Entre o Amor e Ódio escrita por Joybessa


Capítulo 36
Will




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Encarei meu pai furiosamente. Como ele pôde trazer um desconhecido para nossa casa com tudo que está acontecendo. O garoto parado na minha frente tinha um ar de metido a rico. Infelizmente eu tinha de admitir que ele era até bonitinho, tinha olhos verdes e o cabelo loiro liso preso em um coque e o sorriso dele era perfeito e ainda formava duas covinhas. Fiz uma careta para o desconhecido parado na minha frente e meu pai começou a me encarar irritado.

– Oi. Agora posso voltar para o meu quarto? – falei irritada

– Isso são modos de tratar nosso convidado? Essa foi a educação que eu te dei minha filha? – meu pai falou furioso.

– Não, mas como o senhor pode ver eu não estou a fim de conversa agora, principalmente com gente desconhecida invadindo a minha casa.

– Já chega Juliana! – minha mãe gritou

– Se o nosso convidado me da licença, eu voltarei para meu quarto – falei com sarcasmo

Saí correndo e subi as escadas indo direto pro meu quarto e bati a porta e tranquei. Segundos depois meu pai estava parado lá, gritando.

– Se a mocinha acha que com esse tipo de comportamento, algum milagre vai acontecer e aquele rapaz vai acordar, você está enganada, pois ele não vai acordar Juliana! E você vai ter que aceitar isso mais cedo ou mais tarde. Eu não quero um zumbi na minha casa, porque é isso que você ta parecendo, você não faz mais nada a não ser ir naquele hospital e se esquecendo de viver a sua vida. Eu garanto que se o Fernando te visse assim, ele não ia aprovar nunca. Eu quero minha filha doce e meiga de volta, a garota que sempre animava tudo, a alegria dessa casa e não essa pessoa sendo detestável com alguém que você nem conhece. Você não pode descontar em todo mundo a sua tristeza, já chega! Eu vou dar um basta nisso imediatamente. Amanhã depois da aula, eu vou deixar o William na porta da sua escola e você vai levar ele pra dar um passeio pela cidade. Você não vai ao hospital de jeito nenhum. Você está proibida de fazer alguma visita pra esse rapaz até que você mude de atitude!

– O Senhor não pode me obrigar a fazer isso, é crueldade – gritei de raiva – Eu prometi pai, eu não vou deixar de ver o Fê nunca, nem que eu passe a vida toda indo naquele hospital. – As lágrimas queimavam o meu rosto.

– Eu posso e vou. Se você ousar me desobedecer, as conseqüências serão graves! Desobedeça, e você vai ficar sem ver esse rapaz pra sempre, nem que eu tenha que mudar com toda nossa família pra outra cidade. Prove que você voltou a ser pelo menos um pouquinho daquela menina de antes e eu autorizo você a visitá-lo novamente.

– Já chega Renato! Deixa-a em paz. Você esta assustando o William. Não é assim que você vai conseguir aquela promoção com o presidente da sua empresa, assustando o filho e herdeiro das empresas dele. Vamos! Eu falo com a Juliana depois, tenho certeza que ela vai fazer o que você pediu. – ouvi minha mãe dizer.

– O senhor não pode! Por favor, não tire isso de mim – eu gritei

– Não quero ouvir um pio seu. Você está agindo como uma criança e vai ser tratada assim.

– Eu te odeio! – gritei

– Ótimo.

Continuei chorando por um bom tempo até que adormeci. Quando acordei só queria que tivesse sido um pesadelo o castigo que meu pai me deu. Eu sabia que tinha sido culpa minha e também que ele estava certo. Eu realmente não estava vivendo a minha vida, a muito tempo eu não sabia o que era ter uma vida. Era como se a partir daquela noite terrível a minha vida tivesse congelado ali. '' Seja feliz por mim'' era o que o Fernando me disse antes de partir, mas ele não sabia que era impossível a minha felicidade ser plena e completa sem ter ele por perto. Eu poderia um dia superar, mas eu nunca seria completa novamente. Olhei no relógio e era meia noite. Não me assustei com o fato de ter adormecido a tarde toda e uma boa parte da noite, desde o acidente eu dormia muito. Peguei o primeiro pijama que vi pela frente e troquei de roupa. Quando olhei para porta do meu quarto, tinha um prato com um lanche e um copo de leite, isso só poderia ser coisa da minha mãe. Eu não sentia fome então devagarzinho abri a porta. Quando eu já ia à cozinha devolver o prato, a porta em frente o meu quarto estava aberta e eu dei de cara com a cena do William sem camisa indo deitar na cama.

– Admirando a paisagem? – William sorriu

– Se vai ficar praticamente pelado na minha casa, você poderia fazer o favor de pelo menos fechar a porta, porque infelizmente o meu quarto fica em frente ao seu.

– Foi mal, eu pensei que você não fosse sair desse quarto tão cedo depois do drama mais cedo.

– Drama? Você não sabe do que está falando. Por sua culpa eu... Ah quer saber deixa pra lá, nem em um milhão de anos você entenderia a minha dor. Você nem sabe o que aconteceu e chega como se soubesse de tudo.

– Você poderia tentar me contar. Olha Juliana, meu pai me mandou aqui pra conhecer o máximo da sua cidade e principalmente avaliar se é possível abrir uma filial aqui e o seu pai é o principal candidato a diretor da nova empresa. Eu só estou aqui pra dar a palavra final, eu só tenho 20 anos e nunca vivi uma vida normal como a sua, eu considero isso aqui como férias da minha vida de sempre. Eu tenho a certeza que o seu pai é o mais capacitado para esse serviço e eu não preciso avaliar nada. Então olha da pra você me dar uma trégua e me ajudar, a saber, como é a vida dos jovens normais da minha idade? Durante toda a minha vida eu fui pressionado pra ser o melhor, estudei a vida inteira pra ser presidente das empresas no lugar do meu pai. Você não me conhece Juliana. Não tem o direito de descontar sua raiva em mim e falar comigo dessa maneira. Eu estou disposto a te ajudar a visitar o seu amigo, se você me ajudar a ter uma vida típica de qualquer jovem da minha da idade. Então, vai me dar uma trégua?– Wiliam desabafou e me encarou.

Olhei pra ele boquiaberta e envergonhada. Ele me fez parecer uma idiota e com razão.

– Tudo bem, me desculpe.

– Fechado então? – ele estendeu a mão

Apertei a mão dele e nos encaramos por um longo tempo. Rapidamente soltei e me toquei que ainda estávamos no meio da noite e se meu pai me pegasse no quarto dele, com certeza eu estaria em uma situação pior do que já estava.

– Última coisa, pode me chamar de Will. Foi bom fechar negocio com uma nervosinha como você. – ele sorriu

– Idiota – revirei os olhos – Isso não quer dizer que vamos virar amigos, só vou te ajudar pelo Fernando e agora é melhor eu voltar para o meu quarto porque se meu pai me pega aqui, você também vai estar encrencado.

Andei em direção ao meu quarto.

– Espera! Eu já acho o oposto, esse é um inicio de uma ótima amizade. Ah e bonito pijama! – Will gargalhou

Olhei pra ele sem entender nada até que cai na real que eu estava usando um pijama com desenhos de ursinhos. Ele riu mais ainda com a cara que eu fiz. Corri até o meu quarto e bati a porta. Caí na gargalhada logo depois. Esse era um sorriso em que eu não dava em muito tempo.


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Notas finais do capítulo

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