Série Auror - Segunda Temporada escrita por Van Vet


Capítulo 4
Parte 04




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Hermione estava tensa demais com a promessa que havia feito a Harry para conseguir prestar atenção na audiência disciplinar que acontecia na obscura masmorra do Ministério. Estudara o caso do qual era júri agora, mesmo tendo somente a obrigação de limitar-se a ouvir a sessão e votar. Como sempre, não queria precipitar-se em nenhum julgamento errôneo. Entretanto, a ideia de transgredir as normas do seu local de trabalho vinha corroendo-lhe e ocupando toda sua concentração.


A causa era nobre, embora incerta. No resumo feito por Harry, Gina foi convidada para uma festa de gala na mansão do diretor do clube de quadribol Acciaio Battitori, um time italiano que tinha ramificações no esporte, tanto na categoria feminina quanto masculina, embora a equipe feminina fosse sensação mundial. O convite era vago, motivo que deixou o auror e sua cunhada um pouco intrigados. No caso de Harry, irritado, e no de Gina, bobamente lisonjeada (ao menos essas foram as palavras dele). Adquirindo aquela mania nata dos aurores de somente pisarem em terrenos conhecidos e muito bem investigados, Hermione relevou as preocupações do amigo, sentindo que talvez o mesmo andasse desestruturado pelo futuro cada vez mais célebre de sua esposa. Fuçar nos documentos de um antigo time italiano não iria revelar nada suspeito, a morena apostava, e muito menos que eles estavam querendo contratar uma promissora artilheira inglesa, que certamente era o medo de Potter.


Somente quando o barítono vozeirão de Kingsley pediu para que a bancada votasse se Wilson Prince teria mesmo de pagar os duzentos e oitenta galeões por lançar um Petrificus Totalus em uma trouxa que o havia irritado, numa de suas viagens para buscar ingredientes exóticos utilizados em seu restaurante, foi que a morena voltou do nebuloso mundo dos dilemas e lembrou-se que tinha de julgar. Ergueu a mão como a maioria, condenando Prince a uma multa mais do que satisfatória por colocar o mundo bruxo em perigo, devido aos seus acessos de neurose e descuido.


A audiência acabou. Kingsley largou o martelo, apontou a varinha para sua garganta diminuindo a altura da voz e começou a tirar a beca ameixa utilizada para presidir as sessões. Hermione respirou fundo, juntou suas anotações e preparando-se para sair em meio aos outros jurados, focou o alvo que teria de abordar, David Sanders: o atual Chefe do Departamento de Jogos e Esportes Mágicos.


Desceu as escadas e se uniu a grossa massa humana que passava pelas as imensas portas da masmorra. Pouco a pouco foi se aproximando de Sanders.

— Acho bom que o Ministério lance mão desse tipo de castigo, ao invés de mandá-los por umas semanas à Azkaban, como antigamente, não? – disse a Sanders num tom inseguro.


O ex-jogador de Quadribol (o ministério adorava chamar esse tipo de gente para comandar o departamento) olhou-a surpreso. David era alto, ombros largos, possuía penetrantes olhos acastanhados e um sorriso sedutor de covinhas maduras. A boa forma dos tempos de atleta se mantinha, e ele coçou a cabeça, um pouco surpreso, revelando parte do bíceps definido, escorregando pela manga das vestes.

— Ahh... sim, sim. Ainda bem que aquela prisão não existe mais. — foi seu comentário.

— Kingsley jamais iria permitir, não depois de tudo que houve e todo esse descontrole que os dementadores demonstraram ter. Devemos confiar nossos cumprimentos de leis a nós mesmos. Acredito que o bolso é onde mais pesa para maioria das pessoas, e o melhor, sem prejudica-las mentalmente.


— Também concordo. — anuiu, realmente deslocado.

Imediatamente ela percebeu, com se um raio tivesse varado seu corpo, que nunca, jamais, havia conversado com David Sanders antes, a não ser em reuniões coletivas que dirigia a palavra a todos de uma vez.

Seu rosto se corou. Olhou para trás e viu Percy, seu cunhado, recém-nomeado subsecretário sênior, junto a Kingsley, ainda no palanque, ajeitando a papelada do inquérito e olhando-a de forma estranha... Desconfiando... Desconfiando de que? Ou será que era impressão sua? Ou será...

"Droga! Porque fui prometer isso a Harry? Agora terei de ir até o fim!"

— Humm, Sr. Sanders...


— David, por favor. Uma mulher tão bonita como você falando assim, faz com que eu sinta um velho.

Hermione engoliu em seco, apertando os papéis que levava consigo, contra o tórax. Torceu para ninguém ter escutado aquele inoportuno comentário, pois aos seus ouvidos lhe pareceu uma sutil cantada de um quarentão.

— Ok, David. — preferiu não agradecer ao “bonita mulher”, deixando a voz um pouco mais formal —Eu queria lhe pedir um favor... — argumentou baixinho, para que ninguém escutasse — Estou com um caso em andamento e preciso fazer uma verificação.

Eles foram diminuindo o passo até pararem e deixarem os outros bruxos saírem corredor afora.

— E eu posso estar ajudando? - perguntou, levemente ansioso.


Hermione sorriu encabulada.


“Qual era o problema desse cara?”

— Sim. Na verdade só preciso de uma meia hora, ou menos, nos arquivos de Quadribol Estrangeiro. Quero confirmar um fato...


— Oh... — fez um movimento engraçado com os lábios —É algo que eu possa auxiliar? Eu conheço muito desse assunto, sabe, quando iniciei a carreira e tinha sua idade, não foi há tanto tempo assim...


— São fatos minuciosos... — interpelou bruscamente.


— Sou bom em fatos minuciosos! — insistiu.


— Na verdade, David, é um pouco sigiloso. Até ia lhe dizer que preciso de total confidencia. Ou seja, seria uma visita informal, sem formulários e com sua descrição.

Ele pôs-se a fitá-la, indeciso. Claro que possuía acesso irrestrito ao seu próprio departamento e não seria problema nenhum, entretanto, aquele pequeno suspense, analisando-a como se quisesse lê-la por debaixo da expectativa, contida, dançante em sua tez, fez Hermione ficar em alerta. Sentia-se desesperada só de imaginar que pudesse estar vendo-a como uma transgressora nas leis e normas do Ministério que a acolhia como uma fiel empregada.


Resoluta que teria de desviar o foco, odiou fazer aquilo que fez, e Harry pagaria muito caro por isso. Apalpou a presilha no alto da cabeça e desfez o coque, as madeixas castanhas deslizando pela nuca. Então, fingiu ajeita-los e prendou-os novamente, utilizando da lentidão e da delicadeza para tal. David pareceu levemente hipnotizado com a sensualidade natural da jovem interdepartamental, e sorriu.

— Tudo bem, troca de favores de departamentos. — cruzou os dedos na altura da cabeça.

— Isso. — concordou segurando o azedume nas palavras.


— Um dia posso precisar cobrar um favor.


"Claro, aí te mando procurar Harry, Harry Potter!" Pensou a morena, seguindo-o até os arquivos. Uma olhadela por cima do ombro, e fitou seu cunhado saindo da masmorra com o Ministro. Ele estava conversando com o outro, nem lhe dando atenção.


Menos mal. Nem conseguia conceber o que aconteceria se Rony a visse “seduzindo” colegas de trabalho para obter informações.


Nem ela estava acreditando no que fizera...


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