Série Auror - Segunda Temporada escrita por Van Vet


Capítulo 3
Parte 03




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Ron entrou sorrateiramente no escritório de Hermione e parou, sem fazer um ruído sequer, diante da porta. Ela continuava compenetrada no trabalho, rabiscando memorandos no ar com a mão direita, agitando a varinha com a esquerda, enquanto exigia que pastas e mais pastas flutuassem para dentro de arquivos em ordens alfanuméricas.

“Sua Hermione, sempre buscando a máxima organização.” Pensou com ternura.

De forma sexy, ela, ainda de costas para ele, agachou até os arquivos mais próximos do chão e ordenou que papéis se alinhassem para dentro das caixas. E levantou de novo e agachou de novo... Tudo dentro daquela saia tubinho preta, muito formal, mas também muito justa nos quadris quando os flexionava.

― Eu espero, piamente, que das outras vezes, você tenha feito a organização do escritório de porta fechada. ― brincou Ron, quebrando o silêncio do local.

Hermione ergueu-se rapidamente, num sobressalto.

―Nossa! Seria bom bater na porta de vez em quando. ― retrucou levemente irritada pelo susto que tomara.

― E perder essa visão? ― sorriu ele, fitando cobiçosamente seus quadris.

― Ron! ― exclamou a morena, ruborizando loucamente.

― O que há, hã? ― aproximou-se o ruivo ― Não posso vislumbrar o que é meu, por direito?

Hermione riu bobamente, sentindo as mãos de seu noivo enlaçar-lhe a cintura de forma possessiva. Ela ainda não havia dito, e não lhe daria o gostinho desse elogio tão cedo, mas a verdade era que vê-lo nas vestes de auror ― capa negra, blusa cinza chumbo, cinto de couro fervido com suporte para afixar a varinha ― deixava-a perigosamente excitada.

— Ron, estamos nos nossos locais de trabalho. ― alertou-o quando ele pressionou seu quadril contra o dela na mesa da escrivaninha.

― Eu não ganho nem um beijinho? ― ela afastou o rosto ― Qual é? Estamos sozinhos aqui dentro... — barganhou, avolumando os lábios em sua direção.

Quando o trabalho de auror lhe permitia ficar realizando serviço burocrático dentro do ministério, o ruivo adorava aquelas escapadelas para o escritório dela. Com alguma sorte e boa dose de charme, ele sempre conseguia que Hermione saísse dos trilhos por alguns minutos e quebrasse a conduta excepcionalmente profissional que exibia na maior parte do tempo. Afinal, um beijinho furtivo, sem ninguém por perto, não era infração tão pesada assim para um casal apaixonado.

Ron encostou calmamente os lábios nos da morena e, sob protestos não tão fervorosos, sugou-lhe o lábio inferior demoradamente, não se esquecendo de apertar mais o abraço.

―Epa...! ― exclamou uma terceira voz no recinto.

Hermione empurrou o corpo dele para longe imediatamente, e começou a recompor-se de modo afobado. O ruivo também ficou um tanto encabulado, mas isso foi só até ver quem havia os interrompido. A vergonha virou uma espécie de irritação.

― Pelo jeito não somos apenas nós que não estamos trabalhando... —resmungou ele ao ver Harry.

―Oh, Harry? Como vai? ― perguntou Hermione quase dissimulada. Detestava ser pega nestas situações com Ron, principalmente pelo amigo.

― Humm, desculpe. ― disse ele tão tímido quanto ela. ― Não sabia que você estava aqui... ― comentou olhando para o ruivo, que foi sentar-se espaçosamente na cadeira adiante.

― Por quê? Algum assunto particular com a Mione? Algo que eu não possa ouvir? ― instigou de modo irônico.

― De forma alguma, meu caro. ― respondeu Harry de imediato, sem desviar o olhar para outro.

Há semanas, desde o fim da primeira missão deles em campo, que o clima entre Ron e Harry estava estranho. Era como se uma aura invisível de tensão pairasse sobre eles, uma película frágil, pronta para ser violada e escancarada. Mas, para o bem ou para o mal, os dias subseqüentes foram calmos para os aurores no ministério. Muita burocracia e batidas simples, nada que precisasse unir-los por mais de duas horas numa missão.

― Ok, vocês não vão parar com isso? ― Hermione perguntou, as duas mãos espalmadas na mesa.

Os aurores permaneceram impassíveis.

― Isso o que? Não está acontecendo nada. ― Harry mentiu descaradamente.

Rony concordou com um aceno de cabeça, olhando para o outro lado. A morena ergueu as mãos num sinal de rendição e esparramou-se na sua macia poltrona.

― Lavo minhas mãos! Se vocês acham que podem me enganar, fiquem a vontade. Apenas não se esqueçam de que convivi sete anos da minha vida com ambos.

Os dois continuaram mudos, como se ela nem tivesse falando deles... Com eles.

― Agora posso começar? ― perguntou Harry.

A amiga anuiu, folheando uma pasta de arquivos despretensiosamente.

― Preciso de alguns arquivos confidenciais do ministério dos esportes e como você tem alguns contatos fortes por aqui...

Ela ergueu os olhos para ele, desconfiada.

― Confidenciais? Explique-me melhor, se é que isso é possível. ― a morena sentia um leve cheiro de “protocolos querendo ser quebrados”.

Rony ficou muito interessado no assunto, aproximando-se sutilmente da conversa. O outro auror pareceu incomodado com sua presença, mas prosseguiu.

― Preciso ver alguns dados mais discretos sobre um determinado time de quadribol. Aquelas coisas que não saem na imprensa, sabe? Bastidores, multas, processos...

― Porque precisa de mim? Você, como auror, certamente tem acesso irrestrito a esses arquivos.

Rony intrometeu-se:

― Não. ― balançou o indicador como se fosse o dono da verdade ― O assunto tem de estar comprovadamente relacionado com o caso que ele estiver investigando em questão, e, se muito me engano, Harry não tem nenhum caso que envolva quadribol no momento.

― Obrigado, Rony. Me adiantou muita explicação. ― deu-lhe um risinho cheio de azedume.

― Harry, eu não posso quebrar o protocolo para fazer uma coisa ilegal! ― Hermione explicou-se, alarmada ― Pra que você precisa de uma informação dessas?

― Mione... ― olhou-a com olhos de cão pidão.

― Não! Não! ― exclamou.

― Por favor... ― ele continuou insistindo.

― Porque não usa sua influência no ministério, com o Kingsley, por exemplo, para conseguir o que quer?

― Por que... ― suspirou ― não quero que ninguém fique sabendo que vou dar essa olhadinha nos arquivos.

O queixo dela caiu.

― Então, além de tudo, quer que eu faça as coisas por debaixo dos panos?

― Não estaria pedindo se não fosse por uma causa justa.

Hermione estudou o amigo, ainda com aquele ar desamparado, depois fitou seu namorado que também parecia dizer apenas com suas expressões, para ela ser menos inflexível.

“Mas que droga de briga é essa, que esses dois ainda ficam do mesmo lado?” pensou, aborrecida.

― Posso pensar no assunto, mas, com certeza, Harry, só vou sujar minhas mãos se souber exatamente porque quer tanto esse arquivo. Vamos, desembuche, comece pelo principal, qual é o nome do time que quer averiguar?

Acciaio Battitori. ― disse, bem mais animado.


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