Entre o Amor e Ódio escrita por Joybessa


Capítulo 35
Cinco meses


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Desculpe a demora.



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Cinco meses. Cinco meses se passaram desde que o acidente aconteceu e minha vida pareceu um borrão desde então. Aquela noite me mostrou que a felicidade vem doce e tênue, mas quando se vai é amargo e destruidor. Em um momento eu o tinha nos meus braços em outro ele se foi e me deixou aqui em um mundo que eu não tenho nem vontade mais de viver. Quando meu pai me segurou nos braços eu finalmente pude desmoronar, apaguei. Pensava que aquilo era apenas um pesadelo e que quando eu acordasse, ele ainda estaria comigo, seus olhos azuis ainda estariam me encarando e transportando sensações para meu corpo que apenas ele conseguia fazer com que eu as sentisse. Quando eu acordei meus olhos se ajustaram a luz clara que quase me cegava, quando finalmente pôde ver, eu estava em um quarto de hospital novamente. Um pouco confusa com que estava acontecendo, minha mente custou a colocar todas as minhas memórias em ordem, eu sabia que precisava me lembrar de alguma coisa muito importante e isso começou a me deixar agoniada.

– Ela acordou. Graças a Deus! – ouvi meu pai dizer – Silvia avise as meninas que ela está consciente, vá chamar o médico também, quero garantir que tudo esteja bem com ela, antes da gente falar qualquer coisa sobre o garoto.

Garoto? Mas que garoto. Olhei para meu pai, confusa. Ele me olhava tão triste que eu comecei a ficar preocupada, eu não conseguia me lembrar o que tinha acontecido comigo e como foi parar ali em um hospital.

– Pai, o que é que aconteceu? Como eu vim parar aqui? – perguntei nervosa – Como é possível que eu não me lembre de nada?!

Meu pai suspirou e finalmente me respondeu.

–Filha não sei se é apropriado te contar agora. Tem certeza que você não se lembra de nada?

Eu neguei com a cabeça.

– Ah Juliana, eu sinto tanto. – suspirou

– Eu não entendo pai. Você sente por quê?

Antes que ele respondesse minha mãe e o médico entrou no quarto. Minha mãe estava com os olhos vermelhos e inchados, parecia que ela havia chorado muito. Foi aí que eu percebi que alguma coisa muito séria estava acontecendo

– Alguém pode me dizer o que está acontecendo?! – gritei nervosa

– Filha, você dormiu por três dias. – meu pai disse – Nós estávamos tão preocupados!

Três dias, como é possível eu ter dormido por todos esses dias.

– Eu quero saber imediatamente o que está acontecendo! – falei

– Doutor parece que ela não se lembra de nada do que aconteceu naquele dia. O que devemos fazer? – minha mãe perguntou confusa

– É a forma como o cérebro dela achou para evitar o trauma psicológico, vocês devem contar a ela aos poucos, mas antes preciso examiná-la e ver se tudo está bem.

Depois de o doutor me examinar e ver que tudo estava bem comigo, ele me deixou com meus pais para que pudéssemos conversar sobre o que aconteceu. Eu comecei a ficar nervosa e com medo e aquela agonia que estava comigo quando acordei parecia só aumentar.

– Filha, você se lembra que a Luiza e a Marina foram te buscar pra vocês irem ao show de talento que ia ter na escola no sábado?

Olhei por um momento confusa para eles, mas aos poucos as memórias daquele dia com as meninas foi voltando aos poucos. Eu me lembrava de ir com elas a escola e de ver a pista de dança cheia de gente e de como eu estava nervosa por estar ali depois do que tinha acontecido na excursão. Fiz positivo com a cabeça. Minha mãe então suspirou e continuou.

– Você tem que ser forte Juliana, pois o que eu vou falar agora é a chave para abrir suas memórias daquele dia. – Ela agarrou minha mão – Você encontrou com o Fernando lá, ele cantou pra você.

Arregalei os olhos e em um estante uma enxurrada de memórias veio a minha cabeça. Um par de olhos azuis me encarando de um palco. Eu dançando nos braços dele e logo depois a felicidade arrancada de mim. A confusão com o Marcelo e por fim o Fernando sendo atirado no asfalto por um carro.

– Não – lágrimas queimavam o meu rosto – Não. Não. Não – era a única coisa que eu conseguia dizer.

– Eu sinto muito – meu pai falou

– Me diz que ele ta bem. Ele não pode ter ido, por favor. Mãe, pai me digam que o Fernando está vivo e bem. – abracei meus joelhos e comecei a balançar de um lado pro outro – Por favor! – gritava

– Ah filha. Ele ainda está vivo.

Vivo. Ele está vivo! Mas por que minha mãe me olhava tão triste se o meu Fernando ainda estava vivo. Eu já não sabia se chorava de tristeza ou felicidade afinal ele está vivo. Levantei abruptamente.

– Eu tenho que vê-lo. Não entendo o porquê dessas caras. Ele está bem não está?

– Filha, ele está vivo, mas não quer dizer que esteja bem, é melhor você se sentar.

Eu não estava entendendo o que estava errado, as lagrimas de agonia voltaram e eu sabia que o que eu estava prestes a ouvir não era a melhor noticia do mundo.

– Assim que ele chegou ao hospital, foi direto para mesa de cirurgia. Os médicos tiveram que colocá-lo em coma induzido – meu pai pegou e apertou minha mão – A cirurgia foi um sucesso, mas quando eles reduziram os sedativos, a esperança era que o Fernando respondesse imediatamente, mas ele não acordou Juliana. Os médicos não têm previsão e não sabem nem se ele vai acordar outra vez.

***

Desde aquele dia eu nunca mais fui a mesma, cinco meses e a opinião dos médicos não tinha mudado. A minha rotina era da casa para escola e da escola para hospital. Eu não tinha vontade de fazer mais nada a não ser passar todo o meu tempo com o Fernando e ter a esperança de que um dia talvez aqueles olhos azuis me encarassem novamente. O fim do ano estava chegando. A escola toda só falava de uma coisa, a formatura.

– Vocês já escolheram o vestido de vocês? Eu não vejo a hora de começar a ensaiar a dança para o baile – Luiza dava gritinhos de empolgação – Vocês sabem que eu odeio dançar né, mas o importante é que eu vou estar com Lucas e... Ai.

A Marina deu um beliscão na Luiza.

– Não, tudo bem meninas. Eu to cansada de vocês pisarem em ovos quando estão comigo, podem falar do baile, formatura, o que quiserem! Pelo menos vocês estão felizes e eu não vou mesmo a nenhum deles, bem agora eu preciso ir, vocês sabem à hora de visita no hospital começa agora e não é muito longa.

Saí correndo direto para a saída. Eu não estava chateada com minhas amigas, só estava triste por não poder compartilhar a mesma felicidade com elas. Cheguei ao hospital e a mãe do Fernando já estava me esperando.

– Oi minha querida, mas você não falha um dia sequer mesmo hein – Dona Júlia sorriu

– Nunca falharei com ele.

Os olhos dela eram tão azuis quanto do filho e toda vez que eu a olhava eu via o Fernando nela.

– Alguma nova mudança? – perguntei

Ela olhou triste pra mim e fez que não com a cabeça

Respirei fundo e falei

– Não vamos perder a esperança. Ele ainda vai voltar para nós.

Ela apenas acenou.

Entrei no quarto de hospital e vi a mesma coisa de todos os dias. O Fernando estava lá deitado na maca, apenas dormindo. Peguei a cadeira e me sentei ao lado dele.

– Oi Fê – segurei a sua mão – Não tem sido fácil ficar sem você, sabe que até sinto falta das nossas brigas pelos corredores da escola, sei que te falo isso todos os dias, mas eu sinto tanta sua falta. A formatura ta chegando e as meninas não param de falar de ensaios e tudo e eu só fico pensando se você tivesse aqui comigo, como seria ir a esses ensaios com você. Se tenho sobrevivido a isso até hoje é porque me agarro a esperança de um dia ter você comigo. Eu te amo tanto. Volta pra mim Fernando. Por favor, volte pra mim! – as lágrimas começaram a escorrer

Eu conversava todos os dias com o Fernando, dizem que quando a pessoa está em coma ela pode escutar as pessoas falarem, eu não me importava se isso era mito ou verdade, eu só tentava encontrar uma maneira de me sentir próxima dele outra vez. Ouvi um clic na porta e era a enfermeira me avisando que meus minutos de visita acabaram. Suspirei alto, me levantei e dei um beijo na testa dela e balbuciei as palavras Eu te amo para ele. Antes de eu sair do hospital me despedir da dona Julia que me olhava com uma tristeza tão profunda que me deixou desconfiada. Quando cheguei em casa minha mãe estava ao telefone preocupada.

– Ju, já estava ligando pra você!

– Eu estava no hospital mãe, você sabe – me joguei no sofá

– Claro, mas seu pai teve que ir ao aeroporto e queria que você estivesse aqui quando ele voltasse e eu acho melhor você trocar de roupa e por favor nada de roupas pretas!

– O que ele foi fazer lá? E mãe você sabe que eu só uso essa cor agora – revirei os olhos – E eu não vou trocar de roupa, to ótima assim.

Ela me olhou de cima abaixo com um olhar de reprovação. Eu estava usando uma calça jeans preta com uma blusa rasgada dos lados, com um desenho de uma caveira. Já não fazia sentido usar aquelas roupas alegres e coloridas se eu não me sentia mais assim, então preto passou a ser minha cor favorita.

– Não importa, porque o carro do seu pai acaba de estacionar, pelo menos vá lavar o rosto!

Fui, contrariada. Me olhei rapidamente no espelho e fiz uma careta, meu cabelo estava todo cheio de frizz por causa do vento que pegou, amarrei em um rabo de cavalo de qualquer jeito e desci. Para minha surpresa meu pai estava parado na porta da sala com um garoto que parecia ser dois anos mais velho que eu com algumas malas a seus pés, antes que eu pudesse falar qualquer coisa, meu pai falou.

– Juliana, minha querida. Esse é o William, filho do meu patrão, ele veio passar uma temporada com a gente.z


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Não esqueçam de comentar. Obrigada por acompanharem!



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