, se a Juliana não se importar – Will me olhou

— Não, tudo bem. Não vou cortar a empolgação de vocês, contanto que a gente esteja mesmo  no hospital as cinco horas da tarde. – Reforcei – E que ninguém fique bêbado.

— Você só ta dizendo isso por causa do Fernando, eu não acho que se você ficasse um dia sem ver ele, iria mudar alguma coisa. – Luiza falou – É só um dia com os seus amigos mais nada, depois você pode até morar dentro do hospital se quiser.

— Fora de cogitação Luiza. Eu vou ver o Fê sim! – Falei nervosa – E agora vamos logo se não, não sobra tempo pra curtir a tal festa.

Todos nós fomos pra casa rápido trocar de roupa e marcamos de encontrar na pracinha. Coloquei uma blusa combinando com uma saia floral e calcei uma sapatilha. Soltei meus cabelos e passei um batom rosa clarinho e desci as escadas. Quando passei pela minha mãe ela abriu maior sorriso.

— Vejo que alguém abandonou o preto! – falou vitoriosa

— Não começa – revirei os olhos – E onde está o Will? Vamos acabar chegando atrados.

— Ele já está lá fora há alguns minutos e está muito bonito inclusive – minha mãe sorriu – Olhando assim vocês formariam um belo casal.

— Sem chance mãe – falei brava – Você e o papai que nem inventem de começar a fazer esses joguinhos, eu revolto.

— Tudo bem minha filha – minha mãe suspirou – Não está mais aqui quem falou.

Olhei para ela e saí sem dizer nada. Quando cheguei no portão o Will estava encostado no muro, incrivelmente lindo parecendo um modelo de revista. Ele fez um coque samurai e vestia uma camisa xadrez com um short jeans e sapatênis e usava óculos escuros. Confesso que ele me deixou desconcertada, mas logo recuperei o foco.

— Hei vamos a um barzinho, não a um clube! – brinquei

— É mesmo? Nem sequer tinha percebido. Mas a rainha roqueira deu lugar à princesa meiga é? Confesso que esse estilo fica muito melhor em você! – Will riu

— Ah cala a boca e vamos logo – revirei os olhos

Quando chegamos à pracinha já estavam todos lá e as meninas me olharam surpresa por causa da minha roupa.

— Agora sim, você parece a Ju de sempre – Luiza falou – Você está maravilhosa.

— Tenho que concordar, esta linda mesmo e tem alguém que não consegue parar de olhar pra você. – Marina indicou o Will.

Comecei a ficar brava com aquilo. Eu e o Will éramos só amigos e não passaria disso e todo mundo tinha entender.

— Amigos.  Eu não vou falar de novo para vocês duas ta? Só a vontade de vocês de que eu fique com outra pessoa não vai bastar. O Will pode ser lindo e ele é um cara incrível, mas meu coração não vai mudar de direção. – falei brava

— Eu já te ouvir falar o mesmo uma vez Juliana e você estava enganada e pode estar novamente –Luiza insistiu – Eu só quero ver você feliz.

— Então você não me conhece tão bem como eu pensava. Depois de tudo que eu passei com o Fernando, vocês acham que eu não chutaria o balde se não o amasse de verdade? Agora até as minhas amigas duvidam dos meus sentimentos.

— Ai sem drama Ju, por favor – Luiza falou

— Que seja – saí andando em direção aos rapazes – Vamos logo pessoal!

Pegamos o ônibus e eu fiquei calada o caminho inteiro. O Will fazia graça tentando chamar a minha atenção e eu dava meio sorriso para ele. Não queria que mais alguém ficasse com idéias na cabeça sobre nós dois. A única afinidade que nós tínhamos era de amigo. Eu gostava de ficar ali com o Will, mas só como amigo. Por que era tão difícil que todos entendessem isso? Ali com meus pensamentos, comecei a imaginar se o Fê estivesse ali. Eu e ele juntos com todo mundo. Tenho certeza que ele e o Will poderiam ser amigos e não existiria essa especulação que até as minhas amigas criaram sobre eu ficar com outro. Chegamos à praça da liberdade e o Will pareceu deslumbrado com  sua beleza e o dia estava lindo. Estávamos perto do charafiz que ficava em frente ao coreto. As arvores estavam em verde vivo assim como as plantas e eu fiquei tentada em levar o Will para conhecer o circuito cultural da praça da liberdade que são dez espaços que integram arte, cultura popular e entretenimento, só que eu poderia fazer isso outro dia, porque agora nosso tempo estava apertado.

— Então Lucas, onde fica o bar? – falei impaciente

— Af Juliana que pressa hein – Luiza fez cara feia – Deixa o Will contemplar a beleza da praça.

Fuzilei a Luiza com o olhar. Hoje ela estava muito irritante e eu comecei a ficar nervosa também. O Will percebeu minha irritação, afinal ele mais que ninguém ali entendia que eu tinha mesmo que ir ao hospital.

— Vamos logo, amanhã a gente vem aqui e fica pela praça –Will falou

— Tudo bem, então vamos. – Lucas falou tomando a frente do grupo.

 Chegamos ao endereço do tal barzinho, mas aquilo não era nem de longe um. Era uma boate  e tinha um segurança na porta conferindo os convites e a identidade, para nossa sorte todos nós já tínhamos dezoito anos e então entramos sem problema.  Era uma balada e estava lotado de gente e com muita bebida alcoólica. Tocava uma musica eletrônica pesada e eu comecei a ficar preocupada.

— Onde foi que você meteu a gente hein Lucas? Isso aqui não é um bar nem aqui e nem na china – gritei

— Meu irmão me garantiu que era, foi mal Ju. Já que estamos aqui, vamos curtir – Lucas gritou

— Ihh Lucas liga não, a Ju ta chata muito hoje, não sei mesmo quando eu achei que um cara tão legal como o Will poderia ficar com ela, eu teria dó – Luiza gritou com raiva

— Não acredito que você disse isso. Você passou dos limites – gritei e sai correndo pela multidão.

Quando perdi de vista todo mundo, procurei um lugar para sentar e fiquei de frente para o bar da balada. As lagrimas foram descendo. Eu não entendia o porquê da Luiza ter agido daquele jeito comigo, logo ela. A minha melhor amiga. Me levantei e fui direto para o bar da balada.

— Quero a bebida mais forte que você tiver – falei ao barman

Ele nem sequer me encarou e já foi preparando a bebida. Peguei o copo e virei na boca, esse era apenas o primeiro de muitos que viriam a seguir.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler e comentem!



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