Série Auror - Segunda Temporada escrita por Van Vet


Capítulo 18
Parte 18


Notas iniciais do capítulo

Oie, leitores!
E chegou o antepenúltimo capítulo da fic!
Bem que quem ficou quieto até agora poderia começar a palpitar, né? Ia adorar, de coração! o/
Especulem bastante, tragam seus "achismos" para o comentário e aguardem porque o próximo terá toda verdade revelada.
Beijos, beijos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/505107/chapter/18

Começava a anoitecer quando Harry e Rony descobriram um modo de penetrar a catacumba romana de úmbria. Foi uma tarefa árdua, já que a cidade de Roma possuía dezenas dessas estruturas milenares e assombrosas em seu subsolo. Quase todas eram pontos turísticos aos trouxas, portanto suas entradas ficavam sobre constante monitoração.

Os aurores chegaram ao fim da tarde em frente a uma das entradas desbloqueadas e conhecidas pelos romanos para penetrarem na catacumba. Um monge trouxa cobrava uma pequena taxa em dinheiro, igualmente trouxa, para poderem visitar os primeiros túneis que ficavam iluminados por archotes. Esta sentinela tarifária guardou um olhar muito desconfiado aos dois bruxos pelas suas vestimentas excepcionais.

Harry lançou um feitiço Imperio sobre o homem sem nem pestanejar e conseguiram receber um tratamento indiferente do monge, que começou a levá-los para os corredores sombrios.

— Mais de sete mil corpos descansam nas galerias a diante... — ele tagarelava como se falasse a turistas ávidos.

Rony olhava com desconforto as paredes de pedra se afunilar e o trio ir ganhando mais distância da saída reconfortante e do ar puro da rua. Os archotes ainda continuavam a iluminar densamente o percurso. O trouxa empolgava-se em seu discurso.

— Tiveram de retirar os ossos dessas estantes que ficam expostas para visitação, por questões de segurança. Mesmo os avisos para não tocarem nos cadáveres costumavam ser ignorados pelos visitantes. Ossadas tão antigas podem transmitir alguma doença...

E tagarelou pelos quinze minutos seguintes. Harry mirou Rony de soslaio e com apreensão. Poderiam estar apenas perdendo um tempo valioso para procurar Gina naquela excursão demorada. Na verdade, Harry tinha medo de pensar demais e deparar-se com mais enganos. De que até a própria catacumba fosse uma ideia absurda.

O guia turístico parou onde a iluminação acabava. À frente o corredor ia ficando cada vez mais escuro sem o auxílio do fogo, até não passar de uma garganta completamente negra.

— E aqui termina.

— E para lá? — perguntou Harry, ansioso.

— Não é permitido avançar mais.

— Por quê? — insistiu o auror.

— Porque o local vai se tornando perigoso e estreito. As ossadas prevalecem em suas estantes a partir da próxima curva e o teto de argila vulcânica é bem instável. Esse lugar também é muito grande. Praticamente um labirinto, e tem mais de quatro andares.

— Se eu quiser ir...

— Não pode. — cortou o trouxa com impaciência.

Serenamente Rony sacou sua varinha da capa e enfeitiçou o empecilho. O homem deu-lhes um sorriso vazio e saiu caminhando na direção da qual haviam vindo, sem nem olhar para trás.

— Vamos? — convocou Harry após o feito.

— Obrigado. — respondeu o amigo observando o monge se distanciar.

Rony foi até um dos archotes próximo e o desencaixou do suporte de ferro.

— É escuro adiante. — andou os primeiros passos incertos. — E se nos perdemos?

— Eu resolvo isso. — Harry proferiu — Auxilium Seguitur!

O ruivo logo recordou a mágica que ele utilizara ao ver um filete muito fino e dourado emanar da ponta da varinha. Era um daqueles feitiços simples, de pouca serventia no dia-dia, entretanto estratégico em determinadas situações. Hermione lhe daria um cascudo bem forte na cabeça (e com razão) por não se lembrar do feitiço-guia.

Enquanto os dois avançavam mais para os paredões de pedra, o filete continuava a escapar da varinha de Harry, estendendo cada vez mais seu fio dourado pelo corredor já percorrido. Após alguns minutos somente o archote era a luz predominante que separava duas gargantas enegrecidas; A da frente ainda inexplorada, a de trás criando o contraste misterioso do minúsculo elo no Auxilium Seguitur.

As paredes, eles perceberam, começaram afunilar mais e mais. Harry teve uma impressão viva de quando penetrou a câmera secreta, muitos anos atrás, e desvendou aquela rotunda milenar. A desconfiança igual, o objetivo também.

Rony apontou o archote para as paredes quando fizeram a primeira curva no labirinto, e foi sobressaltado pela visão lúgubre de dezenas de ossos amontoando-se sobre as prateleiras. O cheiro salpicado e ácido da morte acercava o local com maior intensidade enquanto fêmures, úmeros, acetábulos, crânios e dezenas de outras partes do esqueleto humano repousavam vastamente sobre a argila.

Ele não disse nada porque queria encontrar a irmã tanto quanto Harry, mas a indecisão sobre a escolha daquela tumba lhe pesava cada vez mais na cabeça. Estavam dentro de um dos maiores labirintos do mundo, um dos mais claustrofóbicos e, de certo, dos mais fúnebres.

O corredor fechava numa curva inesperada à esquerda. Dali em diante abria um pouco, mas nem por isso era menos intimidador. As prateleiras amontoavam cada vez mais com restos mortais e o cheiro ia aumentando vorazmente. A cada quinze metros, o corredor era rasgado por mais galerias, que provavelmente levavam a mais extensões mortuárias.

— Harry, impressão minha ou o chão está fazendo um declive?

— Não é impressão. Estamos descendo.

Num pensamento fugaz, Rony achou-se uma formiga emprenhando-se num formigueiro novo e respirou mais fundo imaginando bobamente se os insetos precisavam de oxigênio.

Duas horas depois, e com o fogo oscilando ameaçadoramente suas sombras nas paredes, eles pararam. O feitiço-guia fazendo o traço acolhedor por onde passaram. À frente o percurso finalizava num paredão disforme de argila. Sobre seus pés degraus surgiam.

— Se o tal guia estiver certo, terminamos o corredor principal do andar. Provavelmente ali começa outro. — Harry apontou para escada escuridão abaixo. — Me dê o facho.

Rony o passou, as pernas cansadas pelas horas ininterruptas de exploração. Observou o amigo se agachar e enfiar a cabeça na fenda.

— É outro corredor sim. São só poucos lances de escadas.

— Harry...

— O que é? — ele perguntou asperamente, antevendo o que o parceiro falaria.

— Será que não estamos perdendo tempo?

— Quer voltar? — rosnou.

— Não. — o ruivo balançou a cabeça, desanimado. — Eu quero achá-la. Ela é minha irmã. — inesperadamente seus olhos estavam molhados de comoção.

Harry agachou no chão e levou as mãos à cabeça. Seu corpo estava destruído de fadiga, porém os músculos queriam prosseguir, alertas para uma possível luta.

— Só mais esse andar e não vamos esperar o fim. Meia hora de caminhada, que tal? Depois retornamos e pensamos em algo... — esse “algo” inimaginável era desolador.

— É seu pressentimento?

— Sinto no fundo do peito algo diferente em relação a esse local.

— Vamos prosseguir. — Rony se deu por convencido.

O segundo andar fora construído com menos capricho, podendo claramente se ver nas paredes tortas e no pé direito detestavelmente baixo. Se eles erguessem os braços, principalmente Rony, por ser mais alto, tocariam o teto facilmente.

Fazendo companhia às centenas, possivelmente milhares de esqueletos, alguns utensílios rústicos de barro eram encontrados sobre os túmulos abertos. Vasilhas, taças e pratos os lembravam de que há séculos, seres humanos viveram sobre tais galerias. Se colocando no lugar daquelas pessoas refletiram o quão terrível deveria ser viver sem poder estar tendo contato com a luz do sol. Doenças e infecções certamente os assolavam corriqueiramente.

O chão dava a impressão de ser seguro, tanto que os dois nem se preocupavam com sua vulnerabilidade ultrapassada, até Harry pisar em algo que o fez recuar. O auror sentiu o chão tremer precedido de um estranho triturar sobre seus pés, e Rony, com o archote na mão, andando um pouco atrás, percebeu sua hesitação.

— Ei... O que?

Harry só teve tempo alertá-lo para se afastar:

— O chão está ruindo!

O ruivo se jogou pela para trás numa cambalhota rápida, largando o archote que rolou pelo chão. Harry não conseguiu ter o mesmo impulso, suas pernas afundando traiçoeiramente na fenda que ia se formando.

— Me dá sua mão! — ofereceu Rony esticando o braço o máximo que conseguia para o outro.

O archote largado parou de rodopiar e seu apagou. A escuridão os engoliu.

— Merda! Merda! — Rony ficou tateando a procura da mão de Harry, às cegas.

Apenas o feitiço guia ondulava sobre suas cabeças, não iluminando praticamente nada.

— Estou afundando!

— Merda! Tente se guiar pela minha voz!

O ruivo se esticou ao limite com o braço esquerdo apalpando a cintura na caça de sua varinha. Quando a alcançou um estrondo feroz ecoou a sua frente e o Auxiliam Seguitur desapareceu.

Lumus! — Rony proferiu aos berros para sua varinha. A típica luzinha auxiliar revelou o que havia acontecido.

Harry não estava mais lá. Onde antes uma fenda o engolia, agora um amontoado maciço de terra jazia.

— HARRY! — gritou.

O alívio veio tão veloz como o desespero de segundos atrás.

— Aqui! — sua voz era abafada em meio a tosses causadas pela poeira erguida no desmoronamento.

— O que houve? Está soterrado?

Demorou um pouco para Harry responder, deveria estar se situando.

— Não. Acho que estou no terceiro andar.

— Mais corredor?

— Sim, e mais estreito. O cheiro também tá horrível.

— O feitiço guia se desfez.

— A terra o quebrou. Ron, vou prosseguir daqui.

— Não, vai se perder! — gritou alarmado.

Harry ficou calado outra vez.

— Fala comigo! — pediu o ruivo, angustiado que ele tivesse partido já.

— Tem algo aqui. Estou sentindo. — respondeu soturnamente.

— Explique melhor.

— Não dá. É uma força estranha, tem magia. Sinto magia! Vou indo!

— Espere, Harry! Eu vou continuar por esse corredor até encontrar a escada para seu nível.

— Porque não um feitiço de implosão?

— Se eu fizer isso é capaz do teto ruir na minha cabeça. Esse lugar é antigo, decrépito, para ser mais preciso.

— Terei de prosseguir. O tempo está correndo e esse segundo andar pode ser tão longo quanto o primeiro.

Ele tinha razão.

— Tudo bem, mas tenha cuidado. Vou tentar ir mais rápido que conseguir.

— Igualmente, Ron. Igualmente.

A voz de Harry calou-se de vez e passos urgentes passaram a ecoar aos pés do ruivo. Seguindo em igual pressa, Rony pulou a depressão causada pelo deslizamento de terra e correu por passagens novas e obscuras.

***

Apressando o passo, Hermione atravessou o saguão das lareiras para o escritório do ministro Kingsley. Já era noite no Ministério da Magia e somente alguns aurores de patente baixa que ficavam responsáveis pela guarda, encontravam-se perambulando pela entrada. Kingsley normalmente estendia seu horário, como ela bem sabia das diversas reuniões presenciadas na sala dele para resolver assuntos espinhosos que de vez em quando relacionavam diversos departamentos.

Estava tão alarmada e assustada com suas hipóteses que mal escutou quando um dos bruxos a abordou rispidamente.

Hermione revirou os olhos impaciente e despejou explicações:

— Preciso ver o Ministro da Magia. É um assunto importantíssimo.

— Ele não mandou um memorando avisando nada de que teria uma visita o esperando. — o homem quis complicar.

— É questão de vida ou morte, sabe o que é isso?! — brandiu.

— Senhorita...

— Hermione Granger. Melhor amiga de Harry Potter, noiva de Ronald Weasley e prestes a lhe estuporar se for preciso. — berrou desesperada pelo tempo perdido.

— Oh... Eu realmente...

— Por favor! Não tenho nem um segundo à mais para lhe explicar, só te digo que disso depende a vida de duas pessoas.

O bruxo, jovem ainda, pareceu ponderar as súplicas. Finalmente aceitou a honestidade no rosto dela e deixou-a ir, sem aviso prévio, de encontro ao Ministro.

— Obrigada. — agradeceu e percorreu o resto o caminho correndo.

Embaixo do braço levava uma imensa enciclopédia adquirida no Beco Diagonal há anos. Estava a folheando descompromissadamente na sua escrivaninha depois do expediente, porque lembrava que ela explanava sobre catacumbas em algum ponto. Em um capítulo específico. Um texto inesperado e muito familiar.

Assim que achou o que procurava perdido nas 1279 páginas do livro, o leu atentamente. Os pontos se ligaram velozmente em seu cérebro e o pavor se instalou. Tentara mandar um patrono a Rony, outro a Harry, nenhum deles respondeu... Imaginou que só poderia ser o que temia.

O título do livro: Os Maiores Roubos Mágicos de Todos os Tempos.

***

No breu, Harry já pôde sentir aquela luz. Era estranha a concepção dos seus sentidos, contudo acreditava neles. Tudo estava péssimo no terceiro nível daquela catacumba, o cheiro de algo apodrecido e a dificuldade para respirar eram os piores. E ele continuava prosseguindo em frente, certo de que ali era o objetivo.

A varinha também se comportava inesperadamente. A pálida claridade do Lumus emanando da ponta oscilava igual a uma lâmpada encaixada de qualquer jeito no bocal. Além disso, o objeto mágico parecia querer sair da mão dele, como se fosse atraído por algum campo magnético oculto.

Persistiu numa linha reta, ignorando as galerias adjacentes, então algo novo finalmente surgiu. Ficou eufórico e receoso por isso. Ao fim do longo e estreito corredor a luz amarelada de tochas rasgava a escuridão.

Apertou o passo, parando no umbral que abria para uma alcova. Não havia esqueletos nas superfícies de pedra, era uma câmara completamente vazia, adornada somente por dois archotes que estavam encaixados nas paredes opostas.

— Gina! — exclamou aflitamente.

Tinha alguém ali, sua intuição gritava. Atravessou a alcova e encontrou mais uma ao lado, igualmente ausente de decoração. A varinha puxou-se sutilmente pelos seus dedos e quase a deixou cair. Era o campo de força novamente e bem mais nítido. Harry olhou para onde a varinha girava ansiosa, para a esquerda, dando na parede de argila. Confuso, percorreu os olhos por toda sua extensão e mirou no chão. Ele estava escuro, denso. Agachou-se para descobrir o que era aquela película enegrecida quando viu uma luz diferente, azulada, muito peculiar, escapar pelo vão inferior da parede...

Só então deu-se conta, subindo os olhos novamente, que uma linha quase invisível recortava a parede. Era uma passagem secreta. Percebendo o estômago doer pelo suspense, Harry respirou fundo, buscando descobrir qual mecanismo abriria aquela passagem. Viu o archote mais próximo queimando tranquilamente e foi examiná-lo. Procurou um interruptor, qualquer coisa, mas somente quando tocou no suporte que emergia da parede, percebeu algo diferente. O braço do suporte estava mole. Puxou-o para cima, porém ele não cedeu. Ao fazer força ao contrário, este entortou com facilidade.

Imediatamente um estrondo seguido do barulho de rolamento de pedras aconteceu. A passagem foi se revelando para ele. Sua varinha ficou aparvalhada, girando loucamente em seus dedos. Ele olhou para a hipnótica luz azulada que vinha engolindo a alcova singela em sua magnitude.

Os olhos de Harry demoraram um pouco para se acostumar com aquela claridade, e só então ele vislumbrou uma bola gigantesca e luminosa flutuando na sala secreta.

Engoliu em seco e caminhou para dentro daquela nova abertura, nunca tirando a atenção da força misteriosa.

— Que pena que você acabou vindo, Potter. Esperava te deixar fora disso.

A voz que o atingiu acionou todos seus instintos de combate. O auror virou-se com a varinha instável em riste para sua direita, de onde o chamaram. Viu apenas quem tivera sempre certeza de que encontraria ali: Emmanuel Battitori.

— Onde está a Gina, seu louco? — exigiu energicamente. — Fale agora ou vou te lançar uma maldição...

— Solte a varinha, Harry, estou mandando.

As pernas bambearam, o coração se descompassou e uma onda de alívio o invadiu por ouvir aquela outra voz. Mirou as sombras reticentes a sua frente, há alguns metros, encontrando a silhueta de quem mais queria ver nos últimos dias.

— Gina!

A ruiva entrou no foco de luminosidade da câmara e o encarou com hostilidade.

— Solte a varinha, eu mandei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Série Auror - Segunda Temporada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.