As meninas foram embora e me deixaram sozinha com um turbilhão de pensamentos na minha mente. A minha cabeça estava a mil, com tantos problemas pra resolver, aparece mais esse. Eu conhecia bem o professor de geografia e seria praticamente impossível de eu conseguir trocar de dupla. Eu não mostrei a mensagem para as meninas, achei melhor deixar quieto, com a Bruna eu me viro. Eu havia implorado a minha mãe para que eu pudesse faltar de aula amanhã, mas ela me disse uma coisa que me fez mudar de idéia: “Não adianta fugir dos seus problemas, mais cedo ou mais tarde você vai ter que enfrentá-los"

 Resolvi acabar com isso de uma vez por todas e dar minha cara a tapa. O que mais me preocupava não era o que as pessoas estavam pensando e sim ter que olhar pra cara do Marcelo novamente, vê-lo todos os dias e conviver com o fato de que eu fui enganada. No meio disso tudo ainda tinha o Fernando que eu mal sabia se o odiava ou sentia outra coisa, ele era o Anjo ou Diabo nessa história? Com todos esses pensamentos na minha cabeça eu logo peguei no sono de novo, e dormi pelo resto da noite. Acordei com um peso na cabeça e um frio na barriga, tinha chegado a hora de eu enfrentar os meus problemas. Desci do escolar e fui direto procurar o Fernando, pensei que se eu me desculpasse pelo que aconteceu ontem, nós pudêssemos ser amigos e esquecer o passado. Quando os meus olhos o encontraram, meu coração se apertou um pouquinho e o frio na barriga voltou. A lembrança do beijo ficou mais forte e eu senti meu rosto corar, afastei a lembrança do meu pensamento e o chamei.

— Fernando! 

Ele olhou pra mim surpreso, mas torceu o rosto e fingiu que nem me viu, eu revirei os olhos e continuei:

— Olha, eu sei que você ta chateado comigo. Vim aqui te pedir desculpas, e agradecer pelas mensagens. Se não fosse por você, eu não saberia a verdade. Então você aceita meu pedido desculpas? – olhei procurando qualquer reação no rosto dele

— Agora você vem me pedir desculpas? Só aceito se incluir o tapa que você me deu! – ele chegou mais perto de mim - Tem que ser completo. 

— Não devo pedir desculpas pelo tapa, afinal você mereceu. Quem mandou você me beijar – fiz uma cara feia

— Porquê será que você não me afastou em Juliana?! A culpa é sempre minha, você que não admite que também gostou daquele beijo, aliás eu não sei mesmo onde eu tava com a cabeça de achar que um dia a gente podia parar de brigar – ele me jogou um olhar frio -  Você é muito teimosa! 

— Eu... Não vamos falar desse beijo, não é sobre isso que eu vim falar com você. Eu vim aqui admitir que eu estava errada sobre você, mas tudo que eu digo parece te irritar. Eu fico com raiva também Fernando, então se você não aceitar minhas desculpas, eu também não vou meu importar – olhei pra ele irritada - Já abusou demais. 

Quando eu ia continuar falando, chegou uma menina loira que praticamente pulou em cima do Fernando.

— Bom dia Fê – ela o abraçou - Está tudo bem? 

Ele olhou pra mim e como se eu não estivesse ali, deu um abraço nela e passou os braços em volta dela e assim permaneceu.

— Bom dia, que bom que você chegou – ele sorriu e deu um beijo na bochecha dela

Eu me irritei ali mesmo.

— Quem é essa? – a loira perguntou

— É a Juliana, mas ela já está de saída, acho que a gente não tem mais nada pra conversar.

Eu fiquei sem palavras, minha vontade era de chorar, mas eu não ia fazer isso. Engoli o choro, levantei a cabeça e praticamente cuspi as palavras.

— Realmente eu não tenho mais nada pra falar com você, eu vim aqui tentar manter a paz, mas você não quer acabar com essa rixa, não faz nenhum esforço. Quer saber?! Fica aí com sua amiga, sinceramente não sei o que você viu nele! – eu olhei pra ela e saí pisando duro - Seu idiota!

— Quem estragou tudo foi você, Juliana, não eu – ele gritou

Eu estava tão irritada. Não acredito que o Fernando me tratou daquele jeito, a culpa é minha. E quem era aquela? Eu fiquei tão irritada do carinho dele com ela, que não pensei em nada. Aquela loira nem é tão bonita assim. Ah quer saber ele que faça bom aproveito.

— Juliana!! – ouvi alguém gritar

Quando olhei pro lado, eu congelei. Era o Marcelo.

— Eu não quero falar com você, saí daqui. – eu tentei sair andando, mas ele me segurou pelo braço - Me solta! 

— Eu sei que eu fui um canalha com você, depois que você foi embora, eu percebi. Qual é Ju?! Eu sei que você gosta de mim, vamos tentar de novo! – ele fez uma cara de cachorrinho molhado - Você não vai se arrepender se a gente voltar, eu prometo. 

— Eu não quero te escutar Marcelo, me deixa em paz – eu tentei me soltar - Só me solta. 

— Solta ela cara! – o Alê chegou e tentou me defender

— Quem é você pra me mandar fazer alguma coisa? Isso não é da sua conta. Não se mete – o Marcelo gritou e apertou minha mão - A gente vai se resolver, não se mete, cara. 

— Isso é da minha conta sim, ela é minha amiga e não quer falar com você, se você não quiser apanhar de novo é melhor fazer o que eu estou falando – o Alê se alterou

— Ah, eu acho que eu sei quem é você. Você que estava segurando aquela maluca pra não me bater – Marcelo apertou meu braço - Pelo visto, o casal se completa. 

— Aquela maluca é a minha namorada, então lava essa boca pra falar dela. – O Alê perdeu a paciência e o empurrou, eu consegui soltar meu braço.

Os dois já iam partir pra briga e eu consegui entrar no meio.

— Chega! Vamos Alê, não vale a pena brigar com essa daí – eu puxei ele - Não se aproxime de mim, da próxima vez eu vou reclamar na diretoria, seu babaca! 

— Você tem que me escutar, Juliana. – Marcelo se levantou - Eu só quero uma conversa. 

Deixamos o Marcelo falando sozinho. Quando eu consegui me acalmar, eu agradeci o Alê.

— Não precisa agradecer Ju, esse cara está ficando maluco, não vou deixar ele fazer alguma coisa com a melhor amiga da minha namorada, eu devia ter deixado a Marina dar uns tapas nesse idiota. 

Nós caímos na gargalhada.

— Ju, aproveitando que a gente está sozinho, sem as meninas por perto, eu preciso da sua ajuda. Você é a melhor pessoa que poderia me ajudar. 

— Claro, pode falar – sorri - Será a minha forma de te agradecer por hoje. 

— Eu e a Marina vamos fazer dois anos de namoro, eu queria comemorar o nosso aniversario de um jeito especial. Você ajudaria com a surpresa? Eu amo a Marina demais, e eu percebi que ela tem ficado meio estranha, achando que tinha algo errado com a gente, mas com nosso aniversario, eu quero provar que quero passar o resto da minha vida ao lado dela - seu olho brilhava - Eu amo ela demais. 

— É claro, Alê! A Marina vai ficar tão feliz - dei pulinhos de felicidade - Ela pode até parecer que não gosta dessas coisas românticas, mas lá no fundo aposto que adora. 

— Obrigado – ele me abraçou - De verdade! 

— O que está acontecendo aqui? Estou atrapalhando vocês dois? – ouvi alguém falar

Era a Marina e ela não estava nada feliz. Ela só pode ter entendido tudo errado, era só o que me faltava agora.