Entre o Amor e Ódio escrita por Joybessa


Capítulo 38
Confusões




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Manuela estava parada na minha frente esboçando um sorriso cínico.

— O que você está fazendo aqui? – gritei

— Eu tive que voltar. Você acha que eu iria desistir dele tão fácil? Esse acidente só me ajudou a voltar apara cá mais rápido. Eu o conheço desde criança, nossas famílias são amigas, esperei a vida toda pra ficar com ele. Eu não vou descansar enquanto o Fernando não ser meu!

— Cala a sua boca. Eu nunca abandonei o Fernando. Eu e ele nos amamos e você nunca vai poder mudar isso, você pode fazer o que quiser o nosso amor nunca vai morrer Manuela. O amor dele é uma coisa que você nunca vai ter! Vamos embora Will!

Puxei o Will pelo braço em direção a cantina e ele me olhou com cara de quem não estava entendendo nada.

— Não é o que parece com esse garoto pendurado no seu braço. Parece que quando o Fernando acordar ele vai precisar saber de algumas coisinhas. Como a sua traição. – Manuela riu

— Já chega!                       

Larguei os braços do Will e voltei pra trás indo em direção a Manuela. Disparei um tapa que a atingiu bem no rosto.

— Briga! Briga! Briga!

Ouvi todos começarem a gritar. Com o meu tapa a Manuela caiu no chão, rapidamente ela se ergueu com a mão na bochecha onde o tapa tinha atingido.

— Você me paga sua vagabunda! – ela disse agarrando meus cabelos

Agarrei os cabelos de volta e puxei com muita força de vontade. Ela não conseguiu puxar os meus e logo suas mãos afrouxaram, dei uma rasteira nela e ela caiu no chão. Comecei a dar vários tapas na cara dela. Quando eu fechei minha mão para dar um soco alguém me puxou pra longe dela.

— Me solta! Ela não tinha esse direito – tentei me desvelhenciar de quem quer que fosse – Eu não acabei!

— Chega Ju, fica calma – Will tentava me acalmar – Já foi o suficiente, olha o estado em que você a deixou.

Olhei para a Manuela que estava caída no chão, seu rosto estava todo arranhado e um lampejo de sentimento de culpa e vergonha tomou conta de mim. O Marcelo levantou a Manuela com cuidado e eu olhei com nojo para cara dos dois. Ela foi até mim pronta para continuar a briga, mas o Marcelo a segurou pela cintura.

— Me larga gatinho, eu não sou uma selvagem igual a ela! Não preciso que me segurem.

— Me larga o Will, eu vou acabar com ela – tentei me soltar, mas o Will me segurava ainda mais firme.

— O que é que ta acontecendo aqui – a diretora chegou gritando aos berros – Quero alguém para me explicar isso agora!

Todos olharam para mim como se eu fosse a culpada. Ninguém precisaria explicar, era obvio a briga que tinha acontecido afinal a Manuela estava toda descabelada e com o rosto arranhado e eu nos braços do Will com o cabelo todo bagunçado também.

— A Juliana e a Manuela caíram no tapa Diretora, a Manuela começou a provocar falando do Fernando e a Juliana perdeu a cabeça, eu vi tudo – Marcelo falou – Separei a briga, eu e esse garoto ai – ele apontou para o Will

Olhei surpresa para o Marcelo, mas não consegui evitar o olhar de desprezo que dirigi a ele. Durante esses cinco meses, o Marcelo mudou. Depois do acidente ele foi pego em um dos banheiros da escola fumando e bebendo, por muito pouco ele não foi expulso, só continuou na escola sobre a condição de freqüentar uma clinica de reabilitação para quem tem problemas com drogas e bebidas. Desde então ele só fazia boas ações, largou o grupinho de amizades ruins, ficou mais responsável e aumentou as notas dele na escola.  Muitas vezes ele veio me pedir desculpas pelo acidente. Ele sabia que a culpa era dele pelo que aconteceu com o Fê, se ele não tivesse alcoolizado e fora de si naquele dia, ele nunca teria me beijado a força e o Fernando e eu poderíamos estar felizes. Só que eu não conseguia perdoá-lo por tudo.

— Manuela e Juliana, para minha sala agora! – a diretora Silvana gritou – O rapaz, que deve ser o William se quiser pode esperar na biblioteca. Quero todo mundo circulando, não quero ver bolinhos e comentários sobre o aconteceu aqui!

A diretora saiu andando em direção a sala dela com a Manuela atrás.

— Sinto muito – o Will me soltou - Você está bem? Ela te machucou?

Antes que eu pudesse responder ouvi um grito

— Juliana? O que aconteceu? – Luiza veio correndo na minha direção – Eu chego atrasada na escola um dia e você aparece como quem acabou de brigar.

— Luiza, eu acabei de brigar, mas não tenho tempo de explicar agora. Fica com o Will e leva ele para biblioteca e ele vai te explicar. Prometo que explico tudo depois!

— Quem? Que Will? Amiga você ta delirando?  

— Eu sou o William, prazer, mas pode me chamar de Will – Will estendeu a mão pra ela e deu um sorriso – Eu e a Juliana viemos juntos para escola hoje. Longa historia!

A Luiza o encarou boquiaberta e se virou para mim.

— Me diz como o Chris Hemsworth apareceu aqui na escola? E como assim ele está com você!

— Não posso responder agora. Will explica tudo pra ela, você também vai conhecer a Marina e o Alê, são os meus melhores amigos, garanto que você vai adorar.

— Juliana, na minha sala agora!

A diretora gritou e eu saí correndo deixando a Luiza e o Will no pátio. Eu esperava que a Luiza  não fizesse mais escândalo e gostasse dele. Cheguei  à sala da diretora e a enfermeira da escola estava cuidando dos arranhões no rosto da Manuela.

— Pensei que eu mesma teria que te trazer para a minha sala, Juliana.

— Desculpa Diretora, é que eu estava deixando o Will com a Luiza, para ela poder mostrar o caminho da biblioteca para ele. Como o meu pai já deve ter conversado com a senhora...

— Sim nós conversamos sobre a presença do William aqui para os ensaios – ela falou me cortando – Mas pelo visto isso só causou mais problema. Faltam menos de duas semanas para a formatura de vocês duas e mesmo assim me arrumam mais confusão. Durante todos esses anos que eu coordeno essa escola, nunca tive tantos problemas como estou tendo com essas turmas de terceiro ano. Esse ano já foi difícil demais para vocês arranjarem mais confusões.

— Sinto muito, Diretora. Eu não sei o que deu em mim. Eu prometo que isso não vai se repetir. Ela me provocou e eu não suportei, já estou com problemas demais e eu só perdi a cabeça.

— Você não deveria ter partido para violência. Violência não se resolve nada. Eu poderia dar suspensão para as duas, mas não irei fazer isso. Manuela você sabe que eu só aprovei a sua transferência para minha escola novamente, por consideração a mãe do Fernando. Não vai ser aceito esse tipo de comportamento seu na minha escola. Não quero você perto da Juliana e nem que fale com ela, estamos entendidas?

— Sim, Diretora Silvana. Eu só fiquei indignada quando a vi com aquele garoto. Fiquei com raiva pelo Fernando, só isso – Manuela fez beicinho

— Aquele garoto é o William,ele é amigo da família dela e mais nada. Isso não é da sua conta. Você não deveria se meter nos assuntos particulares dos outros.  Juliana, quero que você peça desculpas para a Manuela.

— Mas, Diretora foi ela que começou – cruzei os braços e fechei a cara – Não é justo!

— Você bateu nela e desobedeceu a regra dessa escola. Peça desculpas ou leve uma suspensão e dê adeus a formatura.

— Tudo bem. Desculpa Manuela, isso não vai se repetir – falei contrariada – Eu sinto muito.

— Pode ter certeza que não, fofa! – ela me encarou triunfante – Aceito suas desculpas.

— Manuela agora você pode ir direto para enfermaria terminar de cuidar do seu rosto e espero que respeite o que foi falado aqui. Juliana dê um jeito no seu cabelo e pode ir a biblioteca preparar o seu amigo para os ensaios. Avisem a todos que quero todo mundo as 10:30 no auditório. Obrigada e estão dispensadas.

Sai da diretoria meio desconcertada com o que eu tinha acabado de descobrir. A Manuela só estava lá na escola novamente por pedido da Dona Júlia o que me deixou um pouco triste. Foi ao banheiro dar um jeito no meu cabelo que estava todo descabelado. Acabei fazendo um coque bagunçado mesmo, quando eu ia saindo do banheiro a Manuela passou por mim.

— Não é legal saber que a minha sogrinha me ajudou a ficar mais perto do meu amor? – Manuela segurou meu braço e apertou – Espera só até ele acordar, vai querer a mim.

— Isso é porque a Dona Julia não sabe da chantagem ridícula que você estava fazendo ao filho dela, mas vamos descobrir com ela vai se sentir. Me larga ou você quer que eu estrague ainda mais essa sua cara de mentirosa!

— Calma! – ela me soltou – Você não tem como provar que eu estava fazendo isso. A dona Julia é minha madrinha, ela me conhece desde criança. Em quem você acha que ela vai acreditar? Certamente não em você – ela gargalhou

— Você não sabe de nada – corri em direção à porta – Você é mil vezes pior que a Bruna e assim como ela, vai pagar pelas maldades que faz.

— Isso é o que veremos!

Corri para fora do banheiro e foi em direção a biblioteca. Chegando lá deparei com  todos os meus amigos rindo de alguma coisa enquanto o Will gesticulava com as mãos. Estavam todos sentados nos pufs que tinha lá e o Will no meio deles.

— Pelo visto estão todos se dando bem! – falei

— Juliana! Conta agora o que aconteceu estamos todos aqui curiosos para saber! – Marina me puxou para sentar ao seu lado – Como assim você bateu na Manuela?

— Vou contar tudo do inicio, inclusive como o Will veio parar lá em casa – sorri pra ele – e como vocês vão me ajudar no nosso plano!

Contei tudo do inicio desde a briga com meus pais até o que a diretora falou. Todos me olharam sem acreditar que eu tinha mesmo feito um pequeno estrago na cara da Manuela.

— Amiga, eu to louca pra ver a cara dessa menina. Não acredito que ela só voltou pra cá pra infernizar sua vida! – Luiza disse

—  Já podemos colocar a Juliana como lutadora de ufc – o Alê brincou

— Não é bem assim gente, eu perdi a cabeça. – falei

— Com tudo que você me falou sobre essa Manuela até que ela mereceu umas tapas – Will me encarou – Mas não sou a favor de nenhuma violência. Ela podia ter machucado você, tem certeza que ta tudo bem?

— Claro que ta Will – Revirei os olhos  - Mas então vocês não me responderam se vão ajudar a fazer o Will se divertir muito nessa temporada que ela vai passar aqui em BH?

— É claro! Estamos nessa – Lucas falou

— Pelo visto vocês se enturmaram rapidinho. – falei

— Amiga, ele vai fazer você participar da formatura. Eu já amo esse cara – Luiza riu – Vamos todas ter a formatura dos sonhos!   Vai ser demais!

— É... Quase perfeita – falei pensando no Fernando – Bem e falando nisso já são 10:30 e a diretora quer todo mundo lá no auditório pra começar. Vamos!

Chegamos ao auditório e a diretora fez um discurso sobre como estava orgulhosa da gente ter conseguido se formar mesmo com todas as dificuldades durante o ano. Os ensaios estavam oficialmente começando. Os alunos iriam fazer a escolha do tema do baile de formatura e também da musica da valsa dos formandos. Iria ter uma votação. Só que antes iríamos ensaiar para a colação de grau que era ainda mais importante. Todos bateram palmas e muita gente ficava encarando eu e o Will com olhares de acusações. Depois do ensaio da colação de grau, a coreografa contratada começou a ensinar a gente a dançar a valsa.

— Muito bem! Todo mundo com seus pares, eu irei demonstrar como se faz e vocês vão acompanhar meu ritmo, tudo bem? Pode soltar a musica.

Fui para o meio do palco com o Will ao meu lado. Várias meninas suspiravam enquanto ele passava ouvi alguns comentários de como eu era sortuda e outros maldosos também de que eu estava sendo injusta com o Fernando depois de tudo que tinha acontecido. Meu coração pedia pra eu desistir dessa historia de baile, eu me sentia cada vez pior em imaginar que não seria com o Fernando que eu iria dançar. Eu só estava fazendo porque queria dar o Will a chance de ter um baile e pela felicidade das minhas amigas ao saberem que eu tinha concordado. Olhei a minha volta e vi os pares se formarem. A Marina e o Alê já estavam agarrados e o sorriso dela estava radiante. A Luiza e o Lucas estavam juntinhos também, a Luiza deva careta a cada passo que ela errava e o Lucas sorria ao tentar ensiná-la o certo, quando ela percebeu que eu estava encarando, fez um sinal para que eu tentasse também, todos já estavam dançando menos eu e o Will. Respirei fundo e o encarei. O Will me encarava como se estivesse pedindo permissão para chegar perto de mim, eu apenas acenei a cabeça e ele compreendeu. Ele se aproximou de mim e me puxou pela cintura fazendo com que nossos corpos ficassem pertos, sua mão segurava minha cintura com firmeza, entrelaçamos uma das mãos e eu repousei a outra no seu ombro. A música nos envolveu e começamos a valsar, ele olhava dentro dos meus olhos e por um momento aqueles olhos verdes se transformaram em um par de olhos azuis que eu conhecia muito bem. Voltei nos momentos antes do acidente acontecer. Eu e o Fê dançando, uma musica lenta. Eu com a cabeça repousada no seu ombro, ele com os braços em volta da minha cintura me puxando pra perto, nossos corpos tão perto que eu podia sentir a batida do seu coração.

— Ju, você está chorando – Will despertou-me do meu devaneio – Quer parar?

— Eu... Sinto muito Will, eu preciso de ar – sai correndo do palco

— Acho que alguma razão entrou na cabeça dela, depois dessa cena ridícula, coitado do garoto no hospital. Você viu como os dois estavam se praticamente se agarrando.

Ouvi alguém dizer isso e as lagrimas vieram corri até o pátio desejando sumir dali.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e comentem! Muito obrigada por ler



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