( visão da Juliana)

Eu fechei meus olhos. Eu não podia acreditar que estava nos braços do Fernando, era uma coisa que eu havia sonhado tanto, eu e ele abraçados, eu descansando minha cabeça contra seu peito e escutando as batidas fortes do seu coração. Eu não tinha forças, tudo doía. Eu não sabia se ria ou se chorava. A gente tava perdido no meio de uma floresta, e eu não sabia se iríamos sair dessa, então comecei a chorar por medo.

– Não chora Ju, eu vou tirar a gente dessa. Temos que achar um lugar seguro pra ficar, ta escurecendo e parece que vai chover, consegue se levantar?

Eu tentei levantar mas quando forcei meu pé, senti muita dor.

– Não vou conseguir Fernando, ta doendo muito, acho que torci o pé.

– Vem, eu vou te carregar, não podemos ficar aqui. – Fernando me reergueu em seus braços

Nós andamos muito até que encontramos uma caverna. Eu estava sentindo meu corpo mole e não sabia por quanto tempo iria agüentar ficar acordada.

– Eu to com tanto medo - falei assustada

– Vai dar tudo certo, não vou deixar nada te acontecer Ju, eu prometo.

A caverna era úmida e fria.Tinha começado a chover muito forte e estávamos ali sozinhos e quase no escuro. Eu tremia de tanto frio.

– Ju, você ta tremendo muito. – Fernando encostou sua mão em minha testa.

– Eu to com muito frio – bati o queixo

– Você ta com febre.

Fernando me olhou com preocupação e tirou sua blusa de frio e me entregou.

– Mas, você vai sentir frio se eu ficar com a blusa – questionei

– Não se preocupa comigo, ficarei bem. Eu vou sair e procurar alguma coisa que não esteja muito molhada pra fazer uma fogueira, tenho que te manter aquecida.

– Não. Não me deixa aqui sozinha. – eu agarrei a mão dele.

– Eu não vou demorar, eu prometo. Vou pegar água, você ta com o lábio rachado por causa da febre. – ele tocou em minha boca

Eu suspirei. Estava com tanto medo. Minha cabeça doía e eu não suportava a idéia do Fernando sair por aí nessa mata sozinho, eu fiz tudo pra protegê-lo e agora nós dois corríamos perigo.

– Eu já volto.

Hesitei em soltar sua mão mas tive que fazê-lo, eu estava tão fraca que ali sozinha não agüentei muito tempo e fechei os olhos, logo a escuridão me envolveu.

***

Eu estava correndo no meio mata, perdida e sozinha. Procurava por alguém mas minha cabeça doía tanto que não conseguia me lembrar quem era.

– Julianaaaa – alguém gritava

Eu podia ouvir o desespero e a cada grito meu coração se partia, eu amava essa pessoa só que eu não sabia quem era que estava gritando. Entrei em desespero e tudo começou a ficar nevoado. Eu podia ouvir as risadas delas. Riam e debochavam. Corri tanto que cheguei perto de um precipício e a névoa se dissipou. Me aproximei, e lá estava ele. Fernando, prestes a cair do penhasco, quase empurrado pela Bruna. Eu gritei e corri até lá.

– Você nunca vai salva-lo, diga a adeus ao Fernando, Juliana. – Bruna sorriu e o empurrou.

– Nãooooooo! – Eu caí de joelhos.

– FERNANDO! – gritei

Eu acordei assustada, custei a perceber que tinha sido só um pesadelo.

– Ju, calma eu to aqui. Foi só um pesadelo – Fernando me abraçou

– Não me deixa aqui sozinha, promete que nunca vai me deixar? – eu solucei

– Eu prometo. Fica calma, eu to aqui.

– Por que não me acordou quando voltou?

– Eu achei melhor te deixar dormir.

– Eu tive tanto medo de você não voltar Fernando. Eu queria te dizer que sempre gostei de você mesmo até quando pensei que te odiava.

– Não fala isso, eu vou tirar nós dois dessa – ele me abraçou forte

Ficamos ali um bom tempo deitados e abraçados. Ouvindo o barulho da chuva, nossos corações batendo tão forte.

– Fernando eu..

Ele olhou pra mim seus olhos azuis brilhavam com tanta intensidade. Eu passei minha mão pelo seu rosto, foi aproximando meus lábios dos deles bem devagar até que ele me interrompeu.

– Juliana, não...

– Por que? Pensei que você também quisesse, que gostava de mim também. – Eu disse tristemente

– E eu gosto de você, mas você só ta fazendo isso por causa da febre, ta delirando. Você não gosta de mim como diz, até pouco tempo atrás você me odiava.

– Não... Fernando eu gosto de você, não te odeio. Eu gosto tanto de você que chega a doer. Acredita em mim.

Uma luz se acendeu nos seus olhos. Ele me olhou e acariciou meu rosto.

– Eu esperei tanto por isso, Juliana.

E então ele me beijou, não foi como o primeiro beijo que era urgente e brusco. Nossos lábios estavam na mesma sintonia, era doce e lento, sem qualquer dúvida que nós realmente gostávamos um do outro.

– Obrigada – Eu disse baixinho

– Ju, fica acordada. Por favor.

Eu fechei os olhos e a última coisa que eu ouvi foi o Fernando gritando meu nome.