Série Auror - Segunda Temporada escrita por Van Vet


Capítulo 5
Parte 05




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Bufando e pisando duro, Hermione adentrou ao quartel general dos aurores. Nas mãos trazia um pergaminho que ia ficando cada vez mais amassado conforme se aproximava do seu alvo.

Divisou o grande arco de aço que significava estar chegando àquele local espartano. O umbral metálico reluzia aos olhos, ostentando gravuras em relevo, de Aurores honrados pela Academia e já falecidos. Seus corpos esculpidos no metal moviam-se pelas colunas, como nas fotografias, travando batalhas ilusórias e infindáveis, com a varinha em riste.

A recepção, um balcão igualmente austero, possuía um único recepcionista. Um homem jovem e moreno, com cavanhaque avantajado. Vestia-se com os uniformes dos aurores-soldados, uma leve túnica cinza chumbo carregando no peito a insígnia da classe, tecida em fios de prata.

Harry e Rony passaram direto por aquela patente, transformando-se em agentes de campo, devido aos méritos já reconhecidos em seus passados. Lutar e vencer o Lord das Trevas acumulava alguns pontos de bravura e destreza contra as forças do mal.

— Vim ver Harry Potter. — disse Hermione, bruscamente, pulando a parte das gentilezas.


Sua ira pelo que tinha acabado de passar, por conta dos caprichos de Harry, estava quase a cegando.


— Sr. Potter está em sua sala neste momento. — respondeu monotonamente o bruxo, dando um duplo toque na varinha, ao consultar um imenso painel sobre o balcão.

Tratava-se de uma espécie de variação do mapa do maroto, que o recepcionista usava para descobrir a localização dos funcionários dentro do quartel.


— Ok... — resmungou, pisando duro pelo corredor de acesso aos escritórios particulares.


— Srta. Granger. — o homem lhe chamou atenção. Todos no Ministério conheciam o “trio de ouro”, embora ela não fizesse ideia de quem era aquele funcionário. — Sua varinha. Tem que entregar sua varinha.

Outra regra básica ali: jamais portar sua varinha, sua possível arma, quando avançar ao santuário dos aurores. Eles, e somente eles, tinham direito de transitar com as mesmas, todo o resto tinha de deixar na recepção, se quisesse entrar.

— Desculpe. — perdeu a posse da varinha e prosseguiu.


Passou direto pelos portais que levavam a sala de arquivos e a gigantesca academia de treinamento, e prosseguiu a direita, até o longuíssimo e agitado corredor de escritórios. Dezenas de portas se dispunham lado a lado, provando o tamanho econômico dos cômodos. Funcionários passavam para lá e para cá, diversos memorandos voando pelas suas cabeças, e Hermione teve que desviar de um contingente para chegar até a porta 163. Entrou sem bater.

— Aqui está a droga do seu arquivo! — exclamou, assustando Harry, concentrado num relatório em sua pena de repetição.


Deu um pulo da cadeira e deixou o frasco de tinta tombar, escorrendo o líquido escuro por todo o pergaminho.

— Mas que... — conteve um xingamento.


Ela fitou o estrago e, num gesto automático de eficiência, apalpou a cós da saia para pegar a varinha e lançar mão de um feitiço secante. Tateou apenas as costas, acabando por sentir-se um pouco satisfeita em dar uma espécie de troco no amigo.

— O que houve? — ele perguntou, perturbado.

— Seu pergaminho sobre o tal time, aí está. — a voz alterada.


— Obrigado... Ei, o que houve?

Hermione colocou a cara para fora do corredor, olhou para os dois lados, depois entrou e fechou a porta rispidamente. Então se aproximou do amigo, espalhando-se feito uma geleia contida num recipiente, na cadeira adiante. A tensão explodia dentro de seus músculos, fraquejando os joelhos.

— Eu... — percebeu que tremia um pouco. Ele ficou realmente assustado, contornando a mesa e ajoelhando-se ao seu lado.


— Foi descoberta? Lançaram alguma advertência por estar no...

— Não! Não... — sua voz foi falhando, vontade de chorar.


Mas ela se conteve, respirando fundo, deixando o mal estar passar.

— Hermione! Por Merlin, o que houve?

— Primeiro você tem que prometer que nunca, jamais, irá contar isso para o Rony.
— Pare com esse suspense!


— Prometa!

— Claro, certo. Não contarei nada do que, nem sei o que é, a Rony.


Suspirando fundo, Hermione relatou, a voz não mais que um sussurro, seu encontro com David e sua abordagem para angariar aquele arquivo.

— É só um quarentão aposentado do Quadribol, Mione. — ele deu de ombros, achando que houvesse acontecido algo muito mais grave. — Gina me diz que esses coitados esportistas ultrapassados, adoram jogar charme para mulheres jovens, não querem perder o ego de conquistadores. É só ignorar, e ter pena.


— Você não está entendendo, não é? — encarou-o chocada. — Eu tive que usar de artifícios baratos e... e... vulgares para conseguir dar uma espiada nesses pergaminhos. Essa não sou eu! Preferia mil vezes ter lançado um Imperius nele a isso. Na frente do meu cunhado, que vergonha! Que vergonha!

— Hermione, pare com essa tempestade em cálice d’agua, ok?! Você era apenas uma mulher ajeitando seu cabelo, nada mais. E Percy sempre vai estar mais preocupado em puxar o saco de um superior do que de prestar atenção aos acontecimentos ao seu redor.


— A coisa não era pra ser encarada dessa forma. — brandiu os braços.

— Pois é simples. — ele sorriu, exalando praticidade —Nunca achei que você estava, bem, dando em cima de mim ou do Rony quando prendia o cabelo ou...

— Ahhh! Harry! Fica quieto, você só está piorando! — gritou, impaciente — Agora abra esse arquivo, quero ver o quanto essa perturbação toda me valeu.

Harry deu de ombros e dirigiu a atenção para a atual peça central dos seus últimos anseios. Voltou para a escrivaninha, escolhendo uma área onde a tinta não manchara e abriu o pergaminho duplo. Perscrutou os olhos sobre as anotações, resmungando em voz alta.


— Não tem muita coisa sobre eles.


— Ah, que bom... — Hermione ironizou.


Harry leu os dados anotados passando rapidamente pela breve história do time, fundado por volta dos anos 20. Sua ascensão iniciou a partir de 1935 quando a maioria dos membros da equipe encabeçou a seleção italiana, os levando a vitórias consecutivas de três Copas Mundiais. Desde então, o time vinha colecionando títulos nacionais, nunca saindo do ranking principal.


Para o desgosto do auror, não havia um passado negro naqueles registros. As únicas passagens eram sobre um processo pago pelo time quando os torcedores deste se atracaram numa briga com os torcedores de outro time rival. O clube arcou com a responsabilidade por todo o prejuízo, ganhando uma fama nobre na imprensa.

O segundo adendo, era a pequena nota sobre uma apanhadora que abandonou o time as vésperas da final e não mais retornou. Novamente Acciaio Battitori bancou o mocinho, indenizando a família da profissional, repassando os cachês das vitórias remanescentes, enquanto ela ainda jogava.


— Tem uma coisa. Uma apanhadora que não volto para a final, em 1995. — achou relevante comentar com a amiga.


— O que houve com ela?

— Não diz nada.

— Talvez tenha retornado depois, quando a pressão passou. Algumas pessoas não aguentam o tranco. — argumentou à morena, sentindo mais firmeza nas pernas.


Levantou-se, mais calma, mas ainda chateada com a situação de antes.


— Harry, você não pode controlar tudo. Sua esposa é talentosa, brilhante. Menos machismo e mais apoio seria ótimo.

— O que? — arqueou as sobrancelhas, querendo entender exatamente que tipo de reflexão era aquela.


— Isso mesmo. — continuou ela, seguindo para porta — Você entendeu! E não se esquece: os meios pelo qual obtive essa cópia morrem aqui.


Hermione saiu fechando a porta atrás de si. Harry sentou na cadeira, avaliando o pergaminho. Irritado e frustrado, pois entendera muito bem o que a amiga quis dizer e não estava nem um pouco satisfeito com o rumo que as coisas poderiam tomar. Saia de seu completo controle.


Fixou o nome da apanhadora desertora na mente, faria uma pesquisa solitária quando tivesse tempo.


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