Série Auror - Segunda Temporada escrita por Van Vet


Capítulo 6
Parte 06




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Rony passou o dia todo na expectativa da noite. Os casos haviam estagnado um pouco naquele mês, então, precisava matar o tempo nos arquivos ou na academia treinando. Mesmo aproveitando a valer os novos simuladores mágicos, importados diretamente da Alemanha, e as técnicas de combate, ficar dentro do Ministério era tedioso.

Na noite de quarta ele saía um pouco da rotina monótona da semana, indo jantar com Hermione. Esperou-a na saída, perto das lareiras, e quando a viu, ficou novamente incomodado em notá-la tão pálida quanto na terça.

— Como foi seu dia? - perguntou carinhosamente, pegando-lhe pela mão.

— Normal. - ouviu a noiva responder, evasivamente.

— Sabe do que você precisa?

Ela sorriu. O gesto o confortou um pouco.

— De uma sopa bem quentinha para trazer cor as suas bochechas. - e apertou-as delicadamente.

Hermione corou, olhando para os lados.

— Rony, ainda estamos no Ministério!

— Não mais. - rebateu o ruivo, lançando-se para dentro de uma lareira abraçado a ela.

***

Aparataram direto na Avenida Elfica. O local tratava-se de um antigo bairro bruxo abandonado de Londres, para onde Elfos se restabeleceram após o fim da escravidão da raça. Ali, muitos montaram comércios tão suntuosos e interessantes como os do Beco Diagonal, com produtos de extrema qualidade e ótimos estabelecimentos gastronômicos, excelentes cozinheiros que eram. Aos poucos a classe ia reconhecendo seu valor e espaço no mundo mágico, mas não era fácil. Hermione ia ali com frequência intermediar as corriqueiras greves mensais que as criaturas armavam, quando cismavam que os clientes tinham de levar sem pagar.

O Pub Agridoce era um dos restaurante prediletos dela ali, e o casal ia quase que religiosamente, uma vez por semana. Rony também não tinha do que reclamar: Cada nova colherada nas iguarias era como voltar aquele sabor dos pratos caprichados de Hogwarts.

Eles entraram no pub, distribuíram cumprimentos aos funcionários de sempre, entre eles bruxos, e se sentaram na mesa de costume, embaixo dos caibros que sustentavam o terraço. Ambos vestiam os uniformes de trabalho. Hermione num terninho marrom escuro e Rony com a tradicional capa e calça escura, lisa e sem insígnias, para não chamar a atenção ao seu ofício.

Para Harry o uniforme sem referências era uma grande bobagem, uma vez que todos conheciam uma das figuras mais populares do meio bruxo e sabiam muito de seus passos profissionais e pessoais, devido ao tão costumeiro e eficiente Profeta Diário. Porém, os amigos do popular Potter, podiam ter suas fisionomias passadas em branco de vez em quando.

— O que vai ser? - Rony começou a olhar o cardápio. - Eu estava pensando em algo pra esquentar do frio. Uma sopinha.

— Sim, de acordo. Que tal Abóbora com Alecrim? - sugeriu a morena.

— É, essa é gostosa. Vamos nela!

O auror ergueu a mão, atraindo o garçom. Fez o pedido e quando este se afastou, voltou a atenção para Hermione.

— O que aconteceu ontem? - foi logo perguntando.

Hermione enrijeceu no assento, pensando na besteira que Harry pudesse ter falado.

— Ontem?... - repetiu a última palavra.

— Mione - ele pegou as mãos da companheira e arrastou-a para ele — Eu não quis comentar nada, porque saímos tarde e seu rosto estava realmente péssimo. Achei que pudesse ser resultado de um dia de trabalho cansativo, mas no almoço e agora, vejo que essa expressão amargura não sai de você. Então vim pensando, o que houve ontem para poder te deixar assim. Aí lembrei daquele pedido descabido do Harry, em te fazer conseguir uns arquivos no Departamento de Jogos e Esportes.

Tantas vezes, a distração de Rony caía como uma luva aos propósitos de dela. Este momento deveria ser um deles. Será que ela estava fazendo uma cara tão evidente assim?

— É que... - teve vontade de contar. Era terrível guardar aquele estranho segredo dentro dela.

O rapaz a cortou.

— Se você foi descoberta e se prejudicou de alguma forma por causa dos caprichos do Harry, eu vou me catapultar assim que sair daqui até a casa dele, e tirar satisfação. Exigir que se retrate em seu favor!

— Não, Rony. - interpelou. — Eu só estou cansada. Tem uns assuntos por lá, no trabalho, que não estou conseguindo resolver. Obter os arquivos para o Harry foi... moleza. - acabou não encontrando mais coragem para contar.

— O que vem te angustiando? Eu posso ajudar, eu quero.

— Obrigada, Ron, mas são coisas muito específicas que eu sei que darei conta, é só que as vezes, minha bateria também pifa.

— O fim de semana está chegando. Quer dormir lá em casa? Eu tenho um dom pra recarregar a sua bateria.

Ele piscou. Hermione não pode deixar de reparar o quão charmoso estava ao deixar o cavanhaque crescer.

— Para, Ron! O que há com você? Sabe que sua mãe não nos deixa dormir nem no mesmo quarto.

— Isso nunca foi problema. - olhou-a apaixonadamente.

A morena resolveu mudar de assunto, antes que acabasse o agarrando em público.

— Eu quero saber quando você e o Harry vão encontrar uma trégua. Hoje no almoço fiquei chocada em ver vocês se encarando enquanto ele ia sentar-se na mesma mesa que seu pai. Que coisa feia!

— Ahh... - Rony revirou os olhos — Estou ficando cada vez mais possesso com ele, se quer saber. Andei pensando, esse negócio dele querer saber, fuçar em coisas relacionadas com a vida da minha irmã, tem tudo haver com a sua mania, cada vez maior, de querer controlar todos os lados.

— Harry teve sua vida solitária até aqui. Agora apareceram posses, sentimentos, pessoas para ele amar e proteger, em todas as direções. É compreensível que não esteja sabendo lidar com isso.

— A falta de confiança que ele teve em mim, na nossa primeira missão de campo, me excluindo das coisas daquele jeito, não me pareceu proteção, me pareceu egoísmo. Da mesma forma que está fazendo com a Gina, gorando possíveis chances melhores para ela.

A sopa chegou. Hermione resolveu encerrar o assunto com aquela interrupção. Estava um pouco chateada com as últimas atitudes de Harry também. Colocá-la naquela situação com David e nem, sequer, pedir desculpas, lhe pareceu um tanto egoísta.

***

Depois de muita insistência, Hermione conseguiu dar uma gorjeta para o elfo que os atendera toda a noite, e deixaram o Pub. Resolveram caminhar de mãos dadas um pouco, antes de aparatar. O clima noturno na Avenida Elfica era agradável como eles nunca imaginaram que voltaria a ser, quando encurralados e amedrontados naqueles tempos de guerra.

Acabaram parando debaixo de uma árvore de copa avantajada, entre dois comércios já fechados, e ficaram abraçados por muitos minutos, compactuando os sons das batidas de seus corações. Hermione já podia sentir a "bateria se recarregando".

Rony acariciou seu rosto, quando transeuntes pararam de andejar por perto, deixando a avenida naquele ponto deserta. Lhe beijou, sugando-lhe o lábio inferior com habilidade. Hermione abraçou-o pelo pescoço, colando o corpo ao dele, se encaixando em seu braços longos, bem definidos. Ficaram trocando sucções labiais até sentirem a boca latejar gostosamente. A mão dele apoiou-se nas costas dela e foi deslizando.

— Está ficando tarde. - ponderou Hermione. Não conseguia parar de pensar na manhã anterior com David.

Nada, absolutamente nada acontecera. Se pensasse pela mente prática e egoísta de Harry poderia até acreditar que era apenas uma mulher ajeitando o cabelo. Mas só conseguia se sentir como uma traidora.

— Tá bom. - Rony tentou não parecer desapontado. Deu-lhe um beijinho na bochecha e disse, a voz distante. - Acho que você precisa descansar.


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