Entre o Amor e Ódio escrita por Joybessa


Capítulo 32
Sábado à noite


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. Obrigada por ler!



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(visão da Juliana)

Duas semanas. Passaram-se duas longas semanas depois de eu ter terminado com o Fernando, se é que eu poderia chamar de término uma coisa que nem havia começado. Acabou. Essa era a palavra que ficava martelando na minha cabeça a cada segundo. Quando eu ouvi a voz do Fernando por um momento foi como se o mundo tivesse vivo novamente, mas logo depois veio a dor e todo sofrimento que ele havia me feito passar e eu tive que mentir dizendo que não o amava mais, eu não queria explicação, só queria que a dor fosse embora e como me doeu olhar em seus olhos azuis e dizer aquelas palavras. Eu queria machucá-lo, queria que ele sentisse pelo menos um pouco do que eu havia sentido durante todo esse tempo sem ter noticias dele, mas ao mesmo tempo em que eu o machucava, eu sentia o dobro da dor que eu estava causando.

– Juliana, até quando você vai ficar presa nesse quarto? – minha mãe entrou e sentou ao meu lado.

– Não sei mãe, se eu pudesse ficaria aqui pra sempre – falei enfiando minha cara no travesseiro.

– Filha, você sabe que segunda você tem que voltar pra escola. O mundo não vai parar só porque você está sofrendo. Você podia pelo menos ter escutado o que ele tinha a dizer. Ficar aí se afundando em mil e um livros e filmes não vai mudar nada do que você ta sentindo.

– Já tivemos essa conversa mãe e eu prefiro não falar no assunto ‘’ele’.’

– Tudo bem, mas segunda quero a senhorita de pé, seu atestado médico acabou e você nem precisa mais das muletas. Não tem mais desculpas para não ir aula e eu espero que todos os exercícios que as meninas trouxeram estejam em dia.

– É claro mãe – balbuciei

Eu sabia que minha mãe tinha razão em tudo, mas eu não queria aceitar. Voltar à escola na segunda iria ser um desafio pra mim, mas eu teria as meninas do meu lado ou talvez nem tanto agora que todas elas estavam namorando. Quem diria que nesse meio tempo a Luiza iria finalmente namorar alguém. Ao contrario do que aconteceu comigo a excursão pra ela foi perfeita, em meio a muitas brigas durante todo o percurso da trilha sem nem que ela percebesse o Lucas já tinha pegado ela de jeito e finalmente o beijo tinha acontecido, como ela mesma disse quando me contou, era como se ela sentisse que isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde, ele despertava o lado dela mais controverso que tinha nela, a meiguice. Minha relação com minhas amigas desde aquele dia tinha esfriado, eu não as via com tanta freqüência, os telefonemas eram raros e eu não entendia o que tinha acontecido pra todo esse distanciamento, eu perguntava e elas ignoravam, presumi que era por causa de seus namorados elas não podiam ficar o tempo todo comigo agüentando meu sofrimento. Simples assim. Suspirei alto.

– Suspirando de novo Ju – Luiza entrou no meu quarto

– Vossa alteza real veio visitar a plebe? – falei surpresa

– Ai Ju, não exagera, eu só sumi por alguns dias. Desculpa. Mas pensei que você tava se virando bem, mas vejo que nem tanto – olhou pelo meu quarto.

– Ei! pare de ficar revisando minha bagunça – taquei o travesseiro nela

– Pelo visto não é só o seu quarto que está desarrumado, você também está.– ela me olhou de cima abaixo – Única coisa que salva essa bagunça é o sua estante de livros que continua impecável.

Olhei rapidamente no espelho e vi o quanto eu estava acabada. Meus cabelos estavam opacos e todo desgrenhado e as olheiras se destacavam em meu rosto e pra completar a humilhação eu estava de pijama mesmo sendo quase cinco da tarde

– É, eu não tenho dormido muito desde você sabe – dei de ombros

– Sei – ela revirou os olhos – Pelo visto eu e a Marina vamos ter muito trabalho até a festa de sábado a noite.

– Como assim festa de sábado à noite?

– Show de talentos que a escola está organizando e que você vai. – ela sorriu maliciosamente

– Você está enganada. Eu não vou à festa nenhuma. Só ponho os meus pés na escola só na segunda e não adianta vim com chantagens que dessa vez não vai rolar. Você e a Marina somem durante dias sem me dar nenhuma resposta e depois querem que eu vá em uma festa com vocês. Vai esperando! – cruzei os braços

– Nossa Juliana como você está rabugenta. Quero a minha amiga alegre e divertida de volta. Vou te explicar uma coisa, eu e a Marina só sumimos porque o Alê e o Lucas vão se apresentar nesse show. O Alê vai cantar aquela música da surpresa que ele fez pra Marina e o Lucas vai ajudar no violão, então eu emprestei minha casa para os dois ensaiarem. A gente ta ajudando eles com tudo até sábado. Não te incomodados porque sabíamos que você precisaria de um tempo, mas se você vai ficar aqui pra sempre no seu quarto ligando só para os seus sentimentos e descartando seus amigos como se fossem lixo, me fala que eu vou embora agora.

Aquilo me acertou como um tapa na cara. Afinal o que estava fazendo? Deixando todos de lado e me importando só comigo mesma. Eu nunca tinha visto a Luiza tão brava e o pior de tudo que eu sabia que ela tinha toda razão.

– Desculpa? eu sou uma idiota. Me perdoa, por favor? – as lágrimas queimavam o meu rosto

– Só te desculpo se me prometer que vai a festa e depois vai sair pra viver, promete? – ela sorriu e me abraçou

– Eu prometo.

– Muito bom! Hoje é quinta. Então você tem até sábado à tarde pra pensar na roupa que você vai usar. Eu e Marina vamos aproveitar sexta para deixar tudo em ordem e no sábado à tarde a gente vem aqui e vamos te dar uma geral. Sua mãe até agendou um horário no salão, não é incrível?

– Minha mãe? Vocês já pediram a ela a permissão pra eu ir à festa?

– É claro, ela está louca pra tirar você desse quarto. Bom Ju, eu tenho que ir, tem muita coisa pra fazer ainda.

– Diga aos meninos que eu super ansiosa para vê-los cantar.

– É claro que eu direi, agora deixa eu ir. Vai dar tudo certo. – ela deu uma piscadinha

A Luiza foi embora e eu resolvi seguir o conselho dela e parar de choramingar e da um jeito na minha vida, começando pelo meu quarto. A pesar de não estar muito animada para sair no sábado eu devia isso aos meus amigos por ser tão insensível, logo eu que preservava tanto a amizade ser tão egoísta com eles.

***

O sábado tinha chegado e eu comecei a ficar um pouco ansiosa, minha mãe estava alegre por me ver finalmente a ativa novamente e mal escondeu a empolgação quando a gente tinha chegado no cabeleireiro.

– Vai ficar incrível seu cabelo! Vou te deixar nas mãos competentes. Tenho que fazer umas coisas e volto pra te buscar mais tarde, tudo bem?

– Tudo bem.

Eu esperei um tempo na recepção até ser atendida. A cabeleireira era super simpática. Cléo cortava meu cabelo desde criança e era única que eu confiava pra isso.

– Então Ju, qual vai ser hoje? Só tirar as pontinhas como sempre? – ela riu

– Não Cléo, pode colocar essa tesoura pra funcionar – ri

Eu odiava cortar o cabelo e quanto mais eu via os meus fios de cabelo caindo no chão mais agonia me dava, finalmente depois de quase uma hora sofridas no salão eu estava pronta. Olhei no espelho e me senti confiante, era exatamente o que eu queria. Meu cabelo tinha ganhado camadas, ele estava completamente diferente mesmo estando um pouco reduzido, batendo no meio das costas. Mas o brilho era incrível.

– Acho que fizemos um resultado incrível, os garotos que se cuidem – Cléo riu

– Nem é assim, Cléo. – rimos juntas

Minha mãe chegou logo depois e adorou o resultado o final, eu mal podia esperar pra mostrar as meninas e chegar em casa para tentar escolher minha roupa, coisa que eu ainda não tinha conseguido me decidir por falta de opção e porque eu havia emagrecido muito desde tudo que aconteceu. Assim que eu cheguei em casa fui correndo para meu quarto, literalmente correndo mesmo, minhas pernas já estavam novas em folhas eu estava muito satisfeita por não depender de muletas. Quando abri a porta do meu quarto tive a maior surpresa na minha cama estavam duas sacolas.

– Surpresa! Eu sabia que você não tinha se decidido com que roupa ir, então tomei a liberdade de comprar isso pra você e o sapato também. Abre – Minha mãe sorriu.

Quando eu abri a sacola tinha um lindo vestido azul, que quando eu experimentei se ajustava perfeitamente em meu corpo. O Sapato que minha mãe havia comprado era um scarpin preto meia pata com um salto de uns dez centímetros. Eu não poderia estar mais feliz.

– Agora sim você está vestida para matar – minha mãe riu e me abraçou

Escutamos a campainha e eu já imaginava quem era. A Marina e a Luiza subiram correndo e quando me viram literalmente ficaram de boca aberta.

– Ju, você está... – Luiza ficou sem palavras

– Perfeita – Marina completou a frase

– Obrigada meninas!

– Só falta uma coisinha, a maquiagem! – Marina falou olhando para Luiza e as duas sorriram

As meninas me maquiaram e se arrumaram aqui em casa também e a gente nem viu o tempo passar e logo a noite chegou. Finalmente estávamos prontas pra ir pro tal show de talentos. Durante essa animação toda eu havia esquecido que poderia ver o Fernando lá, afinal era uma festa da escola. Minha barriga começou a esfriar e eu estava receosa por também ser a primeira vez que eu ia ver o pessoal da escola depois de tudo.

– Que cara é essa Ju? – Luiza perguntou me despertando dos meus pensamentos

– Não é nada, é que todos da escola vão estar lá e eu estou com um pouco de medo.

– Ninguém vai fazer nada, todos estão com você e muitos se solidarizam com você. Eles estão do seu lado, você vai ver – Marina sorriu

– Prontas meninas? Entrem no carro! Vocês já estão atrasadas – Meu pai gritou

– Já estamos indo pai.

Meu pai levou a gente até a escola. Pelo que eu sabia o show de talentos ia ser na quadra por ser grande e parece que um aluno havia doado todo material de luzes que a escola fosse precisar. Assim que descemos do carro vários rostos se viraram pra ver a gente, já tinha muita gente perto do portão da escola. As meninas ficaram do meu lado, mas várias pessoas me cumprimentaram e disseram que ficaram felizes de ver que eu estava bem. Não estava sendo tão ruim. Assim que entramos pude ver a quadra e estava incrível, tinha um palco montado e estava toda colorida com o jogo de luzes e aparentemente lotada.

– Meninas cadê o Alê e o Lucas? – perguntei

– Eles devem estar se preparando no camarim improvisado que eles arrumaram na quadra onde fica as coisas de Ed. Fisíca. É melhor a gente ir, acho que vão ser o primeiro grupo a se apresentar e a gente já está atrasada. Vamos – Marina me puxou pelo braço.

A quadra estava lotada de gente, as luzes se apagaram e o holofote acendeu no nosso professor de Geografia.

– É com muito prazer que dou início ao nosso show anual de talentos! Espero que todos se divirtam e que vençam os melhores. A nossa primeira apresentação é uma banda recém criada que vem ensaiando arduamente! Entrem rapazes.

O holofote se apagou e tudo ficou escuro. Os meninos se posicionaram, mas pelo o que eu conseguia ver não eram só dois, eram três! Eu olhei para Luiza e a Marina e elas deram de ombros. Quando o holofote se acendeu eu foquei direto no palco e fiquei boquiaberta.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Comentem o que gostaram, críticas enfim sintam-se a vontade haha Tentarei não demorar com o próximo cap. Obrigada por acompanharem e lerem!



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